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RESULTADOS

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Os resultados aqui apresentados referem-se à análise da totalidade de 1559 prontuários referentes ao universo de 2470 crianças e adolescentes (0 a 18 anos incompletos) vítimas de violência, atendidas pela Ficar de Bem – CRAMI, no período de janeiro/1993 a dezembro/2017, conforme descrito no método desta pesquisa.

É importante esclarecer que a diferença entre o número de prontuários e o de crianças e adolescentes se deve a forma que a organização adota como critério, ou seja, um prontuário para cada família atendida. A amostra de 2470 crianças e adolescentes demonstra que, em algumas famílias, mais que uma criança ou adolescente sofreu violência.

As características identificadas foram descritas por meio de frequências e percentuais. Foi utilizado o nível de significância de 0,05 o qual equivale a uma confiança de 95%.

A Tabela 1 (abaixo) mostra a caracterização demográfica de crianças e adolescentes vítimas de violência conforme sexo e idade, sendo possível observar equilíbrio entre os dois sexos, com um pouco mais da metade do sexo feminino (52,8%). Com relação à faixa etária, nota-se uma distribuição quase homogênea dos casos ao longo das idades, com um pico forte em 1 ano e depois uma certa queda gradativa após os 11 anos de idade, sendo que 39,1% das crianças e adolescentes que sofreram a violência tem idade inferior a 7 anos de idade.

Tabela 1 – Distribuição das crianças e adolescentes conforme sexo e idade.

Idade (em anos)

Masculino Feminino Total

fa fr fa fr fa fr < 2 100 4,0 80 3,2 180 7,3 2 71 2,9 63 2,6 134 5,4 3 72 2,9 79 3,2 151 6,1 4 81 3,3 78 3,2 159 6,4 5 89 3,6 95 3,8 184 7,4 6 79 3,2 82 3,3 161 6,5 7 95 3,8 80 3,2 175 7,1 8 84 3,4 85 3,4 169 6,8 9 91 3,7 88 3,6 179 7,2 10 95 3,8 88 3,6 183 7,4 11 64 2,6 69 2,8 133 5,4 12 66 2,7 78 3,2 144 5,8 13 58 2,3 90 3,6 148 6,0 14 51 2,1 72 2,9 123 5,0 15 28 1,1 82 3,3 110 4,5 16 26 1,1 54 2,2 80 3,2 17 16 0,6 41 1,7 57 2,3 Total 1166 47,2% 1304 52,8% 2470 100%

Relacionando às vítimas à violência sofrida, como cada vítima pode ter sido exposta a mais de um tipo de violência, os resultados foram analisados da seguinte forma:

 Tipos de violências individuais: presença da natureza específica de violência, independente da quantidade exposta (física, sexual, psicológica e negligência).

 Número de tipos de violência sofrida: valor de 1 (uma natureza) a 4 (todos as naturezas).

 Tipos de violência associados: distribuição das configurações das naturezas de violências associadas.

A violência física predominou entre as crianças e adolescentes pesquisadas, seguida da negligência/abandono. Caso se considere a violência física de uma forma isolada ou acompanhada de violência psicológica, sexual ou negligência, visualiza-se que incidiu em 57,7% da amostra pesquisada. Considerando o mesmo critério, a negligência/abandono foi identificada em 37,8% dos casos, conforme apontado na Tabela 2.

Os resultados demonstram que nas ocorrências de tipos individuais de violência, a mais frequente é a violência física, a qual 57,7% das crianças foram expostas, seguido pela negligência (37,8%), psicológica (25,8%) e sexual sendo a menor com 17,4%. Teve ainda 2 casos (0,1%) fatais. Analisando o número de tipos de violência sofrida pelas crianças e adolescentes, a maioria é exposta a uma única natureza de violência (69,7%), enquanto que 23,4% ficaram expostas a duas naturezas de violência e 6,9% do total a mais de duas.

Quando houve ocorrência de mais que um tipo de violência em uma mesma criança, observou-se a presença importante da violência física associada às demais, representando 28,7% do total dos 30,3% desse grupo.

