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2.5 Hipóteses do Estudo

2.5.7 Recursos familiares como explicação do menor uso das práticas gerenciais de

A última hipótese leva em consideração que as fontes de financiamento influenciam na gestão e nas práticas gerenciais de contabilidade através da motivação do empreendedor, isto é, sua convicção própria é que define qual fonte utilizar. Assume-se, para tanto, que a fonte de financiamento da empresa (ou as fontes) é escolha do gestor, mesmo sabendo-se que, por vezes, a “aversão” aos empréstimos e financiamentos decorrem justamente de um fornecimento de crédito inadequado e não compatível com a realidade da micro e pequena empresa.

A Teoria do Ciclo de Vida localiza as fontes familiares de financiamento (MAC AN BHAIRD, 2010) e a menor utilização de práticas gerenciais de contabilidade em um mesmo estágio inicial (MOORES E YUEN, 2001). Além disso, há evidências de que os recursos familiares e a influência dos membros no negócio podem estar associados ao menor uso de práticas gerenciais de contabilidade (ALATTAR ET AL., 2009; LEMA E DURÉNDEZ, 2007; NEUBAUER ET AL., 2012). Partindo deste pressuposto e da ideia de que a fonte é escolha do empreendedor, tem-se a sétima hipótese:

H7:A utilização de recursos familiares na gestão auxilia na explicação de uma menor utilização de práticas gerenciais de contabilidade.

A Tabela 3 apresenta a consolidação das hipóteses aqui apresentadas e o respectivo alinhamento delas com as teorias e os objetivos específicos propostos no estudo.

Tabela 3 - Amarração Teórica e de Objetivos Específicos com as Hipóteses

Objetivos Hipóteses Abordagem Teórica

Verificar as práticas comuns adotadas pelas micro e pequenas

empresas da amostra, compreendendo, inclusive, as

necessidades específicas das mesmas

H1: Empresas maiores possuem associação positiva com nível de utilização de práticas gerenciais de contabilidade.

Teoria do Ciclo de Vida

Verificar as fontes de financiamento utilizadas pelas

micro e pequenas empresas, além de conhecer suas motivações para adoção das

diferentes fontes

H2.1: O menor nível de escolaridade está associado a maior utilização dos recursos internos.

H2.2: O maior nível de escolaridade está associado a maior utilização dos recursos externos.

H2.3: O menor nível de escolaridade está associado a maior preferência pelos recursos internos (família e pessoal).

Pecking Order

H3.1: O porte menor da empresa está associado a maior preferência pelos recursos internos em detrimento dos recursos externos. H3.2: O porte maior da empresa está associado a maior preferência pelos recursos externos em detrimento dos recursos internos.

Pecking Order

Analisar associações entre as fontes utilizadas e as práticas gerenciais de contabilidade

adotadas.

H4:Há associação positiva entre a utilização de ferramentas contábeis e a obtenção de recursos por meio de dívidas

Teoria da Agência e Teoria do Ciclo de Vida

H5: Há associação negativa entre a utilização de práticas gerenciais de contabilidade e a obtenção de recursos por meio de assistência familiar.

Teoria do Ciclo de Vida

Verificar como as fontes de financiamento explicam a adoção das práticas gerenciais

de contabilidade das micro e pequenas empresas.

H6: As fontes de financiamento estão associadas a diferentes práticas gerenciais de contabilidade.

Teoria do Ciclo de Vida

H7:A utilização de recursos familiares na

gestão auxilia na explicação de uma menor utilização de práticas gerenciais de contabilidade.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção, serão expostos os procedimentos do presente estudo, os métodos utilizados, o detalhamento da coleta dos dados e as especificidades do instrumento de coleta.

3.1 Background da Pesquisa

O universo da presente pesquisa abrange as micro e pequenas empresas do polo de confecções de Pernambuco, especialmente aquelas com característica de processo produtivo (fabricação) e não só de revenda.

A escolha desse cluster está apresentada na motivação deste trabalho (ver item 1.3.1), que ressalta a relevância econômica do polo e as características particulares da região. Soma- se a isso o apoio fornecido por representantes de associações e por grupo de estudantes locais.

A existência do projeto adveio dos resultados encontrados por Araújo (2015), gerando publicação de estudos descritivos sobre o polo de confecções em anais de congressos nacionais e internacionais da área (ARAÚJO ET AL., 2015ᵃ; ARAÚJO ET AL., 2015ᵇ), posteriormente publicados em revistas (Revista da Micro e Pequena Empresa - FACCAMP e.Revista de Micro e Pequenas Empresas e Empreendedorismo da FATEC).

Dos dados obtidos por Araújo (2015), elaborou-se estudo posterior para verificar de forma detida a associação positiva entre variáveis de gestão e a utilização de recursos bancários, como empréstimos. Verificou-se também uma associação negativa entre tais práticas de gestão e a utilização de créditos familiares (ARAÚJO et al., 2016). Um dos pontos abordados no estudo foi a classificação da família como fonte de recursos próprios na gestão, fato que pode influenciar nas justificativas das associações.

A literatura colacionada vem demonstrando que a assistência familiar é comumente tratada como recursos internos (BERGER E UDELL, 1998) em função de não haver predominância dos mecanismos de controles de agência.

O presente estudo, destarte, verifica, de forma qualitativa, as expectativas e restrições impostas pela família na gestão, fornecendo subsídios para classificar tais fontes como internas ou não. O estudo anterior também limitava-se pelo fato de não contemplar aspectos relevantes dos estágios e ciclos de vida, como tempo de existência da empresa e tamanho. De tal modo,

ao avançar no estudo já realizado, a pesquisa responde aos seguintes questionamentos não atendidos por Araújo et al. (2016): Quais teorias se adequam aos dados encontrados? Há um alinhamento com a teoria da pecking order ou com a Teoria do Ciclo de Vida? Amigos, parentes e familiares próximos atendem às características existentes das fontes de capital próprio, como classificado no estudo publicado? A escolha pelas fontes de financiamento é influenciada por tempo de existência da empresa e número de empregados?

O presente estudo possibilita o uso de demais técnicas de análise e o aumento na quantidade das empresas participantes, com maior quantidade de questionários respondidos. Ademais, este estudo tem como característica diferencial a integração de métodos quantitativos e qualitativos para responder à problemática da pesquisa.