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CAPÍTULO 3 – Conectando redes autônomas e comunitárias com infraestruturas

3.2. Quais os impactos desta aproximação? Algumas universalizações em

Neste trabalho, influenciada pelos conceitos mobilizados na pesquisa bibliográfica, busquei pensar os impactos das infraestruturas feministas sobre o campo das redes autônomas e comunitárias a partir de uma lente que busca questionar universalizações, generalizações e oposições binárias preestabelecidas.

Numa arena de tensões, o envolvimento de mulheres e pessoas não binárias como ativistas, pesquisadoras ou coletivos organizados em torno das experiências com redes autônomas e comunitárias tem visibilizado múltiplas desigualdades e exigido o seu reconhecimento. Assim, uma primeira diferenciação importante que a articulação com infraestruturas feministas coloca para redes autônomas e comunitárias é a proposta de que haja um esforço ativo de indagar generalizações, o que deve impactar na reavaliação das formas de organizar os espaços, as prioridades e o tempo de oficinas, instalações e processos de gestão da rede, fazendo que eles sejam de fato acolhedores a diferenças e permeáveis a perspectivas múltiplas.

Outra desestabilização importante que podemos apontar é o compromisso com a quebra de invisibilidades, seja das infraestruturas, dos corpos, dos pactos que precisam ser verbalizados, das relações tecnopolCticas que cruzam as redes, dos múltiplos conhecimentos e tecnologias existentes e possCveis. Há, nesse sentido, também um compromisso de ação política para diminuir as desigualdades. A não neutralidade é acompanhada da enunciação de um compromisso polCtico com transformações que são vistas como necessárias e urgentes.

Vale pontuar que aqui usei as palavras proposta e compromisso, considerando que esse esforço ativo é diferente de ter esses objetivos plenamente alcançados. Ou seja, é importante também romper com as expectativas, resgatando que a ideia dos múltiplos feminismos que

atravessaram esta pesquisa não é a de criar novas verdades para substituir as que vêm sendo questionadas, mas justamente indagar a imposição de verdades universais que não podem ser renegociadas e repensadas desde múltiplos locais.

Nesse sentido, aqui consideramos a tensão e as desestabilizações que as perspetivas feministas em que nos apoiamos nesta pesquisa trazem como uma força de avanço – não linear, mas que podem ajudar a pensar caminhos e reavaliar práticas que podem ser trocadas e aperfeiçoadas entre aqueles que assumem o compromisso de romper legados discriminatórios.

Essas reflexões levam a indagar em que medida e quando estão reivindicadas totalidades artificiais, ideais de universalismo e neutralidade, passando por cima de diferenças? Quando e a partir de que motivações operam o silenciamento e afastamento de determinados corpos e grupos? Essas reflexões podem construir um retrato potente das contradições que atravessam resistências, pelas quais, operando por dentro, normas hegemônicas se materializam em barreiras a alianças ou, retomando as formulações de Haraway, da conexão nas impurezas. Mas, ao mesmo tempo, lembram que realizar essas perguntas não devem conduzir a respostas definitivas que atestariam o valor ou desvalor de uma experiência.

Assim, a proposta neste trabalho foi pensar que este momento de definição coletiva dos pactos e de interações sociais em torno das infraestruturas pode ser um momento para ativamente tensionar hierarquias e alternativas infernais, desde que não se siga operando sob os regimes de invisibilidade. Nesse sentido, destaco três formas de universalização que apareceram na pesquisa documental sobre redes autônomas e comunitárias e sobre as quais as perspectivas das infraestruturas feministas lançam um outro olhar.

