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Primeira fase exploratória compreendendo o processo de trabalho da supervisão em

Essa fase marca o processo de exploração que nos permitiu compreender o processo de trabalho da supervisão e seus principais componentes, ou seja, o trabalho em si nas atividades cotidianas, a finalidade pelo qual desempenham o trabalho e os instrumentos que usam para materializar o trabalho.

A organização metodológica será apresentada na sequência de: objetivo, instrumento e organização, conforme já mencionado (93:146).

1. Objetivos da primeira fase exploratória:

- descrever o perfil dos enfermeiros e supervisores de enfermagem;

- compreender e validar a prática da supervisão de enfermagem no contexto institucional;

- identificar a finalidade do trabalho da supervisão de enfermagem;

- verificar métodos e técnicas utilizados no desenvolvimento do trabalho da supervisão.

2. Instrumento

Realizamos entrevistas com enfermeiros e supervisores de enfermagem para a coleta de dados, pois consideramos que, por meio dessa técnica, pode-se estabelecer processo de interação entre o pesquisador e os informantes, oferecendo-lhes condições para que, sem constrangimento e com espontaneidade, forneçam as informações necessárias à investigação (1,98).

Para facilitar o processo de interação e objetividade, seguimos os passos propostos por Haguete (102) ,a saber:

a) preparo do pesquisador como entrevistador, a partir de postura, forma de abordagem dos entrevistados e ajustes nas questões fornecidos pelas entrevistas do projeto-piloto;

c) preparo do local da entrevista. Fizemos contato prévio, com os indicados à entrevista, explicando-lhes a importância da sua participação com agendamento, em ambiente privativo da rotina das enfermarias e dentro do horário de trabalho. Para essa organização, contamos com o apoio das enfermeiras do Serviço de Educação Continuada do DEnf (SEC).

Fizemos um roteiro semiestruturado para as entrevistas que foi pré- testado e revisado em um estudo-piloto. Esse roteiro continha um questionário para caracterização dos profissionais e perguntas abertas focadas em questões sobre a rotina da supervisão, as atribuições do supervisor, a finalidade, os instrumentos (métodos e técnicas) utilizados na prática da supervisão, entre outras (Apêndice A).

No momento da entrevista, explicamos os objetivos da pesquisa, a importância da participação espontânea e pedimos a permissão para gravação e solicitamos a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B).

3. Organização

A população foi constituída por supervisores de enfermagem e por enfermeiros de quatro unidades (unidade de emergência referenciada, unidade de terapia intensiva, pediatria e internação adulto) consideradas representativas da dinâmica hospitalar pela demanda, complexidade e diversidade dos pacientes quanto ao nível de complexidade do cuidado. Desse modo, conforme recomenda-se para amostras representativas, foram identificadas nessas unidades várias dimensões do contexto hospitalar que favoreceram a compreensão do objeto do estudo e o trabalho da supervisão de enfermagem (103).

O envolvimento dos enfermeiros na composição da amostra teve como justificativa a triangulação de informações para ampliar a visão do trabalho da supervisão e confirmar as informações obtidas pelos supervisores. Desse modo, obtivemos o significado da prática da supervisão pelo olhar dos profissionais que a realizam e de outros profissionais que estão sob sua orientação e subordinação.

Para a composição da amostra, foi considerado o critério da intencionalidade para a representação de grupos relevantes (28). A amostra foi constituída por oito supervisores, sendo quatro do período diurno e quatro do

noturno (um diurno da unidade de emergência referenciada; dois da unidade de terapia intensiva - um diurno e um noturno; um noturno da pediatria e quatro da unidade de internação adulto, sendo dois diurnos e dois noturnos) e por doze enfermeiros de cada unidade referida, sendo um de cada plantão (manhã, tarde e noturno), para a compreensão do trabalho da supervisão nas 24 horas.

