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Num contexto histórico, o termo didático foi recomendado pelo grego Jan Amos Comenius, com a obra Didática Magna – Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, como tecnologia que possibilitaria “ensinar tudo a todos”, na expectativa da socialização do conhecimento e da universalização do acesso à informação (PRETI, 2010). Para Santos (2008, p. 17), o termo advém do “[...] grego didatiké, quer dizer a arte de ensinar”. Nesse aspecto, quando diz respeito a um conteúdo, pode culminar num “[...] conjunto sistemático de princípios, normas, recursos e procedimentos [...]” dos conteúdos programados, proporcionando aprendizagem (SANTOS, 2008, p. 17).

Nesse sentido, verifica-se que o processo de Conversão do Conhecimento encontra-se inserido na produção do material didático na EaD, considerando que existem quatro processos, quais sejam: socialização (troca de conhecimento entre os indivíduos), externalização (conhecimento organizado para compartilhamento), combinação (conhecimento que envolve a junção de diferentes conjuntos de conhecimentos já explicitados) e internalização (aplicar o conhecimento em ações concretas). Para fins de pesquisa, iniciamos dando destaque à primeira etapa do processo de Conversão do Conhecimento, a socialização, que se dá por meio da troca de conhecimento entre os envolvidos.

Considerando o que ocorre na Secretaria de Educação a Distância – SEDIS, no que se refere à socialização, esse processo é vislumbrado nos setores específicos, entre cada equipe. Por exemplo, na equipe de revisão, existem revisores de linguagem e estrutura, de língua portuguesa e de ABNT. Para que o fluxo de trabalho seja eficiente, as trocas de conhecimento ocorrem com frequência entre eles.

A esse respeito, Braglia (2010) destaca que o conteúdo para EaD demanda uma cautela diferenciada daquela que se dá no ensino presencial. Tal fato ocorre pela necessidade de uma equipe especializada, que deverá atuar com estímulo e

mediação do ensino para a construção do conhecimento. Portanto, no material para EaD:

A diferença passa inicialmente pelo tratamento dos conteúdos que estão a serviço do ato educativo. De outra forma: o temático será válido na medida em que contribua para desencadear um processo educativo. Não interessa uma informação em si mesma, mas uma informação mediada pedagogicamente (GUTIÉRREZ; PRIETO, 1994, p. 62).

Quanto ao tratamento dos conteúdos, este necessita de uma atenção diferenciada da equipe, considerando a explicitação e a combinação, eixos fundamentais no processo de Conversão do Conhecimento. Esses elementos, quando associados corretamente, podem proporcionar articulação e criação, evitando tanto lacunas como a sistematização do conhecimento.

Nesse aspecto, Nérici (1992, p. 204) complementa a discussão ao explicar que material didático “[...] é todo e qualquer recurso físico, além do professor, utilizado no contexto de um método ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o professor a transmitir a sua mensagem e o educando a mais eficientemente realizar a sua aprendizagem”. Com isso, percebe-se que o material didático na EaD assume a direção da aprendizagem, podendo estar organizado e disposto em uma ou mais mídias (impressa, vídeo, on-line etc.), que apresentam, de forma sistematizada, dialógica e contextualizada, os conteúdos com o objetivo de promover a construção do conhecimento.

Destaca-se ainda a combinação, explicitada por Nonaka e Takeuchi (1997), uma vez que sistematiza o conhecimento da equipe ou de várias equipes, na perspectiva de formar um novo conhecimento. Na SEDIS, para sistematizar o conhecimento, evidencia-se a criação de protótipos, de modelos e padrões, visando atingir a excelência. Verifica-se, também, a internalização, que trata do aprender fazendo, ou seja, aplicar o conhecimento em ações concretas, inserir novas rotinas de acordo com os moldes desenvolvidos.

Nesse cenário, entende-se a EaD como um diálogo mediado por objetos de aprendizagem, os quais são projetados para substituir a presença física do professor. Por essa razão, os materiais e objetos didáticos adquirem uma importância fundamental no planejamento de cursos a distância. Dentre esses materiais, destacam-se as impressões, os audiovisuais e o suporte informático.