3.2.1. Cuidado com o termo ‘comunitárias’ como etiqueta que homogeneíza

Como já mencionado, um primeiro questionamento que emergiu deste encontro no percurso de pesquisa é o que própria etiqueta 'comunitária' abarca, algo que aponta o risco do termo se tornar uma aparência de homogeneidade em experiências que são heterogêneas em muitas

camadas e nas quais diferentes relações de poder se cruzam. Mesmo em termos mais gerais, quando

falamos em redes comunitárias, somente entre as experiências que conheci ao realizar essa pesquisa, podemos estar nos referindo a redes de rádio no meio da Amazônia, a redes mesh em grandes centros urbanos ou em quilombos rurais, a redes de telefonia no México, a uma forma de conexão a internet em lugares não cobertos pelas empresas de telecomunicação, a redes locais que buscam escapar do ambiente da internet – isso sem mencionar outras experiências na América Latina e as

muitas que também existem nos Estados Unidos, Europa, África e Ásia que aparecem na literatura desse campo80.

As experiências feministas, antirracistas e trans apontam que é importante refletir sobre o que essa etiqueta abarca, retomando inclusive a importância de não ignorar as relações desiguais que podem se estabelecer nas parcerias para a instalação de uma rede ou mesmo dentro de uma

mesma comunidade na perspectiva interseccional. Assim, os elementos em comum que ajudam a

definir essas redes, como a autonomia na gestão e o desenho local, não podem ser tomados como suficientes para compreender e descrever as múltiplas experiências e interações que acontecem.

3.2.2. Operar na chave conectados/desconectados e com outros pares de oposições

Outra generalização que apareceu com alguma frequência está na divisão das populações entre conectados e desconectados. Esta perspectiva traz aspectos importantes ao apontar as desigualdades de acesso e reivindicar polCticas de inclusão digital, mas pode encapsular as experiências com redes autônomas e comunitárias em bases binárias. Como parte do processo de realização do mestrado, pude escrever um capCtulo em conjunto entre cinco mulheres, três delas envolvidas diretamente na construção de redes autônomas, em que apontamos:

Há um entendimento comum da tecnologia contemporânea disseminada entre "especialistas" que usa o termo "último bilhão" para homogeneizar aqueles que não têm acesso à internet e ao telefone celular. Essa difusão global de narrativas imagina a tecnologia como se movendo não só do Ocidente para o resto, mas do urbano para o rural, do cosmopolita para o local, e do globalmente ligado para o remotamente desconectado. Subjacente a esta formulação, está implCcita a noção de que as comunidades estão a espera de soluções "mágicas" (Feminist infrastructures and community networks/GisWatch, 201881).

Usar o termo ‘último bilhão’ certamente tem um sentido polCtico ao chamar atenção para uma lacuna que é bastante expressiva e desafiar a noção amplamente difundida de que a internet conecta o mundo todo, já que uma parcela significativa da população global não está conectada a essa rede. Ao mesmo tempo, esse par de oposição traz a necessidade de uma reflexão sobre em que medida os saberes e tecnologias locais e o potencial criativo de grupos com pouco ou nenhum acesso à internet acabam sendo invisibilizados, especialmente para os grupos que recebem a etiqueta de ‘desconectados’, daqueles que podem ser vistos como não participantes da cibercultura e dessa ‘comunidade global’ – o que pode levar a uma compreensão equivocada de que, portanto,

80 Somente a edição mais recente do relatório Global Information Society Watch reúne informações sobre 43 experiências com redes autônomas e comunitárias existentes neste momento em diferentes paCses e regiões do globo: https://www.giswatch.org/community-networks.

81 DisponCvel em: <https://www.giswatch.org/en/infrastructure/feminist-infrastructures-and-community-networks>. Acesso em: 6 dezembro 2018.

teriam pouco a contribuir nos debates sobre os impactos da internet e de outras tecnologias digitais, justamente no momento em que a reconfiguração do exercCcio do poder econômico e polCtico têm despertado um sentido de urgência em relação a criação de novos possCveis e a aposta na pluralidade.

Questionar esse par de oposição pode indicar ainda a necessidade de qualificar o debate sobre a internet para além da questão de acesso. Expandindo essa lógica para o campo das redes autônomas e comunitárias, elas não podem ser compreendidas apenas como uma solução de conectividade à internet, o que pode conduzir a uma generalização de que esse acesso é o objetivo final de qualquer comunidade e limitar de modo significativo a experiência com essas redes. Isso pode significar, por exemplo, a não ativação de possibilidades que se abrem quando as regras de funcionamento e o desenho da rede são estabelecidos em nCvel local e de modo compartilhado – como a possibilidade de discussão, desde perspectivas locais, das contradições que a digitalização da vida e o uso cotidiano de tecnologias digitais coloca e as assimetrias de poder que elas podem reforçar, como as que resgatamos brevemente no Capítulo 2 deste trabalho, ou mesmo sobre os escapes e a reapropriação que o cruzamento com saberes locais pode potencializar.

