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Direitos autorais na produção do material didático para educação a distância: estudo com foco na gestão do conhecimento

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO

EDINEIDE DA SILVA MARQUES

DIREITOS AUTORAIS NA PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESTUDO COM FOCO NA GESTÃO DO

CONHECIMENTO

NATAL/RN 2019

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EDINEIDE DA SILVA MARQUES

DIREITOS AUTORAIS NA PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESTUDO COM FOCO NA GESTÃO DO

CONHECIMENTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte das exigências para obtenção do título de Mestre

em Gestão da Informação e do

Conhecimento.

Área de Concentração: Informação e

Conhecimento na Sociedade

Contemporânea.

Linha de Pesquisa: Gestão da informação e

do Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa

Neto.

Coorientadora: Prof. Dra. Nancy Sánchez

Tarragó.

NATAL – RN 2019

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EDINEIDE DA SILVA MARQUES

DIREITOS AUTORAIS NA PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESTUDO COM FOCO NA GESTÃO DO

CONHECIMENTO

Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte das exigências para obtenção do título de Mestre

em Gestão da Informação e do

Conhecimento. BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador

________________________________________________________ Prof. Dra. Nancy Sánchez Tarragó

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Coorientadora

________________________________________________________ Prof. Dra. Ilane Ferreira Cavalcante

Instituto Federal do Rio Grande do Norte – Campus EaD Examinador Externo a UFRN

________________________________________________________ Prof. Dra. Aline de Pinho Dias

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Centro de Educação Examinadora Externa ao Programa

________________________________________________________ Prof. Dr. Daniel de Araújo Martins

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador Interno

NATAL – RN 2019

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Dedico esta pesquisa às minhas filhas, para que elas percebam que nenhum estudo é em vão, que o conhecimento é algo que nos enriquece e que ninguém pode retirar de nós.

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AGRADECIMENTOS

Chegou ao fim um momento muito especial em minha trajetória de estudos – a dissertação – e o resultado de todo o esforço só foi alcançado devido à participação de muitas pessoas. Gostaria de agradecer...

À Vida, traduzida nos seus mais puros sentimentos – Deus, o universo, o bem, a amizade etc. – pela oportunidade que me foi dada de chegar até aqui.

Agradeço aos meus pais, Eduardo e Dalvaci, pelo incentivo aos estudos, desde criança. Eles provaram que, mesmo sem possuir um grau elevado de estudo, e muito menos excelentes condições financeiras, se é possível educar e orientar os filhos no caminho da educação e da honestidade.

À minha família que foi fundamental para que esse momento acontecesse. O apoio, a paciência e o respeito que recebi deles em relação às minhas decisões serviram de grande incentivo para me erguer nos momentos difíceis.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela oportunidade de qualificação.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da UFRN, por todo o conhecimento transmitido.

À minha turma, ou melhor, aos amigos que essa turma me concedeu. Citar nomes é totalmente dispensável, uma vez que todos – sem exceção – foram fonte de motivação durante todo o mestrado. Todos os choros e todas as risadas que compartilhamos foram o melhor combustível para alimentar o meu psicológico.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto, por acreditar em mim e me encorajar o tempo todo, por sua amizade e companheirismo, pela paciência e por todos os conhecimentos compartilhados.

À minha coorientadora, Profa. Dra. Nancy Sánchez Tarragó, que aceitou compartilhar seus conhecimentos e experiências.

Aos professores participantes da banca examinadora, Prof. Dra. Aline de Pinho Dias, Prof. Dr. Daniel de Araújo Martins e Prof. Dr. Artemilson Alves de Lima, pela disponibilidade e pelas contribuições ao estudo.

À família SEDIS, representada pela Prof. Maria Carmem Diógenes Rego e Prof. Maria da Penha Casado Alves, pelo grande apoio na minha pesquisa, abrindo portas para qualificar seus colaboradores.

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A todos que fazem parte dos setores (Revisão, Editoração, Acessibilidade e Interativos), que compõem a Coordenadoria de Produção do Material Didático, essencialmente, aqueles que fazem o setor de revisão, que compreenderam os meus dias de angústia.

Enfim, agradeço a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a construção deste projeto.

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“[...] nunca [...] plenamente maduro, nem nas ideias nem no estilo, mas sempre verde, incompleto, experimental”.

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RESUMO

A Gestão do Conhecimento é fundamental a todo e qualquer tipo de organização, considerando as mudanças e melhorias nas práticas institucionais, contribuindo de maneira significativa nos objetivos e nas metas de cada uma delas. Assim, este estudo tem como objetivo geral identificar ações que podem contribuir para melhorar o conhecimento organizacional sobre os direitos de autor, visando evitar violações e conflitos na produção do material para Educação a Distância, na Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Quanto aos objetivos específicos, buscou descrever as etapas e os atores envolvidos na produção do material didático da SEDIS; avaliar os conhecimentos, habilidades e percepções dos colaboradores relacionados aos direitos autorais, na produção do material didático da SEDIS; e propor sugestões com vista a capacitar os colaboradores e regulamentar os direitos autorais dos materiais produzidos, com foco na GC, especificamente, na Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional. A pesquisa é de natureza aplicada, de abordagem qualitativa e quantitativa, com objetivos descritivos e estudo de caso. Tem uma população de 56 funcionários, e uma amostra não probabilística por conveniência, totalizando 51 servidores, que fazem parte da Coordenadoria de Produção do Material Didático, que responderam a um instrumento de coleta, questionário; e, também, a gestora da instituição que participou de uma entrevista semiestruturada. A análise de dados consiste em análises estatísticas, expostas em gráficos e tabelas, além de fluxogramas e figuras e, ainda na análise de conteúdo de Bardin. A partir dos resultados encontrados, constata que os setores são distintos em suas funções e que os colaboradores que atuam apresentam experiências e, ao mesmo tempo, necessidades de aprimoramento no seu fazer laboral. Com isso, propõe algumas recomendações e sugestões, quais sejam: capacitação e treinamento, aquisição de software para identificar plágio e alteração no contrato dos funcionários. Com isto, conclui que todos os objetivos da pesquisa foram atingidos, que os resultados do trabalho poderão contribuir para produção do material didático na SEDIS e, que o modelo de Nonaka e Takeuchi (1997) foi relevante, considerando as técnicas relacionadas à: socialização, externalização, combinação e internação (SECI), para elaborar a proposta de intervenção, descrita nas recomendações e sugestões.

Palavras-chave: Gestão do conhecimento. Conhecimento organizacional. Educação

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ABSTRACT

Knowledge Management is fundamental to any type of organization, considering changes and improvements in institutional practices, contributing significantly to the objectives and goals of each one of them. Thus, this study has as general objective to identify actions that can contribute to improve the organizational knowledge about the copyright, aiming at avoiding violations and conflicts in the production of the material for Distance Education, in the Secretariat of Distance Education (SEDIS), University Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN). As to the specific objectives, it sought to describe the stages and the actors involved in the production of SEDIS didactic material; to evaluate the knowledge, skills and perceptions of collaborators related to copyright, in the production of SEDIS didactic material; and to propose suggestions to train employees and regulate the copyrights of the materials produced, with a focus on KM, specifically, in The Theory of Organizational Knowledge Creation. The research is applied in nature, with a qualitative and quantitative approach, with descriptive objectives and a case study. It has a population of 56 employees, and a non-probabilistic sample for convenience, totaling 51 servers, which are part of the Coordination of Production of Didactic Material, that answered a collection instrument, questionnaire; and also the manager of the institution that participated in a semi-structured interview. The data analysis consists of statistical analyzes, exposed in graphs and tables, in addition to flowcharts and figures, and in the content analysis of Bardin. From the results found, it can be seen that the sectors are distinct in their functions and that the employees who work present experiences and, at the same time, needs improvement in their work. With this, it proposes some recommendations and suggestions, such as: training and training, acquisition of software to identify plagiarism and change in the employees contract. With this, it concludes that all the objectives of the research were reached, that the results of the work could contribute to the production of didactic material in SEDIS and that the model of Nonaka and Takeuchi (1997) was relevant considering the techniques related to: socialization, outsourcing, combination and hospitalization (SECI), to elaborate the proposal of intervention, described in the recommendations and suggestions.

