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Trazemos aqui, nesta subseção, apontamentos sobre as eleições do Colegiado nos biênios 2010-2011 e 2012-2013. Para a análise desses processos, utilizamos as normas que regeram as Pré-Conferências Setoriais de Cultura, eventos anteriores a II CNC, em 2010 (Portarias n.º 4, de 3 de dezembro de 2009 e n.º 5, de 21 de dezembro de 2009, Resolução n.º 8, de 25 de janeiro de 2010). Em 2012, valemo-nos da Portaria n.º 51, de 2 de maio de 2012, que foi alterada pela Portaria n.º 59, de 24 de maio de 2012.

Uma das principais diferenças entre os dois processos eleitorais é que o primeiro ocorreu dentro da estrutura da II Conferência Nacional de Cultura, logo, a eleição dos colegiados coincidiu com uma das etapas da IICNC. Isso facilitou a realização de encontros presenciais regionais, nos quais foram eleitos os delegados para as pré-conferências setoriais (APÊNDICE I).

Dessa maneira, consideramos que o primeiro processo eleitoral para o Colegiado se iniciou ainda em 2009, sendo realizado de duas formas: presencial e virtual. Nesse ano, foram realizadas as etapas municipais, intermunicipais e estaduais. Assim, em um primeiro momento, foram selecionados delegados por meio da etapa estadual para comporem as Conferências Setoriais. Nos encontros regionais em que não teve quórum suficiente para eleger candidatos para todas as setoriais, a escolha dos delegados setoriais foi feita por meio da seleção da Comissão Eleitoral, como aponta o art. 15º § 3º da Portaria n.º 4, de 3 de dezembro de 2009.

Art. 15 – As delegações setoriais estaduais e do DF que participarão das Pré- Conferências de Cultura serão integradas por representantes do poder público e sociedade civil, com a seguinte composição:

I – Delegados do PODER PÚBLICO, sendo 1 representante por área técnico- artísticas;

II – Delegados da SC, sendo 3 por estado e DF de cada uma das áreas técnico- artística e do patrimônio cultural, indicadas por etapas estaduais da IICNC;

[...]

§ 3º Nas UFs onde não ocorrerem as etapas referidas no inciso II, os delegados da SC serão selecionados, pelas Secretarias e órgãos vinculados do MinC, de acordo com a pontuação obtida a partir do Anexo II, item B, sendo classificados os 3 que obtiverem a melhor pontuação.

Buscamos dados sobre esse processo junto ao MinC,59 no entanto, foram encontrados apenas as seguintes informações quantitativas:

Quadro 5 – Números da Pré-Conferência Setorial de Culturas Populares Evento/Dados Delegados

sociedade civil

Delegados poder público

Convidados Observadores Eleitos por Estado**** Pré-Conferência

Setorial CPs60

81 18* 6** 6*** 20

Fonte 5 Elaborado pelo próprio autor, com dados da SCDC/MinC.

Sabemos que 3000 mil cidades realizaram etapas municipais e todos os estados fizeram suas conferências. No entanto, sobre a quantidade de setoriais há apenas números gerais (143 pré-conferências setoriais). Ou seja, não há informações sobre quais aéreas realizaram fóruns e em quais estados.

No caso das culturas populares, é de conhecimento que não ocorreu a fase setorial em Mato Grosso, no qual esta pesquisadora participou como representante. Assim, nesse último caso, todo ator social que tivesse interesse em participar se candidatou a delegado pelo site do CNPC, sendo escolhidos a partir do cumprimento de requisitos, dentre eles encaminhamento da seguinte documentação, de acordo com Portaria nº 4, de 3 de dezembro de 2009,61

1) Currículo [...], focando sua experiência com a respectiva expressão cultural; 2) Declarações de apoio de pessoas jurídicas de direito privado com atuação na respectiva área técnico-artística ou de patrimônio cultural [...];

3) Material publicitário ou institucional; e cópias de reportagens impressas ou audiovisuais, quaisquer deles fazendo a devida menção aos representantes ou indivíduos que subscreverem a lista, na qualidade de agentes afins à área objeto da chamada pública, e acompanhados de cópias dos documentos de identificação; 4) Relação com três propostas de diretrizes para desenvolvimento do setor técnico- artístico ou de patrimônio cultural a que pertença;

5) Declaração de veracidade das informações prestadas [...]. (SECRETARIA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL, 2009, p. 10).

59 As informações obtidas junto ao Ministério constam do Relatório da Conferência Nacional e alguns dados que foram divulgados no blog da Setorial, disponível em: <http://culturadigital.br/setorialculturaspopulares/>. Acesso em 10 mar. 2013.

