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Elaboração de projetos

PROJETO IDÉIA

Elaboração do projeto Dica da professora Os dados obtidos no diagnóstico serão importantes na escrita do projeto. Poderá existir um item chamado “diagnóstico” se for esta a demanda da organização, mas geralmente os dados aqui levantados são incluídos na JUSTIFICATIVA.

realidade, para poder, a partir da sua situação, pensar e preparar uma ação consciente, realista, organizada e apropriada para aquela situação determinada. (Menegolla e Sant’Anna, 2002).

Havendo uma situação a ser modificada ou transformada, este procedimento requer um estudo sério e profundo sobre:

 A situação real;

 O que se poderá fazer para tal;  Como se poderá agir;

 Que meios serão necessários para a ação;  Quando e como se deverá agir.

Para que a sondagem possa ser fiel e verídica nos seus resultados, é importante que seja muito bem pensada e estruturada, a fim de se obter os dados mais significativos e relevantes que reflitam a situação real que se pretende atingir.

A preparação do diagnóstico pode seguir vários caminhos e, sobretudo, utilizar técnicas, instrumentos, modelos e processos bastante variados. No caso específico dos projetos ambientais, podemos destacar os seguintes focos centrais para a realização de um diagnóstico:

 Dimensão física: é fundamental obter dados que confirmem os danos físicos indicados como problemáticos pelo projeto. Se minha proposta é a de um projeto sobre desmatamento em determinada região, por exemplo, preciso de dados que confirmem a existência deste problema para que eu possa confirmar a relevância do projeto que pretendo sugerir. O mesmo podemos dizer sobre índices de poluição da água, do ar, enfim,

Dica da professora CUIDADO COM A ORIGEM DOS DADOS COLETADOS! Escolha fontes seguras e não se esqueça de CITAR a origem das informações ao longo do projeto. CUIDADO COM INFORMAÇÕES OBTIDAS PELA INTERNET. Consulte sites confiáveis de instituições reconhecidas.

seja qual for o interesse do projeto, após definido, é preciso confirmar empiricamente a urgência da questão sugerida.

No entanto, por vezes, definir A PRIORI o problema de determinada localidade torna-se um complicador para a elaboração de um bom projeto. O planejador tem tanta “certeza” sobre o tema que pretende trabalhar que perde a oportunidade de realizar um diagnóstico mais geral e, apenas A PARTIR dele, definir o foco de atuação do projeto. Percebemos, então, aqui 2 caminhos possíveis para um diagnóstico da dimensão física ambiental:

 Definido o foco do projeto a priori, levantar dados que confirmem sua relevância. Por exemplo, já definido que o projeto será sobre “água”, buscar informações especificamente sobre este tema na localidade. Todos os instrumentos de pesquisa aplicados já enfocarão a questão da água;

 Antes de definir o foco do projeto, analisar o contexto global e a partir do diagnóstico definir o aspecto mais relevante a ser atingido pela proposta. Neste caso o diagnóstico deve ser mais global, buscando levantar informações que apontem as urgências próprias da localidade em questão. A partir das demandas locais, o perfil do projeto é definido.

Tanto em um caso como em outro, o diagnóstico pode contar com levantamentos feitos pelo próprio elaborador do projeto, como também com dados já existentes sobre o aspecto central a ser atingido pelo projeto.

Dando um exemplo: no caso de um projeto que vise melhorar a qualidade da água em determinado rio, por exemplo, o elaborador do projeto pode ELE MESMO realizar esta análise inicial diagnóstica sobre os índices de poluição da água neste rio, como pode BUSCAR DADOS JÁ LEVANTADOS que ofereçam subsídios para sua análise diagnóstica. O mais importante neste caso é que seja feita a análise dos dados, e que eles sejam atuais. Desta forma, o elaborador do projeto estará seguro quanto à relevância da proposta que irá desenvolver.

 Dimensão sociocultural: não é apenas a dimensão física que oferece todos os dados relevantes para a elaboração de um projeto. Ao longo de todo este curso, buscamos apresentar o meio ambiente como uma questão socioambiental. Sendo assim, para um diagnóstico integral sobre um determinado contexto ambiental é importante a articulação entre os dados físicos e os elementos socioculturais deste contexto.

Neste momento do diagnóstico, as PESSOAS devem ser consultadas, bem como os indicadores sociais da localidade devem ser analisados a fim de se definir uma proposta coerente com as demandas específicas do grupo atingido pelo projeto.