Keywords: Knowledge management. Organizational knowledge. Distance Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa com os polos de apoio presencial da SEDIS/UFRN ... 26

Figura 2 – Organograma da SEDIS/UFRN ... 27

Figura 3 – Modelo de Gestão do Conhecimento Nonaka e Takeuchi (1997) ...37

Figura 4 – Espiral de criação do conhecimento organizacional...41

Figura 5 – Modelo de Cinco Fases do Processo de Criação do conhecimento ...44

Figura 6 – Símbolos utilizados e atribuições das licenças Creative Commons ...72

Figura 7 – Representação Gráfica da Fundamentação Teórica ...82

Figura 8 – Fases da análise de conteúdo ...90

Figura 9 – Fluxograma da Produção do Material no Setor de Revisão ...94

Figura 10 – Fluxograma da Produção do Material no Setor de Edição ...96

Figura 11 – Fluxograma da Produção do Material no Setor de Interativos ...98

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Revisão Sistemática ...22

Quadro 2 – Relação entre modo de conversão do conhecimento e as dimensões do material didático na EaD ...61

Quadro 3 – Universo e Amostra da Pesquisa ...84

Quadro 4 – Síntese Metodológica da Pesquisa ...91

Quadro 5 – Sugestão de proposta para atividade de capacitação ... 136

Quadro 6 – Plano de ação (5W2H) - atividade de capacitação ... 137

Quadro 7 – Plano de ação (5W2H) - software para detectar plágio ... 139

Quadro 8 – Trecho a ser inserido no contrato do empregado ... 140

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do número de matrículas em cursos de graduação, segundo

a modalidade de ensino – Brasil – 2006 a 2016 ...18

Gráfico 2 – Perfil dos Colaboradores (Setor Revisão) ... 102

Gráfico 3 – Perfil dos Colaboradores (Setor Edição) ... 103

Gráfico 4 – Perfil dos Colaboradores (Setor Interativos) ... 104

Gráfico 5 – Perfil dos Colaboradores (Setor Acessibilidade) ... 106

Gráfico 6 – Perfil dos Colaboradores da Coordenadoria de Produção do Material Didático ... 107

Gráfico 7 – Conhecimento sobre tipos de direitos incluídos no direito autoral ... 109

Gráfico 8 – Nível de conhecimento sobre direito autoral ... 110

Gráfico 9 – Nível de conhecimento sobre diferentes aspetos relacionados com direito de autor ... 111

Gráfico 10 – Conhecimento sobre significado do termo copyright ... 112

Gráfico 11 – Conhecimentos sobre o significado do termo copyleft ... 113

Gráfico 12 – Conhecimentos sobre o significado do termo creative commons .... 114

Gráfico 13 – Significado do domínio público ... 115

Gráfico 14 – Instrumentos para adquirir conhecimentos sobre direito de autor ... 116

Gráfico 15 – Uso da aba de restrições e licenças do Google ... 117

Gráfico 16 – Frequência de uso da aba de restrições e licenças para imagens em Google ... 118

Gráfico 17 – Conhecimento sobre a existência na UFRN ou na SEDIS das regulamentações sobre direito de autor ... 119

Gráfico 18 – Tipos de problemas encontrados relacionados ao direito de autor .. 120

Gráfico 19 – Conhecimento sobre a existência de problemas relacionados com direito de autor no setor ... 124

Gráfico 20 – Percepção sobre o grau de importância da regulamentação sobre direito de autor na UFRN... 125

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Frequência com que ocorre a comunicação e a resolução de conflitos de direito de autor ...121

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LISTA DE SIGLAS

ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABT – Associação Brasileira de Telecomunicação

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CF – Constituição Federal

CONSEPE – Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão DDP – Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas

DED – Diretoria de Educação a Distância EaD – Educação a Distância

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FUNPEC – Fundação Norte-rio-grandense de Pesquisa e Cultura GC – Gestão do Conhecimento

IES – Instituição de Ensino Superior

IPAE – Instituto de Pesquisa e Administração da Educação ISBN – International Standard Book Number

ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica LAI – Lei de Acesso à Informação

LDA – Lei de Direitos Autorais LDB – Lei de Diretrizes e Bases

MEC – Ministério da Educação e Cultura

NIEMT – National Institute of Educational Media and Tecnology OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PUC-RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PROGESP – Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas

REA – Recursos Educacionais Abertos

SECI – Socialização, Explicitação, Combinação, Internalização SEDIS – Secretaria de Educação a Distância

SEED – Secretaria de Educação a Distância

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UAB – Universidade Aberta do Brasil UEPB – Universidade Estadual da Paraíba UFAL – Universidade Federal de Alagoas

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFScar – Universidade Federal de São Carlos

Unesp – Universidade Estadual Paulista UNIDIS – Programa Universidade a Distância UPE – Universidade do Estado de Pernambuco USP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

1.1 Contextualização e Problema de Pesquisa ... 17

1.2 Objetivos ... 20 1.2.1 Objetivo Geral ... 21 1.2.2 Objetivos Específicos ... 21 1.3 Justificativa ... 21 1.4 Caracterização da Instituição ... 24 1.5 Estrutura da Dissertação ... 28 2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ... 29

2.1 Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional... 35

3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ... 50

3.1 Produção do Material Didático na EaD ... 56

4 DIREITO AUTORAL ... 67

4.1 Direito Autoral no Brasil ... 73

5 METODOLOGIA ... 81

5.1 Caracterização da Pesquisa ... 82

5.2 População e Amostra ... 84

5.3 Método de Coleta dos Dados ... 85

5.4 Análise dos Dados ... 88

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 92

6.1 Etapas de Produção do Material Didático da SEDIS ... 92

6.2 Atores envolvidos na Produção do Material Didático da SEDIS ... 101

6.3 Avaliação dos Conhecimentos, Habilidades e Percepções dos Colaboradores ... 108

6.4 Percepção da Diretora da SEDIS sobre problemas relacionados aos direitos autorais ... 126

7 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES ... 133

7.1 Curso de Capacitação – Direitos Autorais ... 134

7.2 Aquisição de Software – Detector de Plágio ... 137

7.3 Proposta de Contrato para os Colaboradores ... 139

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REFERÊNCIAS ... 145

APÊNDICES ... 159

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ... 160

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO ... 162

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1 INTRODUÇÃO

Apresentam-se nesta seção intitulada de Introdução, a contextualização e o problema de pesquisa, como também os objetivos (geral e específicos), a justificativa, além da caracterização da instituição (objeto de estudo) e a estrutura desta dissertação.