60

Legenda:

*Delegados poder público dos estados (13) + poder público MinC e vinculadas (5).

** Centro de Tradições do Rosário/MG; Associação Mandicuera/PR; Associação Maracatus Rurais/PE; Núcleo de Culturas Populares e Identitárias/BA; Comissão Nacional de Folclore/CE e Paula Simon Ribeiro (CNPC). *** Maria Lúcia Montes (USP) – palestrante; Mediadores: Geraldo Vítor Filho (SID/MinC); Daniel Castro

Dória de Menezes (SID/MinC); Adriana Silva Cabral (SID/MinC); Aline Camila Romão Mesquista (SID/MinC); Guilherme Rosa Varella (Consultor).

****Total de estados que elegeram representantes no Colegiado, contados os titulares e suplentes.

61

SECRETARIA DE ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL. Portaria nº 4, [Brasília, DF], 2009. Disponível em: <http://blogs.cultura.gov.br/cnc/files/2009/12/Regulamento-para-Pr%C3%A9- Confer%C3%AAncias-Setoriais.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2014.

Faço aqui um breve relato de minha experiência neste processo, salientando que este não descreve, necessariamente, o quadro geral, sendo que sobre isto não podemos afirmar devido à insuficiência de informações divulgadas pelo MinC. Em Mato Grosso, foram realizadas conferências municipais nas cidades de Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Diamantino, Sinop, Tangará da Serra, Juína, Alta Floresta e Várzea Grande. Ao todo, participaram 369 pessoas. No entanto, não foi realizada setorial de Culturas Populares e na etapa estadual foram eleitos apenas os representantes para CNC, pois não tinha quórum suficiente para eleger delegados para as pré-conferências e a Conferência Nacional. Dessa maneira, se aplicou a regra do artigo 15º. Dentro do período solicitado de cadastro de candidatos no site do CNPC (até 31 de janeiro de 2010), inscrevi-me. Recebi a confirmação no dia 2 de fevereiro, como pode ser visto abaixo,

PRÉ CONFERÊNCIA SETORIAL Prezado(a),

Informa-se que sua inscrição para o processo de seleção para participar das Pré- Conferências Setoriais foi efetuada.

Caso não tenha enviado a documentação via correio, até o dia 1º de fevereiro, poderá enviar de forma digitalizada para o e-mail conferencia.setorial@cultura.gov.br , até hoje, dia 02 de fevereiro de 2010.

IMPORTANTE: Somente serão aceitos os documentos postados via correio até o dia 1º de fevereiro de 2010.

Documentação necessária:

1) Currículo – focando sua experiência com a respectiva expressão cultural;

2) Declarações de apoio de pessoas jurídicas de direito privado com atuação na respectiva área técnico-artística ou de patrimônio cultural.

3) Material publicitário ou institucional - cópias de reportagens impressas ou audiovisuais, quaisquer deles fazendo a devida menção aos representantes ou indivíduos que subscreverem a lista, na qualidade de agentes afins à área objeto da chamada pública, e acompanhados de cópias dos documentos de identificação. 4) Relação com 3 (três) propostas de diretrizes para desenvolvimento do setor técnico-artístico ou de patrimônio cultural a que pertença.

5) Declaração de veracidade das informações prestadas.

Confira no link: <http://blogs.cultura.gov.br/cnc/files/2010/01/ORIENTAÇÕES- CANDIDATOS.doc>. Acesso em: 05 de jan de 2013.

Atenciosamente, Coordenação Executiva da II CNC (61) 2024 2624/ 2024 2505 conferencia.nacional@cultura.gov.br (CNPC, 2010).

Considerando que me foi encaminhado o correio eletrônico às 12h28, não consegui enviar todos os documentos solicitados, a exemplo das “declarações de apoio de pessoas jurídicas de direito privado com atuação na respectiva área técnico-artística ou de patrimônio

cultural”. Mesmo assim, no dia 26 de fevereiro recebi a confirmação, bem como foi divulgada no blog da Setorial de Culturas Populares, que eu fui selecionada como uma das delegadas mato-grossenses. Além de questionar a minha própria participação no processo, questiono o prazo dado pela organização para que fossem enviados tais documentos citados, que no caso das culturas populares não são de fácil acesso aos atores sociais, pois muitos são mestres(as) de culturas populares e nem sempre integram associações ou entidades similares.