Nesse aspecto, é relevante mencionar que “o diálogo depende também do cenário. O conteúdo de uma conversa fica mais ou menos explícito dependendo de seu contexto [...] atribuir um significado, buscar um contexto, é um ponto crucial e nem sempre é fácil de conseguir” (PALANGE, 2009, p. 381). Já para Preti (2010), o diálogo precisa ser estabelecido de maneira a unir os dois polos da educação (o do ensino e o da aprendizagem, do professor-autor e do aluno-leitor). O autor acrescenta ainda que o diálogo deve ser estabelecido de maneira a orientar o aluno nas atividades, ajudando-o a estabelecer relações, a estimular reflexões sobre o tema e a norteá-lo sobre outras leituras e sobre como ele deve realizá-las.

Segundo Moore e Kearsley (2008), dois aspectos precisam ser considerados no material: linguagem clara e precisa, de maneira a constituir um diálogo com o aprendiz. Ademais, devem-se utilizar quadros, tabelas, sumários e perguntas que busquem comportar a reflexão, promovendo a compreensão e instigando o interesse do aluno.

Quando se percebe o diálogo, a comunicação e a linguagem no âmbito da EaD, pode-se associar com a combinação do modelo de Conversão do Conhecimento, considerando que a chave desse processo é a comunicação, a difusão e a sistematização do conhecimento. Para Nonaka e Takeuchi (1997), a combinação incide em três fases, quais sejam: a captura e a integração do conhecimento; a disseminação, a edição e o processamento do conhecimento.

Após a definição do conteúdo, é importante que se escolham os recursos: textos, vídeos, animações e jogos, conforme a necessidade das instituições de ensino. Os materiais impressos, de acordo com Garcia Aretio (2001), proporcionam algumas vantagens, dentre as quais, destacam-se: meio acessível, fácil de usar, que não necessita de equipamentos especiais; possui uma maior portabilidade, sendo transportado facilmente para qualquer lugar; e permite releituras e leitura seletiva, com aprofundamento a qualquer momento dos pontos que considerar mais relevantes. Em contrapartida, é necessário que o aluno tenha a capacidade de interpretar adequadamente os construtos simbólicos presentes no texto, o que nem sempre acontece.

Os materiais audiovisuais representam as videoaulas e também as videoconferências, que devem ser planejadas por professores responsáveis pelas diversas disciplinas de forma multidisciplinar. É mister que imagens, simuladores, jogos e vídeos são recursos poderosos num curso, mas sempre devem estar inseridos

num contexto, com vista a contribuir para o desenvolvimento de uma competência definida. Com o advento da internet, percebeu-se que existem amplos usos para esses recursos.

Nessa perspectiva, acrescenta-se a externalização, exposta por Nonaka e Takeuchi (1997), que envolve articulação, auxiliando na expressão de ideias, a fim de promover a reflexão e a interação entre os indivíduos. Com isso, os materiais precisam ter essa competência, facilitando o processo de aprendizagem.

Diante do exposto, Fernandez (2009) salienta que alguns aspectos devem ser relevantes na preparação de materiais para EaD, a saber:

 características do educando que irá utilizar o material;  qualidade da linguagem adotada pelo material;

 relevância do conteúdo tratado;

 caráter de parceria entre especialistas (revisores e diagramadores do material);

 inclusão de perguntas e atividades diversificadas;

 adequação na inserção dos elementos formais, como: ilustrações, comunicação escrita e programação visual;

 respeito à autoria.

Com base nos aspectos destacados, percebe-se que a elaboração do material para EaD vai muito além da simples elaboração de aula que sai do modelo presencial para o modelo de aula em formato de texto. Nesse processo, é necessário pensar em todo um contexto social e, principalmente, inclusivo, buscando atender todos os alunos sem distinções.

A esse respeito, Fernandez (2009) complementa destacando que, para uso na EaD, não se trata de um material qualquer, mas de um recurso pedagógico com características didáticas. Nessa perspectiva, a elaboração de um material didático deve ser baseada nos princípios pedagógicos e epistemológicos, fundamentados nas referências básicas e complementares previstas na disciplina/no curso, tendo em vista as especificidades da EaD. Para tanto, considera-se que a linguagem precisa ser: direta, clara e coloquial, com características dialógicas, mantendo a cientificidade do conteúdo e favorecendo a autonomia do estudante.

