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A PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO PENAL

No documento BRAZILIAN JOURNAL OF ACADEMIC STUDIES (páginas 99-102)

BRASILEIRO

PSYCHOGRAPHY AS A MEANS OF PROOF IN THE BRAZILIAN CRIMINAL PROCESS

Revista Dissertar Nº31 V.1 ANO XIV DOI:10.24119/16760867ed114259 Data de submissão: 30/10/2018 Data de aceite: 15/11/2018

por Rosely da Silva Efraim1 e Jaqueline Almeida Costa2

Resumo

O artigo desenvolvido teve como objetivo averiguar o uso da carta psicografada no Processo Penal Brasileiro, analisando a sua (in) admissibilidade, visto que já ocorreram casos concretos em que a mesma foi admitida no Brasil. Para isso, foram analisados os meios de provas admitidos pelo Processo Penal Brasileiro, bem como alguns princípios, e também alguns casos em que a carta psicografada foi admitida como meio de prova. Para a elaboração do presente artigo utilizou-se as pesquisas bibliográfica, exploratória e descritiva, com a utilização de doutrina, artigos científicos, legislação e julgados pertinentes ao tema. Diante da pesquisa realizada, foi possível inferir que a carta psicografada pode ser aceita como meio de prova no Processo Penal Brasileiro, visto que mesmo o Brasil sendo um estado laico, a carta psicografada não pode ser considerada apenas de cunho religioso, uma vez que possui aspecto tanto científico, como filosófico e religioso. Essa admissão é possível com base nos princípios e meios de provas abordados no artigo, sobretudo, porque pode ser considerada uma prova documental, meio de prova admitido no ordenamento jurídico brasileiro, sendo submetida à perícia grafotécnica para comprovar a autenticidade. Assim, é fundamental que seja firmado um entendimento pela admissibilidade desse meio de prova, para que

1 Rosely da Silva Efraim: Possui graduação em Direito - Faculdades Santo Agostinho, pós-graduação em Administração Pública e Gestão Urbana pela PUC/Minas e em Direito Processual pela Unimontes. Mestre em Instituições Sociais, Direito e Democracia, linha de pesquisa: Esfera Pública, Legitimidade e Controle pela FUMEC. Advogada, além de Assessora Administrativa da Câmara Municipal de Bocaiuva-MG. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública. E-mail: roseefraim@ yahoo.com.br

2 Jaqueline Almeida Costa: Graduanda em Direito pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas, FUNORTE. E-mail: jaquealmeida21@hotmail. com

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torne possível a utilização desta pelo magistrado de forma oficial, para que assim ela venha a ser introduzida em consonância com as demais provas utilizadas no processo.

Palavras-chaves: Provas. Cartas Psicografadas. (in)admissibilidade.

Processo Penal Brasileiro.

Abstract

The developed article had as objective to investigate the use of the letter psychography in the Brazilian Criminal Procedure, analyzing its (in) admissibility, since concrete cases have already occurred in which it was admitted in Brazil. For this, the means of evidence admitted by the Brazilian Criminal Procedure were analyzed, as well as some principles, and also some cases in which the psychography letter was admitted as evidence. For the elaboration of the present article we used the bibliographical, exploratory and descriptive researches, with the use of doctrine, scientific articles, legislation and judged pertinent to the theme. In view of the research, it was possible to infer that the psychography letter can be accepted as a means of proof in the Brazilian Criminal Procedure, since even Brazil being a secular state, the psychography letter can not be considered only of a religious nature, since it has a scientific, philosophical and religious aspect. This admission is possible based on the principles and means of evidence addressed in the article, above all, because it can be considered documentary evidence, evidence admissible in the Brazilian legal system, being submitted to the technical expertise to prove the authenticity. Thus, it is fundamental that an understanding be established for the admissibility of this evidence, so that it becomes possible for the magistrate to use it officially, so that it will be introduced in line with the other evidence used in the process.

Key words: Evidence. Psychographed Letters. (in) admissibility.

Brazilian Criminal Procedure.

INTRODUÇÃO

O presente artigo analisa a (in)admissibilidade da psicografia como um meio de prova judicial no Direito Processual Penal Brasileiro, verificando a possibilidade de sua admissão como meio de prova no nosso Ordenamento Jurídico, tendo em vista que já ocorreram casos concretos no Brasil em que a carta psicografada foi admitida como um meio de prova lícito no processo penal.

