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Procedimentos

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3. MÉTODO

3.4. Procedimentos

3.4.1. Procedimentos para coleta dos dados:

Após a autorização do representante legal da Ficar de Bem - CRAMI, iniciou-se o trabalho, submetendo-se o projeto de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo (CEP-METODISTA). Inicialmente foi feito um levantamento da história da organização, finalidades estatutárias, missão, visão e valores.

Também foram identificados os formulários e protocolos de atendimento existentes, bem como fluxo estabelecido com os demais serviços da rede.

O responsável para autorização para realização de pesquisas na organização é a coordenação técnica, função exercida pela pesquisadora autora. Desta forma, também foi solicitado autorização para o representante legal da organização pesquisada, através da assinatura da Declaração da Instituição Coparticipante (Anexo A) contendo duas vias (uma para a instituição coparticipante e outra para a pesquisadora).

Para coleta de dados foram considerados os prontuários das crianças e adolescentes de 0 a 18 anos incompletos, do sexo masculino e feminino, vítimas de violência atendidos pelo Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD, no período compreendido entre janeiro de 1993 e dezembro de 2017.

Para coleta de dados, foi considerada a idade que a criança e o adolescente tinha quando foi aberto o prontuário na instituição. Foram considerados na pesquisa 20% do público atendido por ano, agrupados em intervalos de cinco anos: Grupo 1: 1993 a 1997; Grupo 2: 1998 a 2002; Grupo 3: 2003 a 2007; Grupo 4: 2008 a 2012 e Grupo 5: 2013 a 2017. Considerando-se

que os prontuários são numerados sequencialmente na organização, a seleção do prontuário se deu a partir das numerações múltiplas de cinco. Exemplo: caso 001/93, 006/93, 011/93, e assim por diante.

As informações constantes no prontuário foram transcritas e sistematizada na planilha criada pela própria pesquisadora no espaço da Ficar de Bem - CRAMI, em ambiente devidamente sigiloso, definido em comum acordo com a coordenação.

Os dados coletados foram: natureza da violência notificada, ano, idade da criança ou adolescente que sofreu a violência, sexo da criança ou adolescente que sofreu a violência, município de residência, vínculo entre autor da violência e criança/adolescente vítima, idade do autor da violência, sexo do autor da violência, e, um campo para informações adicionais para registro de eventuais documentos e relatórios que envolvessem o acompanhamento da família, tanto por parte da organização pesquisada, quanto por outros serviços da rede de atendimento.

Foram excluídos da amostra os prontuários em que nenhum membro da família foi acessado pela organização coparticipante da pesquisa, no caso, a Ficar de Bem - CRAMI, por não serem localizados em endereço fornecido pelo denunciante ou pelo órgão encaminhador. Também foram excluídos da pesquisa os prontuários que não constavam informações sobre a modalidade da violência e a idade da criança ou adolescente vítima, pois a análise inicial dos dados se deu sobre essas duas categorias principais.

3.4.2. Análise dos dados

Primeiramente foi realizado um estudo descritivo das seguintes variáveis de interesse: 1) demográficas (sexo e idade da criança ou adolescente vítima da violência e do autor da violência); 2) características da violência (natureza da violência, relação vítima/autor, município de ocorrência e ano; e 3) informações adicionais (encaminhamentos realizados e recebidos envolvendo a rede de atendimento).

A análise se deu por meio da caracterização do sexo e da idade da criança e do adolescente por natureza da violência: física, psicológica, sexual e negligência. Para cada natureza da violência foi verificado o sexo e idade da criança ou adolescente vítima, o sexo a idade do autor da violência, o parentesco ou vínculo entre ambos e a presença de outros serviços da rede do município que atendam a família devido à notificação de violência.

Após o registro das informações, os dados foram tabulados conforme a natureza da violência sofrida, considerando as seguintes modalidades: física, sexual, psicológica e negligência.

Para cada uma das naturezas, foi verificada a quantidade de crianças e adolescentes vítimas por idade (0 a 18 anos incompletos), sexo da vítima, vínculo entre vítima e autor da violência, sexo do autor da violência, idade do autor da violência, município e ano da ocorrência.

O registro da informação do município e ano da ocorrência teve por objetivo relacionar as Políticas Públicas existentes com o cenário político, social e jurídico do período estudado, a fim de verificar se houve a participação de outros serviços que compõem a rede de atendimento à família devido à notificação de violência. Para tanto a divisão foi feita por intervalos de cinco anos, conforme descrito no procedimento para coleta de dados.

Para compor os percentuais dos grupos foi utilizado Teste Qui-quadrado de Pearson (Agresti, 1990) e para comparar os grupos para as variáveis contínuas foi utilizado o Teste t-Student para duas amostras independentes (Bussab & Morettin).

Foi utilizado o nível de significância de 0,05 o qual equivale a uma confiança de 95%.

3.4.3. Aspectos éticos

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo (CEP-METODISTA) e aprovada sob o Parecer Consubstanciado Número 2.690.673 (Anexo B).

O estudo buscou atender rigorosamente aos requisitos descritos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2012) que trata de pesquisa envolvendo seres humanos e da Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2000), que dispõe sobre a realização de pesquisas em Psicologia envolvendo seres humanos.

Com relação aos aspectos éticos que envolvem a pesquisa, os riscos se referiam à identificação dos participantes que poderiam ter sua identidade divulgada, e por interferência no vínculo estabelecido destes com os profissionais da organização pesquisada, o que poderia prejudicar o acompanhamento realizado.

A fim de preservar o sigilo e a integridade das famílias atendidas pela organização, não foram registrados dados pessoais que permitissem a identificação da população atendida pela organização pesquisada e não foram utilizados registros fotográficos de informações e relatórios contidos nos prontuários, garantindo a confidencialidade das informações.

Para minimizar o risco de interferência e prejuízos no vínculo dos participantes da pesquisa com os profissionais da organização além dos critérios de exclusão mencionados foram desconsiderados os prontuários de crianças e adolescentes que estivessem em atendimento na organização durante o período da pesquisa. Desta forma, foram considerados na pesquisa os prontuários dos casos inativos, em que não há qualquer tipo de contato de algum membro da família (crianças, adolescentes e seus responsáveis) com os profissionais da organização pesquisada.

Como os prontuários foram de casos inativos, em que não havia mais contato entre os participantes da pesquisa e a instituição coparticipante, não foi possível a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A dispensa foi solicitada ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), atendendo ao disposto na Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde (art. 14), que dispõe sobre normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Ainda que se conseguisse localizar algum participante, o contato com os mesmos poderia causar sofrimento, uma vez que os remeteria sobre a violência sofrida.

O benefício da pesquisa está na identificação e caracterização de como se manifesta a violência doméstica contra crianças e adolescentes na região do Grande ABC, considerando que a amostra é significativa e representativa da realidade da região, uma vez que as denúncias recebidas pelos órgãos são encaminhadas para atendimento para a Ficar de Bem - CRAMI, organização pesquisada.

Como se trata de uma pesquisa documental, sem participantes diretos, o critério para realização da mesma foi o aceite e autorização do representante legal da organização, na pessoa do Presidente, mediante assinatura da Declaração da Instituição Coparticipante (Anexo A).

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