1.1 Contextualização e Problema de Pesquisa

Na sociedade da informação, constata-se que a tecnologia aparece cada vez mais ligada ao seu cotidiano, instituindo novos conceitos, comportamentos, atitudes e relações sociais. Nesse cenário, a educação foi uma das áreas que impetrou alterações motivadas pela tecnologia e pelos meios de comunicação. Dessa maneira, a Educação a Distância (EaD) tornou-se uma alternativa para quem está à procura de novos conhecimentos.

Essa modalidade de ensino não advém unicamente da internet, como pode-se inferir atualmente. Surgiu a partir da TV, do rádio e dos jornais (VILAÇA, 2010). De acordo com Vidal e Maia (2010), merecem destaque também as aulas realizadas por correspondência, que foram a primeira maneira de ensino a distância, criada em 1856, por Charles Toussaint e Gustav Langenscheit, na escola de línguas por correspondência.

No começo do século XX, no Brasil, deu-se início à EaD por meio do rádio e do papel impresso; posteriormente, nos anos 1990, essa modalidade ganhou mais destaque com Projetos Pedagógicos Nacionais. Em 1996, foi inserida na legislação nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/1996), conseguindo o reconhecimento de uma nova modalidade de educação.

Ainda na década de 1990, a EaD alcançou uma forte expansão, devido ao aumento no acesso às universidades a partir dessa nova modalidade. Uma das causas desse crescimento ocorreu pela criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), no ano de 2005. A UAB foi

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estabelecida com o intuito de expandir a educação superior no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação (LITTO; FORMIGA, 2009).

O processo de EaD pode proporcionar diversas vantagens, como: horários diferenciados para estudo, não necessidade de locomoção dos alunos, custo reduzido, diminuição da necessidade de espaço físico e facilidade para se comunicar com professores e tutores a qualquer momento. Isso tem impulsionado o seu crescimento no Brasil, como pode ser constatado no gráfico 1 a seguir, uma vez que essa modalidade de ensino representava, no ano de 2007, um total de 369.766 alunos matriculados. Em 2017, dez anos depois, houve um crescimento de 475%, com um total de 1.756.982 alunos.

Gráfico 1 – Evolução do número de matrículas em cursos de graduação, segundo a modalidade de ensino – Brasil – 2007 a 2017

Fonte: ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância (2017).

Tal fato, também, impulsiona a crescente demanda na elaboração de material didático adequado, sendo, para tanto, necessário o envolvimento de diversos profissionais, dentre os quais é possível destacar: professores conteudistas, revisores, diagramadores, ilustradores e programadores. No contexto da EaD nas Universidades públicas, elegemos como foco a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), criada no ano de 2003, que atende alunos de graduação (licenciatura e bacharelado) e pós-graduação (especialização e mestrado), com polos localizados em todas as regiões do Estado do RN, além dos Estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O material elaborado

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na SEDIS vai além do livro propriamente dito (impresso ou e-book), existe também material interativo, como: jogos, vídeos, animações, entre outros.

Considerando a ampliação tecnológica e a velocidade da informação, por meio da internet, verificam-se alguns questionamentos relacionados a legislações, particularmente à Lei de Direitos Autorais (LDA). Assim, pode-se destacar o pensamento de Codina (2001, p. 19), quando diz que a informação digital, comparada com a informação analógica, “é aquela codificada em um formato que o computador pode interpretar”1 (tradução nossa), portanto, a computabilidade, a necessidade de um computador acompanhando um software ou de um algoritmo preciso constitui-se em uma das suas propriedades.

Constata-se que essa temática é bem mais abrangente e preocupante, uma vez que, quando o professor redige um conteúdo para ser utilizado na EaD, este não está finalizado para ser apresentado para os alunos. Geralmente, recebe um tratamento por outros profissionais, tais como: revisores, webdesigners, técnicos em informática, em animação gráfica e som. Com isso, o material, quando transformado, deixa de ser obra apenas do professor, e passa a ter autoria coletiva, pois todos os profissionais supramencionados podem ter contribuído para a sua produção. Sendo assim, percebe-se a presença da Gestão do Conhecimento (GC), uma vez que se relaciona com os ativos de conhecimento, ou seja, com o capital intelectual dos envolvidos na produção do material didático para EaD.

Portanto, o tratamento do direito autoral não se restringe única e exclusivamente ao professor autor dos conteúdos, mas se estende a todos os envolvidos na criação. Nesse contexto, a pesquisa busca contribuir para que não ocorram problemas com direito autoral, elencando estratégias pertinentes aos conhecimento e habilidades dos profissionais que atuam na EaD.

É importante, ainda, destacar duas regulamentações no ambiente da UFRN, instituídas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), sendo elas: a Resolução 149/2008-CONSEPE, que regula os direitos da propriedade intelectual; e a Resolução 157/2013-CONSEPE, que regula a proteção aos direitos autorais. Por padecerem de pouca divulgação e, por conseguinte, por não serem muito conhecidas no meio institucional, favorecem questionamentos de como tratar os problemas de direitos autorais, quando estes aparecem no âmbito da UFRN.

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Na SEDIS, observaram-se diversos conflitos a respeito do direito autoral, fundamentalmente, no uso de imagens, charges e tirinhas, como também, de textos não referenciados ou mesmo copiados. Tal fato pode ser devido à falta de conhecimento dos autores e, até mesmo, dos colaboradores da Coordenação de Material Didático de como lidar com esses problemas, ocasionando conflitos no ambiente de trabalho.

Entende-se que a GC se baseia num esforço da organização na perspectiva de tornar o conhecimento disponível para os que necessitam dele, quando, onde e na forma como se faça necessário, no sentido de aumentar o desempenho humano e o da organização. Além disso, a GC se aplica a qualquer instituição, e requer a criação de uma nova infraestrutura organizacional, novas posições quanto à capacidade intelectual de cada membro da organização e uma efetiva liderança para conduzir ao processo de transformação e inovação.

Nesse contexto, destaca-se a CG como um elemento essencial, uma vez que se trata de uma oportunidade para administrar o capital intelectual da SEDIS de maneira eficaz no atendimento da produção do material destinado à EaD. Como destaque da GC, pode-se mencionar a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional, essencialmente, a socialização, a externalização, a combinação e a internalização (SECI), visando concretizar práticas seguras de direitos autorais. Sob essa ótica, delineou-se a questão norteadora da pesquisa, a saber: quais

ações contribuem para melhorar o conhecimento organizacional sobre os direitos de autor, visando evitar violações e conflitos na produção do material para EaD na SEDIS-UFRN?

1.2 Objetivos

No intuito de resolver o problema de pesquisa, foram elaborados os objetivos, geral e específicos, as quais estão descritos a seguir.

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1.2.1 Objetivo Geral

Identificar ações que podem contribuir para melhorar o conhecimento organizacional sobre os direitos de autor, visando evitar violações e conflitos na produção do material para EaD na SEDIS-UFRN.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Descrever as etapas e os atores envolvidos na produção do material didático da SEDIS.

 Avaliar conhecimentos, habilidades e percepções dos colaboradores relacionados aos direitos autorais na produção do material didático da SEDIS.  Propor sugestões com vista a capacitar os colaboradores e regulamentar os direitos autorais dos materiais produzidos, com foco na GC, especificamente, na Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional.

