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Quanto mais cedo se iniciar o processo de ensino/aprendizagem de uma

Capítulo 4 Análise dos Dados

4.3 Crenças e os Aglomerados de Crenças dos alunos-professores e suas possíveis origens

4.3.4 Crenças e aglomerados de crenças sobre o ensino e aprendizagem de LE

4.3.4.1 Crenças sobre o ensino de LE

4.3.4.1.4 Quanto mais cedo se iniciar o processo de ensino/aprendizagem de uma

Para a grande maioria dos sujeitos-participantes da pesquisa “quanto mais cedo se iniciar o processo de ensino/aprendizagem de uma LE (Inglês) melhor”. Vale salientar que esta crença já foi detectada em estudos anteriores (Lanzoni, 1998; Carvalho, 2000; Mastrella, 2002; dentre outros) e pode ser observada nos excertos extraídos dos questionários e entrevistas dos sujeitos-participantes de nossa pesquisa. [88] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Chileno –

Questionário).

[89] “Eu agradeço meus pais por ter me colocado cedo, fico bem mais fácil para mim(...) A pessoa que começa mais tarde tem mais dificuldade, né, porque ela está tão acostumada com a língua nativa já, que ela tem dificuldade em quebrar os padrões e aprender novos” (Chileno – Entrevista).

[90] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Cleber – Questionário).

[91] “As crianças tem mais facilidade pra aprender línguas do que adultos...” (Cleber - Entrevista).

[92] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Darlene – Questionário).

[93] “As crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos...” (Darlene - Entrevista).

[94] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Fabi – Questionário).

[95] “Eu acho que eu deveria ter começado antes (o processo de aprendizagem de LE) (...) Principalmente pronúncia, né. Quanto mais cedo, mais... mais cedo a criança começa a aprender inglês, mais fácil ela consegue aprender é claro (...) (Se tivesse aprendido antes) Seria bem melhor. Seria bem mais fácil. Principalmente na pronúncia” (Fabi – Entrevista).

[96] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Jéssica – Questionário).

[97] “Eu comecei a aprender inglês com dezesseis anos (...) Eu acho que foi muito tarde. (Se eu tivesse começado antes) eu acho que eu teria menos dificuldade do que eu tenho agora” (Jéssica – Entrevista)

[98] “Crianças aprendem uma LE com mais facilidade do que adultos” (Tinti – Questionário)

[99] “Então na verdade eu estudei num colégio internacional no pré, primeiro e segunda série, e tinha já inglês lá, certo. Eu fui meio que alfabetizado em espanhol e inglês, né. Voltei para cá com nove anos, entrei numa escola de idiomas. Fiquei até os dezoito anos, nessa escola de idiomas. Depois, com 20/21/22 anos eu perdi um pouco o contato. Então me fez perder muito assim, vocabulário, muita coisa. Fiquei muito defasado mesmo, nesses dois três anos que eu

fiquei parado (...) Acho que foi uma boa idade sim (...) Foi muito bom, porque uma fase de aprendizagem, muito da parte da escrita, porque eu estava sendo alfabetizado naquela época, junto, e você está aprendendo a escrever em um outro idioma junto acho que ficou mais fácil...” (Tinti – Entrevista)

É muito comum os pais perguntarem para os respectivos professores de línguas de seus filhos (neste caso, inglês) com que idade eles devem colocar seus filhos para aprender línguas, e, invariavelmente recebem como resposta: “Quanto mais cedo melhor”. Utilizam como premissas para justificar essa crença a asserção de que a criança tem mais facilidade para aprender línguas, é mais espontânea e desinibida do que o adulto, cujas cobranças e obrigações aumentam o grau de ansiedade e inibição dificultando-lhe o processo de aprendizagem.

A mídia e os cursos de inglês, por sua vez, reforçam a imagem de que, na era da globalização, é preciso ter a “língua afiada”60, para se inserir com sucesso no mercado de trabalho cujas empresas exigem cada vez mais maior domínio de inglês dos candidatos ao trabalho. Tal pressão leva os pais, preocupados e desejosos de um futuro melhor para seus filhos, a decretar que “o mais cedo” significa aulas de inglês para bebês de 01 ano e 10 meses61.

Mas a questão da idade é um importante tema na literatura de Lingüística Aplicada, mais especificamente na Aquisição de L2 e LE, não só do ponto de vista teórico, questionando se a faculdade inata da linguagem continua a funcionar após o período crítico62, como também por razões práticas, ou seja, professores querem saber qual é a melhor idade para se começar a aprender uma outra língua na escola. Este assunto é um tema até mesmo polêmico entre pesquisadores consagrados da Lingüística Aplicada.

A controvérsia na literatura assume três direções. Primeiro, existem aqueles estudiosos que argumentam que a aquisição de L2 obedece aos mesmos processos e mecanismos, independente de o aprendiz ser criança ou adulto, ambos podem ser bem- sucedidos (Freeman e Long, 1991; Flege, 1987; Genesee, 1988, Snow, 1983, citados em Assis-Peterson e Gonçalves, 2001).Outros acham que os dados não são tão claros e que adultos estão em desvantagem somente em algumas áreas em relação à criança,

60 Este foi o título de uma reportagem publicada na Revista Veja (02/05/01) em que demonstra que as

grandes empresas tem exigido teste de domínio de inglês (Toeic – “Test of English for International Communication” ) dos seus respectivos funcionários.

61 Conforme o texto “Inglês vem de berço” publicado na Revista Veja (25/04/01).

62 A teoria do “período crítico” (critical period) leva em consideração a noção popular de que os

especialmente na área da fonologia (Hatch, 1983; McLaughlin, 1984, conforme discutido em Assis-Peterson e Gonçalves, 2001). Outros ainda acreditam que aprendizes mais jovens levam realmente vantagem em relação à pronúncia, totalmente livre de sotaque (Harley, 1986; Krashen, Long e Scarcella, 1979; Patkowski, 1990; Scovel, 1981 In: Assis-Peterson e Gonçalves, 2001).

Em geral, pode-se dizer que os argumentos acerca da correlação idade e aquisição parecem contraditórios. Enquanto alguns estudos indicam a maior potencialidade da criança, outros indicam a do adulto. Entretanto, tais discrepâncias podem advir da dificuldade de comparar resultados de estudos que usam métodos tão diferentes. Acreditamos que não é somente o fator idade que influencia na aprendizagem de uma LE, antes, a quantidade, qualidade e o tipo de exposição que a pessoa terá na LE.