• Nenhum resultado encontrado

Propriedade intelectual na Unicamp: estrutura e avanços na transferência de

6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.3 O C ASO DA U NICAMP

6.3.2 Propriedade intelectual na Unicamp: estrutura e avanços na transferência de

Ainda em 1984 a Unicamp criou a Comissão Permanente de Propriedade Industrial (CPPI), constituída por 5 membros representantes das diversas áreas da Instituição. A finalidade central era zelar pela proteção de criações intelectuais correspondentes a privilégios de invenção e conexos. Nesse momento, o trabalho de orientação à comunidade e

acompanhamento do depósito de patentes era feito por essa comissão, inclusive a assinatura de convênios e contratos, entretanto, a atividade de transferência de tecnologia estava dissociada das atividades de proteção à propriedade intelectual.

Em 1990, foi criado o Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT), que assumiu, entre outras tarefas, o levantamento do potencial tecnológico da Universidade, além de trazer demandas do setor produtivo. Nesse momento, o ETT não estava envolvido na interação direta entre a Unicamp e empresas, mas se limitava a conceder informações e orientar sobre o cumprimento dos interesses da Universidade. Sua estrutura de pessoal tinha um Diretor, 4 técnicos e mais 3 pessoas de apoio. Mais adiante, a CPPI foi incorporada pelo ETT que teve seu nome alterado para Escritório de Difusão e Serviços Tecnológicos (EDISTEC).

Em 2003, foi extinguido o EDISTEC por meio da Portaria GR Nr. 51 de 23/07/2003, que constituiu a Agência de Inovação da Unicamp, INOVA, tendo como vinculação institucional o Gabinete do Reitor. Seu escopo de atuação enquanto estrutura de propriedade intelectual compreende ações relativas ao estímulo de parcerias entre a Unicamp com empresas, apoio técnico a projetos cooperativos, estabelecimento de parcerias estratégicas de médio e longo prazo com entidades públicas e privadas com foco na inovação e conhecimento, apoio à implantação do Parque Tecnológico em Campinas, estímulo à criação de novas empresas de base tecnológica, aprimoramento do papel da incubadora da Unicamp, e implementação da propriedade intelectual por meio do apoio ao registro, licenciamento e comercialização dos resultados de pesquisa.

Nessa ocasião a INOVA assumiu uma postura mais arrojada em termos de proteção e comercialização do conhecimento, sendo que sua estrutura de pessoal cresceu significativamente. Atualmente, é composta por uma Diretoria de 5 pessoas, 9 profissionais da área técnica e mais 5 da área administrativa. Ainda são membros da equipe INOVA mais 27 pessoas entre bolsistas de projetos aprovados junto a agências de fomento, ligados à fundação e outras parcerias. A estrutura organizacional foi definida pela legislação supra mencionada, sendo que há quatro divisões principais: Diretoria Executiva, Diretoria de Desenvolvimento de Parcerias, Diretoria de Propriedade Intelectual e Diretoria de Parques Tecnológicos e Programas de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica.

A normatização da propriedade intelectual na Unicamp tem seu primeiro registro no ano de 1984, com a Portaria GR – 147 – de 26/07/84. O escopo dessa legislação era basicamente direito de propriedade intelectual correspondente a privilégios de invenção e conexos. Entretanto, buscando se adequar ao surgimento de novas formas de proteção da

propriedade intelectual foi deliberado pelo CONSU A-2 de 26/03/2002, novas disposições que passaram a abranger a proteção de cultivares e programas de computador (artigo 1º).

Essa legislação considera que todo o direito de propriedade resultante de atividades ligadas à Universidade pertence a ela, independentemente da natureza do vínculo existente entre a mesma e o inventor. A Unicamp procede, via de regra, ao registro para proteção. Os custos do processamento de pedidos de proteção do interesse da universidade são arcados por ela, porém, havendo licenciamento, o licenciado é responsável por esses custos. Conforme artigo 5º, o inventor deve prestar assistência técnica e científica nos casos em que há exploração tecnológica de inventos no âmbito de contratos e convênios.

Quanto à distribuição de royalties, as receitas obtidas com exploração econômica de tecnologias são utilizadas para pagamento de custos processuais e então divididas em três partes, sendo uma delas para os inventores e as duas restantes à Universidade. Da parte da Universidade, metade é direcionada para a Unidade onde foi desenvolvido o invento na forma de Apoio Institucional e a outra metade para o Programa de Integração, Desenvolvimento e Socialização (PIDS), programa de cunho assistencial vigente na Unicamp. Vale dizer que, se o inventor receber proventos superiores a 100% do seu salário anual, referente a igual período, o mesmo deverá direcionar a Universidade 20% do valor que superar esse limite.

Os resultados obtidos pela INOVA no âmbito da Unicamp são os mais expressivos em termos de ETT universitário no Brasil. Conforme já observado pelo INPI (2006), ela foi a maior instituição depositária de patentes no último levantamento realizado totalizando 191 pedidos no período de 1999-2003. No total, a carteira de patentes disponível ao público revela o número de 485 pedidos/patentes. A figura 6.3 demonstra o desempenho em patenteamento na Unicamp e a tabela 6.5 detalha o período recente sobre esses dados.

Os dados de patenteamento da Unicamp permitem afirmar, estritamente sob esse indicador, ser essa instituição a mais avançada na proteção e comercialização de tecnologias entre as estudadas, tendo também o maior número de tecnologias transferidas à sociedade. É notória a elevação do patamar do número médio de pedidos de patente depositados no último qüinqüênio fechado (2002-2006), o qual assumiu o número de 56 pedidos/ano. Na mesma direção, a transferência de tecnologia por meio de contratos de licenciamento tem crescido como decorrência da proteção do conhecimento. Foram assinados 32 contratos de licenciamento, envolvendo um número superior a esse de patentes.

10 5 12 8 13 7 5 9 21 27 18 39 23 60 60 51 65 55 15 0 10 20 30 40 50 60 70 19 89 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Pedidos de patentes

Figura 6.5 – Evolução temporal do número de pedidos de patente depositados pela Unicamp junto ao INPI. Fonte: Dados da pesquisa concedidos pela Inova – Unicamp em 05/2007.

A INOVA tem utilizado o modelo de contratos de licenciamento “guarda- chuva”, o qual, na visão de sua Diretoria de Propriedade Intelectual, simplifica o processo de negociação por meio de termos aditivos onde são definidos requisitos da parceria para desenvolvimento da tecnologia patenteada em produto. Nesse modelo, as bases financeiras para o licenciamento estão inseridas na assinatura do convênio e dos termos aditivos (ERENO, 2005).

Tabela 6.3 – Caracterização dos pedidos de patente declarados pela Inova – Unicamp em 05/2007.

Ano de depósito Comercialização

Caracterização dos pedidos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Total 99-07 CLP* PNL*1 Patentes de Invenção 18 37 22 57 57 50 64 55 15 375 Modelos de Utilidade 0 2 1 3 3 1 1 0 0 11 32 20 Internacionais (PCT)*2 0 0 2 0 0 3 1 4 0 9 NI*3 NI*3

* Contratos de Licenças de exploração de patentes (CLP).

*1 Processos de negociação de licenças de exploração de patentes (PNL). *2 Pedidos de patente com extensão internacional de proteção.