A cultura local é elemento crucial nesta análise. O perfil do projeto deve estar diretamente relacionado à realidade cultural que ambienta suas ações. Por exemplo, implementar uma cooperativa de catadores de lixo em determinado lugar implica previamente o diagnóstico sociocultural quanto à visão das pessoas deste lugar sobre tal atividade. Definir a priori que a idéia é “ótima” pode ser um grande fracasso. Entender a dinâmica social que caracteriza o grupo atingido é

Dica da professora

Se você decidir coletar seus próprios dados no diagnóstico, procure definir uma metodologia para depois aplicá-la: métodos quantitativos e qualitativos exigem uma boa preparação de instrumentos a fim de garantir a confiabilidade dos dados levantados!! Dica de leitura Cultura: um conceito antropológico. Roque Laraia. Ed. Jorge Zahar.

fundamental ANTES da confirmação da idéia do projeto. Vamos imaginar que “mexer com lixo”, nesta comunidade que estamos usando como exemplo, seja algo visto como uma atividade destinada aos “fracassados” e que em entrevistas sejam ouvidas expressões do tipo: “é... quando o cara não dá pra

mais nada vai ser gari... pelo menos pra isso ele serve”. Todo o desenvolvimento do projeto a partir

dessa informação deverá ser realizado com cuidados que talvez o elaborador nem cogitasse antes do diagnóstico. Mesmo a possibilidade de mudar o perfil do projeto poderia ser cogitada, dependendo da força cultural contrária à idéia inicial que se pode encontrar na comunidade.

A demanda socio-ambiental da comunidade também sempre precisa ser ouvida antes de se fechar uma proposta. O que os moradores consideram mais importante e mais urgente em seu ambiente de vida? Quais os problemas que os atingem de forma mais forte? Qual a noção destes moradores de prioridades nas ações ambientais? Um projeto é elaborado para essas pessoas, e elas devem ser ouvidas em suas demandas e necessidades.

Outro fator importante no diagnóstico sócio- cultural diz respeito à análise HISTÓRICA do desenvolvimento de um problema. O “mesmo” indicador de necessidades em um lugar tem diferentes processos de produção histórica se analisado em outro lugar. Por exemplo, a falta de água numa cidade tem uma “história” diferente da falta de água em outra cidade. Sendo assim, entender a história da localidade trabalhada e do fenômeno a ser atingido é um aspecto central antes da definição das atividades e do perfil de um projeto.

Dica da professora

A história de uma localidade pode ser analisada em documentos e registros, bem como na conversa com as pessoas que moram há mais tempo na comunidade. Essa fonte de história oral viva é valiosa neste levantamento!

Ainda sobre o diagnóstico socio-ambiental, através dele podemos também levantar as potencialidades das pessoas de um determinado lugar. Por vezes entendemos diagnóstico apenas como “ver o que está ruim”. No entanto, através do diagnóstico, podemos enxergar as iniciativas já tomadas na tentativa de resolver determinado problema, os líderes potenciais da comunidade, o perfil de habilidades e competências das pessoas que habitam este lugar, enfim, podemos perceber o viés que de ação que a própria comunidade nos indica. Todo grupo social é “capaz”. Sendo assim, diagnosticar suas capacidades e a partir delas desenvolver o perfil de um projeto é certamente um caminho de sucesso para o trabalho.

Através deste levantamento de potencialidades, o projeto pode investir no nível de PARTICIPAÇÃO a partir do qual pretende se realizar. Quanto mais articulado às demandas sociais e às qualidades culturais de uma comunidade, maior o índice de participação promovido por um projeto.

Cabe lembrar que toda pessoa tem um poder de influência sobre o contexto de que faz parte, exercendo-o independentemente de ter consciência desse fato ou da direção e intenção de sua atividade. No entanto, a falta de consciência dessa interferência resulta em falta de consciência do poder de

participação que tem, do que

decorrem resultados negativos para a organização social e para as próprias pessoas que constituem e constroem o ambiente.

(Lück, 2003:60)

É função de um bom projeto catalizar nos atores sociais seu potencial de interferência consciente e participação nas mudanças socioambientais. A participação de todos, nos diferentes níveis de decisão e nas sucessivas fases de atividades, é essencial para assegurar o eficiente desempenho de um projeto.

A participação plena, segundo Lück (2003), é caracterizada por:

 Mobilização e articulação efetiva dos esforços pessoais coletivamente organizados para a superação de atitudes de acomodação, alienação e marginalidade em relação aos processos;

 Eliminação de comportamento individualista e construção de sinergia de equipe voltada para a construção da visão estratégica delineada e realização dos objetivos propostos coletivamente.

Sendo assim, podemos concluir que um bom diagnóstico anterior à elaboração do projeto, portanto, permite uma avaliação mais clara da pertinência da proposta, bem como o delineamento de linhas de ação mais pertinentes ao seu contexto de implementação. A partir destes elementos, o diagnóstico oferece também um campo de interação entre o criador do projeto e as pessoas da comunidade, favorecendo um perfil participativo em sua elaboração e em seu desenvolvimento.