1.3 Justificativa

Do ponto de vista pessoal, esta pesquisa se justifica tendo como base as inquietações a respeito da temática que surgiram quando a pesquisadora, por fazer parte da equipe de revisão de material didático da SEDIS, por diversas vezes, vivenciou angústias relacionadas a imagens que não poderiam ser utilizadas, ou material plagiado, ou ainda, falta de conhecimento a respeito dos direitos autorais não só dos autores do material mas também das demais equipes que compõem a Coordenação de Material Didático. Essas angústias são compartilhadas pela própria diretoria da Secretaria, quando das demandas com material sem autoria de imagens, ou ainda, com textos sem referências e, também, e de modo mais preocupante, com processos judiciais que ainda se encontram em andamento referente a problemas com direitos autorais.

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A relevância científica deste estudo reside no fato de que a pesquisa trata da EaD e do Direito Autoral em consonância com a Gestão do Conhecimento, com foco no contexto da produção do material didático. Assim, contribui para o avanço do conhecimento nesta área, por proporcionar um estudo pouco discutido na academia, com raras publicações que apresentam a relação entre os três conteúdos, destacando a escassez de discussões a respeito da temática. Dá-se relevância, ainda, à questão teórico-prática que envolve as temáticas, visto que contribuirá para o fazer laboral não somente dos colaboradores da SEDIS mas ainda para as demais instituições que atuam na área da EaD.

As poucas publicações foram constatadas por meio de revisão sistemática, realizadas em plataformas, como: Portal de Periódicos Capes e Google Acadêmico, demonstrados no quadro a seguir:

Quadro 1 – Revisão Sistemática

Plataforma Descritor Itens encontrados

Portal de Periódicos Capes

Direito Autoral + Educação a Distância

2 Gestão do Conhecimento + Direito

Autoral

1 Gestão do Conhecimento +

Educação a Distância

2

Google Acadêmico Direito Autoral + Educação a

Distância

3 Gestão do Conhecimento + Direito

Autoral

2 Gestão do Conhecimento +

Educação a Distância

3

Fonte: Elaborado pela Pesquisadora

É importante destacar, ainda, que as publicações encontradas no Portal de Periódicos Capes se repetem quando a pesquisa foi realizada no Google Acadêmico, entretanto, neste último verificou-se novas publicações, sendo estas relacionadas com textos não publicados em revistas científicas, mas sim, em páginas html, como blogs, por exemplo. Com isso, diante do quadro percebe-se a escassez de publicações na área, fundamentalmente, quando se relacionam as três áreas do conhecimento, pois em nenhuma das plataformas surgiu uma pesquisa relacionando-as.

A viabilidade do estudo se apresenta como oportuno, considerando que, na Administração Pública Federal, apesar dos esforços empreendidos pelo Governo

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Federal, o conceito “Gestão do Conhecimento” é ainda pouco compreendido e conhecido, existindo ainda evidente associação ao termo “Gestão da Informação”. Ademais, muitos servidores e dirigentes não conhecem ou não têm familiaridade com as ferramentas e práticas de GC, que, muitas vezes, são colocadas em segundo plano, ficando o tema esquecido nas discussões internas, deixando assim de ser prioridade estratégica apesar de sua importância e relevância (FRESNEDA, 2009).

Nesse contexto, busca-se com a GC, especificamente com a Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional, mostrar a relevância das vias de conversão do conhecimento, quais sejam: socialização (do conhecimento tácito para tácito; indivíduo-indivíduo), da externalização (do conhecimento tácito para o conhecimento explícito; indivíduo-grupo), da combinação (do conhecimento explícito para o conhecimento explícito; grupo-organização) e da internalização (do conhecimento explícito para o conhecimento tácito; organização-indivíduo) para efetivação de práticas seguras de direitos autorais na produção do material didático na SEDIS. Tais conceitos estão elucidados detalhadamente na seção 2, a seguir, desta dissertação. Busca-se, ainda, contribuir, na prática, para que sejam efetivadas soluções referentes às garantias dos direitos autorais, por meio da efetivação de um documento para assegurar os direitos autorais para EaD, não somente para o professor, mas, também para todos os envolvidos na elaboração dos conteúdos.

Dessa maneira, torna-se fulcral verificar se há previsão na legislação própria de garantia aos autores dos seus direitos morais e patrimoniais (regulamentações do CONSEPE citadas anteriormente), bem como se há a classificação e caracterização como obra protegida pela lei, do conteúdo elaborado para a EaD. Nesse processo, deve-se identificar se esse conteúdo poderia ser classificado como obra sob encomenda, obra coletiva, ou em coautoria2 e ainda se poderia ser caracterizado como obra multimídia, programa de computador ou audiovisual.

Diante disso, o estudo pode proporcionar uma eficiência na utilização dos recursos públicos, na medida em que evita o retrabalho e, também, os processos judiciais relativos a questões relativas aos direitos autorais. Outro quesito que justifica

2 Obra sob encomenda é aquela criada por solicitação de uma pessoa física ou jurídica, que fornece e

orienta o tema, e cujo pagamento prevê a transferência dos direitos patrimoniais para quem a encomendou. A obra coletiva, criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma. A coautoria é aquela criada em comum, por dois ou mais autores (GANDELMAN, 2007).

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a temática relaciona-se com a proposta do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento, ao disponibilizar para os servidores da UFRN capacitação em nível de mestrado profissional, possibilitando que os colaboradores contribuam com soluções para lacunas práticas encontradas no seu ambiente de trabalho. A partir das justificativas mencionadas busca-se oferecer uma proposta que possa contribuir para melhorias no processo de trabalho na Coordenadoria de Produção do Material Didático da SEDIS.

1.4 Caracterização da Instituição

A UFRN declarou, no Plano de Desenvolvimento Institucional 1999-2008, a intenção de democratizar, diversificar e aperfeiçoar as formas de acesso ao Ensino Superior. No Plano de Gestão da Instituição de Ensino Superior (IES), para o período de 2003-2007, também ficam explícitas as intenções de desenvolver, expandir e qualificar as atividades-fim, de promover a inserção social por meio da ampliação do acesso à universidade e de modernizar a administração. Esse foi o contexto institucional que alicerçou a implementação de uma política de Educação a Distância na UFRN (DANTAS; RÊGO, 2011).

A ampliação da EAD na UFRN se deu a partir de 2005, por meio da adesão às políticas nacionais de EaD. Com isso, a UFRN propagou cursos vinculados ao programa Pró-licenciatura, ou seja, para formação de professores, especificamente, nos cursos de Física, Química, Matemática e Biologia. Com a criação da UAB, ocorreu uma expansão na oferta de outros cursos na modalidade a distância, como Geografia, Pedagogia, entre outros. Por sua vez, as políticas configuram-se no contexto de expansão da educação superior brasileira, com influência do novo modo de produção sustentado pelas novas tecnologias da informação e comunicação.

Segundo Pernambuco (2011, p. 13), “A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi uma das primeiras instituições de Ensino superior públicas a experimentar a oferta da modalidade a distância”. Dantas e Rêgo (2011, p.113) afirmam que “A adesão da UFRN à Educação a Distância foi uma ação de grande envergadura e ousadia. O reitor José Ivonildo do Rêgo envidou esforços para entender essa modalidade e os requisitos básicos para viabilizá-la”.