Levando-se em consideração as particularidades do setor das culturas populares, acredito que o processo eleitoral não possibilitou a participação do maior número de mestres(as) de culturas populares. Primeiramente, pois foi feito por meio de inscrição no site do CNPC, sendo que o contexto em que os atores sociais das culturas populares, muitas vezes, estão inseridos não os possibilitar ter acesso à internet em suas residências, ou ter acesso tão facilmente. Algumas vezes, as secretarias ou órgãos gestores de cultura ou produtores culturais que auxiliam nesse acesso para envio de projetos em Editais ou outras seleções.

Esse foi o caso do mestre de cultura popular José Ronaldo de Menezes, o Zé Rolinha, de Laranjeiras, Sergipe. O mestre relata que mesmo ele já tendo participado de eventos anteriores, como os seminários e a I CNC, para se candidatar como delegado da segunda edição ele teve que recorrer a Secretaria Municipal de Cultura de Laranjeiras, por meio do ex- secretárioIrineu Fontes, para fazer a inscrição. Desse modo, Zé Rolinha salienta ainda que,

Olha, é de suma importância essa sua pergunta. Realmente deve haver uma secretaria de cultura atuante, que realmente esteja voltado para as questões culturais e venha auxiliar, conduzir da melhor forma. Pois se tratando de um mestre tem que ter carinho, tem que ter conhecimento, né? Tem que ter formatos, tem que estar dentro da linguagem de cada mestre; pois têm aqueles que são pacatos, não são de falar. Mas ele é um mestre, ele é reconhecido pelo seu trabalho cultural. Realmente precisa de pessoas voltadas e capacitadas para trabalhar com determinadas pessoas, pois está se tratando do terceiro setor. É de suma importância que a informação chegue até a eles, que explique de várias formas, dentro das linguagens deles, sem termos difíceis, catedráticos por que se não o mestre não vai entender nada. Tem que ser na linguagem deles. Então, o Irineu foi um desses que se identificou e se identifica ainda hoje. [...]. (Informação verbal).62

Em segundo lugar, por conta do próprio processo de envio de documentos, o qual solicitava comprovações que em sua maioria não condizem com as culturas populares. Desse modo, compreende-se que a linguagem e o instrumento usados para a seleção de delegados para as conferências não foram condizentes com o contexto do segmento das culturas populares. Acreditamos que em cada setorial deveria ter sido analisado o contexto e se considerassem as particularidades das áreas e, assim, criadas regras específicas a cada

62 Entrevista concedida por José Ronaldo Menezes, Laranjeiras/SE, em dezembro de 2014. 1 arquivo .mp3, 00:24:00. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice D desta tese.

realidade da setorial. Dentre as alternativas no caso das culturas populares, nas localidades em que não teve Pré-Conferência Setorial poderia ter sido acionada a estrutura descentralizada do MinC, por meio das representações regionais, ou ainda estabelecer parcerias com as Secretarias Estaduais e Municipais, para que auxiliassem os atores sociais que não possuíam acesso à internet ou, mesmo, como forma de esclarecer dúvidas. E assim garantir maior número de fazedores de culturas populares. Mas o problema vai além desse caráter mais instrumental. A questão é o uso de determinados procedimentos que destoam da maioria dos atores da área, o que nos leva a pensar em qual o real papel do Colegiado, na visão do MinC. Consideramos que o formato como se deu esse processo eleitoral nos demonstra a própria necessidade de maior conformação do campo das culturas populares, principalmente, que o poder público estabeleça um diálogo com o setor, mas que isto seja efetivado na prática e não apenas em discurso. Se a importância do Colegiado é anunciada, mas as ações para sua atuação destoam do discurso, tal espaço, tão importante e um marco para as políticas do setor, pode assumir um caráter mais instrumental e de pseudo-participação.

Um exemplo disto é a constante repetições de pautas importantes para o segmento, mas sua concretização ou enfrenta entraves, ou demora para se efetivar, ou (pior ainda) não é colocada em prática. Nesse sentido, na Pré-Conferência os debates foram divididos em eixos, a exemplo dos que compuseram a IICNC, como: 1) produção simbólica e diversidade cultura, 2) cultura, cidade e cidadania, 3) cultura e desenvolvimento sustentável, 4) cultura e economia criativa. A partir das discussões em cada eixo/subeixo, foram eleitas propostas para a CNC e também que serviram como base para construção do Plano Setorial. Os principais temas debatidos foram: benefícios e auxílios financeiros para mestres(as) das culturas populares, aprovação de legislações para a setorial (Lei dos Mestres/Lei Griô), inserção das culturas populares nas disciplinas de ensino básico, questões orçamentárias e de financiamento cultural para o setor. No que diz respeito a aplicação desses temas nas práticas das políticas para área, vemos que as legislações para a área tramitaram no Congresso em 2013 e em 2014 foram apensadas e aprovadas na Câmara. Já sobre benefícios e auxílios para mestres, o debate sempre retorna às pautas dos eventos da área, mas pouco se concretiza sobre o tema, assim como ocorre com o orçamento e financiamento para as culturas populares.

