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FASE 2 Intervenção colaborativa

6.4 ETAPA 1: REPRESENTAÇÕES DE APRENDIZAGEM DE ILA

6.4.1 Procedimentos metodológicos da Etapa

Os procedimentos metodológicos que apresentamos a seguir descrevem a coleta de dados (Seção 6.4.1.1) e os procedimentos e categorias de análise dos dados da Etapa 1 (Seção 6.4.1.2).

6.4.1.1 Coleta de dados da Etapa 1

A coleta dos dados da Etapa 1 foi realizada por meio de uma sessão reflexiva realizada no segundo encontro com os participantes (S#1). Previamente à sessão reflexiva, no primeiro encontro, os participantes responderam a um levantamento de necessidades (Needs analyisis) (Anexo 3), composto por sete questões de múltipla escolha, que forneceram os dados contextuais que subsidiaram não apenas o desenvolvimento da sessão reflexiva inicial, mas também contribuíram para o encaminhamento da proposta pedagógica. Da mesma forma, o desenvolvimento dos tópicos discutidos na sessão reflexiva inicial consideraram os dados obtidos na Fase 1 desta investigação, visando compreender em que medida o paradigma de ensino de inglês na escola pública, representado por alunos finalistas do Ensino Médio, corrobora as representações de alunos ingressantes no primeiro ano dessa modalidade.

A escolha da sessão reflexiva como instrumento de coleta de dados se deve às possibilidades que ela oferece para a reflexão sobre as representações, bem como, em alguns casos, oportunidades de esclarecer concepções, crenças e ideologias inscritas no discurso dos participantes (ABRAHÃO, 2006), perfazendo espaços de negociação, descrição e confrontação de argumentos, com vistas à reconstrução de posicionamentos e valores (SANTOS, 2011; SILVA, 2013). Tal sessão inicial foi gravada em vídeo e, posteriormente, transcrita para análise. Esse encontro, totalizou 23 minutos e 44 segundos de gravação audiovisual em formato MTS. A seguir, descrevemos os procedimentos e categorias de análise dos dados da sessão reflexiva inicial.

6.4.1.2 Procedimentos e categorias de análise dos dados da Etapa 1

Na análise dos dados da sessão reflexiva inicial, utilizamos como critério de seleção a identificação dos turnos em que as perguntas do professor-pesquisador encaminharam discussões relacionadas às categorias semânticas identificadas na Fase 1. Para alavancar as discussões acerca do modo como os alunos percebem a aprendizagem de inglês na escola, selecionamos as três respostas mais representativas dos discursos sobre aprendizagem de inglês 1) pela mediação de outrem (professor e colegas) e 2) pela mediação de instrumentos (exercícios). As respostas foram apresentadas (projetadas para visionamento) e lidas (pelo professor-pesquisador) aos alunos, que, na sequência, ofereceram respostas em acolhimento ou refutação aos posicionamentos colocados para análise. Os papéis de professor e aluno foram recuperados a partir das representações dos participantes sobre o ensino e a aprendizagem de ILA na escola pública. No Quadro 6.1, descrevemos os critérios de seleção, as categorias semânticas e oferecemos exemplos do corpus que ilustram as categorias encontradas.

Quadro 6.1 – Categorias semânticas, critérios de seleção e exemplos do corpus da Etapa 1

categorias

semânticas Turno do professor Pergunta Exemplos do corpus

aprendizagem de inglês pela mediação de outrem

T6

Alguém respondeu isso: “se aprende

inglês dialogando

com os colegas, pois não são todos

os alunos que

sabem pronunciar

ou aprendem inglês. Um exemplo bom é perguntando coisas do dia a dia pros

alunos”. Vocês

gostariam ou vocês acreditam que se aprende inglês dessa forma? Sim ou não?

Porque aprende a falar (realmente)

T26

Tem algumas pessoas que falam outras coisas. Por exemplo: “se aprende a partir do professor ensinando regras, artigos, dentre as demais matérias que envolvem (a disciplina) de

inglês”. É assim que vocês acreditam que se aprende inglês? Na escola?

