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QUANDO UM ENGENHEIRO SANITARISTA TORNA-SE PROFESSOR

No documento QUANDO ENGENHEIROS TORNAM-SE PROFESSORES (páginas 132-149)

“Penso que para ser um bom professor é preciso

conhecer profundamente o assunto que vai ensinar,

para poder passar bem para os alunos. Tem que

conhecer um pouco de didática também.”

O professor Irineu Francisco Neves tem cinqüenta e dois anos, nasceu na cidade de Monte Castelo, no estado de São Paulo, onde viveu até o ano de 1973, quando, com dezessete anos, mudou-se com a família para a cidade de Cuiabá. É casado e tem quatro filhos. É professor Adjunto II, em regime de dedicação exclusiva, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT. Sempre estudou em escolas públicas. Cursou o primeiro ano do primário em uma escola rural. No segundo grau cursou o científico. Assim que terminou o segundo grau começou a trabalhar com contabilidade. No período de 1975 a 1977, fez o curso de graduação de Tecnólogo em Saneamento na UFMT e, enquanto era aluno deste curso, trabalhou em um laboratório de análises clínicas. Nessa mesma época, teve a primeira experiência como professor, ministrando a disciplina Técnicas Médicas no Colégio Coração de Jesus. Posteriormente deu aulas no Colégio Nilo Póvoas para turmas da quinta à oitava série do ensino fundamental. De 1978 a 1982 cursou a graduação em Engenharia Sanitária/Ambiental na UFMT. Durante o curso de graduação, deu aulas, no período noturno, para um curso supletivo e atuou como monitor das disciplinas Qualidade da Água I e Qualidade da Água II. Entre os anos de 1983 e 1987 cursou o Mestrado em Engenharia Civil, na área de Hidráulica e Saneamento, na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP). De maio de 1986 a abril de 1987, trabalhou como professor substituto na UFMT. Em 1988 foi contratado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado (SEMA), onde trabalhou durante cinco anos exercendo o cargo de diretor de controle ambiental. Em 1993 foi contratado pela UFMT como professor Adjunto I, em regime de quarenta horas, com dedicação exclusiva. No período de 1998 a 2002 cursou o Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Foi Coordenador de Ensino de Graduação do Curso de Engenharia Sanitária.

O professor Irineu dá início à sua narrativa falando sobre sua idade, local de nascimento, situação civil, filhos e sobre a sua função na UFMT. A seguir aborda a questão da identidade profissional e, como conseqüência, fala sobre alguns trabalhos que realiza fora do âmbito da universidade. Logo depois, apresenta algumas apreciações sobre escola pública e escola privada. Dando prosseguimento, fala da origem da sua vontade de ser engenheiro, do seu primeiro contato com a escola, assim como das dificuldades da vida no sítio. A seguir, fala das dificuldades de aprendizado que teve na época do curso ginasial e como as superou. Depois relata acontecimentos da época em que cursava o segundo grau, como a mudança para a cidade de Cuiabá e suas conseqüências. Trata, em seguida, da escolha do curso superior, das experiências com o vestibular, e das primeiras experiências profissionais, inclusive no campo da docência. Dando prosseguimento, fala sobre as dificuldades e realizações vivenciadas durante o período em que cursou a Graduação em Engenharia Sanitária/Ambiental. Depois falou sobre o que o levou ao Mestrado em Engenharia e à carreira de professor universitário. A seguir, fala sobre a sua prática como professor da UFMT. Além das aulas, aborda sucintamente o seu envolvimento com pesquisa e a sua experiência como Coordenador de Ensino de Graduação em Engenharia Sanitária. Cita o doutorado realizado na Universidade de São Paulo. Em seguida, fala da sua dificuldade de lidar com a avaliação da aprendizagem dos alunos, assim como de algumas experiências vivenciadas nesse âmbito. Fala também da sua vontade de buscar conhecimentos sobre didática, mais especificamente, sobre como falar em público. Apresenta em seguida sua concepção sobre Educação Superior, tece algumas críticas sobre o que tem observado nesse nível de ensino e discorre sobre os saberes que, segundo a sua opinião, são necessários para ser um bom professor da universidade. Volta a tratar da importância de uma formação voltada para a didática, para os professores do nível superior e encerra abordando a questão da responsabilidade da universidade na formação global dos profissionais.