Consideramos suficiente o número definido para a amostra, não sendo necessária a inclusão de novos participantes. Essa afirmação tem fundamento nos critérios de saturação da amostra, que assegura ser o número suficiente da amostra quando à repetição de informações nas entrevistas (104).

A indicação dos participantes foi feita pelo diretor de cada serviço citado, pelo critério descrito abaixo:

- Para os supervisores: profissionais com mais de um ano na atividade de supervisão que demonstravam proatividade para o trabalho e eram preocupados com os resultados alcançados na assistência de enfermagem, garantiam o cumprimento das normas institucionais, orientavam e planejavam a ação de educação permanente com sua equipe, estavam preocupados com a qualidade da assistência prestada aos pacientes e familiares e motivados para processos de mudança no trabalho cotidiano.

- Para enfermeiros: profissionais que demonstravam proatividade para o trabalho e se preocupavam com os resultados da assistência prestada aos pacientes e familiares e que cumpriam as normas e protocolos institucionais e estavam preocupados com a qualidade da assistência aos pacientes e familiares.

Foram excluídos da amostra os profissionais indicados que se encontravam em férias, afastamentos ou aqueles que não desejaram participar do estudo.

Organização e análise dos dados. Para a organização dos dados, seguimos os passos operacionais propostos por Minayo (2010) (1:234), com a ordenação dos dados, classificação e análise final.

O conteúdo das entrevistas gravadas foi transcrito literalmente, ouvido e lido repetidamente, considerando as frases, as colocações com entonações enfáticas em palavras e o sentido das ideias expressas pelos entrevistados. Esse

primeiro movimento de leitura dos dados coletados permitiu a ordenação e organização do conteúdo das narrativas dos entrevistados, a cada resposta às perguntas e também no cruzamento delas.

O passo seguinte foi fazer um quadro com dados pré-classificados em três categorias analíticas construídas a partir do referencial do processo de trabalho: o trabalho em si (trabalho feito no cotidiano), a finalidade e os instrumentos do trabalho da supervisão de enfermagem.

Em seguida, fizemos a reclassificação dos dados, considerando as ideias centrais expressas pelos entrevistados e apreendendo a estrutura de relevância de pontos-chaves para a interpretação do objeto do estudo. Assim, iniciamos a codificação, utilizando cores diferenciadas para o material organizado nas categorias empíricas, levando em consideração sua repetição e relevância (103).

Finalizamos a ordenação e classificação do material empírico em três categorias analíticas: o trabalho do supervisor, a finalidade do trabalho e os

instrumentos que utilizam no trabalho da supervisão.

A primeira categoria analítica diz respeito ao trabalho em si (do cotidiano da supervisão) e foi subdividida em três categorias empíricas: a rotina de trabalho, responsabilidades e autonomia para tomada de decisões. A segunda categoria analítica se relacionou à finalidade do trabalho e foi subdividida em duas categorias empíricas: considerações pessoais sobre a finalidade do trabalho da supervisão e aproximações conceituais sobre as finalidades apontadas; e a terceira categoria teórica analítica, os instrumentos, subdividiu-se em duas categorias empíricas: o conhecimento de métodos e técnicas empregadas no desenvolvimento do trabalho da supervisão de enfermagem.

As análises finais resultaram de interpretações feitas das narrativas dos entrevistados em comparações com o referencial teórico sobre o processo de trabalho em saúde e das inferências das pesquisadoras pela vivência prática e pela validação da sua pertinência feita pela diretoria do DEnf. Essas análises foram ampliadas pelas contribuições dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação e Práticas de Enfermagem e Saúde-Gepepes/Unicamp.

Após a discussão e validação dos resultados da primeira fase, segundo preceitos da PA, combinamos, com os participantes do DEnf, o planejamento e as

estratégias para a fase dois: aprofundamento no cotidiano do trabalho da supervisão de enfermagem.

3.2.4 Segunda fase - aprofundamento e encontro com a prática da