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Princípios e fundamentos da Gestão Escolar

CAPÍTULO 1 GESTÃO ESCOLAR

1.2 Princípios e fundamentos da Gestão Escolar

Gestão escolar é o ato de gerir a dinâmica cultural da escola, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de seu projeto político-pedagógico, e compromisso com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências), de participação e compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados) e autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações). (LÜCK, 2009, p. 24).

Gestão Escolar, um conceito relativamente novo, ganhou evidência na literatura e aceitação no contexto educacional a partir da década de 1990, enquanto proposta de superação ao enfoque restritivo de administração. Assenta-se sobre a mobilização dinâmica do elemento humano, sua energia, talento, como condição fundamental à qualidade do ensino e à transformação da identidade das escolas, de modo a criar condições a novos e abrangentes olhares, leque de dimensões presentes no contexto escolar.

A autora Lück (2009) relata que os processos de gestão escolar pressupõem a ação ampla e continuada que envolve múltiplas dimensões, tanto técnicas quanto políticas e que só se efetivam, de fato, quando articuladas entre si. Afirma que toda visão que exclui alguma dimensão é limitada, e, por isso mesmo, não permite a articulação de diferentes concepções.

A gestão é orientada por princípios democráticos, caracterizada pela participação consciente das pessoas nas tomadas de decisões com base na orientação, organização e planejamento; trabalho este direcionado pelas articulações das várias dimensões e desdobramentos do seu processo de implementação.

Ainda, segundo Lück (2009), conforme explicitado no Quadro 4, nota-se a mudança da hierarquização e burocratização para a coordenação e horizontalização, mediante a mudança paradigmática do conceito de administração para gestão.

Quadro 4. Da hierarquização e burocratização à coordenação e horizontalização

 Relacionamento impessoal.  Relacionamento interpessoal.

 Hierarquia verticalizada/subordinação.  Horizontalização do relacionamento – coordenação.  Ênfase da uniformidade das partes na formação do todo.  Ênfase na diversidade das partes, para formar a

unidade do todo.

 Univocidade, na determinação de rumos.  Diversidade de vozes, na determinação de rumos.  Departamentalização de responsabilidades, pela divisão e

especialização de tarefas.

 Responsabilidades compartilhadas em comum por todos os setores e profissionais.

 Preocupação com a formalidade – formalismo.  Preocupação com processos e resultados.  Pessoas a serviço das organizações.  Organização a serviço das pessoas.

 Foco no cumprimento de normas e regulamentos.  Foco no desenvolvimento, na aprendizagem e construção da organização.

 Unidade de trabalho: a função a ser executada.  Unidade de trabalho: o resultado a ser alcançado.

Fonte: LÜCK, 2010d, p. 92.

Considerando as proposições do Quadro 4, a descentralização constitui-se em uma mudança de paradigma que envolve a participação tendo como base princípios democráticos que se fazem presentes na organização. A partir de então, promove-se a autêntica mobilização dos agentes de mudança como sujeitos integrantes do processo, com condições de transformar a realidade e sustentar as mudanças alcançadas.

Entende-se a gestão como um processo que permite superar a limitação da fragmentação e da descontextualização, o que abre caminho à construção de ações conjuntas e abrangentes, mais articuladas e consistentes, resultantes, de fato, do trabalho participativo em equipe.

Retomando Lück (2009), a gestão escolar visa mediante seus desdobramentos, a melhoria das ações e processos educacionais, a melhoria da formação e o desenvolvimento dos alunos, sem o que, a gestão perde a razão de ser.

A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento, a avaliação, dos processos

necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos. (LÜCK, 2009, p. 23).

É por meio da gestão que se estabelece unidade, direcionamento, consistência e coerência à ação educacional e às estratégias específicas. Trata-se, segundo Lück (2009) de uma área-meio e, não com fim em si mesma.

A realidade escolar marcada pela complexidade de dimensões, contradições, tensões e incertezas tem na gestão da escola o caminho para sua superação, entendimento este, ainda nem sempre presente, que permite a promoção da qualidade da Educação, segundo Lück (2009). Aos que atuam no âmbito escolar compete o desenvolvimento de uma visão global de escola como instituição social e uma percepção abrangente da teia de relações entre os vários componentes que delineiam a experiência educacional, visão capaz de promover a sinergia pedagógica, promovida, estimulada e orientada sob a liderança do Diretor de Escola, juntamente com a sua equipe gestora, voltada à dinamização e coordenação de processos coparticipativos.

[...]a ação do gestor escolar será tão ampla ou limitada, quão ampla ou limitada for sua concepção sobre a educação, sobre a gestão escolar e o seu papel profissional na liderança e organização da escola. No entanto, essa concepção, por mais consistente, coerente e ampla que seja, de pouco valerá, caso não seja colocada em prática mediante uma ação sistemática. (LÜCK, 2009, p. 32).

A gestão escolar está ligada ao processo de mobilização e orientação dos talentos e esforços coletivos presentes na escola, de modo que a escola desempenhe seu papel social, realize seus objetivos educacionais e promova a formação de seus alunos. Corresponde a dar vez e voz e a envolver na construção e implementação do seu projeto político pedagógico a comunidade escolar como um todo: professores, funcionários, alunos, pais e, até mesmo, a comunidade externa da escola, mediante estratégias abertas de diálogo e de entendimento de responsabilidade coletiva pela educação.

A consciência da gestão escolar, resulta em movimentos, na democratização, na participação ativa de todos os envolvidos no processo educacional, que permite tomadas de decisão em conjunto, mediante processos de planejamento participativo, envolvendo diferentes olhares, orientado de forma a que as decisões contemplem visão mais abrangente. As pessoas desempenham suas ações de modo mais compromissado e, até mais felizes

quando decidem de forma colaborativa pela troca e compartilhamento, pelo aproveitando da pluralidade e da diversidade de condições e perspectivas.

A partir da consideração das leis federais e estaduais de São Paulo em relação à gestão escolar e ao cargo do diretor de escola pública em específico, são apresentadas no Quadro 5, as dimensões propostas por esta legislação, a maioria delas aprofundadas no Capítulo 3 - bases da gestão escolar da escola pública municipal.

Quadro 5. Dimensões da Gestão Escolar a partir da Legislação Federal e do Estado de São Paulo

Dimensões da Gestão Escolar expressas na Legislação Federal e Estadual de SP  Gestão Democrática e Participativa

 Gestão Pedagógica  Gestão Administrativa

 Gestão de Recursos Financeiros  Gestão de Pessoas

 Gestão de Recursos Materiais  Gestão de Resultados Educacionais

Fonte: elaborado pela pesquisadora

Após análise da legislação Federal e Estadual de São Paulo considera-se, a seguir, a legislação pertinente ao município de Itapevi no que tange ao cargo de diretor de escola, assim como, as dimensões da gestão escolar, seus desdobramentos e os aspectos regulamentadores específicos que se relacionam a esta investigação, uma vez que a legislação municipal vincula-se às legislações federais e estaduais.

1.3 Leis do Município de Itapevi: o processo histórico de regulamentação do cargo de