Quando fala sobre identidade profissional, o professor Irineu se identifica como professor, apresentando como justificativa a sua situação trabalhista, isto é, questões de contrato e salário: “Quando me perguntam sobre a minha profissão, respondo que sou professor e não engenheiro sanitarista, porque eu não recebo salário como engenheiro sanitarista, não sou contratado como engenheiro sanitarista, mas como professor.”

No entanto, em seguida, diz: “Quando sou apresentado para alguém, digo que atualmente sou professor, mas sou engenheiro sanitarista. Exerço mais a profissão de professor do que a de engenheiro. Sinto que, como professor, estou exercendo a Engenharia Sanitária a todo o momento.” O que mostra que o curso de graduação é uma vivência que

marca, que torna a pessoa o profissional que ela é, de modo que, mesmo exercendo atividades de outra profissão, a pessoa continua se identificando profissionalmente também, de acordo com a sua graduação. Penso que isto ocorre de forma mais acentuada no caso de professores que realizam trabalhos da sua área profissional fora do âmbito da universidade, como é o caso do professor Irineu, que, mesmo sendo contratado em regime de dedicação exclusiva, realiza alguns trabalhos da área da Engenharia Sanitária fora da instituição, como é relatado por ele:

No entanto, eu acho que devo pagar o CREA267 porque, às vezes, pego algum projeto para fazer, e, por isso, preciso estar sempre quites com o CREA. Para efeito de registro de projetos no CREA, existem duas modalidades, a da responsabilidade pela elaboração e a da responsabilidade pela execução dos mesmos. Eu entendo que nós, professores em regime de dedicação exclusiva, podemos assumir a responsabilidade pela elaboração dos projetos, porém, algumas pessoas não pensam assim. Eu já trabalhei nos finais de semana e à noite fazendo esses projetos, porém, os fiz aqui na universidade e dentro do horário normal de expediente. Quando ingressei na universidade já elaborava projetos e, por isso, procurei saber o que poderia continuar fazendo sendo contratado no regime de dedicação exclusiva. Também já fiz projetos junto com ex-alunos e, nesses casos, eles assinaram as autorias dos projetos.

O seu desejo de ser engenheiro tem origem em uma vivência da infância, conforme relata:

Eu quis ser engenheiro aos sete anos de idade, quando estava começando o primeiro ano em uma escolinha do sítio que ficava entre as cidades de Monte Castelo e Andradina. Não sei por quê. Acho que ouvi alguém falando de engenheiro, ou alguém que falou para mim que era engenheiro, então eu pensei: “é isso que eu quero ser. Quero ser engenheiro quando crescer”. Isso eu nunca esqueci. O primeiro vestibular que fiz foi para o curso de Engenharia Civil, mas não passei.

O professor Irineu declara que não gosta de estudar. Penso que as suas primeiras vivências no âmbito escolar, quando ainda morava na zona rural, foram muito difíceis e exigiram sacrifício, o que deixou nele a impressão de que estudar não é prazeroso:

Morava no sítio, perto de Nova Independência e o meu primeiro contato com aulas foi em umas aulas noturnas, quando eu tinha seis anos. Os meus irmãos e alguns vizinhos iam para essas aulas. Andavam uns quatro quilômetros para chegarem à escola. Eu freqüentava essa mesma escola no período da manhã até que um dia resolvi ir no período noturno junto com os meus irmãos. A professora passava alguma coisa para eu fazer e quando chegou o final do ano, ela disse que achava que se eu tivesse feito a prova, teria passado para o segundo ano. No ano seguinte entrei para o primeiro ano regular. Andava quatro quilômetros para ir à escola. Não tinha outro jeito. Só não ia à pé quando o ônibus passava e um motorista que gostava de crianças nos levava. Estudei um ano assim.