[...] tinha uma regra no ensino fundamental que era

muito boa, a professora falava uma frase, traduzia e falava... mandava cada um falar, daí

todo mundo já ia decorando como é que se falava inglês

aprendizagem de inglês pela mediação de instrumentos

T104

Tem mais uma, pessoal, não quero apressar vocês, tá. Aí tem alguém que diz que “a gente aprende inglês com muitos exercícios e

trabalhos

Ah, com exercício sim. É porque... não tavam falando que a

gente aprende inglês na prática? Então, exercício é

prática disso

Para a identificação dos participantes, tanto da Etapa 1 quanto da Etapa 2 (que será descrita mais adiante), optamos por criar nomes fictícios, obedecendo a uma ordem alfabética definida conforme o participante tomava turno na sessão, ou seja, o primeiro a falar recebeu um nome com a letra A; o segundo, um nome com a letra B; e assim sucessivamente. O professor-pesquisador foi identificado como

Professor. No Quadro 6.2, apresentamos a relação dos alunos e os nomes a eles atribuídos como critério de identificação.

Quadro 6.2 – Identificação dos participantes da Etapa 1 Professor Anastácia Berenice Carmela Dagoberto Eugênio Ferdinando Gaspar Hortência Igor Janaína Karen Lindalva Marciano Norberto Olga

Da mesma forma, para a análise do processo argumentativo, buscamos identificar as ações argumentativas dos participantes e classificá-las conforme as categorias epistêmico-argumentativas descritas na Seção 2.3.1 (p. 46). No Quadro 6.3, recuperamos essas categorias e oferecemos alguns exemplos do corpus.

Quadro 6.3 – Categorias epistêmico-argumentativas utilizadas para a análise do processo argumentativo e exemplos do corpus

(continua)

Categoria geral Subcategoria Exemplo do corpus

1. Solicitação de informações

1A.por extensão de ideias

Professor: Que mais que vocês

têm a dizer sobre isso aí? [aponta para o projetor]

Categoria geral Subcategoria Exemplo do corpus

1. Solicitação de informações

1B.por elaboração de ideias

Professor: O que vocês creditam

que melhorou bastante, a leitura ou a produção oral?

1C.por intensificação de ideias

Professor: Por que que vocês

acham que com música APRENDE inglês?

2. Fornecimento de informações

2A.por elaboração/intensificação

Eugênio: A leitura melhorou por

causa que... A leitura porque tinha a parte do texto que a gente ia lendo e ai traduzindo ao mesmo tempo

2B.por extensão Ferdinando: “A gente corrigiu erro daquele outro...

2C.por remodelamento

Karen: A gente ouve... ouve a

música... hein sor, a gente ouve a música e aprende digamos, a cantar ou meio que enrolar... aprende a pronúncia e depois vê a tradução”

3. Reespelhamento –

Karen: O objetivo Professor: Isso Karen: The objective.

4. Problematização –

Karen: tá, mas se tu faz em

dupla e os dois não entendem, que que vai adiantar?

5. Reestruturação

Professor: Então vocês ainda

não se sentem confiantes, mas pelo menos perderam o medo de falar alguma coisa?

6. Recondução –

Professor: Então pessoal, na

aula passada a gente estava tentando fazer vocês organizarem uma apresentação em inglês [...] Hoje a gente vai fazer um esqueleto de apresentação em inglês [...]

7. Acolhimento –

Professor: [...] Muitos de vocês

repetiram suas partes para apresentar o trabalho. Isso ajudou a aprender [...]

Eugênio: Ajudou.

8. Refutação –

Professor: [...] Você não gostaram desse tipo de texto? Podemos pensar em outro.. [...]

Anastácia: Dá prá continuar, mas não com o mesmo texto.

6.4.2 Análise e discussão dos dados da Etapa 1: representações de