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Quadro 1 Instituições Participantes/ Regiões Geográficas/ANPAP e ANPEd

3. Procedimentos Metodológicos e Resultados Preliminares

3.2 A ficha de coleta dos dados: registrando proeminências

3.2.1 Quadro 1 Instituições Participantes/ Regiões Geográficas/ANPAP e ANPEd

Associação Número de

instituições participantes

Região sul Região sudeste Região Norte Região Nordeste Região Centro- oeste ANPAP 19 Universidades 36,84% 36,84% 10,52% 10,52% 5,26% ANPEd 13 Universidades 46.15% 38.46% - 15.38% -

Fonte: elaborado pela pesquisadora

O item da ficha de registro Associação localizou cada artigo a instituição em que foi publicado, uma forma de fazer o mapeamento dos artigos dentro das particularidades de cada Instituição. Mesmo que ambas atuem em campos próximos (em nosso caso a interlocução Arte e educação), ainda conservam particularidades que se perderiam se as unisse no todo, como por exemplo os dados quantitativos.

Sobre o item Ano da publicação nos auxiliou a construir uma visão temporal dessa produção acadêmica, além de permitir identificar o número de trabalhos por encontros, gerando dois quadros72: Quadro -10. Encontros/Total de trabalhos/Número de publicações que contemplam no título do trabalho a palavra Estética – Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP – CEAV); também Quadro – 16. Encontros/Total de trabalhos/Número de publicações que contemplam no título do trabalho a palavra Estética – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd - Grupo de Trabalho 24). No desdobramento desses dados, identificamos que o 16° Encontro Nacional da ANPAP. Florianópolis SC, 2007 e o 21° Encontro Nacional da ANPAP. Rio de Janeiro RJ, 2012 apresentaram maior número de artigos que utilizavam a expressão estética no título (cada encontro teve 05 artigos), seguido da 35ª. Reunião Anual ANPEd que trouxe 03 artigos.

No que se refere aos itens objetivo geral, objetivos específicos, Problema ou principal pergunta de pesquisa, Subproblemas ou questões específicas e Fontes e instrumentos de coleta de dados e informações, cada um desempenhou um papel

fundamental por promover uma aproximação mais transparente com os artigos. Como essas informações não estão explicitadas no corpo dos artigos (os artigos não apontam de forma clara os objetivos, problema, etc.) no entanto, no desenvolvimento do texto é possível identificar as intenções diluídas no corpo teórico de cada artigo. No entanto, não vamos entrar diretamente na análise desses dados, utilizando-os apenas para uma visão geral dos textos.

Um dado a tabela explorado criticamente é organizado pelo item da ficha de registro Principais Referências Utilizadas73. Buscamos extrair dos artigos os fundamentos teóricos expressivos, pois como já foi frisado, os autores são linhas mestras de pensamento e seus escritos constroem nossa visão de mundo. Consideramos como principais referências do artigo os autores citados, pelo menos três vezes no texto74, dentro das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. A princípio consideramos analisar a referência apresentada no final dos artigos, mas devido as divergências encontradas em alguns deles, como por exemplo, artigos que traziam uma referência extensa75 (até duas páginas de referências) que não estavam em diálogo com o desenvolvimento do artigo, e também a omissão de referências em artigos mais antigos da ANPAP. Esse item da ficha de registro oportunizou a pesquisa revelar quais autores exerceram maior influência na constituição dos artigos publicados, o que nos permite entender, as abordagens sobre educação estética. O mapeamento desse dado, como os demais que compõe a ficha de coleta, foi pensado a partir do mapeamento realizado na pesquisa de doutorado (Epistemologia da Pesquisa em

Educação, 1981) de Silvio Sanchez Gamboa, que promoveu o debate acerca das

tendências teóricas e metodológicas presentes nas teses e dissertações de alguns cursos de pós-graduação no Brasil.