Quando foi morar na cidade, as condições melhoraram, tanto que ele diz que, nessa época, começou a gostar de estudar. No entanto, de acordo com o seu relato, as primeiras vivências marcaram mais: “Depois mudamos para a cidade, de modo que o segundo ano do curso primário cursei em uma escola da cidade. Naquela época, comecei a gostar de estudar. Mas foi uma fase inicial, porque hoje eu não gosto.”

Outras vivências, porém, o levaram à crença de que estudar é uma necessidade: “O que me faz estudar é a consciência de que precisamos estar aprimorando, estar aprendendo coisas novas. Isto me leva não a querer, mas a ter que estudar.”

As dificuldades com relação à aprendizagem, como as que teve na disciplina Ciências, da quarta série do curso ginasial, foram vivências que também contribuíram para a associação que ele faz do processo ensino-aprendizagem com sacrifício:

Eu não tinha preferência por determinadas disciplinas. Na disciplina Ciências, da oitava série, quando estudamos a química, tive muita dificuldade. Eu não conseguia entender e fiquei de prova final.

Ainda sobre as dificuldades de aprendizado com a química, o esforço que fez para superá-las e o êxito que teve, foram vivências que, além de terem contribuído para fazer dele uma pessoa que luta para superar as dificuldades, contribuíram também para a construção das suas crenças no campo da docência:

Eu pensei: “eu tenho que aprender esse negócio.” Peguei aulas com pessoas que entendiam, e quando fiquei só para estudar esse assunto, não tendo outra coisa para fazer, consegui aprender. Fiz a prova final precisando tirar a nota oito para ser aprovado e tirei oito e meio, então o professor me disse que ele não entendia como que ao longo do ano eu não tinha conseguido tirar mais que cinco e disse também que nunca tinha acontecido de um aluno seu fazer a prova final precisando tirar oito e conseguir. É por isso que hoje acredito que um aluno pode tirar notas muito baixas ao longo do período letivo e na prova final tirar nove ou dez. Eu tive essa experiência.

A vontade de ser engenheiro, que teve origem na época em que cursava a primeira série do curso primário em uma escola rural, continuou impulsionando-o nesse sentido: “Como eu já tinha em mente trabalhar na área de tecnologia, ou seja, ser engenheiro, no segundo grau fiz o curso científico.”

As suas vivências a partir da segunda série do curso primário, quando já morava na cidade, até o primeiro ano do curso científico, período em que estudou em escolas do estado de São Paulo, fizeram dele um professor mais interessado em buscar a capacitação através dos cursos de pós-graduação. Com relação a esse período, relata:

As escolas do estado de São Paulo, onde estudei, eram boas. Naquela época, nessas escolas havia concursos e os professores mais graduados ganhavam as vagas dos outros. Os professores precisavam estar sempre “à frente”, porque senão um professor mais graduado poderia chegar e requerer a sua vaga, ou seja, o professor mais graduado podia escolher onde queria dar aulas e a disciplina que iria lecionar. Eu achava isso muito interessante.

O professor Irineu relata:Quando fui cursar o segundo grau, minha família mudou para a cidade de São João do Pau D’água e lá não tinha esse nível de ensino, então fui estudar em uma cidade próxima. Como eu era trabalhador da roça, estudava no período noturno e, todos os dias, ia para essa outra cidade e voltava de lá de ônibus.” Desta fala infiro que o fato de exercer um trabalho fatigante durante o dia, como imagino ser o trabalho na roça, e à noite, viajar de uma cidade a outra para ir à escola, são vivências que também podem ter contribuído para a sua concepção de estudo como sacrifício, ou seja, como algo que é necessário, mas nunca o associando com sentimentos como prazer e alegria.