Nas oficinas, apresentações e cursos de redes autônomas feministas que pude participar, as possibilidades de discussão conjuntas que se abrem com o uso de redes locais era algo bastante explorado e que, para mim, por exemplo, trouxe reflexões sobre aspectos que eram invisCveis até então. Assim como eu, para muitas participantes que estavam pela primeira vez entrando em contato com esses campos, pensar a possibilidade de instalar redes que não passam pela internet era, inclusive, algo difCcil de assimilar no começo e uma limitação imaginativa.

Essa dificuldade foi uma das motivações, por exemplo, para a criação da Fuxico, um dispositivo móvel autônomo de troca e colaboração que conecta pessoas que estão num mesmo espaço fCsico, depois da realização do Laboratório de redes autônomas por Vedetas, Periféricas e Kéfir:

Em 2017 realizamos um projeto sobre redes autônomas feministas com diferentes grupos no Brasil; mulheres hackers, acadêmicas, periféricas, quilombolas, agricultoras, artistas... Dentre a riqueza de suas diferenças notamos duas impressões em comum sobre o tema: reconhecimento da importância da autonomia nas comunicações e dificuldade em compreender o uso de serviços além da internet. Como se manda um e-mail sem internet? Um whatsapp sem 3G? Como se compartilha arquivos sem o 'drive'?82

82 DisponCvel em: <http://redeautonomafeminista.org/fuxico/#quemsomos>. Acesso em: 05 dez. 2018. No site, a Fuxico se apresenta como “um dispositivo móvel autônomo de troca e colaboração, feita para conectar pessoas presentes em um mesmo espaço fCsico”, criando “uma rede sem fio fora da internet para troca de conteúdos digitais”.

Pensando em como endereçar esse desafio, a experiência de fazer conjuntamente uma Fuxico e usar aplicações, como de troca de imagens, chat anônimo e compartilhamento de arquivos, fora da internet ajudam a materializar as muitas possibilidades que existem no uso de redes que são apenas locais. Esse potencial, inclusive, não precisa ser ele mesmo pensando também em termos binários, numa oposição entre internet e redes locais, mas muitas vezes em complementariedade que nos permitem negociar com as potências e limites das tecnologias conforme interesses especCficos. As aplicações locais podem ser, por exemplo, uma forma relevante de reduzir o consumo de dados de pacotes pagos às empresas de telecomunicação operadoras de internet, algo importante em locais que a conexão só é possCvel via satélite, por exemplo, cujo valor cobrado é bem superior as alternativas de fibra ótica. Um serviço da rede local de ligação gratuita entre as pessoas num território pode, assim, resolver algumas necessidades de comunicação sem passar pelo taxCmetro dos dados pagos aos provedores. Por outro lado, o acesso à internet pode ser uma demanda fundamental para mulheres que vivem no meio rural e querem se comunicar com filhos ou parentes que migraram para cidades. A melhor alternativa, assim, não é fixa e vai depender da compreensão das potências e contradições que toda tecnologia traz em diferentes contextos e de como negociar com esses aspectos a partir de interesses locais e mais diversos.

3.2.3. Assumir o saber técnico de um grupo como uma ‘solução pronta’ para outros Considerando que os processos de instalação de uma rede comunitária, muitas vezes, são limitados pelos recursos financeiros disponCveis e mesmo pelo tempo, um risco comum que apareceu nesta pesquisa foi desses processos serem organizados numa perspectiva de transferência de ‘saber técnico’ sobre algum tipo de rede digital, como as em malha (mesh) ou de telefonia (GSM). Muitas vezes, o processo de interação entre ‘especialistas’ em determinados tipos de tecnologias e as comunidades acaba sendo desenhado sobre a forma de compartilhamento de ‘soluções prontas’ e oficinas rápidas para ensinar (e produzir) tutoriais.