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No ano de 2003, o MEC cria a Secretaria de Educação a Distância (SEED) com o objetivo de “promover a expansão do ensino superior para municípios onde é inviável a criação de uma estrutura permanente de oferta de curso, ampliando as oportunidades de acesso a esse nível de ensino” (PERNAMBUCO, 2011, p. 14). Por conseguinte, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte cria a SEDIS, Secretaria de Educação a Distância da UFRN, em 4 de junho de 2003, possibilitando, segundo Dantas e Rêgo (2011, p. 127) “agilizar as decisões e dar flexibilidade e autonomia às ações [...] assumindo em 2005 o seu primeiro grande projeto”. Ainda segundo os autores referidos,

A SEDIS tem o papel de articular no âmbito da UFRN as ações de EAD que são fomentadas no contexto nacional, mas também atender as demandas locais. Nesse sentido, a atuação em nível de graduação[...] tem sido fortemente voltada para atender às demandas locais/regionais, a partir de adesões a editais e projetos nacionais financiados pelo sistema MEC/UAB/CAPES (DANTAS; RÊGO, 2011, p. 136).

A criação da SEDIS foi de grande importância para consolidar essa modalidade de ensino na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A esse respeito, Pernambuco (2011, p. 16), baseando-se no texto de divulgação da UAB, disponibilizado na página da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), destaca que, em dezembro de 2005, as ações da SEDIS são configuradas no Sistema UAB, como “uma política pública de articulação entre a Secretaria de Educação a Distância-SEED/MEC e a Diretoria de Educação a Distância-DED/CAPES com vista à expansão da educação superior, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação-PDE”. Essa autora afirma que a SEDIS é considerada uma referência nacional na produção dos materiais em EaD entre os programas coordenados pelo MEC.

Essa Secretaria tem como escopo fomentar a Educação na sua modalidade a distância e estimular o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas de ensino e aprendizagem. Envolvida no contexto da política nacional de EaD, que preconizava consórcios entre instituições, a SEDIS/UFRN integrou o Consórcio Nordeste Oriental, ao lado da Universidade do Estado de Pernambuco (UPE), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O primeiro vestibular ocorreu no ano de 2005 e ofereceu vagas para as licenciaturas de Matemática, Física e Química em 10 polos de apoio presencial,

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distribuídos pelos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, graças a parcerias com as IES supracitadas (DANTAS; RÊGO, 2011).

Inicialmente, a SEDIS, que coordena o Programa Universidade a Distância (UNIDIS), oferecia os cursos de graduação: Licenciatura em Química, Matemática, Física, Geografia e Ciências Biológicas e Bacharelado em Administração e em Administração Pública. Mais recentemente, em 2012, passaram a ser oferecidas as Licenciaturas em Educação Física, Letras e Pedagogia.

No que diz respeito à estrutura física, além da sede, que fica localizada no campus da UFRN, a SEDIS conta com polos de apoio presencial, mantidos pelas prefeituras em parceria com o Sistema UAB e dotados de espaço para laboratórios, bibliotecas, salas para tutores presenciais, sala para coordenador geral do polo, laboratório de informática, sala de aula para eventuais encontros entre professores e alunos. As exceções à parceria com os municípios são os quatro polos mantidos pela própria UFRN, nos locais onde a universidade desenvolve atividades: Caicó, Nova Cruz, Macau e Currais Novos. A Figura 1 a seguir apresenta a atuação territorial da SEDIS.

Figura 1 – Mapa com polos de apoio presencial da SEDIS/UFRN

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De acordo com o Regimento da UFRN, a SEDIS está diretamente subordinada à Reitoria da IES. Com relação à estrutura administrativa, a Secretaria possui os seguintes componentes: Coordenação Geral; Assessoria Técnica; Secretaria Administrativa; Coordenadoria Pedagógica; Coordenadoria de Tecnologia da Informação; Coordenadoria de Produção dos Materiais Didáticos e Coordenadoria Administrativa e de Projetos. O organograma do órgão pode ser visualizado na Figura 2 a seguir.

Figura 2 – Organograma da SEDIS/UFRN

Fonte: http://www.sedis.ufrn.br

Observando o organograma apresentado, destaca-se a Coordenadoria de Produção dos Materiais Didáticos, que teve início no ano de 2005 e vem adquirindo características próprias, como a criação de suas próprias diretrizes para revisão e edição dos materiais, implementadas a partir das experiências de utilização nos cursos. Nessa Coordenadoria, encontram-se diversos setores, quais sejam:

- Revisão: formado por profissionais de linguagem e estrutura (designer instrucional), de revisão de língua portuguesa e de normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);

- Editoração: constituído por editor, diagramadores e ilustradores;

- Materiais Interativos: elabora vídeos, jogos, animações e livros digitais, como também, fotografias, programas e artes em geral; e

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- Acessibilidade: responsável pela acessibilidade dos materiais para os alunos com algum tipo de necessidade especial, realizando legendagem, audiodescrição e tradução em Libras, entre outros serviços.

1.5 Estrutura da Dissertação

O presente estudo encontra-se dividido em seções, sendo a primeira delas é esta Introdução, a qual apresenta a contextualização da pesquisa, como também os objetivos (geral e específicos) e, ainda a justificativa.

Na seção intitulada Gestão do Conhecimento, apresentam-se conceitos e características da temática, como também o modelo de teoria da criação do conhecimento organizacional de Nonaka e Takeuchi.

A seção seguinte, Educação a Distância, dá ênfase para os aspectos históricos e relaciona a produção do material didático para EaD com as questões ligadas à Gestão do Conhecimento, especificamente com a teoria da Criação do Conhecimento Organizacional.

Na sequência, exibe-se a seção Direito Autoral, com ênfase para definições e aspectos históricos, destacando a legislação do direito autoral no Brasil, notadamente a Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Na seção Metodologia, trata-se da caracterização da pesquisa, apresentando sua delimitação, a população, além do método de coleta dos dados, de análise e os resultados esperados na pesquisa.

Em seguida, apresentam-se as análises e discussões dos resultados obtidos com a aplicação das técnicas de coleta de dados pertinentes ao contexto que envolve a problemática em destaque.

Na seção seguinte, são enunciadas algumas recomendações para melhoria dos processos na Produção do Material Didático na SEDIS, ressaltando a importância da GC e alternativas de como evitar problemas relacionados aos direitos autorais. Por fim, as considerações finais são apresentadas

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2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

Considerando os eixos teórico-discursivos abordados nesta pesquisa, quais sejam: Educação a Distância, Direito Autoral e Gestão do Conhecimento, compreende-se por bem iniciar a revisão de literatura expondo os aspectos referentes à GC e à teoria da criação do conhecimento organizacional, visando possibilitar a compreensão dos demais eixos teóricos. Nesse processo, discorrer a respeito da Gestão do Conhecimento é fundamental a todo e qualquer tipo de organização, particularmente, no que diz respeito à SEDIS, com vista a propor mudanças e melhorias nas práticas institucionais, as quais podem ser direcionadas por meio deste estudo, contribuindo de maneira significativa nos objetivos e nas metas da instituição. Para Teixeira Filho (2000, p. 97), a GC é vislumbrada como “uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização”. Paiva (2005, p. 115), por sua vez, complementa e explica que a GC,

[...] corresponde a uma prática gerencial que se reporta aos elementos cognitivos (explícitos e tácitos) acumulados no passado pelas pessoas, pelos grupos e pela organização, buscando resgatá-los e compartilhá-los, visando a auxiliar a reelaboração do conhecimento, no presente.

