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[...] São o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida. Englobam, portanto: conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios, nos

métodos e formas de organização do ensino (LIBÂNEO, 2013, p. 142, grifos nossos).

Geralmente no PPC as noções de “conteúdos” estão associadas ao que se deve ensinar/aprender, logo não depende apenas do professor. Libâneo (2013) adverte que essa compreensão não é estática, mas pulsante, pois envolve aquilo que se pode realizar com os mesmos. Daí tamanho é o repto de explorar páginas institucionais no Facebook, com foco educativo, cujas atualizações ocorrem em função das experiências dos humanos, não humanos e da lógica da PDPA.

Isso implica dizer que a divulgação científica tem poder explicativo ao considerar o entrelaçamento de questões diversas, a composição múltipla por um lado; mas por outro, revelar a sua complexidade, o possível acesso a produção de conhecimento no mundo. Em minúcias, o processo de transformar informações em conhecimentos envolve questões:

 políticas, programas oficiais buscam contemplar uma base comum de conteúdos caracterizada por relações de poder na sociedade e noções de cidadania;

 ideológicas, os conteúdos não são neutros, pois insidiam visões de mundo e conflitos de interesses latejantes de determinados grupos, empresas ou organizações;

 éticas, uma visão científica tem como base a comunicação pública responsável e a sensibilidade para a inclusão e sustentabilidade;

 de planejamento, a relação sujeito/objeto “determina”, em algum nível, modos de leitura e apropriações de conteúdos mediante a ocorrência das aulas;

 de caráter preditivo, explicativo, discurso embasado em modelos científicos, como leis e teorias, por exemplo.

Diante disso, pode-se dizer que “os conhecimentos são relevantes para a vida [...] quando ampliam o conhecimento da realidade, instrumentalizam os alunos a pensarem metodicamente, a raciocinar, a desenvolver a capacidade de abstração, [...] pensar a própria prática. [...]” (LIBÂNEO, 2013, p. 159 - 160).

Nesse cariz multifacetado, Filatro e Cairo (2015) concebem os conteúdos a partir de cinco dimensões, consideradas requisitos para aferir sua qualidade.

 Tecnocientífica: considera o nível de sistematização, o sequenciamento de conteúdos e a possibilidade de compreensão de fenômenos naturais e sociais, por meio de métodos e critérios que buscam legitimar os conhecimentos pela comunidade científica.

 Pedagógica: concentra-se nos processos de ensino-aprendizagem e envolve as subdimensões conceituais, procedimentais e atitudinais. Tais processos podem ocorrer

a partir de diversas abordagens, como as que serão apresentadas na seção 3: Conectivismo ou Aprendizagem Distribuída; Teoria da Aprendizagem Conectada (TAC); Teoria da Distância Transacional (TDA). Destaca-se também a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS), adotada pelo professor-pesquisador-autor em sua dissertação de mestrado. A TAS foi proposta pelo psicólogo e pesquisador norte- americano David Ausubel (1918-2008) e prevê que para a ocorrência de aprendizagem significativa, três condições são necessárias (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980):

 identificação do que o estudante sabe, isto é, a sua estrutura de conhecimentos, a partir da qual poderão ancorar os supostamente novos;

 o aluno precisa estar interessado em aprender. Ele deve ter o desejo de relacionar os novos conhecimentos de maneira: não arbitrária, para que a nova informação não se relacione com qualquer aspecto da sua estrutura cognitiva, mas com os subsunçores39; e substantiva (não literal), isto é, incorporar à sua estrutura

cognitiva a substância do novo conhecimento e não as palavras usadas para expressá-lo;

 os conteúdos a serem ensinados/aprendidos necessitam estabelecer relação lógica, isto é, fazer sentido para o estudante. Porque “os fatores mais significativos que influenciam o valor, para o aprendizado, dos materiais de ensino, referem-se ao grau em que estes materiais facilitam uma aprendizagem significativa” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 293).

 Comunicacional: se relaciona a formas de “mover” informações, o que envolve características das linguagens (gênero, formalidade ou informalidade etc.) e canais de comunicação, como os serviços de transporte, em questão as páginas institucionais no Facebook. Isso está em consonância com as affordances, pois torna possível trocas entre pessoas e objetos. Segundo Lemos (2009, p. 28)

[...] para a comunicação, a mobilidade é central já que comunicar é fazer mover signos, mensagens, informações, sendo toda mídia (dispositivos, ambientes e processos) estratégias para transportar mensagens afetando nossa relação com o espaço e o tempo.

39 Os subsunçores são “pontos de ancoragem”, ou seja, conhecimentos pré-existentes na sua estrutura cognitiva e que fazem uma espécie de ponte com o “novo conceito”. Acredita-se que os novos conhecimentos, ao interagirem com subsunçores específicos, modificam-nos, e eles modificados tendem a se tornar mais abrangentes e podem servir de âncora para a aquisição de outras informações. Portanto, os subsunçores dos aprendizes são imprescindíveis para a assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva, para a construção de significados ou de estruturas mentais que permitam (re)descobrir outros conhecimentos, caracterizando, dessa maneira, uma aprendizagem significativa e eficiente (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980).

[...]. Comunicar é deslocar. Toda mídia libera e cria constrangimentos no espaço e no tempo. A comunicação implica movimento de informação e movimento social: saída de si no diálogo com o outro e fluxo de mensagens carregadas por diversos suportes [...].

 Com essa acepção de comunicação é preciso tomar cuidado para não entender a educação como algo “sobre” tecnologias, mas “com” tecnologias, mediada por TDIC.  Tecnológica: é guiada por uma lógica corrente de inovação. Assim, o poder da

tecnologia digital consiste na capacidade de veicular todas as formas de mídia (vídeos, imagens, textos etc.). No caso das páginas institucionais no Facebook, as postagens são representadas por mídias, ou seja, as linguagens se materializam em mídias de forma integrada e convergente, como defende Jenkins (2009).

 Organizacional: refere-se ao design, modelos e arranjos das postagens visando o acesso supostamente mais democrático, a partir dos contextos de (re)produção (equipes multidisciplinares que administram as páginas do CIN, IRD e CONTER) e utilização (domicílios, escolas, faculdades e outros). E é estratégico para fomentar affordances, como aquelas citadas anteriormente.

Além disso, os conteúdos podem ser compreendidos a partir do modelo TPACK. Embora as ideias de comunicação e organização permeiem o referido modelo, esses elementos não são explicitados. Como se sabe as interações estão contidas na comunicação, ainda que esta aconteça em diferentes níveis e situações. E a relação dos professores e alunos com os objetivos e os métodos para ensinar e aprender conteúdos dependem também da organização do trabalho pedagógico, o que envolve os conteúdos.

2.4 Conhecimento Tecnológico e Pedagógico do Conteúdo (TPACK): Estrutura