Tabela 2 – Distribuição das vítimas quanto à violência sofrida Característica Grupo fa fr Tipo de violência Física 1424 57,7 Sexual 430 17,4 Psicológica 638 25,8 Negligência/Abandono 933 37,8 Fatal 2 0,1 Números de tipo de violência associadas 1 1721 69,7 2 577 23,4 3 133 5,4 4 38 1,5 Tipo de violência associadas notificadas Física 730 29,6 Sexual 343 13,9 Psicológica 153 6,2 Negligência 494 20,0 Física e sexual 34 1,4 Física e psicológica 275 11,1 Física e negligência 229 9,3 Psicológica e negligência 39 1,6

Física, psicológica e negligência 118 4,8 Sexual, psicológica e negligência 15 0,6 Física, sexual, psicológica e negligência 38 1,5

Fatal 2 0,1

Para realizar a comparação entre as características demográficas das crianças e adolescentes vítimas com a violência notificada, os resultados serão apresentados de forma separada para cada natureza da violência.

Assim, apresenta-se a Tabela 3 com a distribuição dos casos por natureza da violência. Para avaliar a significância de diferença entre os grupos foi utilizado o Teste Qui-quadrado de Pearson e apresentado na mesma tabela os p-values3.

3 O nível descritivo de um teste (também conhecido como p-value ou p-valor) é a probabilidade de

estarmos cometendo um erro ao rejeitarmos a hipótese sendo que esta é verdadeira. Na maioria dos testes a hipótese testada é a hipótese de igualdade, no caso, a hipótese é que as variâncias dos grupos sejam todas iguais.

Tabela 3 – Distribuição censitária por natureza da violência sofrida

Tipo de Violência

Característica Grupo Física Sexual Psicológica Negligência Sexo Feminino 697 (48,9%) 335 (77,9%) 330 (51,7%) 468 (50,2%) Masculino 727 (51,1%) 95 (22,1%) 308 (48,3%) 465 (49,8%)

p-value 0,4266 <,0001 0,3838 0,9218

Município Santo André 480 (33,7%) 137 (31,9%) 201 (31,5%) 440 (47,2%) São Bernardo do Campo 514 (36,1%) 161 (37,4%) 230 (36,1%) 242 (25,9%) São Caetano do Sul 15 (1,1%) 3 (0,7%) 4 (0,6%) 1 (0,1%) Diadema 370 (26,0%) 120 (27,9%) 192 (30,1%) 222 (23,8%) Mauá 22 (1,5%) 3 (0,7%) 0 (0,0%) 13 (1,4%) Ribeirão Pires 16 (1,1%) 3 (0,7%) 10 (1,6%) 9 (1,0%) Rio Grande da Serra 2 (0,1%) 1 (0,2%) 0 (0,0%) 5 (0,5%) Outros 5 (0,4%) 2 (0,5%) 1 (0,2%) 1 (0,1%) p-value <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 Idade 1 87 (6,1%) 3 (0,7%) 29 (4,5%) 106 (11,4%) 2 77 (5,4%) 8 (1,9%) 23 (3,6%) 70 (7,5%) 3 66 (4,6%) 27 (6,3%) 35 (5,5%) 69 (7,4%) 4 85 (6,0%) 27 (6,3%) 35 (5,5%) 66 (7,1%) 5 104 (7,3%) 40 (9,3%) 40 (6,3%) 67 (7,2%) 6 89 (6,3%) 30 (7,0%) 32 (5,0%) 66 (7,1%) 7 104 (7,3%) 29 (6,7%) 44 (6,9%) 59 (6,3%) 8 99 (7,0%) 34 (7,9%) 51 (8,0%) 62 (6,6%) 9 108 (7,6%) 32 (7,4%) 52 (8,2%) 63 (6,8%) 10 123 (8,6%) 32 (7,4%) 47 (7,4%) 72 (7,7%) 11 77 (5,4%) 25 (5,8%) 32 (5,0%) 46 (4,9%) 12 91 (6,4%) 31 (7,2%) 45 (7,1%) 48 (5,1%) 13 82 (5,8%) 36 (8,4%) 40 (6,3%) 45 (4,8%) 14 77 (5,4%) 24 (5,6%) 40 (6,3%) 37 (4,0%) 15 71 (5,0%) 19 (4,4%) 41 (6,4%) 25 (2,7%) 16 51 (3,6%) 20 (4,7%) 33 (5,2%) 16 (1,7%) 17 33 (2,3%) 13 (3,0%) 19 (3,0%) 16 (1,7%) p-value <,0001 <,0001 0,0035 <,0001 Idade Com 8,5± 4,4 9,2± 4,1 9,1± 4,5 7,2± 4,4 Violência física