Já sobre o processo de eleição dos Colegiados (APÊNDICE I), as candidaturas foram recebidas no primeiro dia da plenária de cada setorial, sendo a eleição feita por região, ou seja, somente se podia votar em delegados de suas próprias regiões. Foram aceitas três tipos de candidaturas: líderes comunitários, que reunia mestres(as) de cultura ou na denominação do MinC: “protagonistas e fazedores de cultura”; mediadores culturais, composto por

pesquisadores e/ou produtores culturais; e representante regional, um representante da sociedade civil por região do país. Desse modo, cada região elegeu três titulares e três suplentes, de acordo com as categorias acima. Durante a plenária da Pré-Setorial, foi feita a apresentação dos candidatos e em reunião das regiões eleitos os membros, sendo estes apresentados em plenária final.

A eleição dos membros para o Colegiado foi feita pelos próprios representantes da sociedade civil, com acompanhamento de membros da Comissão Eleitoral da CNC. A composição do órgão está de acordo com o seu Regimento, o qual diz que o Plenário deve possuir cinco representantes do poder público e 15 representantes da sociedade civil, sendo que deve contemplar as cinco macrorregiões administrativas e os diversos segmentos que compõem o setor das Culturas Populares: mestres, fazedores de cultura, pesquisadores e mediadores. Ainda sobre a composição do Colegiado, o RI diz que dentre os representantes do poder público, é membro nato o representante da entidade finalística integrante do sistema MinC cujas atribuições correspondam ao campo setorial do Colegiado. Dessa maneira, a composição do órgão ficou da seguinte forma, como mostra o quadro abaixo.

Quadro 6 – Composição do Colegiado de Culturas Populares (2010-2012)63

Representação Membros da Sociedade Civil

Norte Jacildo Bezerra, titular, e Aracinaldo Monteiro Costa, suplente.

Nordeste José Ronaldo de Menezes (Mestre Zé Rolinha), titular, e Maria dos Anjos Mendes Gomes, suplente.

Centro-Oeste Ricardo Calaça Manoel, titular, e Antonio Alves Pereira, suplente.

Sudeste Alessandro Cezar Araújo Azevedo, titular, e Joana Ramalho Ortigão Correa, suplente.

Sul Ivo Benfatto, titular, e Renato Paulo Carvalho Silva (Perré), suplente.

Líderes Comunitários Norte Adelcimar dos Santos Silva, titular, e Mafalda Crisóstomo, suplente.

Líderes Comunitários Nordeste Aelson Ferreira da Hora, titular, e Clementina Correia Pereira, suplente.

Líderes Comunitários Centro-Oeste Leonardo Costa Bueno, titular, e Adeli Divino de Melo, suplente.

Líderes Comunitários Sudeste Célio Augusto Souza Pereira, titular, e Júlio César Ferreira Gomes, suplente.

Líderes Comunitários Sul Graziela de Castro Saraiva, titular, e Oilson Antonio Alves (Will Capa Preta) , suplente.

Mediadores Culturais Norte Isaac Williams Farias Loureiro, titular, e Maria José Silva, suplente.

Mediadores Culturais Nordeste Rosildo Moreira do Rosário, titular, e Lenilton de Souza Lima, suplente.

Mediadores Culturais Centro-Oeste Giordanna Laura da Silva Santos, titular, e Hulda de Souza Prado.

Mediadores Culturais Sudeste Eliomar Carlos Mazoco, titular, e Gilberto Augusto da Silva, suplente.

Mediadores Sul Rejane Nóbrega, titular, e Aldair N. Carvalho.

Representação Membros Poder Público

SID Américo José Córdula Teixeira, titular, e seu suplente, Daniel Castro Dória de Menezes.

Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) – Iphan/MinC

-

Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) Iphan/MinC

Claudia Márcia Ferreira, titular, e seu suplente, Daniel Roberto dos Reis Silva.

Secretaria de Cidadania Cultural (SCC) – MinC

Elaine da Silva Tozzi, titular, e sua suplente, Josilene Brandão da Costa.

CNPC/MinC Gustavo Carneiro Vidigal Cavalcanti, e seu suplente, Marcelo Veiga.

Fonte: Portaria nº. 84, de 24 de julho de 2010.

