Com plicações gastro intestinais
3.7. Prognóstico
A lesão pós-traum ática da m edula espinal não se constitui sem pre num quadro
irreversível. De acordo com Duche sne e M ussen (1976), as via s centro -espinais poderão
estar apenas tem porariam ente interrom pida s por um a com pressão causada por um
hem atom a, um edema local ou m esm o por um fragm ento ósseo que se tenha deslocado.
Ainda se gundo estes autores, as lesõe s do tecido m edular propriam ente dito dizem -se
definitiva s sem pre que não a parecem sinais de evolução neurológica positiva nos dias
seguintes ao traum atism o, enquanto as le sões da s raízes nervosas poderão apresentar
um a recuperação m ais tardia. Do m esm o m odo, quando a s lesões são com pletas, é
suficiente aguardar a lgum as horas ou no m áxim o alguns dias para poder estabe lecer
considerações prognósticas, ao passo que, perante lesões inc om pleta s, a objectivação do
quadro clínico poderá só ser possível após algum as sem anas, ou m esm o m eses.
A taxa de m ortalidade logo após a lesão é extrem am ente elevada – entre 38% (Griffin et al., 1978, citados por Cushm an e t al., 1991) e 40% (Kraus e t al., 1975,
citados por G ibson, 1992). No estudo epidem iológico realizado na zona Centro de
Portugal, entre 1989 e 1992, 16% dos sujeitos foram declarados m ortos na chegada ao
hospital, e 40% faleceram durante a hospitalização, principa lm ente durante as prim eiras
24 horas (M artins et al., 1998).
A m ortalidade durante o prim eiro ano tem vindo sucessivam ente a decrescer,
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com o principa is causas de óbito a patologia respiratória e cardíaca (DeV ivo, Krause &
Lam m ertse, 1999).
Estes da dos resultam num a inc idência de m ortes na fase inicial de 53.3 casos
ano/m ilhão de habitante s nos E stados Unidos (Kraus et al., 1975, citados por Gibson,
1992), que com para com os 57.8 registados em Portugal (M artins et al., 1998).
Quanto à sobrevivência a longo prazo, um a investigação realizada na
Grã-Bretanha (N=3179), referente ao período com preendido entre 1943 e 1990, r evelou
que o género m asculino, o níve l neurológico m ais elevado, a com pletude da lesão, a
idade m ais ava nçada aquando da ocorrência da m esm a e o m aior tem po decorrido desde
então, constituem factores de risco, estando associa dos a um a m ortalidade m ais elev ada
(Frankel et al., 1998). Os autores conc luíram ainda que as com plicações respiratórias
constituíram o agente causa l do m aior núm ero de m ortes, em bora nas prim eiras décadas
as problem áticas cardio-vasc ulares, e principa lm ente urológicas, m anifestassem o m aior
protagonism o. Um trabalho sem elhante efectua do nos EU A obteve resultados idênticos,
acrescentando a etiologia violenta aos factores de risco (DeVivo et al., 1999).
Outros autores, descentrando-se dos aspectos m édicos, observaram que um a
m enor percepção de indepe ndência e a insatisfação sentida perante os vários dom ínios
da vida, designadam ente no que se refere à controlabilidade percepciona da e exercida,
são im porta ntes preditores de m orta lida de (Krause, Sternberg, Lottes & M aides, 1997).
Saliente-se ainda que, segundo DeVivo et a l. (1989, citados por G ibson, 1992), na
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surgem com o prim eira causa de m orte. Não conhecem os qual a distribuição percentual
por este s dois itens, nem a operacionalização de “traumatismos não intencionais” que, em nossa opinião, poderão rem eter tam bém , em bora não exclusivam ente, para condutas
para-suicida s de auto-de struição.
Em bora o prognóstico funcional nã o tenha m elhorado significativam ente nos
últim os anos, apesar da introdução de poderosos m eios farm acológicos, de técnicas de
cirurgia paliativa e de neuroestim ulação e de ajudas técnicas m ais ou m enos sofisticadas
(M artins & M artins, 2000), a expectativa de vida dos sujeitos LVM tem aum entado
consideravelm ente nas últim as décadas (DeV ivo et al., 1999).
Antes de 1940, 80% a 90% dos doe ntes com LVM faleciam em poucas sem anas
(Carroll, 1970, citado por North, 1999). Com a inauguração, no Reino Unido, do Stoke
Ma ndeville H osp ita l, a que se se guiu um a era de grande investigação clínica, o m ode lo
de intervenção praticado neste hospital foi ‘exportado’ para todo o mundo, com im portantes benefíc ios para as vítim as de le são m edular (M artins et al., 1999; Staa s &
Ditunno, 1992).
Em 1961, no Cana dá, apontava-se que os indivíduos com paraple gia podiam
esperar viver, em m édia, até aos 55 ou 60 anos de idade, depende ndo da sua idade na
altura da lesão (Breithaupt, 1961, citado por M cColl, W alker, Stirling, W ilkins &
Corey, 1997). Passadas aproxim adam ente duas décadas, no esta do am ericano do
M innesota, a esperança m édia de vida foi estim ada em 30.2 anos pós -le são (Griffin et
al., 1985, citados por Staas et al., 1992). Sam sa, Patrick e Feussner (1993), num estudo
efectuado entre 1968 e 1988, aum entaram esta estim ativa para 39 anos. M ais
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indivíduos com lesã o m edular, com parativam ente com a população em geral,
aproxim a-se dos 70% na s tetraplegia s com ple tas, 84% nas paraplegias com pletas, sendo
de 92% nas lesões incom pletas (Yeo et al., 1998).
Em bora tenha havido um a evolução notória na expectativa de vida, tendo
aum entado 2000% nos últim os cinquenta anos (W hite neck et a l., 1992, citados por
Kem p & Krause, 1999), esta perm anece a inda abaixo da evidenciada pela população
geral (DeVivo et al., 1992, cita dos por DeVivo et al., 1999).
Contudo, no envelhecim ento com um a LVM , questiona -se a qualidade da saúde
experim entada – as opiniões mais optimistas afirmam que as pessoas vivem períodos m ais longos de vida saudável, enquanto as projecções m ais pessim istas sugerem um a
expansão da m orbilidade para o período aum entado de sobrevivência, tornando -o m enos
gratificante (M cColl et al., 1997). Pretendendo dar resposta a esta questão, M cColl et al.
(1997) observaram que, na sua am ostra, as expectativas e a percepção auto -relatada de
boa saúde tendem a dim inuir com o tem po passado após a lesão.
Num a outra investigação sobre enve lhecim ento deste s doentes, concluiu -se que
quer as expectativas de inde pendênc ia, quer as expectativas de satisfação com a vida
dim inuíam de form a evidente ao longo das cinco décadas decorridas sobre a lesão. O
exercício de um a profissão e o estado c ivil de casado encontravam -se positivam ente
relacionados com am bas as variá veis, enquanto a condição de tetraplegia e a
com pletude da lesão afectavam negativam ente as expectativas de independência
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