Nas ocorrências envolvendo violência física, notou-se um percentual bem semelhante entre os sexos, com uma leve predominância de expostos a essa natureza da violência entre as crianças e adolescentes do sexo masculino (51,1%), mas a diferença entre os grupos não foi significativa (p-value = 0,4226), conforme demonstrado na Tabela 3.

Caso seja considerada a violência física isolada, sem a ocorrência de outras violências concomitantes, de um total de 730 casos, as vítimas do sexo masculino também predominaram (53,6%), conforme demonstrado na Tabela 4.

Verifica-se certa diferença entre os municípios, com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de violência física (95,8%) e os demais com muita baixa presença. A diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001), o que pode ser verificado na Tabela 3.

Observando a distribuição por idade, foi notada certa diferença entre elas, com um pico percentual dessa natureza de violência na faixa de 7 a 10 anos (30,5%) e depois uma queda nos anos mais elevados, sendo essa diferença significativa (p-value < 0,0001).

Tabela 4 – Distribuição das crianças e adolescentes vítimas por sexo e natureza da violência

Natureza da violência*

Masculino Feminino Total

fa fr fa fr fa fr Física 391 15,8 339 13,7 730 29,6 Sexual 78 3,2 265 10,7 343 13,9 Psicológica 78 3,2 75 3,0 153 6,2 Negligência 260 10,5 234 9,5 494 20,0 F/P 146 5,9 129 5,2 275 11,1 F/N 121 4,9 108 4,4 229 9,3 F/S 7 0,3 27 1,1 34 1,4 F/P/N 55 2,2 63 2,6 118 4,8 P/N 19 0,8 20 0,8 39 1,6 S/P/N 3 0,1 12 0,5 15 0,6 F/P/S/N 7 0,3 31 1,3 38 1,5 Fatal 1 0,0 1 0,0 2 0,1 Total 1166 47,2% 1304 52,8% 2470 100%

Violência sexual

Nas ocorrências envolvendo violência sexual, notou-se um percentual maior de expostos a essa natureza da violência entre as crianças e adolescentes do sexo feminino (77,9%), sendo a diferença entre os grupos significativa (p- value < 0,0001), conforme apontado na Tabela 3. Se considerarmos a ocorrência da violência sexual de uma forma isolada, 77,2% das vítimas foi do sexo feminino, conforme demonstrado na Tabela 4.

Há certa diferença entre os municípios, com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de violência sexual (97,2%) e os demais com muita baixa presença. A diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001), o que pode ser verificado na Tabela 3.

Considerando a distribuição por idade, foi identificada diferença entre elas, com um percentual bem mais baixo desse tipo de violência nas idades iniciais de 1 e 2 anos (2,6%) e acima de 15 anos (12,1%), com um pico percentual na faixa de 5 a 13 anos (67,1%). A diferença foi significativa (p-value < 0,0001).

Violência psicológica

Nas ocorrências envolvendo violência psicológica, notou-se um percentual bem semelhante entre os sexos, com o feminino um pouco acima (51,7%), sendo a diferença entre os grupos não significativa (p-value = 0,3838), conforme apontado na Tabela 3. Se considerarmos a ocorrência da violência psicológica de uma forma isolada, também não foi notada diferença percentual referente ao sexo das vítimas, o que pode ser verificado na Tabela 4.