63

A lista dos representantes eleitos, bem como seus contatos, está disponível no blog do Setorial:

<http://culturadigital.br/setorialculturaspopulares/files/2010/03/Colegiado-Setorial-Popular-Composicao.pdf>. Acessado em: 20 mar. 2014.

Para compreender o perfil dos membros da sociedade civil, estabeleceramos os seguintes critérios: 1) sexo; 2) representatividade regional; 3) atuação na cultura; 4) atuação em órgãos conselhistas ou entidade do terceiro setor. A verificação desses dados toma por base a composição publicada na Portaria n.º 84, de 23 de julho de 2010. No que compete ao primeiro ponto, 70% dos representantes são homens e apenas 30% mulheres, ou seja, não há um equilíbrio da representação no quesito gênero. No que concerne ao segundo aspecto, as cinco regiões têm representantes nas três linhas e, ao todo, 21 estados estão representados. Além disso, as regiões Sul e Sudeste têm uma representatividade 100% dos estados. Já o Centro-Oeste é de 75%, a Norte é de 71% e Nordeste, 66%. Ou seja, todas as regiões possuem mais de 50% das unidades da federação com assentos no Colegiado. Há uma equiparidade nesse quesito, assim como atende as normas do CNPC e do próprio Colegiado.

Sobre os critérios três e quatro, o perfil é diversificado, mas os membros estão diretamente ou indiretamente ligados às culturas populares, seja pela trajetória pessoal e profissional, com atuações nas áreas de produção, pesquisa ou, até mesmo, gestão. Para melhor explanação, são analisados apenas nos titulares e na suplente Maria dos Anjos Mendes Gomes, que se dispôs a participar desta pesquisa. Há também uma presença de dois conselheiros que integram a Comissão Nacional de Folclore. Na categoria “representantes regionais”, os conselheiros da região Nordeste são considerados mestres de culturas populares. Ao alocar dois mestres nessa categoria, oportunizaram-se, assim, mais duas vagas para esses atores. Dessa maneira, há um equilíbrio entre os produtores/fazedores das culturas populares e os outros perfis de atuação como, produtor cultural, pesquisador, gestores.

Há também representantes que se encaixam em mais de um tipo de atuação, ou seja, são produtores culturais ou pesquisadores e também já foram ou são gestores. Destaca-se ainda que os conselheiros Isaac Loureiro e Rejane Nóbrega foram facilitadores da II CNC. Além disso, Rejane participou do GT que trabalhou para realização da Pré-Conferência de Culturas Populares e para a realização do primeiro processo eleitoral. Quatro conselheiros são membros da Rede de Culturas Populares e Tradicionais, mas a maioria participa da lista de discussão virtual, mesmo não sendo membro.

A primeira reunião dessa formação foi feita em 6 de abril de 2010, de forma conjunta com outros Colegiados Setoriais e realizada em Brasília/DF. Nesta solenidade de abertura em algumas das falas do poder público é reconhecida a relevância do processo eleitoral ocorrido nas pré-conferências e, inclusive, esse próprio espaço participativo é valorizado; como se vê no extrato de ata abaixo.

O Sr. Alfredo Manevy (Secretário Executivo do MinC): [...] A representação em todos esses setores teatro, dança, audiovisual, representa dentro de cada um desses setores elos e forças, expressões, empresários, artistas, criadores, distribuidores, que são diferentes entre si e que raramente sentam na mesma mesa para pensar um projeto de nação, um projeto global para suas áreas. Poucas áreas da cultura conseguiram incorporar e eu acho o processo das pré-conferências avançou e muito nessa ampliação da representação até para que sim, nós tenhamos aqui as contradições, é bom... [...] (BRASIL, 2010a, p. 15, grifo nosso).

O mandato do Colegiado começou em abril de 2010, com publicação posterior no Diário Oficial da União, e seguiu até junho de 2012.

Se o processo eleitoral ocorrido entre 2009 e 2010 teve a maior parte da seleção de participantes de modo virtual, em 2012 o processo eleitoral foi eminentemente pela internet. A grande diferença foi que na primeira eleição ocorreram etapas setoriais em níveis municipais e estaduais. De acordo com artigo 13, parágrafo único, da Portaria n.º 51, de 2 de maio de 2012, que dispôs sobre o processo eleitoral: “A Comissão Organizadora Nacional poderá motivadamente autorizar a realização de debates presenciais”, mas não foi isso que ocorreu. Pois as etapas municipais, territoriais, setoriais e estaduais só ocorreram no ano seguinte (2013), quando se realizou a III CNC.

Esse foi um dos principais pontos de discussões e críticas ao CNPC e ao MinC por