Nesse tipo de interação, muitas vezes, há um encontro entre diferentes perspectivas e temporalidades: por um lado, as de comunidades diversas, que muitas vezes não têm um acesso constante à internet para saber de editais que se propõem a financiar a instalação de redes autônomas; e, por outro lado, as de coletivos envolvidos com tecnologias, que costumam ter acesso e meios para participar dos editais sobre redes comunitárias, mas não são ‘comunidades’ e precisam estabelecer parcerias em outros territórios. Esse encontro geralmente é colaborativo e carrega uma perspectiva de aliança. Mas, o ritmo mais acelerado de oficinas rápidas, em alguns casos, pode limitar as trocas possCveis. Isso coloca o risco de reproduzirmos uma perspectiva hierárquica de

quem detém um tipo de saber técnico, de um lado, e de comunidades, vistas como sem agência e a espera de soluções prontas de fora, de outro lado.

A imposição de um ritmo mais acelerado pode significar ainda a falta de tempo para conhecer as demandas e narrativas locais e adaptar o processo às diferentes perspectivas, seja no sentido de envolver grupos que tendem a ser afastados da gestão de infraestruturas, como as mulheres, seja para promover uma ponte entre conhecimentos num mesmo prisma, valorizando o encontro com saberes locais, a ativação da memória sobre as tecnologias e narrativas locais e sua incorporação na rede digital de um modo que ela adquira sentido naquele território.

Outro problema que pode acompanhar as oficinas rápidas ou os manuais de ‘soluções prontas’ é que, muitas vezes, eles não enunciam as escolhas por trás de um determinado tipo de rede ou não traz um alerta para a necessidade de adaptações locais e contextualizações a partir de diferentes perspectivas. As escolhas que podem ser feitas considerando as necessidades e interesses de homens cis ou de pessoas brancas que lidam com infraestruturas, por exemplo, podem não ser apresentadas como uma das possibilidades ou uma das alternativas, quando há a naturalização e universalização de condições hegemônicas (e a escolha de uma narrativa tecnopolCtica que, como seu formulador, é vista como universal e, portanto, eficaz em qualquer situação). Essas universalizações pode conduzir a apresentação das soluções prontas sem o tempo de refletir se e como elas se aplicam em outros contextos.

Durante o Laboratório de redes autônomas Vedetas e a CryptoRave 2017 pude conhecer mulheres integrantes da Casa dos Meninos, uma associação social, sem fins lucrativos, situada no

jardim São Luis, zona sul da cidade de São Paulo (SP), que mantém uma rede comunitária83. Em seu

site, a associação informa que realizou, em 2010, uma parceria com a EMEF Procópio Ferreira que dura até hoje. Um dos frutos desta parceria foi o inCcio da construção da Rede de Intranet Base

Comum, uma rede comunitária, cujo sinal atinge cerca de um quilômetro quadrado a partir da sede

da associação.

A atuação polCtica da associação é norteada por três áreas centrais: território, tecnologias e juventude. Assim, a Casa dos Meninos não atuava, no momento do nosso encontro, a partir de uma perspectiva feminista, embora estivesse ampliando suas trocas com coletivas como a MariaLab.

83 A partir do encontro nesses eventos fui convidada para conhecer seu espaço e saber mais dos projetos em uma visita no dia 02 junho de 2017. Parte do convite é fruto de uma relação que as integrantes da Casa já tinham estabelecido com pesquisadores da Unicamp e que abriu uma perspectiva positiva em relação às parcerias com a universidade. Sobre as pesquisas anteriores consultar: Paciornik, Guilherme F. 2013. Movimentos sociais e as novas tecnologias da informação e comunicação: um estudo de caso na zona sul da cidade de São Paulo, a Casa dos Meninos. Dissertação de Mestrado. Campinas: Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH/Unicamp. DisponCvel em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000920115. Paciornik, Guilherme F.; Ferreira, Pedro P. Cleodon Silva e a Casa dos Meninos: mecanologia, do reco- reco à internet. Filosofia e Educação 6(3), p. 260- 300, 2014.

