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5 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL (CEARÁ)

5.2 Políticas públicas de turismo no Brasil

5.2.2 Programa de Regionalização de Turismo (PRT)/Destinos indutores

Entre os objetivos centrais da política nacional do turismo, busca-se transformar os destinos em territórios geradores de emprego e renda, através da potencialização do patrimônio natural e cultural e da criação de infraestrutura e qualificação profissional (MTur, 2003). Nessa direção, com o propósito de descentralizar as políticas públicas do turismo no país, o Governo Federal lança nos anos 1990 o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), “[...] concebido para dinamizar as oportunidades de trabalho, emprego e renda em âmbito municipal” (MTur, 2007b, p. 16).

O PNMT tem como princípios a descentralização, sustentabilidade, parcerias, mobilização e capacitação para o turismo nas três esferas: nacional, regional e municipal, lançando base para o enfoque territorial da gestão do atual Programa de Regionalização43 do Turismo (PRT, 2004). Assim, o PRT assume a direção de uma política voltada ao desenvolvimento turístico com foco na regionalização e representa um programa de referência para a criação de novos panoramas relacionados com as políticas de turismo no Brasil. Embora o programa tenha proporcionado maior visibilidade turística ao país, estudiosos, especialistas e pesquisadores contestam a sua eficácia.

Na organização dos projetos e planejamentos do turismo regional do litoral do Ceará, a participação da sociedade se dá via fóruns de discussão e consultas públicas, todavia essa consulta não se constitui num efetivo

43 De acordo com o Ministério do Turismo (2007, p. 12), “[...] a regionalização, proposta como política

pública de turismo, significa olhar além do município, para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização integrada e compartilhada. Propõe-se olhar a região, e não mais o município isolado”.

compartilhamento de poder, configurando-se, não raro, apenas em ato político, cumprimento de exigências burocráticas ou palco de exposição das decisões traçadas, em detrimento de um momento de discussão e ponderações acerca das demandas e anseios locais.

Eventos dessa natureza evidenciam como os investimentos e consultas públicas voltadas ao planejamento do turismo limitam-se à preparação das comunidades para transformarem-se em territórios turísticos (OLIVEIRA, 2007). Para Araujo (2009, p. 39), situações como essas “[...] enseja[m] uma discussão sobre o grau de mobilização da sociedade civil e das comunidades que serão alvo de políticas públicas de turismo, e das reais possibilidades de se fazerem representar nas arenas de planejamento”.

A proposta de descentralização das decisões no âmbito do planejamento do turismo, base de atuação do PRT, concretiza um macroprograma do PNT 2003- 2007. O PRT tem como princípio “[...] o desenvolvimento da atividade turística de forma regionalizada, com foco no planejamento coordenado e participativo” (MTur, 2007, p. 19). Nessa esteira, ainda que o planejamento do turismo tenha diretrizes federais e especificidades normativas, a intenção seria a de que elas fossem delineadas pelos estados e municípios, cuja função seria a de proporcionar maior participação e descentralização política e administrativa, acrescentando um perfil orientado pela necessidade de cada localidade (PRT, 2013).

Desse modo, como modelo oficial e diretrizes operacionais, o programa indicou: uma política de gestão coordenada, a qual trabalha direcionada à formação de parcerias com vistas ao compartilhamento das propostas, responsabilidades e ações; a adoção de um planejamento integrado e participativo, configurado pela participação através de processos democráticos dos espaços e dos mecanismos de representação política da sociedade civil; e a promoção e apoio à comercialização, assentados no estabelecimento de relações, atuação e interação institucional e setorial (PRT, 2013).

Com base no trabalho entre governos, órgãos de turismo e colegiado, por meio de oficinas e reuniões, gerou-se o Mapa de Regionalização do Turismo, instrumento utilizado pelo MTur para nortear as ações do processo. Posteriormente, como diretriz do PNT 2007-2010, foram definidos 65 destinos indutores44 do

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Para a escolha dos destinos, foram utilizados critérios definidos pelo MTur e foram consideradas todas as unidades da federação e suas capitais. Cada unidade da federação deveria ter no mínimo

Desenvolvimento Turístico Regional, com a perspectiva de, mediante investimentos em infraestrutura e qualificação profissional, induzir o desenvolvimento nos respectivos roteiros e regiões turísticas em todas as unidades federadas (MTur, 2007). Dessa forma, cria-se o Mapa Territorial do Turismo no Brasil, por intermédio de escolhas políticas, disponibilidade de recursos e distintos potenciais para compor a oferta turística de cada unidade da federação.

Assim, em cada região, criam-se os “polos" de turismo, considerados áreas ou destinos importantes de base natural ou cultural para o desenvolvimento do turismo, as quais receberiam atenção especial para o planejamento estratégico, a fim de alcançar as metas previstas e alinhadas aos princípios de gestão do PNT, como a gestação descentralizada, a participação dos atores locais e o incremento do potencial competitivo do destino, com vistas ao melhoramento do reconhecimento da estrutura e da imagem do destino no mercado internacional. Com isso, os destinos seriam priorizados para a estruturação da oferta turística, de modo a garantir qualificação e competitividade. São três as ações previstas para a estruturação do destino: estudo de competitividade, fortalecimento de governança e aprimoramento gerencial da localidade.

Ressalta-se que a escolha de uma determinada localidade como destino indutor, ao mesmo tempo que potencializa destinos já destacados no cenário turístico regional/local, trabalha na contramão do que se espera de uma política inclusiva do turismo. Também se revela contradição quando analisadas as diretrizes do PRT que explicam a política de regionalização como forma de proporcionar uma:

[...] melhor distribuição de renda, promove a inclusão social e possibilita a participação, no planejamento regional, dos municípios que não são dotados de potencial relevante para o turismo, fazendo com que eles busquem sua agregação no processo de desenvolvimento do turismo. (MTur, 2007, p. 10).

Na figura a seguir, destacam-se os municípios cearenses escolhidos como destinos indutores do desenvolvimento turístico.

um e no máximo cinco destinos indutores (BARBOSA, 2008). Em 2008, foi lançado um estudo de competitividade dos 65 destinos indutores com base na análise de cinco macrodimensões: infraestrutura, turismo, políticas públicas, economia e sustentabilidade.

Figura 4 – Destinos indutores do desenvolvimento turístico no Ceará

Fonte: Elaboração própria (2016) com base em Ipece (2007) e MTur (2008).