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3.3 Os sujeitos

3.3.1 A Professora Peônia

A professora Peônia tem 35 anos, é casada, e possui uma carreira de doze anos na docência, atuando inicialmente em escolas da rede particular. No ensino médio, cursou o antigo curso de Magistério, tendo se formado e logo assumido o ensino. Em 2000, buscando aprimorar os conhecimentos e a formação profissional, prestou vestibular e ingressou no curso de Pedagogia no turno noturno de uma faculdade pública para quatro anos após, em 2004, concluí-lo.

Buscando maior estabilidade profissional, Peônia ingressa na função de professora polivalente após prestar um concurso público no ano de 2002. A partir da aprovação, a professora iniciou sua carreira no sistema municipal de ensino, mas, ainda vinculada à rede particular, reduzindo, entretanto sua carga horária em decorrência das atividades assumidas com o novo emprego.

Antes de conseguir ser lotada na escola Campo das Acácias, Peônia trabalhava em outra instituição também situada na RPA 03, onde recebeu uma turma do ensino regular. Devido à sua experiência, admitiu não sentir dificuldades para alfabetizar os alunos, exceto ao fato de constatar a ausência de acompanhamento pelos pais e responsáveis com a rotina escolar dos filhos, fato que a incomodava bastante.

Após alguns anos, Peônia resolve sair da escola da rede particular e começa a acumular outra carga horária na rede municipal coordenando outras professoras em um projeto de alfabetização do município durante o período de dois anos.

Sentindo a necessidade em ser lotada em uma escola melhor com melhor localização e com fácil acesso, visto a distância de sua residência para o local de trabalho, situação que a fazia sair ainda mais cedo de sua casa, a professora Peônia solicita um pedido de transferência para a escola Campo das Acácias, pois, mesmo sendo na RPA 03, bairro distante do seu ambiente doméstico, esta conta com maiores opções de transportes coletivos para seu deslocamento.

Após sua transferência para a atual escola, a professora iniciou sua função com uma turma do terceiro ano do primeiro ciclo, no turno da manhã, ainda não possuindo nenhum aluno com deficiência.

Nesta escola, conheceu e adquiriu novas companheiras de trabalho com quem possui um bom relacionamento, realizando trocas de experiências que possam ajudá-la em seu dia a dia profissional e permutando também as alegrias e dissabores comuns ao cotidiano escolar existentes em todas as profissões.

Atualmente, na sala de aula da professora Peônia estão matriculados 21 alunos. Deste total, quatro possuem necessidades educacionais especiais, onde, dois desses discentes recebem maior atenção da estagiária por possuírem transtornos globais do desenvolvimento.

O papel da estagiária se constitui em acompanhar com as tarefas escolares, deslocamento ao sanitário e supervisão do recreio. E, para esses personagens, que participam da prática da professora Peônia, e a quem me reporto em alguns momentos, atribuí igualmente nomes fictícios em virtude do sigilo necessário aos participantes conforme os dois quadros abaixo.

Quadro nº 08 Caracterização da estagiária que atua com a professora Peônia.

PERSONAGEM NOME FICTÍCIO

ESTAGIÁRIA VIOLETA

Quadro nº 09 Caracterização dos alunos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento da professora Peônia.

PERSONAGENS NOMES FICTÍCIOS TIPO DE NECESSIDADE ESPECIAL4

ALUNO 1 MIL – CORES

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO – HIPERATIVIDADE

ALUNO 2 PINGO – DE – OURO DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

ALUNO 3 GIRASSOL AUTISMO

ALUNO 4 COPO DE LEITE AUTISMO

4 Essa informação ao quanto aos diagnósticos dos alunos, obtive mediante um encontro com a professora

itinerante que atende tais discentes, onde esta apresentou para meu conhecimento os laudos médicos de cada um deles.

Dando continuidade, observei que a professora Peônia interage de modo mais próxima com os alunos Mil - Cores e Pingo de ouro, onde, para ela, esses alunos, não necessitam de modificações na forma de apresentar os conteúdos e com as atividades escolares.

Através deste relato, observei que apesar do aluno Mil – Cores possuir uma freqüência regular, este não acompanha o ritmo da turma, deixando normalmente suas tarefas escolares incompletas. O aluno apresenta um comportamento bastante inquieto. Esconder materiais escolares, mexer no caderno dos colegas para impedi-los de concluir as tarefas e trabalhos, escrever na lousa e dizer insultos e palavrões são algumas das ações realizadas por esse estudante em sala de aula.

Quanto ao segundo aluno, Pingo de Ouro, possui uma freqüência irregular. Estando fora da faixa etária para os alunos da classe, esse aluno se destaca por sua altura e porte físico. Segundo a professora, Pingo de Ouro mora distante da escola, e o único meio de transporte para se deslocar consiste numa bicicleta, condução compartilhada por quase todos os familiares. Esses fatores resultam na baixa frequência deste aluno as aulas, uma vez que este também não possuía uma carteira de livre acesso que o garantiria gratuidade na passagem em transportes coletivos.

Oferecendo acompanhamento diário, a estagiária Violeta realiza a função de auxiliar nas tarefas escolares o aluno Copo de Leite. Além desta, supervisiona o aluno a quem dei o nome de Girassol durante os seus banhos de sol na quadra da escola, “banhos” que perduram todo o horário de aula.

É importante ressaltar que, ainda nesta turma, havia outra criança que a coordenação, e gestoras ‘suspeitavam possuir alguma deficiência’, mas, pela ausência de um laudo médico para comprovar tais hipóteses, a aluna foi contabilizada pelo censo escolar anual como matrícula dos “alunos regulares” ao invés da contagem de “alunos de inclusão”.