• Nenhum resultado encontrado

6 AS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL:

6.2 PROPOSTAS DE GOVERNO GERMANO RIGOTTO (2002-2006)

A proposta de governo de Germano Rigotto para a campanha de 2002 se originou de uma coligação de partidos, Unidos Pelo Rio Grande (PMDB, PHS, PSDB), dentro do contexto das políticas neoliberais e, em contraste, na esfera federal, com a transição de um governo pautado em políticas neoliberais para um governo com proposta de cunho social. Em 2002 chegam juntos Lula e Rigotto aos respectivos governo federal e estadual.

O cenário político do Brasil frente ao mundo em 1999-2002, de acordo com Bernal-Meza (2002), condiciona-se a ceder determinadas pressões que implicariam em mudanças de alguns elementos de sua tradição, como foi o caso do princípio de incorporação de temas da agenda internacional que haviam sido rejeitados no passado, como os direitos humanos e o meio ambiente. A estratégia era reforçar o apoio ao Conselho de Segurança da ONU e abandonar a tradicional política passiva

e opositora. Posição essa baseada em uma interpretação crítica a respeito dos processos decisórios da ONU.

Ao mesmo tempo, os principais polos da economia mundial (Estados Unidos, União Europeia e Japão) buscavam elevar o peso do Brasil nos assuntos regionais e internacionais, o que fazia dessa mudança uma base para o reconhecimento político e institucional (ONU/OMC/UNCTAD) como potência média. De alguma forma, o projeto autônomo de desenvolvimento nacional brasileiro mesclou-se a uma inserção na economia globalizada.

No Rio Grande do Sul a Proposta do Governo de Rigotto, inicia-se com a apresentação da educação como a maior rede de serviços existente no Rio Grande do Sul. Em 2000 apresentava um milhão e 277 mil matrículas, 74.957 professores em exercício e 3.012 escolas. A proposta destaca a educação como o segmento de maior impacto e importância social.

O programa apresenta como desafios fundamentais das políticas educacionais no Rio Grande do Sul: a promoção da qualidade do ensino fundamental e ensino médio; a expansão e a diversificação da educação profissional, em função das exigências do mercado de trabalho; a implementação da Educação de jovens e Adultos; a melhoria no atendimento da Educação Especial; a expansão da oferta da educação infantil; e a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior.

As proposições para a problemática educacional do Estado estavam inseridas nos seguintes eixos: O Desafio da Qualidade do Ensino Público que: propõe qualificar os professores e promover e fomentar um processo de atualização e formação permanente; recrutar novos docentes em vista da necessidade da qualificação do ensino público; equipar as escolas da rede com laboratórios e bibliotecas; o endosso pleno aos “procedimentos de avaliação externa do aprendizado,” como balizador da situação do sistema de educação pública, “bem como fator de emulação (disputa) positiva para os docentes e alunos”. (RIO GRANDE DO SUL, 2002, p.27).

No eixo O Desafio das Responsabilidades Ampliadas na Gestão da Educação

no Rio Grande Do Sul: propõe prover ampla possibilidade de acesso, de crianças e

jovens a rede de ensino público de nível fundamental e médio e evidencia o caráter essencial e prioritário dos encargos da Gestão da Educação do Estado. O programa

ressalta a gestão democrática e a autonomia da Escola. O texto propõe o que deve ser o papel do Estado:

Garantir a continuidade e os aperfeiçoamentos de tais mecanismos, notadamente pela regularização dos repasses financeiros, pelo fortalecimento doso conselhos escolares, pelo estimulo à valorização da

competência como requisitos indispensável ao exercício das funções

diretivas, estes, pois os compromissos que assumimos com satisfação e seriedade frente a comunidades escolar do Estado. (RIO GRANDE DO SUL. 2002, p.30).

A proposta, sobre a Gestão democrática e a autonomia da escola, salienta que são princípios definidos pela Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases. Anteriormente, coube ao PMDB, implantar na rede de ensino estadual os mecanismos efetivos de exercício da autonomia administrativa e financeira das escolas. (p.30)

No que diz respeito à retomada do desenvolvimento no estado, enfatiza que são desenvolvidas políticas de “atração de grandes investimentos cujo objetivo é estruturar eixos dinâmicos e multiplicadores de renda e emprego de qualidade no RS”. (RIO GRANDE DO SUL, 2002, p.16). O documento apresenta, como dificuldades a serem enfrentadas: as desigualdades macroeconômicas e

macrossociais que separam as regiões do estado. Propõe políticas de

desenvolvimento Regional que são: induzir a geração de novos focos dinâmicos na economia do estado; reduzir as diferenças de renda e bem estar social; e promover a geração de ocupação e empregos na base social.

Aponta para a estruturação da política de desenvolvimento regional a partir dos seguintes princípios:

Principio da Concentração: [...] transferências voluntárias a municípios,

operações de créditos favorecido, investimentos situados fora do núcleo dinâmico da economia, [...]. Principio da Complementaridade:[...] todos os aportes estaduais para a política de desenvolvimento regional deverão ter contrapartida em gastos públicos locais, de tal sorte que a política de desenvolvimento regional será ao mesmo tempo um poderoso instrumento de cooperação inter-institucional dentro da esfera pública. Principio da

Parceria: [...] toda a ação de fomento estadual deve estar integrada em

metas de participação e envolvimento da iniciativa privada e, em geral, da comunidade local no plano de ação destinado a reverter a situação regional indesejável. (RIO GRANDE DO SUL, 2002, p.19)

6.2.1 Análise Preliminar da Proposta de Governo

A Proposta de governo de Rigotto está baseada em um modelo de gestão de Estado, com proposições que se identificam com as políticas neoliberais vigente no cenário mundial, contrapondo-se, inicialmente, ao modelo de Estado brasileiro daquele momento. Sinaliza evidências das proposições da CEPAL para as políticas educacionais, como a autonomia e gestão, mas essas já estão presentes na Constituição de 1988 e na LDB. 9394/96 e passaram pela influência das Reformas do Estado.

A democratização da gestão e a prioridade na qualidade da Educação são elementos também presentes nos documentos da CEPAL e se constituem no principal foco e preocupação dos organismos internacionais. Mas como apontei elas já foram respaldadas na LDB (9493/1996) e por consequência estão pautadas na proposta de educação para o estado.

A proposta de desenvolvimento está voltada para as desigualdades regionais do estado, com foco nas pequenas propriedades rurais e, especialmente, para o setor industrial a fim de fomentar o crescimento e a competitividade. Demonstra que acata as diretrizes do Banco Mundial e FMI, e encontra-se inserida no contexto da globalização fundamentada na regulação e controle.