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Pesquisa Empírica

3.3 Categorias de análise

3.3.14 Quanto a jornalistas

3.3.14.1 Profissionais ou Estudantes

Recentemente, o número de prêmios com a categoria “estudantil” tem aumentado vertiginosamente, dando espaço inclusive para premiações exclusivas para eles, emancipando essa figura como subsidiária (até então, somente tratados como categoria e não como prêmio específico).

Ressalta-se que os prêmios que têm a participação de estudantes costumam frisar que os alunos devem estar matriculados em instituições reconhecidas pelo MEC e precisam do acompanhamento e anuência de um professor responsável239.

238 Não tivemos contato com estes documentos. Mas suspeitamos que possam também ser uma estratégia interna de checar se a gestão do prêmio não tem problemas de apuração, no caso de terceirizado. Entretanto, este dado não teve como ser checado e fica como provocação.

239 Sobre a formação do professor, como jornalista profissional, esta informação não foi expressa em regulamento como item necessário para a inscrição de grupos de alunos e seus responsáveis.

3.3.14.2 Tipo de Sindicato

Este gráfico desenvolve o jornalista em associações ou sindicatos que prestam apoio às premiações, principalmente na questão de ter jornalistas na composição do júri para o julgamento par a par dos trabalhos.

Os profissionais de notório saber, oriundos tanto de sindicatos, associações, quanto da academia, têm tido muito espaço nas comissões de júri240.

É frequente a participação de sindicatos, principalmente, os profissionais, participando das premiações. Sem falar em prêmios próprios dos sindicatos, não como apoiadores, mas como realizadores. É o caso do COJIRA: Prêmio Abdias Nascimento, de igualdade racial. De forma geral, quando os prêmios têm apoio dos sindicatos, como nas federações de comércio locais, se voltam muito para a valorização da cobertura do estado e do trabalho dos jornalistas. Esses premiadores costumam incentivar essa produção regional como forma de criar um noticiário de práticas exemplares ou de êxito no que possam ser aproveitadas em outros níveis: retransmitidos ou veiculados em rede nacional, nas grandes corporações midiáticas.

A alternância de papéis e inserção no universo dos prêmios é vasta: o Sindicato

dos Jornalistas do ACRE, por exemplo, apoia uma campanha com o DETRAN/AC de

conscientização (Primeiro Setor), tem outra premiação com a rede varejista estadual

240 Nota-se uma tendência dos próprios sindicatos se posicionarem como premiadores e editarem seus prêmios, caso do COJIRA-RJ.

(espécie de Fecomércio: federação dos comerciantes) (Segundo Setor) e ainda apoia "n" outros prêmios como membro de júris (Terceiro Setor). Esse sindicato acreano edita o

Prêmio José Chalub (1), mas também tem um prêmio universitário específico (2), um

de apoio à indústria (sistema FIEAC SESI SENAI e IEL) (3) e um prêmio em relação ao DETRAN/AC (4) como defensor dos interesses da sociedade. Note, apenas no exemplo acreano, que um sindicato pode ter o seu próprio prêmio (1), ser parceiro de outros (2) e apenas parte integrante nas comissões de outros (3). Em relação ao mercado local, os prêmios promovidos por bancos costumam incentivar muito o desenvolvimento econômico regional (Prêmio BNB).

3.3.14.3 Avaliação Temática 3.3.14.3.1 Temas Humanísticos

Fizemos a diferenciação de temas denominando como humanísticos alguns mais amplos, em vista da especificidade dos 8 Objetivos do Milênio, oriundos de organismos internacionais, frequentemente financiadores e apoiadores de muitos prêmios.

Aqui, tratamos as pautas como “humanísticas”241, podendo estas serem desenvolvidas como tema específico de dada edição do prêmio ou de uma categoria apenas.

241 No sentido de conotar a dimensão de valores humanos, sociais, políticos neles. E não valores estritamente técnicos, nas categorias clássicas do Jornalismo Informativo e Jornalismo Investigativo.

Elaboração: Própria N: 43prêmios Fonte: Regulamentos e editais

Neste gráfico, aparece o mesmo problema de termos específicos e a necessidade de enquadramento com termos mais amplos. Agrupamos em uma única categoria (Ambiental), como termo guarda-chuva, todas as expressões dos regulamentos de mesmo campo lexical, tais como: “Informação Científica, Tecnológica e Ambiental” (1), “Meio Ambiente” (2), “Conscientização ambiental” (3), “Meio Ambiente” (4), “Sustentabilidade” (5), “Desenvolvimento sustentável” (6).

