• Nenhum resultado encontrado

A percepção da correlação do progresso técnico com o volume global da produção nacional e o nível de renda.

Jailson Ribeiro de Oliveira PPGEP Primeiro, o advento das tecnologias de produção japonesas, nas décadas de 50 e 60, para susto dos americanos e europeus (KENDRI CK, 1984). Segundo, devido à crise econômica americana dos anos 70, a produtividade se torna questão nacional naquele país, tendo como referencial o sucesso dos automóveis japoneses e o comércio do aço com a Europa (PRI TCHARD, 1990).

Nesse cenário, é lançado no Brasil, em 1990, o PBQP (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade), alterado para MBC (Movimento Brasil Competitivo) em 2002, fomentando o mergulho das indústrias brasileiras num esforço de modernização, com vistas à aumentar a competitividade de bens e serviços produzidos no país, a fim de sobreviverem frente às indústrias dos países estrangeiros.

De acordo com Pritchard (1992), existem boas razões para a preocupação com a produtividade, pois ela tem um impacto sobre o controle da inflação, sobre a saúde financeira da indústria, sobre a competitividade das empresas individualmente e, sobretudo, na qualidade de vida das pessoas. O autor ressalta ainda que, a produtividade tem efeito nos níveis nacional, industrial e individual.

Dentre as diferentes finalidades para medição da produtividade, que resultam em abordagens diferentes de medição, Pritchard (1990, p. 9) sugere cinco:

 Comparar grandes grupos e organizações entre si;

 Avaliar a produtividade total das organizações individualmente, para comparação com outra ou com algum padrão;

 Servir como um sistema de informação gerencial;

 Controlar partes da organização;

Jailson Ribeiro de Oliveira PPGEP E como vantagens decorrentes dos processos de desenvolvimento e medição da produtividade, Pritchard (1990) destaca:

 A ajuda na condução eficiente das operações, na fixação de prioridades, bem como nas decisões para alocação de recursos, quando da competição entre setores, funções ou programas da empresa;

 A facilidade de comunicação entre os membros da organização;

 A ajuda na melhoria da imagem da organização;

 A revelação de problemas potenciais;

 A identificação de oportunidades de melhoria da produtividade;

 Uma maneira de esclarecer regras e ajudar na edificação da equipe;

 Um recurso de feedback para o pessoal;

 A promoção da renovação do orgulho e aumento do envolvimento profissional;

Uma base para negociação salarial.

Alguns autores destacam, também, que o aumento da produtividade pode trazer alguns inconvenientes. À esse respeito, Kurtz (2001) alerta sobre a necessidade de a sociedade encarar o aumento da produtividade industrial como uma oportunidade de redução da carga horária do trabalhador, oferecendo-lhe uma vida melhor, com a manutenção do nível de emprego, apesar do sistema de mercado não ter sido feito para isso. Ao contrário, sua ação se restringe em transformar o excedente produtivo em mais produção e, portanto, em mais desemprego.

Ainda sobre o assunto, Pastore (2001) complementa e destaca, em seu artigo “Quem se apropria da produtividade?”, que no mundo inteiro, o produto industrial aumenta e o emprego diminui, e que, segundo estudos realizados pelo I BGE, nos últimos anos, os ganhos de produtividade da indústria foram apropriados

Jailson Ribeiro de Oliveira PPGEP pelos consumidores, na forma de redução (preço/ custo) dos bens industriais, e pelas empresas, na forma de lucro, sobrando pouco para os trabalhadores.

Porém, neste trabalho, os esforços revisionais não prospectam o esvaziamento destas discussões, mas sim a abordagem dos sistemas de medição. Nesse contexto de considerações, ressalva-se que, desde Adam Smith, a produtividade é considerada como a principal fonte do crescimento e do aumento do nível de vida; ela é igualmente um dos fatores determinantes nos processos de queda dos preços relativos, de rentabilidade das empresas e de competitividade das economias (COMBEMALE E PARI ENTY, 1993, p.5).

Adentrando aos sistemas de medição da produtividade, consoante Severiano Filho (1999, p. 26-27), o conceito fundamental das medidas de produtividade – estabelecidas sob a forma de relações ou de diferenças – prescreve o princípio da relação de eficiência ou de economia dos recursos existentes entre os resultados da produção e os meios utilizados. Quando esses resultados e esses fatores se apresentam de forma heterogênea, adota-se o princípio da ponderação de valores, permitindo que os mesmos sejam medidos através de uma mesma unidade de avaliação.

Ainda de acordo com o autor, existe uma multiplicidade de medidas e fórmulas, a fim de avaliar a produtividade de um sistema produtivo. Uma revisão da literatura disponível sobre o assunto requer o rastreamento bibliográfico de diversas áreas do conhecimento, como a economia, as ciências contábeis, a engenharia industrial, a administração e a psicologia. No bojo desta multiplicidade de medidas, encontra-se a questão da natureza e das especificidades dos diversos sistemas

Jailson Ribeiro de Oliveira PPGEP produtivos, cuja evolução tem exercido um papel importante no aperfeiçoamento das medidas de avaliação da produtividade.

Nesse sentido, é de grande importância entender a definição de produtividade para depois se pensar em medi-la. Encontra-se na literatura diversas abordagens do que vem a ser a produtividade. Na sua forma mais clássica e genérica, é definida como a relação entre as saídas (outputs) de um processo de produção e as respectivas entradas (inputs). No entanto, a partir do momento em que se observa a aplicabilidade do conceito, tal definição se torna superficial e insuficiente para visualizar sua abrangência.

Segundo Schalk et al. (1982,), a introdução da noção lógica de produtividade na ciência econômica, como uma medida do progresso técnico, é muito recente, embora os economistas, de meados do século XI X, já afirmassem que não poderia existir uma ciência econômica válida para os tempos atuais sem o estudo profundo do progresso técnico, da produtividade e de seus efeitos sobre a produção e o trabalho. Somente no final do século XI X foi que a noção do progresso técnico passou do domínio das apreciações qualitativas ao domínio das avaliações quantitativas. Essas avaliações quantitativas foram inicialmente realizadas com finalidade estritamente técnica. Tratava-se de medir os tempos e analisar os movimentos em cadeia ou trabalhos repetitivos na máquina, medidas analíticas muito ligadas aos trabalhos de Frederick Taylor.

Chiavenato (2000, p. 52) insere Frederick W. Taylor como precursor da Escola da Administração Científica, cuja preocupação inicial foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar

Jailson Ribeiro de Oliveira PPGEP os níveis de produtividade, através da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.

Com ênfase no consumo de recursos, a partir de 1950, surgem as primeiras definições de produtividade: Schalk et al. (1982) afirmam que “produtividade é a relação entre a produção e um dos fatores da produção” e acrescentam que “a produtividade do trabalho humano é o quociente da produção pelo tempo empregado na produção”.

Analisando esta questão, Armitage e Atkinson (1992) consideram que, embora o termo produtividade seja interpretado de diferentes maneiras, na prática, ele geralmente se refere ao relacionamento entre resultados e insumos.

A produtividade é a medida da eficiência do uso de recursos para produzir bens e serviços. A relação entre o valor de produção e o custo de insumo deve ser maior que 1 (MONKS, 1987, p. 87).

A definição acima tem ênfase na eficiência como elemento fundamental para garantir os resultados, conforme demonstrado na fórmula abaixo:

Produtividade =

Valor de produção