O material didático deve ser interativo quando se fala em EaD. Essa interatividade pode ser motivada por mecanismos educacionais como introdução de atividades, revisão de conceitos e relação destes com o cotidiano do aluno e gêneros textuais que levem à reflexão. Sugere-se, para essa organização, a utilização de diferentes estratégicas como, por exemplo, iconografia, links, recapitulações etc. Ao se elaborar um material, também é importante atentar para o uso de imagem, destacando que ela é bem-vinda, desde que esta assuma um papel informativo e formativo (LAASER, 1997).

Complementando, Preti (2010) destaca que o material didático deve ser costurado, alinhavado, interligado, a fim de dar sentindo e intencionalidade, ou seja, uma unidade comunicativa, e não apenas um meio para transmitir informação. Como aponta Chen (2010), a informação, de forma geral, não ajuda o estudante a integrá-la ao conhecimento pré-existente para a construção de um novo conhecimento. Por isso, o material, como mídia da educação, deve elucidar o conhecimento de forma colaborativa e significativa. Assim, esse processo abrange a combinação, a externalização e a internalização, considerando a capacidade de sistematizar o conhecimento, como também de traduzi-lo de maneira compreensível, e ainda de torná-lo processo, incorporando-o às práticas de produção do material didático para EaD.

Fiorentini (2003) aponta que o material para EaD deve superar a sua convencional tradição de texto expositivo-descritivo. Deve ainda contemplar uma abordagem flexível, aberta e hipertextual, possibilitando múltiplas relações, conexões e redes, nas quais os estudantes possam vivenciar, numa condição ativa, a construção de seu próprio conhecimento, num processo comunicativo, dialógico, bidirecional e interdiscursivo.

Moore e Kearsley (2008) enfatizam a relevância da equipe de elaboração de material didático, uma equipe multidisciplinar, na qual diferentes especialistas geram estratégias de conteúdo e de ensino de modo a promover a aprendizagem. Para os autores, o material na EaD, além de ser estruturado de forma adequada ao aprendizado a distância e preparado para distribuição por meio de uma ou mais mídias, precisa ser trabalhado de forma a contemplar a aprendizagem do estudante, cujos planos, direção e controle são bastante desafiadores.

Para Ramal (2006), um material de EaD precisa gerar um processo inovador, tendo em vista a criação de ambientes de aprendizagem ricos e flexíveis que integrem

professor e estudante, orientando e apoiando o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas e que ofereça situações que permitam a construção do conhecimento, sobrepondo-se a uma leitura passiva.

Nessa direção, verifica-se a presença da socialização do conhecimento como ingrediente fundamental para o compartilhamento e a externalização do conhecimento. Assim, devem-se considerar as experiências anteriores, o diálogo, além dos treinamentos entre as equipes, favorecendo troca de informações, fundamentada na cultura organizacional na qual os sujeitos de aprendizagem estão inseridos.

Com isso, destaca-se o Quadro 2 a seguir, para melhor compreensão da abordagem, de acordo com os modos de conversão do conhecimento e as dimensões que envolvem o material didático na EaD.

Quadro 2 – Relação entre modo de conversão do conhecimento e as dimensões do material didático na EaD

Modo de conversão do conhecimento

Dimensões de estruturação do material didático na EaD Socialização (do tácito para

o tácito na ação do professor)

O conteudista apoiado pela equipe multidisciplinar deve elaborar um material que apresente uma estrutura definida de modo que o aluno

possa percebê-lo, identificá-lo, reconhecê-lo, manuseá-lo.

Externalização (do tácito

para o explícito, na ação do professor)

Momento em que o conteúdo (conhecimento conceitual) deve estar organizado por meio da escrita, fala, desenho. Fase em que o professor

explicita seu conhecimento.

Combinação (do explícito

para o explícito, na ação do estudante)

Esta fase é impulsionada por meio de uma linguagem clara, coesa, com exemplificação de modo a permitir ao aluno a combinação do conhecimento conceitual apresentado e seu conhecimento pré-

existente.

Internalização (do explícito

para o tácito, na ação do estudante)

Momento impulsionado por meio de atividades reflexionantes que permitam a incorporação do conhecimento que foi explicitado no

material. Fonte: Silva (2013).