Para abordar o tema é necessário apresentar os meios de prova existentes no Processo Penal Brasileiro. Nesse enfoque, cumpre-se dizer que a prova visa demonstrar a veracidade de um fato que foi levado ao processo, sendo um elemento principal para a prolatação de uma sentença, pois ela contribui para a formação do convencimento do juiz sobre um fato alegado pela parte.

É importante destacar a existência dos meios de prova, que são os mecanismos aptos a serem utilizados para a fundamentação dos argumentos das partes envolvidas no processo. O Código de Processo Penal Brasileiro aborda os meios de prova entre os artigos 155 a 250, não sendo um rol taxativo. Os meios de prova mais utilizados são: Prova Pericial; Prova Documental e Prova Testemunhal. (BRASIL, 1941).

As provas podem ser divididas entre lícitas e ilícitas, sendo as lícitas aquelas possíveis de ser utilizadas no processo, e as ilícitas são aquelas derivadas de meios ilícitos.

Nesse enfoque, ao se tratar de provas, torna-se relevante analisar alguns princípios constitucionais, sendo: o Princípio da Verdade Real, Princípio da Ampla Defesa e o Princípio do Contraditório. Princípios esses indispensáveis, pois trazem como as provas devem ser utilizadas num processo, servindo para nortear e normatizar o seu uso correto.

No Processo Penal Brasileiro, é utilizado, ainda por poucos, a psicografia como meio de prova para inocentar um réu, havendo muitas contradições em relação a essa utilização, pois é alegado que muitos indivíduos agem de má-fé, apresentando cartas psicografadas falsas, além de não ser um meio de prova previsto no nosso Ordenamento Jurídico Brasileiro.

A psicografia é uma espécie de mediunidade, em que é atribuída a alguns médiuns a capacidade de escrever cartas ditadas por espíritos. Ela se dá quando o espírito que se comunica atua sobre o médium, que sem ter consciência alguma, move o braço e a mão para escrever, de forma espontânea, relatando tudo que o espírito presente quer dizer (KARDEC, 2003).

A carta psicografada para sua eventual comprovação de veracidade passa pela perícia grafotécnica, que permite a comprovação de autenticidade de um documento através de sua assinatura e letra do indivíduo.

Mesmo com meios que comprovem a veracidade da carta psicografada, o fato do Brasil ser um estado laico, ou seja, não ter uma religião oficial, leva ao entendimento de que não seja lícito aceitar como meio de prova algo que é fruto de uma doutrina religiosa.

Com isso, o objetivo da presente pesquisa constituiu em estudar e analisar a possibilidade das cartas psicografadas serem utilizadas como meio de prova lícito no Processo Penal Brasileiro. O artigo tem como finalidade esclarecer sobre a carta psicografada como um meio de prova no Processo Penal Brasileiro, tendo em vista que se trata de um assunto bastante controverso. Além de servir como um meio de contribuir esclarecendo pontos de conflitos que há em relação a esse tema, pode ampliar as discussões para que o uso da psicografia possa vir a se integrar como um meio de prova no nosso ordenamento jurídico, pois mesmo não existindo uma lei que ampare a psicografia como prova, há inúmeros relatos, em que depoimentos feitos através de

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médiuns foram usados para inocentar o réu, sobretudo em julgamento de crimes de homicídio.

Para a realização desse artigo, foram utilizadas as pesquisas bibliográfica, descritiva e exploratória, com a utilização de doutrina, artigos científicos, casos concretos, Código de Processo Penal e demais legislações pertinentes ao tema. Também foi realizada a pesquisa eletrônica em sites como Scielo Brasil e Google Acadêmico.

Nesse contexto, diante do que foi exposto, torna-se necessário analisar a possibilidade da carta psicografada ser legalmente aceita como meio de prova no Processo Penal Brasileiro. Para tanto, o trabalho foi estruturado da seguinte forma: Na primeira seção foi abordado acerca dos meios de prova, assim como seu conceito e relevância; na segunda seção apontou os princípios constitucionais norteadores do uso da prova; na terceira seção abordou sobre o espiritismo, a conceituação de médium, a psicografia, apresentando os argumentos quanto a sua admissibilidade e inadmissibilidade como meio de prova no Processo Penal Brasileiro, bem como sobre a perícia grafotécnica que analisa a veracidade da carta psicografada; e na quarta e última seção tratou- se da psicografia como meio de prova no Processo Penal Brasileiro e apresentou casos concretos em que a psicografia foi utilizada como meio de prova no Brasil.

No documento BRAZILIAN JOURNAL OF ACADEMIC STUDIES (páginas 99-102)