Prosseguindo, relata outras vivências:

Em 1973, quando chegamos a Cuiabá, eu ia cursar o segundo ano do segundo grau e queria estudar no Liceu Cuiabano, que era uma escola melhor, mas não consegui vaga. Então estudei os outros dois anos do segundo grau na Escola Barnabé de Mesquita, que, nessa época, era uma escola da periferia da cidade. Eu não estava preparado para passar no vestibular e não tinha cursinho preparatório em Cuiabá. Fiz vestibular para o curso de Engenharia Civil, e este era o curso mais concorrido da UFMT nessa época. Não passei. Então pensei em desistir de ser engenheiro. Nessa época eu trabalhava com contabilidade e, por isso, fiz o outro vestibular para o curso de Ciências Contábeis, mas também não passei.

Nesse relato aparecem vivências que mudaram o sentido da sua trajetória, mudando o objetivo que almejava alcançar, isto é, ser engenheiro civil. Embora tenham sido experiências frustrantes, elas contribuíram para o que ele se tornou, isto é, um professor universitário da área de Engenharia Sanitária. Para Nietzsche, todos os tipos de vivências são formativas268 e as vivências arrastam nossas decisões.269

Como também não obteve êxito no vestibular para o curso de Ciências Contábeis, e ainda devido a outros fatores, prestou o vestibular para o curso de graduação em Tecnólogo em Saneamento, foi aprovado e o cursou, conforme relata:

Nessa época, havia na UFMT a segunda turma do curso de graduação em Tecnólogo em Saneamento. Eu já trabalhava e este curso era à noite, o que me possibilitava continuar trabalhando. Tinha a duração de apenas dois anos, o que me traria um retorno mais imediato em termos de salário de nível superior, então,

268

Nietzsche, Ecce homo, Por que sou tão sábio, 1 [6]. 269 Nietzsche, Aurora, §448.

resolvi prestar o vestibular para esse curso e fui aprovado. Fiz o curso de graduação em Tecnólogo em Saneamento, mas não o inclui no meu currículo Lattes, porque não o acho relevante como os outros cursos que fiz.

O curso de graduação em Tecnólogo em Saneamento foi uma das vivências que o levaram ao curso de Engenharia Sanitária/Ambiental, embora ele não o considere relevante. Mesmo estando cursando a graduação em Tecnólogo em Saneamento, o desejo de ser engenheiro continuava a existir, como se percebe na fala:

Eu tinha alguns amigos que faziam os cursos de Tecnólogo em Saneamento e Engenharia Civil simultaneamente e estes insistiram para que eu também fizesse, mas eu não podia, porque trabalhava. Então pensei: “vou por partes”, como o meu pai sempre dizia: “uma coisa de cada vez”.

O professor Irineu continua relatando uma série de vivências que, juntamente com o desejo de ser engenheiro, surgido na infância, impulsionaram-no para o curso de Engenharia Sanitária:

No curso de Tecnólogo em Saneamento cursei disciplinas como bacteriologia, parasitologia e microbiologia. Um laboratório de análises clínicas estava precisando de uma pessoa para tomar conta da parte de bacteriologia e me convidaram para trabalhar lá. Então perguntei se me pagariam o mesmo salário que eu ganhava trabalhando com contabilidade. Eles disseram que sim e fui trabalhar lá. Nessa época eu estava cursando o terceiro semestre do curso tecnólogo. Assim fui me identificando e gostando dessa área.

Chamo a atenção para o fato de ele ter manifestado prazer pelo que estava fazendo, o que ainda não havia acontecido nas falas anteriores. Dando continuidade ao seu relato, diz:

Na época em que eu trabalhava no laboratório de análises clínicas e cursava a graduação em Tecnólogo em Saneamento, neste curso eu já tinha visto todas as partes de técnicas médicas de laboratório e uma pequena parte de patologia, com o professor Antônio, que dava aulas de Técnicas Médicas no Colégio Coração de Jesus. Um dia ele me disse que não podia continuar a dar essas aulas e me perguntou se eu poderia substituí-lo. Disse-me que o conteúdo das aulas era sobre o que eu fazia no laboratório, e um pouquinho mais, que ele me passaria. Eu aceitei e dei essas aulas durante um semestre.