Diante do quadro, constata-se que um material didático que procure potencializar a construção do conhecimento em EaD precisa apresentar uma estrutura que permita instituir um campo de interação, na perspectiva de facilitar a socialização do conteúdo proposto pelo professor. Esse conteúdo deve estar organizado e apresentar informações mínimas, convertidas pelo professor a partir de seu conhecimento tácito sobre um dado assunto, em conhecimentos explícitos, caracterizando a externalização. É preciso ainda uma linguagem adequada à modalidade, de forma a proporcionar a combinação do conhecimento apresentado pelo professor (conhecimento conceitual) com o conhecimento pré-existente do

estudante. Quanto às atividades, estas devem ser reflexivas e contribuir para que o estudante faça a internalização do conhecimento explicitado pelo professor no material didático.

A espiral pode iniciar em qualquer um dos quatro quadrantes. No entanto, comumente, o início da construção do conhecimento, com base na espiral proposta por Nonaka e Takeuchi (1997) dá-se no quadrante da socialização, caracterizado pela estrutura do material didático que será apresentado ao aluno. Na sequência, passa- se pelo quadrante da externalização, ocorrendo o compartilhamento do conteúdo. O professor, por meio da escrita do material, explicita seu conhecimento com base na ementa da disciplina.

No momento seguinte, no quadrante da combinação, trabalha-se com ênfase na linguagem do material. Considera-se que se esta for clara, coesa, coloquial etc., irá contribuir para que o aluno, a partir do conhecimento recém-criado, possa fazer a combinação com seu conhecimento pré-existente, proveniente das unidades anteriores, no caso do livro-texto, ou de suas experiências de vida.

Por fim, no quadrante denominado internalização, destaca-se a construção do conhecimento propriamente dito, por meio do “aprender fazendo”. Considera-se que essa fase é potencializada por atividades de aprendizagem. Logo, elas devem ser claras, reflexivas etc. Essa reflexão permite traçar um paralelo entre os quatro quadrantes da espiral com as quatro dimensões envolvidas no processo de um material didático, contemplando as características de cada uma das quatro dimensões, quais sejam:

 Estrutura: parte que dá sustentação. Constituição, organização, disposição e ordem dos elementos essenciais que compõem um material (HOUAISS, 2009).

 Conteúdo: significação mais profunda do material. Tópico ou conjunto de tópicos, envolvido em determinado livro-texto (HOUAISS, 2009).

 Linguagem: meio de comunicação que envolve um conjunto de signos textuais, sonoros, gráficos, gestuais.

 Atividade: realização de uma função específica (função, trabalho, aprendizagem). Forma de estudo livre, independente ou condicionada. Atividades de autoavaliação e avaliação que integram o processo de aprendizagem (HOUAISS, 2009; PRETI, 2010).

Nesse sentido, é importante destacar que as dimensões estão estreitamente interligadas, porém, considera-se que a organização em quatro grandes dimensões permite mais facilidade na capacitação do conteudista, quanto às características necessárias ao material. Permite ainda que a equipe mais bem visualize a necessidade de ajustes para que o material potencialize a construção do conhecimento.

Com o desenvolvimento da EaD, proporcionando a oportunidade de formação e qualificação do aluno, questões atinentes aos direitos autorais são objetos de contínuo debate, tendo em vista que o acesso à informação e a utilização de conteúdos na rede, reiteradas vezes, são efetivados de maneira indevida. Segundo Manso (2013), a EaD representa um processo democrático na educação, entretanto, deve ser implementada com a devida cautela e atendendo às normas vigentes.

A disponibilidade de conteúdos preexistentes, com a possibilidade de pesquisas, consultas e leituras, em fontes compatíveis, para a elaboração de novos materiais não pode ser considerada como possibilidade para reproduções, tendo em vista que estas, em não raros casos, são efetivadas de maneira indevida. Nesse processo, entende-se que a internet proporciona uma alternativa ilimitada de consultas, mas, no tocante à reprodução no processo de autoria de novos materiais, a legislação de direitos autorais deve ser rigorosamente cumprida, sendo respeitados os direitos patrimoniais e morais dos autores consultados na elaboração de novo material.