A Tabela 3 demonstra diferença entre os municípios com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de violência psicológica (97,7%) e os demais com muita baixa presença. A diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001).

Considerando a distribuição por idades, foi identificada bastante diferença entre elas, com um comportamento próximo a um triângulo (menor nas idades

iniciais e maior na faixa etária central), com um pico percentual na faixa de 8 a 10 anos (23,6%). A diferença foi significativa (p-value = 0,0035).

Negligência

Nas ocorrências envolvendo negligência, nota-se um percentual um pouco quase idêntico entre os sexos, sendo a diferença entre os grupos não significativa (p-value = 0,9218), conforme apontado pela Tabela 3. Se considerarmos a ocorrência da negligência de uma forma isolada, também não foi notada uma ligeira predominância de vítimas do sexo masculino (52,6%) em relação ao feminino (47,4%), o que pode ser verificado na Tabela 4.

A Tabela 3 demonstra diferença entre os municípios com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de negligência (96,9%) e os demais com muita baixa presença. A diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001).

Relacionando a negligência à idade das vítimas, foi observado o oposto dos outros tipos de violência, com uma tendência de decréscimo constante no percentual observado conforme a idade aumenta. O maior pico foi até 1 ano de idade (11,4%) e depois uma certa estabilização entre 2 e 10 anos, seguindo de uma diminuição nas idades mais elevadas, sendo a diferença significativa (p- value < 0,0001).

Com relação aos autores da violência, a amostra da pesquisa foi de 1783 pessoas, número inferior ao número de crianças e adolescentes vítimas, devido ao fato de um mesmo autor de violência agredir mais que uma criança e adolescente. Destes, 50,6% são do sexo masculino e 49,4 % do sexo feminino, havendo um certo equilíbrio entre os dois sexos, conforme demonstrado na Tabela 5. Embora tenha sido observado um equilíbrio no total da amostra pesquisada acerca dos autores da violência referente à variável sexo, quando relacionada à natureza da violência, os resultados diferem, motivo pelo qual se optou por fazer análise dos resultados considerando a especificidade da natureza da violência.

Crianças (0 a 11 anos) e adolescentes (12 a 17 anos) aparecem como agressores em apenas 5,1% do total de autores da violência pesquisados. Houve uma maior concentração de agressores na faixa etária de 21 a 30 anos e 31 a 40 anos de idade (68,3% nessas faixas etárias somadas), com muito poucos com idade inferior a 21 anos ou com mais de 51 anos, conforme demonstrado na Tabela 5.

Referente ao ano de notificação foi identificada a maior concentração de notificações no período de 1998 a 2002, apresentando um grande pico (mais do que o dobro) em relação aos demais anos, aspecto este demonstrado na Tabela 5.

Tabela 5 – Distribuição censitária dos autores da violência

Característica Grupo fa fr

Sexo Feminino 881 49,4

Masculino 902 50,6

Faixa etária Criança 6 0,4

Adolescente 71 4,7 18 a 20 anos 51 3,4 21 a 30 anos 509 33,4 31 a 40 anos 531 34,9 41 a 50 anos 272 17,9 51 a 60 anos 60 3,9 Acima de 61 22 1,4

Município Santo André 642 36,0

São Bernardo do Campo 634 35,6

São Caetano do Sul 18 1,0

Diadema 450 25,2

Mauá 16 0,9

Ribeirão Pires 14 0,8

Rio Grande da Serra 3 0,2

Outros 6 0,3 Ano notificação 1993 a 1997 282 15,8 1998 a 2002 763 42,8 2003 a 2007 258 14,5 2008 a 2012 303 17,0 2013 a 2017 177 9,9

Relacionando os agentes agressores à violência praticada, como cada agressor pode ter praticado mais de um tipo de violência, os resultados foram analisados da seguinte forma:

 Tipos de violências individuais: presença da natureza específica de violência (física, sexual, psicológica e negligência).