Nesse contexto, são muitos os estudos a respeito da GC nas organizações, sendo essa uma temática que envolve estratégias, ferramentas, processos e práticas, na perspectiva de criar padrões, normas, ambiente de capacitação, de compartilhamento de conhecimento, assim destaca-se os estudos de Terra (2001); Probst, Raub e Romhardt (2002); Choo (2003); Fonseca (2006); Batista (2012), dentre outros. Ademais, busca-se sugerir propostas para um planejamento eficiente das ações, considerando que vários são os modelos e as estruturas teóricas designadas para esclarecer como o conhecimento pode influenciar nas práticas organizacionais. Com isso, este estudo, destacam-se os estudos de Nonaka e Takeuchi (1997) como estratégia para melhoria da SEDIS/UFRN.

É importante ressaltar que, independentemente do setor de atuação, o processo de formalização e implementação de GC deve ajustar-se às particularidades do ambiente no qual estará sendo aplicado o tipo de ação. Assim,

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devem ser analisados o comportamento informacional dos indivíduos em relação ao conhecimento, à cultura organizacional, bem como às forças que estão envolvidas na criação do conhecimento.

Para Wiig (1999, p. 113), “a meta da gestão do conhecimento é construir e explorar o capital intelectual com eficácia e lucratividade”3 (tradução nossa). Sob essa ótica, o capital intelectual de uma organização é vislumbrado como sendo a soma do conhecimento de todos em uma organização; é a matéria intelectual que pode ser utilizada para gerar novos conhecimentos e vantagem competitiva; é o conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e a experiência das pessoas pertencentes à organização.

Além disso, a exploração do capital intelectual se dá por meio da administração do conhecimento dos trabalhadores ao se identificar, adquirir, trocar, utilizar, gerar, validar, disseminar e proteger o conhecimento organizacional, por meio da transformação do conhecimento pessoal de cada trabalhador em conhecimento organizacional. Mais do que isso, é também criar novos conhecimentos, compartilhá-los e aplicá-compartilhá-los, alavancando o know-how e a experiência residente na organização, otimizando o desempenho e gerando resultados econômicos para a organização (TERRA, 2001).

O conhecimento na atual sociedade e, fundamentalmente, nas organizações se transformou em vantagem competitiva, uma vez que os produtos – ideias e conhecimentos – visam à diferenciação na excelência do serviço prestado (ULRICH, 2000). Com isso, pode-se dizer, de acordo com Teixeira Filho (2000, p. 23), que “as empresas se voltaram para a Gestão do Conhecimento no intuito de entender, organizar, controlar e lucrar com esse valor intangível (o conhecimento)”.

Segundo Zabot e Silva (2002), alguns autores – como Davenport e Prusak (1999), Drucker (1993) e Stewart (1998, 2002) – consideram a gestão do conhecimento e a gestão do capital intelectual como sinônimos, visto que a gestão do conhecimento representa uma disciplina referente aos ativos do conhecimento, com confluência nas áreas de capital intelectual, de recursos humanos e de tecnologia da informação, agregando valor à difusão da informação organizacional. Nesse sentido, Stewart (2002, p. 261) explica que “o conhecimento e o capital intelectual [...]

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desabrocham em toda a sua plenitude por meio dos processos do conhecimento4: eles institucionalizam o conhecimento e o capital intelectual”.

Graham e Pizzo (1998), por seu turno, explanam que ao se gerenciar o conhecimento, busca-se garantir o equilíbrio entre os conhecimentos fluido e institucional. No primeiro, fluido, encontra-se o conhecimento tácito gerado a partir das relações informais; no segundo, institucional, encontra-se o conhecimento formalizado em procedimentos, relatórios e bases de dados.

São muitos os modelos de capital intelectual, mas em todos se apresentam as seguintes dimensões: capital estrutural (estrutura interna), capital humano (pessoas) e capital de clientes (estrutura externa). Nesse processo, o capital intelectual deve ser formado a partir da integração entre o capital organizacional, o capital humano, o capital social e o capital conhecimento.

O capital organizacional é composto pelos elementos presentes no ambiente interno que auxiliam na atuação do capital humano, na gestão do capital conhecimento e na formação de capital social. O capital humano proporciona o dinamismo ao ambiente interno, aos relacionamentos externos e ao conhecimento organizacional, sendo formado pelos indivíduos e pelo conjunto de conhecimentos, experiências, competências e habilidades de cada um deles. O capital social refere-se às relações externas da organização, fonte de conhecimentos e aprendizados, responsáveis por melhorar as competências organizacionais. Já o capital conhecimento é visto como o conjunto formado pelos conhecimentos explícitos e tácitos encontrados na organização que colaboram para a execução da sua missão. Desse modo, percebe-se a complexidade na avaliação do capital intelectual, visto que alguns elementos até podem ser avaliados por meio de índices e indicadores. Entretanto, existem elementos subjetivos que não são passíveis de quantificar e necessitam ser qualitativamente administrados para preencher a lacuna teórica e estatística das pesquisas.

Além disso, o conhecimento consiste em perceber e interpretar as informações, levando em consideração o aprendizado e as experiências vivenciadas anteriormente, podendo ser classificado como tácito e explícito. O tácito é pessoal, específico de um determinado contexto e, portanto, complexo de ser formulado e

4 Os processos de conhecimento envolvem uma série de atividades que tem sua fundamentação

conhecimento, a saber: planejamento, marketing, pesquisa e desenvolvimento. Destacam-se ainda a consultoria e os processos decisórios.

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transmitido. Esse tipo de conhecimento inclui aspectos cognitivos e técnicos. Já o explícito se encontra registrado de alguma forma e disponível para as demais pessoas, sendo codificado e transmissível em linguagem formal e sistemática (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

De acordo com Sigala e Chalkiti (2015, p. 46):

[…] o conhecimento é geralmente categorizado em conhecimento explícito (que pode ser facilmente codificado, armazenado e transmitido) e conhecimento tácito (que normalmente é desenvolvido a partir de ação e experiência, e é compartilhado através de comunicação altamente interativa)5 (tradução nossa).

O conhecimento é, por sua vez, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), visto como um processo dinâmico empregado para explicar a crença pessoal em relação à verdade, produzido (ou sustentado) pela informação. Além disso, os autores argumentam que o processo de gestão e criação do conhecimento deve ocorrer a partir da transformação do conhecimento tácito em explícito por meio de interação dinâmica entre essas duas formas, gerando a criação do conhecimento organizacional.

Diante disso, pode-se dizer que a gestão do conhecimento é a gestão dos seus recursos, já que é por meio dela que se procura promover o acesso, a utilização e a disseminação de conhecimentos, normalmente com o uso de avançada tecnologia da informação (O’LEARY, 1998). De acordo com Terra (2001), a GC é um processo, de gerir, adquirir, armazenar, trabalhar, disseminar e criar o conhecimento existente dentro e fora da organização, explorando toda a eficácia do conhecimento dos trabalhadores.

É relevante destacar que são quatro os componentes que podem ser administrados de maneira a facilitar o desenvolvimento, o compartilhamento e a utilização do conhecimento. Para isso, deve-se levar em conta uma produção inovadora. A esse respeito, Sôo et al. (2002) expõem os subsistemas em termos de desempenho operacional, a saber:

 subsistema de dados, que permite o compartilhamento de informações corretas de forma oportuna e eficiente, partindo dos gestores para os seus

5 Knowledge is generally categorized into explicit knowledge (that can be easily encoded, stored and

transmitted), and tacit knowledge (that is normally developed from action and experience, and it is shared through highly interactive communication).