De um modo geral identificamos uma pluralidade expressiva de autores na produção da ANPAP, no entanto se destacaram marcando presença em vários artigos e com um número expressivo de obras: João Francisco Duarte Júnior; John Dewey; Michel Foucault e Adolfo Sánchez Vázquez. No que confere a ANPEd os autores

73 O item da tabela denominado “As referências estão no corpo do texto?” nos ajudaram a fazer a coletada desses dados específicos, gerando uma direção frente ao grande número de autores presente nas referências e não citados no texto.

74 Com exceção dos autores utilizados na conceituação de educação estética ou estética. Um exemplo é o PAP05 e o PAP13.

75 Um dos artigos está classificado como PAP11, no entanto, ele não é o único. Não vamos nos alongar nessa observação por desconsideramos sua influência para a análise dos dados. Cabe a ressalva para um maior cuidado por partes dos avaliadores dos artigos.

Gilles Deleuze e Feliz Guatarri, L.S Vygotsky e Michel Foucault são os que mais foram citados. Voltaremos a dialogar sobre essas influências após conhecermos as principais obras utilizadas, no capítulo IV.

O item da ficha de registro Valores educativos cultivados é uma tentativa de compreender para que os autores escrevem seus artigos, ou seja, o que objetivam de concreto para a educação dos sujeitos e como seu artigo se propõe a influenciar nessa formação; o que criticam e o que defendem na perspectiva da educação estética. Sempre de forma crítica buscando indícios de uma educação estética para a emancipação. Por exemplo: o artigo PED11 tem como objetivo “contribuir para a produção de um conhecimento sobre a arte e o seu ensino capaz de confrontar-se com as concepções hegemônicas em arte e educação” p. 01; sobre educação estética o autor escreve: “sistema de arte circunstanciando o modo como as relações de produção artística se mostram subordinadas aos interesses da classe dominante, os quais engendram o que compreendemos por Educação Estética” p. 03, e, aponta como ganho qualitativo a consciência crítica e a possibilidade de mudança do que está posto combatendo “a miséria da formação estético-cultural da sociedade brasileira” p. 11. Neste sentido, os valores educativos cultivados extraídos em cada texto é uma informação importante, pois responde em parte a interrogação em torno de uma dúvida recorrente: educação estética pra que?

Indagar sobre os conceitos que orientam educação estética no ensino da Arte presente nos artigos revelou uma infinidade de compreensões, indo do desenvolvimento de sujeitos mais felizes, com melhor relacionamento social por terem resgatados sua sensibilidade, até o desenvolvimento de sujeitos reflexivos e críticos, instrumentalizados com os saberes que lhes pertence e por isso cientes de seu papel na sociedade.

O item Palavras-chave indica os principais assuntos tratados no texto, e servem de orientação ao leitor sobre o que foi considerado fundamental naquele trabalho. A ABNT orienta assim a construção desse item que pertence ao resumo76: “2.1 palavra- chave: Palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida, preferentemente, em vocabulário controlado”. É certo que as palavras-chaves cumprem outras funções, como por exemplo, facilitar a busca catalográfica nas bibliotecas. Mas em nosso caso, quando escolhemos as palavras-chave como um dos itens da ficha de registro foi por

76 Disponível em: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppgaarq/arquivos/files/6028-Resumo.pdf. Acesso em 05 março de 2015. As 12:28

considerar importante revelar a interlocução das palavras escolhidas como “chave” no desenvolvimento do artigo. As que se destacaram77 na ANPAP, por serem citadas em vários artigos são: arte; Educação Estética; Ensino da arte; Estética; Formação de professores e Imagem. Dos 36 textos analisados, 13 artigos78 não apresentaram palavras-chaves. Nos artigos da ANPEd identificamos as palavras-chaves que se destacaram79: formação dos professores; experiência estética; arte; estética e educação estética.