Essa decisão metodológica de agrupar os temas com termos guarda-chuva se justifica pelo uso de apenas um termo agregador e não de 6 termos, expressos nos regulamentos, como exposto no caso do parágrafo anterior.

3.3.14.3.2 Objetivos do Milênio

Ao percebermos muitos temas oriundos do Terceiro Setor com parcerias e financiamento relativo a organismos internacionais242, nasceu o intuito de checar tematicamente cada prêmio em relação a metas do milênio.

Depois dos prêmios que se voltavam para a promoção dos modelos de

Jornalismo Investigativo, Jornalismo Institucional, Jornalismo Econômico e Jornalismo

Científico, a partir dos anos 90, surgiram os que se voltavam para o Jornalismo Público. Muitos destes são estratégias gestadas por ONG‟s. E dessas, várias são promotoras de ideias relativas ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Organizações Internacionais, tais como ONU, Unicef e Unesco. Alguns Objetivos do

Milênio (OMD) são:

 Erradicar a pobreza extrema e a fome (Objetivo 1);  Atingir o ensino básico universal (Objetivo 2);

 Promover a igualdade entre sexos e a autonomia das mulheres (Objetivo 3);  Reduzir a mortalidade infantil (Objetivo 4);

 Melhorar a saúde materna (Objetivo 5);

 Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças (Objetivo 6);  Garantir a sustentabilidade ambiental (Objetivo 7); e

242 ONU, Unesco, Unicef.

 Estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento econômico-social (Objetivo 8)243.

Logicamente, nos regulamentos eles não aparecem nominados exatamente desta forma. O objetivo 7, Garantir a sustentabilidade ambiental, aparecia com nomes genéricos como: “responsabilidade ambiental”, “fauna e flora”, “meio ambiente”, “ecossistema” e até como “ecologia”, um termo que conceitualmente é distinto de ambientalismo. Entretanto, traduzimos os 8 Objetivos do Milênio para o escopo da pesquisa da seguinte forma:

 Desenvolvimento nacional (Objetivo 1: Erradicar a pobreza extrema e a

fome);

 Educação (Objetivo 2: Atingir o ensino básico universal);

 Gênero (Objetivo 3: Promover a igualdade entre sexos e a autonomia das

mulheres);

 Saúde Infanto-Juvenil (Objetivo 4: Reduzir a mortalidade infantil);  Saúde materna (Objetivo 5: Melhorar a saúde materna);

 Saúde coletiva (Objetivo 6: Combater o HIV/AIDS, a malária e outras

doenças);

 Sustentabilidade (Objetivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental); e  Desenvolvimento internacional (Objetivo 8: Estabelecer parceria mundial

para o desenvolvimento econômico-social)244.

Sabemos que o termo “Saúde Infanto-Juvenil” é muito mais amplo do que

Reduzir a mortalidade infantil, mas não buscamos a correspondência total e conceitual dos termos dos regulamentos com editais do PNUD. Não se trata de uma checagem dos temas do PNUD em si. O intuito, aqui, é o de vislumbrar tematicamente a correspondência dos prêmios com temas de cooperação internacional. Ainda mais relativo aos 8 Objetivos do Milênio, não em função de cada objetivo em si, conceitualmente, mas em busca de alguma relação de interesse dos inúmeros financiamentos e apoios de ONU, Unesco e Unicef aos prêmios, o que é uma prática frequente, quase uma tônica nas premiações oriundas do Terceiro Setor245.

243 (Op cit)

244 (Op cit)

245 Principalmente aqueles que visam mudar o aparelho infraconstitucional dos países signatários da ONU com legislações propostas por agências internacionais. Os prêmios mais voltados para políticas públicas a partir de estratégias de agendamento midiático, como CFEMEA e ANDI, são uma tônica. Lembrando que o nenhum prêmio do CFEMEA faz parte da amostra, porém dois da ANDI estão contidos nela.

A promoção destas metas e valores, que ora coincidem, ora não, com valores deontológicos do Jornalismo, aparece no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros relativo a direitos civis, da seguinte forma: promoção das garantias individuais e

coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias246.