Assim, para utilização da obra intelectual, dois elementos são importantes: obrigatoriedade de autorização, ou licença, ou cessão de direitos, que deve ser prévia e expressa; e delimitação das condições de uso da obra, condições da licença ou cessão, observando-se que, em ambos os casos, o uso da obra, para além das condições ajustadas, constitui violação de direito autoral e, portanto, ato ilícito (MANSO, 2013).

No Brasil, a obrigatoriedade de autorizações e cessões para o uso de obras intelectuais é decorrente da Lei 9.610/98, que prevê taxativamente:

Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica.

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:

I – a reprodução parcial ou integral; II – a edição;

III – a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV – a tradução para qualquer idioma; [...]

Ademais, visando atender o princípio constitucional do direito à educação, Manso (2013, p. 11) explica que:

[...] a construção de uma política de direitos autorais para EaD, exige uma flexibilização da função social desses direitos, possibilitando a redução dos riscos de problemas jurídicos para as Instituições de Ensino Superior – IES e que, com isso, produzam maior segurança para os gestores, professores, alunos e técnicos da EaD. Assinalam os autores que o advento da EaD, possibilitando a transmissão e difusão das informações e do conhecimento, e disponibilizando o acesso, envolve o uso de várias mídias e tecnologias que disponibilizam uma infinidade de materiais autorais, o que aumenta a possibilidade de haver problemas relativos ao tema, mas que não devem representar dificuldade para uma efetiva democratização do ensino, que é a verdadeira vocação da EaD.

É importante destacar que a obra intelectual publicada na internet não é sinônimo de obra de domínio público8. Assim, para Souza (2011), o domínio público implica, no âmbito da legislação brasileira, a eliminação do exercício dos direitos patrimoniais, devendo respeitar apenas os direitos morais. Sua identificação ocorre quando o prazo de proteção se esgota, com isso, deriva dizer que a obra “caiu” em domínio público.

Araya e Vidotti (2010, p. 79) explicam a respeito do prazo geralmente estipulado pela legislação, quando descrevem:

A proteção aos direitos de que trata a lei brasileira independe de registro da obra e a duração da proteção às obras artísticas, literárias e científicas permanece por toda a vida do autor e é transmissível a seus herdeiros, por 70 anos a partir de 1° de janeiro do ano subseqüente à morte do autor. Para as obras fotográficas e audiovisuais, fonogramas e 57 emissões das obras por empresas de radiodifusão e as interpretações, a proteção corresponde a 70 anos a partir da publicação das obras. Passando este período, a obra passa ao domínio público, podendo ser utilizada sem autorização, desde que não fira os direitos morais do autor.

Atualmente, a temporalidade da proteção autoral é um elemento que consta da Constituição Federal (CF), que prescreve a função dos direitos autorais (art. 5º, XXVII), uma vez que se refere à existência de um direito de exclusividade a ser

8 É o conjunto de bens que não mais têm seus aspectos patrimoniais, nem parte dos morais, submetidos

ao monopólio legal – quer por decurso de prazo, quer por qualquer dos outros motivos [...] de modo que fica livre a qualquer pessoa fazer uso da respectiva obra, independentemente de autorização (BRANCO, 2011, p. 55).

exercido “pelo tempo que a lei fixar”. Além disso, é importante perceber a relação existente com o art. 215 da mesma obra, quando determina que caberá ao Estado garantir “a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Diante disso, verifica-se que o domínio público é vislumbrado como sendo um elemento fundamental para a afirmação da função social dos direitos autorais. Isso devido às garantias de maneira ampla de um conjunto de liberdades na utilização da obra autoral.

A respeito dos materiais didáticos, Prevedello, Rossi e Costa (2015, p. 35, grifo do autor) explicam quais aqueles que podem ser utilizados sem ferir o direito do autor, como se apresenta a seguir:

Direito de citação: é livre, não constitui ofensa aos direitos autorais citação

de: livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica. A menção da fonte da obra é obrigatória, se não, caracteriza plágio.

Imagens da internet: de uma maneira geral, podem ser utilizadas, desde

que citadas nas referências do trabalho. Mas, é importante verificar também se a obra deixa expressamente claro que permite o seu uso.