 Número de tipos de violência praticadas: valor de 1 (uma natureza) a 4 (todos as naturezas).

 Tipos de violência associados: distribuição das configurações das naturezas de violências associadas.

Quanto às notificações das violências de uma única natureza, a mais frequente foi a violência física (57,3%), seguida pela negligência (29,2%), psicológica (26,8%) e sexual (22,4%). Destaca-se que se obteve ainda 3 casos (0,1%) fatais, conforme aponta a Tabela 6.

Tabela 6 – Distribuição dos agressores por violência praticada

Característica Grupo fa fr

Tipo de violência Física 1022 57,3

Sexual 400 22,4 Psicológica 477 26,8 Negligência/Abandono 521 29,2 Fatal 3 0,2 Números de 1 1274 71,5 violência 2 403 22,6 3 81 4,5 4 25 1,4

Tipos associados Física 548 30,7

Sexual 331 18,6 Psicológica 131 7,3 Negligência 261 14,6 Física e sexual 32 1,8 Física e psicológica 217 12,2 Física e negligência 131 7,3 Psicológica e negligência 23 1,3

Física, psicológica e negligencia 69 3,9 Sexual, psicológica e negligência 12 0,7 Física, sexual, psicológica e negligência 25 1,4

A maioria das notificações (71.5%) foi relacionada a um único tipo de violência, enquanto que 22,6% relacionaram-se a dois tipos e 5,9% do total a mais de duas naturezas. Quando observado os casos de uma única natureza de violência, a mais frequente foi a violência física (30,7%) assim como no total individual visto acima, seguida pela violência sexual com 18,6% do total de casos. Considerando os casos com mais de um tipo de violência, tem-se a presença forte da violência física associada às demais, o que pode ser verificado na Tabela 6.

Com o intuito de comparar a natureza da violência com o perfil censitário do agente autor da agressão, a Tabela 7 demonstra a distribuição dos casos separadamente conforme a violência sofrida. Para avaliar a significância de diferença entre os grupos foi utilizado o Teste Qui-quadrado de Pearson e apresentado na mesma tabela os p-values.

.

Tabela 7 – Distribuição censitária por natureza da violência praticada

Tipo de Violência

Característica Grupo Física Sexual Psicológica Negligência Sexo Feminino 568 (55,6%) 33 (8,3%) 249 (52,2%) 366 (70,2%) Masculino 454 (44,4%) 367 (91,8%) 228 (47,8%) 155 (29,8%)

p-value 0,0004 <,0001 0,3363 <,0001

Município Santo André 337 (33,0%) 119 (29,8%) 143 (30,0%) 232 (44,5%) São Bernardo do Campo 390 (38,2%) 150 (37,5%) 188 (39,4%) 146 (28,0%) São Caetano do Sul 12 (1,2%) 4 (1,0%) 5 (1,0%) 3 (0,6%) Diadema 253 (24,8%) 119 (29,8%) 134 (28,1%) 126 (24,2%) Mauá 12 (1,2%) 3 (0,8%) 0 (0,0%) 5 (1,0%) Ribeirão Pires 13 (1,3%) 2 (0,5%) 6 (1,3%) 6 (1,2%) Rio Grande da Serra 1 (0,1%) 1 (0,3%) 0 (0,0%) 2 (0,4%) Outros 4 (0,4%) 2 (0,5%) 1 (0,2%) 1 (0,2%)

p-value <,0001 <,0001 <,0001 <,0001

Faixa Etária Criança 0 (0,0%) 6 (1,9%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) Adolescente 10 (1,1%) 58 (18,0%) 2 (0,5%) 8 (1,8%) 18 a 20 anos 22 (2,5%) 13 (4,0%) 8 (1,9%) 22 (4,9%) 21 a 30 anos 324 (36,6%) 63 (19,5%) 119 (28,7%) 179 (39,5%) 31 a 40 anos 330 (37,2%) 84 (26,0%) 171 (41,3%) 169 (37,3%) 41 a 50 anos 164 (18,5%) 63 (19,5%) 91 (22,0%) 60 (13,2%) 51 a 60 anos 26 (2,9%) 28 (8,7%) 19 (4,6%) 12 (2,6%) Acima de 61 10 (1,1%) 8 (2,5%) 4 (1,0%) 3 (0,7%) p-value <,0001 <,0001 <,0001 <,0001

As características encontradas foram diferentes para cada natureza da violência.