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colaboradores;

 subsistema de linguagem organizacional, possibilita aos indivíduos entender o significado das coisas (decodificação de informações, codificação de seus próprios conhecimentos em formatos de fácil entendimento e utilização para outros usuários);

 subsistema de rede, faz com que os usuários possam recuperar e construir informações e conhecimentos a partir de fontes internas e externas à organização;

 subsistema de transferência, no qual o conhecimento sistêmico é transferido diretamente aos indivíduos ou no qual novos conhecimentos são criados pela combinação de informações com experiências individuais.

Nessa perspectiva, O´leary (1998) comenta que o conhecimento organizacional era armazenado em papéis e na mente das pessoas. A primeira forma de armazenamento apresenta espaço limitado e dificulta a busca dos conteúdos; a segunda considera que as informações e o conhecimento são levados com o indivíduo quando deixa a organização. A partir do desenvolvimento tecnológico, com o surgimento de softwares, por exemplo, essa maneira de armazenamento passou a ser utilizada como ferramenta para armazenar os dados, as informações e os conhecimentos existentes, facilitando seu acesso, sua reutilização e seu compartilhamento e disseminação.

Uma questão relevante está relacionada a uma visão sistêmica, uma vez que a GC deve pertencer a toda a organização e não somente a um departamento específico. Justamente por pertencer a toda a organização, deve se relacionar com suas diversas áreas, para que possibilite a coordenação de esforços de forma sistêmica em diversos planos da organização (individual, organizacional, operacional, estratégico, entre outros). Sob essa ótica, Terra (2001) salienta que devem ser trabalhadas todas as suas áreas, como: o papel da alta administração, as práticas de gestão de recursos humanos, a estrutura organizacional, a cultura organizacional, a mensuração de resultados, os sistemas de informação, a tecnologia da informação, as estratégias, o aprendizado organizacional.

Dentre essas áreas, o maior destaque deve ser dado ao processo de aprendizagem organizacional. Isso se justifica pela sua relação fundamental com a gestão do conhecimento, por ser a aprendizagem um processo de construção de

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conhecimento e habilidade e de integração e adaptação do ser ao seu ambiente, ou seja, é um processo necessário à gestão e à criação de novos conhecimentos (BASSANI; NIKITUIK; QUELHAS, 2003; RUS; LINDVALL, 2002).

De acordo com Stewart (1998), a GC vai além da gestão da informação, uma vez que procura gerir o conhecimento existente nas pessoas, de modo a fazer um bom uso dele pela organização. Ela vai além da tecnologia da informação, considerando ser esta somente um conjunto de práticas que dá suporte à gestão do conhecimento. Davenport e Prusak (1999) citam que a tecnologia não pode suprir a qualificação e o julgamento do trabalhador humano experiente.

Nessa perspectiva, Terra (2001) demonstra os desafios que podem ser encontrados na aplicação e na execução prática da gestão do conhecimento, quais sejam:

 mapeamento do conhecimento existente nas organizações;

 forma de instigar a explicitação do conhecimento tácito dos funcionários;  utilização da tecnologia da informação e dos sistemas de informação de

maneira que não somente acelere o fluxo de informações mas também que propicie a criação de novos conhecimentos;

 políticas de incentivo à criatividade e ao aprendizado;

 preocupação em sustentar o equilíbrio entre o trabalho individual e o trabalho em equipe, e entre o trabalho multidisciplinar e a especialização individual.

Face ao exposto, Stewart (1998) esclarece que a dificuldade de se gerenciar o conhecimento está relacionada com sua intangibilidade e, ainda, com a dificuldade de se enxergar seu retorno, seu ganho gerado pelo cérebro, pela experiência. Desse modo, pode-se dizer que a maior vantagem competitiva e sustentável de uma organização é o que ela coletivamente sabe, como também a eficiência com que constrói e usa novos conhecimentos.

Por conseguinte, os investimentos no capital humano precisam ser tão valorativos quanto os investimentos em capital físico. O capital humano forma a figura da organização e cria um desafio para ela, na busca de formação e integração de uma boa equipe de trabalho, uma vez que a “mola propulsora” da geração de conhecimento e valor para as organizações é o capital intelectual (BASSANI; NIKITUIK; QUELHAS,

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2003; DAVENPORT; PRUSAK, 1999). Nesse processo, a GC possibilita a criação, a transferência, a comunicação e a aplicação de conhecimentos de todas as formas a fim de atingir os objetivos e as metas traçados pela organização.

Frente ao exposto, constata-se que a GC é uma área do saber gerencial que tem hoje em dia valor reconhecido. Por essa razão, necessita que seus processos sejam explorados profundamente, especialmente o de criação de novos conhecimentos. Para tanto, é necessário estudá-la a fim de aprender a explorar ao máximo suas potencialidades. É nesse ponto que a GC pode contribuir, proporcionando à EaD a produção e a disseminação de conhecimentos relacionados ao tema, de forma mais eficaz e sistemática, visto que seu objetivo é melhorar o desempenho e os resultados de uma atividade, de um processo ou de uma organização por meio da exploração do capital intelectual, ou seja, da criação, da disseminação e da aplicação de conhecimentos buscando atingir objetivos e metas traçados pela organização ou pelo grupo.

Depois de destacar a GC, sua importância, os conceitos e as características, na subseção a seguir, apresenta-se o modelo de Nonaka e Takeuchi (1997), adotado no desenvolvimento desta pesquisa. Isso ocorreu devido ao destaque para os modos de conversão do conhecimento, os quais se denominam: socialização, externalização, combinação e internalização, de modo que a pesquisa possa ser fundamentada no envolvimento do conhecimento tácito e explícito dos colaboradores da SEDIS/UFRN, especificamente, no que diz respeito à Produção do Material Didático para a EaD.

2.1 Teoria da Criação do Conhecimento Organizacional

Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam o conhecimento como uma função de atitude, perspectiva ou intenção específica e asseguram que ao contrário da informação, o conhecimento encontra-se relacionado à ação. Portanto, para eles, o conhecimento é específico ao contexto e está relacionado com o que se deseja atingir. A teoria da criação do conhecimento exposta por Nonaka (1991) foi desenvolvida e fundamentada no sucesso de empresas japonesas. Ele descreve em seu artigo divulgado na revista Harward Business Review, que todo novo conhecimento criado sempre se inicia no indivíduo. Já Nonaka e Takeuchi (1997, p.

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62), abordando a epistemologia do conhecimento, asseguram que é fundamental “a distinção entre o conhecimento tácito e o explícito”. Ademais, eles postulam que a chave se encontra na mobilização e na conversão do conhecimento tácito. Demonstram ainda uma preocupação com a criação do conhecimento organizacional em detrimento do individual.

Nesse contexto, Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam quatro modos de conversão do conhecimento, os quais denominam de: socialização, explicitação, combinação, internalização (SECI), e expõem condições que promovem a criação do conhecimento em modo de espiral. Posteriormente, detalham um processo com fases de forma que o conhecimento é criado ao longo do tempo dentro da organização.

A teoria da criação do conhecimento organizacional, instituída por Nonaka e Takeuchi (1997), é fundamentada em dimensões que envolvem conhecimentos tácito e explícito, os quais se encontram intrinsecamente conexos. Desse modo, os tipos de conhecimento tácito e explícito, nesta abordagem, são transformados em processos, que podem acontecer de maneira contínua, por meio de ações, interações, atitudes e aprendizagem (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, 2008). O processo SECI, idealizado por Nonaka e Takeuchi, é extremamente válido e esclarecedor para a compreensão de como acontecem as conversões de conhecimento nas organizações, sendo adaptável para uso e instruções em instituições públicas brasileiras.

