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CAPÍTULO III – O ENVELHECER NA RUA NO MUNICÍPIO DE MOGI GUAÇU /SP

III.3: Procedimentos dos dados

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora, as entrevistas foram gravadas e transcritas e se deram individualmente, em uma sala do Albergue Noturno “Nair Simoni Panciera” e da Comunidade Caminho para Paz, ambos no Município de Mogi Guaçu.

Os sujeitos da pesquisa foram selecionados entre os frequentadores das duas entidades citadas, sendo critérios de inclusão ser ou ter sido morador na rua e ter mais de 50 anos. De acordo com os critérios estabelecidos para o estudo, tivemos a participação de 05 sujeitos, do sexo masculino na faixa etária de 50 a 59 anos e 05 sujeitos na faixa etária acima de 60 anos. Foram entrevistados 05 usuários do Albergue Noturno e 05 da Comunidade Caminho para a Paz, de Mogi Guaçu – pessoas conscientes e aptas para manter diálogo e que preencheram os quesitos descritos e concordaram em participar da pesquisa, após serem informados sobre o objeto, objetivos, metodologia e forma de divulgação da mesma e após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

A técnica utilizada no presente estudo diz respeito a entrevistas semi-estruturadas com roteiro previamente elaborado que constou de dados de caracterização dos (as) idosos moradores de rua, como: sexo, cor declaradas, idade, escolaridade, estado civil, documentação, se tem benefício previdenciário, ou beneficio de prestação continuada, atividade geradora de renda, tempo de rua, relações familiares, estratégias de sobrevivências e automanutenção como: onde dorme, onde fazem as necessidades fisiológicas, questões de higiene alimentação; e de saúde. Realizamos, ainda, algumas perguntas abertas onde os sujeitos puderam se expressar livremente sobre o que pensam a respeito do envelhecimento, como se percebem no processo de envelhecer morando na rua, as limitações e dificuldades dessas duas vulnerabilidades. Levantamos, ainda, dados sobre as relações familiares e sociais, como: se já foi casado, se tem filhos, se mantém vínculos com a família, se tem amigos, como é a convivência com os outros moradores de rua.

Ainda levantamos a percepção que os entrevistados têm sobre o como as pessoas vêem o morador de rua; se são vítima de preconceitos e quais as situações a que o morador de rua está exposto; se já sofreram alguma violência e como é a sua relação com os demais moradores de rua e com a polícia. Realizamos também a aplicação um teste, para verificar o perfil cognitivo dos sujeitos através da Avaliação Cognitiva MINI-MENTAL - MEEM. A escolha deste texto se deu pelo fato dele poder ser aplicado tanto por profissionais da área da saúde como por profissionais de outras áreas e até por leigos que recebam rápido treinamento. Outra vantagem é que ele pode ser aplicado como rastreio de perda cognitiva e também para avaliação na beira do leito.

Segundo Goldstein9 o MEEM é uma das ferramentas mais utilizadas para rastreio cognitivo por ser um teste simples, podendo ser aplicado de 5 a 10 minutos, e contém questões agrupadas em sete categorias, examinando a orientação temporal e espacial, a

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GOLDSTEIN, Gabriela Correia de Almeida, artigo Ferramentas de avaliação e tratamento cognitivo em idosos: uma breve reflexão, WWW.portaldoenvelhecimento. mht, postado em 16/05/2013,

memória de curto prazo, a evocação, cálculo, praxia e habilidades de linguagem e visão espacial. Cada categoria possui uma pontuação diferente e o score varia de 0 (maior grau de comprometimento) até 30 (melhor capacidade cognitiva).

O MEEM é a escala mais utilizada para o rastreamento de demências e sua utilidade é confirmada por estudos brasileiros (ALMEIDA, 1998). No Brasil, o MEEM foi traduzido e validado para o uso na pesquisa e na clínica em indivíduos idosos, obtendo um índice de confiabilidade de 0,85 (BERTOLUCCI, 2003; LAKS et al., 2003), citados por CANINEU ( 2001p..09)

O instrumento é composto por 11 questões que testam cinco aspectos do funcionamento cognitivo: orientação (espacial e temporal), processamento, atenção, cálculo, memória e linguagem. Cada subtítulo possui tarefas a serem executadas pelo participante, sendo atribuídos pontos, de acordo com a execução correta. Cada item do instrumento é avaliado através de uma pontuação que varia de 1 a 5 pontos cada, sendo o máximo de 30 pontos.

Lourenço; Veras (2006), citado por Chaves (2008) sugerem que, para fins de rastreamento cognitivo de populações idosas, em unidades ambulatoriais gerais de saúde, o MEEM deve ser utilizado, considerando os pontos de corte 18/19 e 24/25, segundo a ausência ou presença de instrução escolar formal prévia, respectivamente.

Os sujeitos foram informados sobre os procedimentos e objetivos da presente pesquisa. Após esclarecimento de possíveis dúvidas foi solicitado às pessoas que aceitaram participar da pesquisa, que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após assinatura, em duas vias, uma, com a assinatura da pesquisadora foi entregue aos participantes.

O estudo não apresenta riscos previsíveis. Trata-se da aplicação de um roteiro de pesquisa qualitativa, sobre os impactos biopsicossociais que o “envelhecer nas ruas” traz para os idosos que vivem nas ruas. Foi assegurado o sigilo quanto aos dados de identificação dos

participantes como forma de preservar a privacidade dos mesmos. Apenas serão divulgados em publicações científicas os resultados do estudo. Para tanto, cada participante receberá um número e somente os pesquisadores terão acesso às informações de identidade.

Somente participaram da pesquisa os sujeitos que, de forma absolutamente voluntária, concordaram com a participação, mas não houve nenhum recusa em responder as perguntas.

Esclarecemos que os participantes não terão nenhum prejuízo ou compensação financeira por participar da pesquisa e todos receberão devolutiva dos resultados.

Esta pesquisa na questão ética teve como referência a Resolução Nº 196/96*[1] Conselho Nacional de Saúde e o termo de Cessão Gratuita de direitos de depoimento oral e compromisso ético de não identificação do depoente.