Violência física

Nas ocorrências envolvendo violência física, notou-se um percentual um pouco maior de agressores do sexo feminino (55,6%), sendo a diferença entre os grupos significativa (p-value = 0,0004), conforme demonstrado na Tabela 7.

Há diferença entre os municípios, sendo que Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema lideram a quantidade de notificações de violência física (96%), considerando-se que a diferença entre os municípios foi significativa (p- value < 0,0001).

Observando a distribuição em cada faixa etária, foi notada certa diferença entre elas, com maior percentual nas faixas de 21 a 40 anos (73,8%) e com nenhuma criança. A diferença entre as faixas foi significativa (p-value < 0.0001).

Violência sexual

Nas ocorrências envolvendo violência sexual, notou-se um percentual muito maior relacionado a esse tipo de violência no grupo dos homens (91,8%), sendo a diferença entre os grupos significativa (p-value < 0.0001), conforme demonstrado na Tabela 7.

Os resultados permitem observar certas diferenças entre os municípios, com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de violência sexual (97,1%), considerando-se que a diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001).

Observando a distribuição em cada faixa etária, houve um pico percentual entre 31 e 40 anos (26%), mas alta prevalência em adolescentes (18%) e nas faixas de 21 a 30 e de 41 a 50 anos (19,5% em cada uma delas). A violência sexual é a única em que crianças foram apontadas como autoras da violência (1,9%). A diferença entre as faixas foi significativa (p-value < 0,0001).

Violência psicológica

A diferença entre os percentuais relacionados a violência psicológica foi considerada como pouco significativa nos dois sexos, sendo que, com o feminino um pouco mais elevado (52,2%), mas a diferença entre os grupos não foi significativa (p-value = 0,3363), conforme demonstrado na Tabela 7.

Os resultados permitem observar certas diferenças entre os municípios, com Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema liderando a quantidade de notificações de violência psicológica (97,5%), e os demais com baixa presença, considerando-se que a diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001).

Observando a distribuição em cada faixa etária, os dados indicam o pico percentual entre 31 e 40 anos (41,3%), mas alta prevalência na faixa de 21 a 30 (28,7%) e de 41 a 50 anos (22%) A diferença entre as faixas foi significativa (p- value < 0,0001).

Negligência

A sistematização dos dados aponta um percentual bem maior de autores de violência do tipo negligência entre as mulheres (70,2%), sendo a diferença entre os grupos significativa (p-value < 0,0001), conforme demonstrado na Tabela 7.

Os municípios apresentaram diferenças entre si, com Santo André liderando a quantidade de notificações de negligência (44,5%), seguido por São Bernardo do Campo (28%) e Diadema (24,2%), e os demais com baixa presença, considerando-se que a diferença entre os municípios foi significativa (p-value < 0,0001).

Observando a distribuição em cada faixa etária, foi identificada certa diferença, com maior percentual na faixa de 21 a 40 anos (76,8%). A diferença entre as faixas foi significativa (p-value < 0,0001).

A Tabela 8 demonstra o vínculo existente entre vítima e autor da violência e, nesse aspecto, a mãe aparece como a maior vitimizadora da amostra pesquisada (39,4%), seguida pelo pai (23,3%), mesmo assim, se considerarmos as ocorrências em que ambos cometeram a violência (13,6%), em 76,3% dos casos a violência foi praticada por algum dos genitores.