Ainda assim, no processo de buscar a construção de tecnologias mais coletivas, vinha garantido a não exclusão por gênero: naquele momento, três mulheres estavam a frente da gestão de sua rede comunitária. Uma delas, a professora Daiane Araujo dos Santos – ativista no campo de direitos humanos e TICs e uma das gestoras da Rede Base Comum – exemplifica:

Em outros grupos com os quais tivemos contato, sempre foi declarado como uma verdade geral que era importante usar softwares livres em redes comunitárias, por exemplo. Sabemos da importância polCtica de seu uso; no entanto, nem sempre podemos agir em condições ideais e, nesse caso especificamente, a maioria dos residentes em nosso território ainda estava mais familiarizada com o uso de softwares proprietários. Em seu primeiro contato, um ambiente digital diferente demais poderia afastar as pessoas do uso da rede local. Nos workshops de infraestrutura feminista em que participamos, o uso de ferramentas proprietárias e livres foi apresentada em paralelo, o que nos ajudou a entender na prática as diferenças que tornam o uso de software livre tão importante. Esse uso simultâneo serviu também como um perCodo de adaptação ao ambiente dos softwares livres. Isso nos ajudou a adaptar as oficinas que realizamos na Rede Base Comum, nas quais aplicamos uma metodologia similar, introduzindo ferramentas gratuitas de forma mais prática, gradual e observando suas diferenças em relação ao software proprietário (Feminist infrastructures and community networks/GisWatch, 201884).

É claro que nem sempre as oficinas e instalações acontecerão em situações ideais. É importante diferenciar, por exemplo, processos em que o tema das redes autônomas e comunitárias é discutido ao longo de vários dias de oficina de debates rápidos que acontecem em poucas horas em meio a uma programação mais ampla, como na Cryptorave. Muitas vezes, será melhor divulgar as possibilidades e a experiência de um determinado grupo com uma certa tecnologia do que simplesmente não tocar no assunto. Ou seja, o alerta aqui não é em relação a apresentações e oficinas rápidas que buscam até mesmo ampliar o número de pessoas que sabem das possibilidades e existência das redes comunitárias, despertando uma curiosidade sobre o tema e ampliando os grupos envolvidos. O alerta é em relação ao cuidado de não apresentar determinadas experiências como universais de uma maneira que, em vez de convidar outros grupos a pensar e agir sobre redes autônomas e comunitárias, se propague a percepção de que o campo tecnopolCtico não ‘pertence’ a certos grupos sociais. Ou ainda de que certos tipos de conhecimentos não podem ser considerados tecnologias, ou mesmo, a noção de que especialistas externos sempre terão melhores respostas aos problemas da comunidade do que seus próprios membros.

O exercCcio da reflexão sobre os três aspectos apontados aqui (a etiqueta comunidade, o par de oposição conectados/desconectados e a ideia de soluções externas prontas), porém, são eles mesmos generalizações que eu construC a partir dos percursos desta pesquisa. Vale pontuar que muitos outros eu posso não ter sido capaz de captar e registrar, considerando que as escolhas de

84 DisponCvel em: <https://www.giswatch.org/en/infrastructure/feminist-infrastructures-and-community-networks>. Acesso em: 6 e dezembro 2018.

pesquisa também trazem limitações e que eu mesma sou atravessada por tentações de universalidade. Em outras palavras, essas reflexões buscam muito mais ativar processos de desnaturalização do que esgotar questionamentos ou mesmo apontar verdades definitivas. É também no sentido de expandir possibilidades e ativar perspectivas mais múltiplas que, no próximo trecho do trabalho, sistematizo, por fim, algumas diferenciações especCficas que me pareceram relevantes para, juntas, tornar os espaços fCsicos e digitais de fato mais acolhedores e seguros para diferentes grupos e corpos em alguma medida.

CAPÍTULO 4 – O que pode mudar quando uma rede sociotécnica é pensada na