À interação contínua e dinâmica entre esses dois tipos de conhecimento – (tácito e explícito), que não são separadas, mas sim mutuamente complementares –, os autores chamam de conversão do conhecimento. Nesse movimento, o conhecimento tácito e o conhecimento explícito se expandem em termos quantitativos e qualitativos, o que permitiu a Nonaka e Takeuchi (1997) postularem quatro modos diferentes de conversão do conhecimento, também denominados de espiral da criação do conhecimento, classificados da seguinte maneira: de conhecimento tácito para tácito (indivíduo-indivíduo), traduzindo-se num movimento de socialização; de conhecimento tácito para explícito (indivíduo-grupo), num fluxo chamado de externalização; de conhecimento explícito para explícito (grupo-organização), em um movimento de combinação; e de conhecimento explícito para tácito (organização-indivíduo), que corresponde à etapa de internalização do conhecimento. Essa interação pode ser vista na Figura 3, a seguir, visto que no eixo vertical, identifica-se a dimensão epistemológica, nela ocorre a conversão do conhecimento tácito para conhecimento explícito, sendo assim, neste eixo acontece a construção do campo e

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a associação do conhecimento. Na dimensão ontológica, representada no eixo horizontal, o conhecimento criado pelos indivíduos é transformado em conhecimento em nível de grupo e em nível organizacional, portanto, neste eixo se aprende fazendo e, ainda, com diálogo.

Figura 3 – Modelo de Gestão do Conhecimento Nonaka e Takeuchi (1997)

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80).

Para a criação do conhecimento, Nonaka e Takeuchi (1997, 2008) afirmam que esta acontece por meio das distintas formas de conversão do conhecimento, apresentadas a seguir.

 Socialização

Trata-se de conhecimento tácito para tácito. Esse processo pode acontecer por meio: “da linguagem, observação, imitação e prática no qual a simples transferência de informações fará pouco sentido se estiver dissociada das emoções e dos contextos específicos nos quais as experiências compartilhadas estão embutidas” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 69). Desse modo, o conhecimento que é gerado por meio da socialização passa a ser compartilhado, tendo em vista as trocas de

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experiências, o brainstorming, podendo aprender, in loco, a partir de uma experiência real.

Para os autores, a socialização é um método de compartilhamento de experiências e, a partir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais e habilidades técnicas compartilhadas. Com isso, um indivíduo pode construir conhecimento tácito diretamente por meio de outros indivíduos, sem usar a linguagem. Nesse processo, os aprendizes atuam com seus mestres e aprendem sua arte não por meio da linguagem, mas sim pela observação, imitação e prática (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Portanto, o segredo para a construção do conhecimento tácito é a experiência. Sem experiência compartilhada é extremamente complexo uma pessoa projetar-se no processo de raciocínio do outro indivíduo. A mera transferência de informações, muitas vezes, fará pouco sentido se estiver desligada das emoções associadas e dos contextos específicos nos quais as experiências compartilhadas são embutidas (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

 Externalização

Processo de conhecimento tácito para explícito. Nesse contexto, o conhecimento tácito é descrito por meio de metáforas, analogias, hipóteses e modelos, tornando-se explícito. A escrita é vista como uma forma de conversão do conhecimento, mesmo que nessa “transferência” possa haver discrepâncias e lacunas. Por meio dessa forma de conversão, é gerado o conhecimento conceitual (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, 2008). De acordo com os autores, a externalização é vislumbrada como um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

É interessante destacar que, entre os quatro modos de conversão do conhecimento, a externalização é a chave para a criação do conhecimento, uma vez que apresenta conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito. Assim, os autores afirmam que quando os conhecimentos tácitos e explícitos interagem, resultados surpreendentes podem acontecer.

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 Combinação

Processo de conhecimento explícito para explícito. De acordo com Angeloni (2003, p. 17):

[...] é um modo de conversão do conhecimento que envolve a junção de diferentes conjuntos de conhecimentos já explicitados. São usados documentos, redes de computadores, conversas e reuniões como meios para combinar os diferentes conhecimentos.

Com isso, a tecnologia da informação é aproveitada para combinar conhecimentos explícitos, fazendo com que os indivíduos troquem e combinem conhecimentos, gerando o conhecimento sistêmico. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a combinação é entendida como um processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento.

Sob esse viés, esse modo de conversão do conhecimento abrange a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimentos por meio de documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. A reconfiguração das informações existentes por meio da classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito (como realizado em bancos de dados de computadores) pode levar a novos conhecimentos. A criação do conhecimento efetivada por meio da educação e do treinamento formal nas escolas normalmente assume essa forma (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

 Internalização

Processo que ocorre do explícito para o tácito. Trata-se da incorporação do conhecimento, sendo a aprendizagem uma maneira de efetuar essa conversão. Para isso, são necessárias a verbalização e a diagramação do conhecimento sob forma de documentos, manuais ou histórias orais (NONAKA; TAKEUCH, 1997, 2008). Nesse caso, quanto mais um conhecimento é compartilhado pela organização, mais fácil e rapidamente um novo funcionário é capaz de internalizar, ampliar e reformular seu conhecimento tácito (NONAKA; TAKEUCH, 1997).

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Para os autores, a internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito e está intimamente relacionada ao “aprender fazendo”. Quando são internalizadas nas bases de conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as experiências, por meio da socialização, da externalização e da combinação, tornam-se ativas e valiosas. Entretanto, para viabilizar a criação do conhecimento organizacional, o conhecimento tácito acumulado deve ser socializado com os outros membros da organização, dando início, assim, a uma nova espiral de criação do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Para que o conhecimento explícito se torne tácito, são imprescindíveis a verbalização e a diagramação do conhecimento sob a forma de documentação, manuais e histórias orais. A documentação auxilia os indivíduos a internalizarem suas experiências, somando assim seu conhecimento tácito. Nesse aspecto, os documentos ou manuais facilitam a transferência do conhecimento explícito para outras pessoas, ajudando-as a vivenciar indiretamente as experiências dos outros (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Diante do exposto, após explicitar a conversão do conhecimento, compreende-se que a influência mútua, contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito propicia a criação do conhecimento numa organização. Nessa perspectiva, esse processo cíclico caracteriza a espiral do conhecimento, proposta por Nonaka e Takeuchi (1997, 2008). Para tanto, tornam-se necessários planejamento e estruturação, a fim de que haja um melhor aproveitamento do conhecimento, precisando de coordenação para que os objetivos traçados sejam alcançados. Desse modo, uma metodologia adequada é essencial para que o processo se torne confiável e otimizado. Quando a maioria dos membros da organização compartilha de tal modelo mental, o conhecimento tácito passa a fazer parte da cultura organizacional.

Como já explicamos Nonaka e Takeuchi (1997) expõem dois níveis para a criação do conhecimento: a epistemológica, que abrange a dimensão do conhecimento que vai do tácito para o explícito e/ou vice-versa; e a ontológica, na qual a dimensão é ampliada do nível individual para o grupal, organizacional e interorganizacional. O conhecimento tácito dos indivíduos constitui a base da criação do conhecimento organizacional. A organização tem de mobilizar o conhecimento tácito criado e acumulado no nível individual. O conhecimento tácito mobilizado é ampliado “organizacionalmente” por meio dos quatro modos de conversão do

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