Tabela 8 – Vínculo entre a vítima e o(a) autor(a) da violência

Vínculo fa fr Pai 576 23,3 Mãe 973 39,4 Pai e mãe 336 13,6 Padrasto 167 6,8 Madrasta 31 1,3 Pai/madrasta ou mãe/padrasto 88 3,6 Irmão(ã) 53 2,1 Tio 71 2,9 Avô(ó) 50 2,0 Outros parentes* 37 1,5 Outras pessoas** 88 3,6 Total 2470 100,0

* cunhado, primo, genitor(a) e avô(ó), tutor(a), bisavô(ó), família extensa

** padrinho/madrinha, vizinho(a), amigo(a) da vítima ou da família, membro da comunidade religiosa, babá, namorado(a), padrasto ou madrasta do(a) genitor(a), enteado(a) da mãe/pai, desconhecido.

Considerando a natureza da violência, as Tabelas 9, 10, 11 e 12 retratam uma visão estratificada conforme a natureza da violência sofrida, a fim de verificar se existe um vínculo predominante entre o agente autor da agressão e vítima. Nas ocorrências de violência física, a mãe predominou como a maior agente agressora (41,6%), seguida pelo pai (29,3%), conforme apontado na Tabela 9.

Tabela 9 – Violência física: vínculo entre vítima e autor da agressão

Vínculo Violência Física

fa fr Pai 214 29,3 Mãe 304 41,6 Pai e mãe 65 8,9 Padrasto 54 7,4 Madrasta 21 2,9 Pai/madrasta ou mãe/padrasto 18 2,5 Irmão(ã) 8 1,1 Tio(a) 14 1,9 Avô(ó) 17 2,3 Outros parentes* 6 0,8 Outras pessoas** 9 1,2 Total 730 100,0

* cunhado, primo, genitor(a) e avô(ó), tutor(a), família extensa.

**padrinho/madrinha, vizinho(a), amigo(a) da vítima ou da família.

Nas ocorrências de violência sexual, o pai predominou como o maior agente agressor (25,9%), seguido pelo padrasto (20,1%), conforme apontado na Tabela 10. Os demais autores da violência, em sua maioria, possuem vínculo familiar ou de convivência da vítima, tais como tios (12%) e irmãos (8,7%). Mesmo nas ocorrências em que outras pessoas sem relação de parentesco praticaram o abuso sexual (21,9%), havia algum tipo de vínculo e relacionamento entre vítima e autor(a) do abuso, conforme aponta a Tabela 10.

Tabela 10 – Violência sexual: vínculo entre vítima e autor da agressão

Vínculo Violência sexual

fa fr Pai 89 25,9 Mãe 5 1,5 Pai e mãe 1 0,3 Padrasto 69 20,1 Pai/madrasta ou mãe/padrasto 2 0,6 Irmão(ã) 30 8,7 Tio(a) 41 12,0 Avô(ó) 11 3,2 Outros parentes* 20 5,8 Outras pessoas** 75 21,9 Total 343 100,0

* cunhado(a), primo(a), família extensa.

** vizinho(a), amigo(a) da vítima ou da família, membro da comunidade religiosa, padrasto/madrasta do(a) genitor(a), enteado(a) do(a) genitor(a), babá, desconhecido.

Nas ocorrências de violência psicológica, a mãe predominou como a maior agente agressora (32%), seguida pelo pai (29,4%), sendo que, em 24,2% das ocorrências, ambos cometeram a violência, conforme apontado na Tabela 11. Isso significa que em 85,6% dos casos, o pai e a mãe apareceram como os maiores praticantes de violência psicológica contra crianças e adolescentes.

Tabela 11 – Violência psicológica: vínculo entre vítima e autor da agressão

Vínculo Violência psicológica

fa fr Pai 45 29,4 Mãe 49 32,0 Pai e mãe 37 24,2 Padrasto 7 4,6 Pai/madrasta ou mãe/padrasto 1 0,7 Tio(a) 3 2,0 Avô(ó) 7 4,6 Outros parentes* 2 1,3 Outras pessoas** 2 1,3 Total 153 100,0 * bisavô(ó), primo(a). **vizinho(a), namorado(a).