Preocupados com o comprometimento das pesquisas na produção do conhecimento e entendendo que os artigos estudados representam, ainda que de forma compactada esse segmento, um item da tabela indaga: Os textos analisados se originam no fazer ou no pensar? buscamos identificar de onde os artigos retiram a sua contribuição para o desenvolvimento do campo educacional, na relação teoria e prática, se seus artigos são motivados por experiências ou por estudos bibliográficos. Os artigos da ANPAP se dividem entre relatos de experiências e estudos bibliográficos; já os artigos da ANPEd se concentram em discutir experiências práticas com vivências do campo educacional (66,6%). Sabemos que ambos os casos, a leitura dos autores é fonte importante de informações e geram conhecimento. Mesmo que os artigos com revisão bibliográfica não tenham o campo como fonte dos dados, está de alguma forma estão se preparando para agir nele. Mas entendemos que se tratando do campo educacional, da escola e dos sujeitos concretos que nela são educados, as pesquisas que contemplam os dois processos, estudo bibliográfico e trabalho de campo podem contribuir de forma mais significativa para a reflexão crítica dos fenômenos escolares. Por usa vez, as pesquisas identificadas no fazer dialogam com o desafio de diminuir a fronteira entre teoria e prática.

No conjunto geral dos dados coletados e agrupados nestes itens da ficha de registro procuramos compreender de que forma os artigos pesquisados estão movimentando o debate sobre a educação estética no ensino da Arte nas duas Associações; se estão contribuindo pela manutenção de práticas consolidadas ou se propõe mudanças. Frente a segunda opção nos perguntamos quais são estas transformações e o que elas denotam na educação estéticas dos sujeitos.

77 Ver Quadro 15

78 São os artigos publicados entre 1996 a 2005. 79 Ver Quadro 21

Como postura investigativa, o materialismo histórico dialético é o que mais nos capacita a dialogar em prol de nossas aspirações em torno da construção da educação estética para a emancipação. Ele nos faz caminhar na pesquisa entendendo as influências e as transformações da educação estética, e essa dinâmica nos incentiva ao percebemos o movimento da história e compreendemos que é possível sim promover mudanças.

O início desse capítulo foi dedicado a apresentar nosso caminho metodológico, considerando de forma mais detalhada a ficha de registro, importante instrumento que possibilitou nossa aproximação com os artigos pesquisados e orientou nossa leitura e coleta de dados. De início, meu pensamento era de que, após identificar os artigos que discutiam a educação estética (partindo do pressuposto que ao anunciar no título a expressão estética, seus conceitos estariam contemplados nas discussões), nossa tarefa seria a de identificar e descrever os conceitos predominantes encontrados. Qual foi minha surpresa ao saber que apenas um número inexpressivo (09 textos) se concentravam na discussão dos conceitos em si. O que não sabíamos é que, ao eleger no seu título a expressão estética, a grande maioria dos artigos faziam a discussão a partir de outros campos interligados a educação estética, como a cultura e a semiótica.

Respeitando a organização dos artigos e o viés investigativo dos autores, encontramos como solução para concretizar o objetivo geral da pesquisa compor Categorias para viabilizar a identificação dos conceitos de educação estética ali imbricados e preservar a sua estruturação. Não era possível, nessa altura da pesquisa, ignorar as tramas teóricas encontradas nos artigos. Restou a organização das seguintes categorias80: Conceitos de Estética; Educação do Sensível; Experiência Estética; Cultura; Formação de Professores; as implicações em torno do encontro Obra e Público e a relevância da Semiótica. Após o registro das proeminências dos textos, segue um Quadro Síntese que destaca de forma resumida a compreensão de educação estética em cada artigo referenciando quando possível, o autor mais citado. Vale destacar que os artigos da ANPEd (dos 15 artigos, 08 tratam da temática), o enfoque está na “Formação de Professores”. Essa é a preocupação latente dos artigos. Segue quadro explicativo dessa composição.

3.2.2 Quadro 2 - Categoria/Artigos - ANPAP e ANPEd