Então, o curso de Tecnologia em Saneamento, através do relacionamento com o professor Antonio, levou-o à sua primeira experiência como professor e, com relação a esta, relata:

Dei essas aulas baseadas no que eu havia aprendido. Não quis dar essas aulas por motivo financeiro, mas para abrir uma possibilidade de poder dar aulas e ensinar o que eu sabia e que desenvolvia até muito bem, como bacteriologia, que era com o que eu lidava no laboratório. Era um conhecimento que vinha do dia-a-dia, da

prática e de muita pesquisa, pois eu estudava bastante todas as práticas médicas, isto é, “o porquê” e o “para que”. Eu tinha um embasamento, isto é, um conhecimento que me dava a tranqüilidade para, sem pestanejar, ir para a sala de aula ensinar aquilo que eu sabia fazer. Eu não tinha dúvida nenhuma de poder assumir as aulas que ele passaria para mim. Essa foi a minha primeira experiência no âmbito do ser professor.

Essa fala evidencia bem a crença de que para ser professor basta o conhecimento do conteúdo a ser ensinado, uma vez que mesmo sem nenhuma formação para a docência, ou experiência prática nessa área, ele estava seguro de poder exercer essa atividade. O que contribuía para essa segurança era que o conhecimento que tinha sobre os conteúdos a serem ensinados era fundamentado não apenas na teoria, mas também na prática, ou seja, fundamentado em vivências. Nesta fala fica evidente que desde essa época ele já tinha vontade de trabalhar como professor.

Percebo na fala: “Essa foi a minha primeira experiência no âmbito do ser professor, mas isso não quer dizer que eu não tenha feito alguma atividade junto aos colegas, de ensinar ou ser ensinado por eles” o entendimento que muitas pessoas têm de que quem consegue ensinar algo para alguém também consegue ensinar qualquer assunto para qualquer grupo de pessoas, em qualquer contexto, desde que conheça o que vai ser ensinado.

No decorrer da sua narrativa, ele declara: “Eu tinha um pouco de dificuldade na matemática”, o que me surpreendeu porque existe a crença de que quem faz curso de engenharia tem facilidade para aprender esta disciplina, uma vez que tem disposição inata e gosto pelas ciências exatas. Talvez, no caso dos engenheiros sanitaristas, cuja formação abrange também conteúdos das ciências biológicas, essa aptidão para as ciências exatas não seja tão acentuada como é na maioria das engenharias.

De acordo com Nietzsche270, as vivências impregnam a nossa estrutura orgânica deixando marcas que vão moldando o nosso jeito de ser e constituindo a nossa memória. O professor Irineu diz que, após ter concluído o curso de Tecnólogo em Saneamento, a frustração por não poder assinar os laudos dos trabalhos que realizava foi o que mais o marcou, ficando bem evidente o sentido de vivência:

Quando terminei o curso de Tecnólogo em Saneamento, começou o curso de Engenharia Sanitária/Ambiental na UFMT. Eu não consegui o que esperava em termos de retorno financeiro com o curso tecnólogo e, além disso, o que me marcou mais, foi que eu não podia assinar os laudos e isso foi uma grande frustração para mim. Eu pensava; “vou ser eternamente técnico”, ou seja, tinha capacidade, mas não

tinha competência. Por esses motivos resolvi voltar para o que eu queria anteriormente, isto é, ser engenheiro, embora não mais engenheiro civil, mas engenheiro sanitarista. O curso de Tecnólogo em Saneamento iria me ajudar muito no novo curso.

O curso de Tecnólogo em Saneamento e o emprego no laboratório de análises clínicas foram vivências que mudaram a direção que tinha traçado para atingir a meta de ser engenheiro, pois que desistiu de cursar a graduação em Engenharia Civil e decidiu prestar o vestibular para o curso de graduação em Engenharia Sanitária.

O professor Irineu voltou a exercer a atividade docente movido pela necessidade de ter um emprego para efeito de salário, conforme relata:

Quando saí do laboratório fiquei desempregado e, então, surgiu a

No documento QUANDO ENGENHEIROS TORNAM-SE PROFESSORES (páginas 132-149)