Nas ocorrências de negligência, a mãe predominou como a maior agente violadora, seja considerando quando agiu sozinha (66,6%) ou com o pai da criança ou adolescente (21,9%), conforme apontado na Tabela 12, ou seja, em 88,5% dos casos de negligência ou abandono da amostra pesquisada, a mãe foi identificada como agente autora da agressão, aspecto este que será discutido na análise dos dados.

Tabela 12 – Negligência: vínculo entre vítima e autor da violência Vínculo Negligência fa fr Pai 28 5,7 Mãe 329 66,6 Pai e mãe 108 21,9 Padrasto 5 1,0 Madrasta 1 0,2 Pai/madrasta ou mãe/padrasto 10 2,0 Irmão 2 0,4 Tio(a) 4 0,8 Avô(ó) 2 0,4 Outros parentes* 3 0,6 Outras pessoas** 2 0,4 Total 494 100,0 * genitor(a) e avô(ó)

** vínculo não mencionado

Analisando a participação de serviços que compõem a rede de atendimento e o Sistema de Garantia de Direitos em situações de violência contra crianças e adolescentes, a Tabela 13 demonstra como se deu a participação dos serviços públicos e do terceiro setor no atendimento dos participantes da pesquisa, sendo que em 31,7% das ocorrências não foi identificado registro de troca de informações e articulação de outros serviços da rede de atendimento.

Considerando as demais ocorrências, no período compreendido entre os anos de 1993 a 2007, o Conselho Tutelar foi identificado como o órgão no qual houve maior articulação e troca de informações sobre o atendimento realizado com as crianças e adolescentes participantes da pesquisa.

A partir de 2008, a rede ampliada aparece com maior frequência. Nesse sentido, convém definir que o termo “rede ampliada” está sendo utilizado no

caso da participação de mais de dois serviços no atendimento às crianças, adolescentes e suas famílias.

Tabela 13 – Informações sobre a rede de serviços

Política Pública Período

1993-1997 1998-2002 2003-2007 2008-2012 2013-2017 Total N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) Saúde 28 (1,1%) 73 (3,0%) 5 (0,2%) 5 (0,2%) 6 (0,2%) 117 (4,7%) Educação 25 (1.0%) 95 (3,8%) 10 (0,4%) 0 (0.0%) 1 (0,0%) 131 (5,3%) Assist. Social 0 (0,0%) 17 (0,7%) 1 (0,0%) 88 (3,6%) 51 (2,1%) 157 (6,4%) Justiça 15 (0,6%) 41 (1,7%) 31 (1,3%) 18 (0,7%) 1 (0,0%) 106 (4,3%) Conselho Tutelar 57 (2,3%) 313 (12,7%) 217 (8,8%) 110 (4,5%) 17 (0,7%) 714 (28,9%) Delegacia 5 (0,2%) 13 (0,5%) 5 (0,2%) 1 (0,0%) 0 (0,0%) 24 (1,0%) ONG´s* 4 (0,2%) 16 (0,6%) 12 (0,5%) 4 (0,2%) 8 (0,3%) 44 (1,8%) SOS Criança 7 (0,3%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 7 (0,3%) SAICA** 1 (0,0%) 0 (0,0%) 6 (0,2%) 8 (0,3%) 1 (0,0%) 16 (0,6%) Fundação Criança 3 (0,1%) 7 (0,3%) 10 (0,4%) 25 (1,0%) 1 (0,0%) 46 (1,9%) Rede ampliada 3 (0,1%) 20 (0,8%) 12 (0,5%) 145 (5,9%) 146 (5,9%) 326 (13,2%) Não houve 246 (10,0%) 491 (19,9%) 27 (1,1%) 16 (0,6%) 2 (0,1%) 782 (31,7%) Total 394 (16,0%) 1086 (44,0%) 336(13,6%) 420 (17,0%) 234 (9,5%) 2470 (100,0%)

*ONG’s – Organizações Não Governamentais ** SAICA – Serviço de Acolhimento Institucional

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