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Referentes da reflexão:

 Para o adulto

-Desafios que tive, ao longo do dia, sem a Mara - Dificuldades do meu dia sem a Mara

- O que considerei que foi importante no meu dia sem a Mara

 Para ambos

- Diferenças do dia sem a Mara

 Para a criança

- Importância dos jogos e encaixe - novidade dos novos blocos de encaixe

Nesta décima segunda semana foi, para mim, uma semana diferente e difícil, porque, apesar de ter sido mais pequena, uma vez que na segunda-feira, dia 8 de Dezembro, foi feriado, estive um dia sem a presença da Mara.

Para além de não ter a presença da Mara, durante algum tempo fui a única adulta presente na sala. Isto, levou a que eu fosse outra “Tatiana”, e que as crianças que me respondessem de outra forma. Por exemplo as crianças que tem uma ligação mais forte com a Mara do que comigo, procuram-me muito mais, neste dia sem a Mara, como por exemplo a L. (16 meses), a C.(15 meses). O que fez com que eu tivesse que me dobrar e tentar cariciar e conversar com todos. O meu maior medo foi que crianças como a M. (quase 22 meses) e o R. (16 meses) sentissem uma certa “rejeição” da minha parte, por não lhes podia dar a atenção que daria num dia com a Mara. O que senti foi que a M. nesse dia, teve muitos mais comportamentos agressivos para com as outras crianças, do que eu qualquer outro dia, o que me faz levantar, uma série de questões: Será que está a chamar a minha atenção? Será que foi por ter passado o fim-de-semana com o pai? Será que foi somente por estar de “mau

humor”? Eu penso que isto poderá ter sido por a M. se sentir frustrada por eu estar a dar menos atenção, digo isto porque muitas vezes a frustração leva a agressão. (Bee & Boyd, 2011)

Nesse dia, na parte da manhã, tentei propor, às crianças, brincar na casinha com elas e perguntei se podia entrar, porque acredito que é importante, os cuidadores participarem nas brincadeiras das crianças. «Quem não sabe sorrir, dança r e brincar não deve ensinar» (Muniz, 2012, p.17) Quando me dirigi para a casinha, não estava lá ninguém, mas assim que bati na casinha, as crianças vieram atrás de mim, por exemplo a L.B (13 meses), o R. (16 meses), o I. (23 meses), a L (16 meses) e o A. (20 meses). Durante, o período reduzido que pude estar na casinha, tentei pedir as crianças, dizendo o nome das que estavam mais perto da janela, para abrissem e/ou fechassem a janela, e para o fazer isso mais devagar. «Não existiria, para Vygotsky (1989) um brincar sem regra, pois, mesmo ao brincar de casinha, a criança estaria visualizando dois tipos de regras: a social e a regra construída na brincadeira.» (Zorzo, Silva, & Polenz,2004, p.122)

A verdade, é muitas das crianças, não precisavam de ouvir “abrir ou fechar” para o fazer, por exemplo o A. (20 meses) assim que se aproximou da casinha começou a abrir e a fechar a janela. «Para uma criança muito pequena, a presença de um objeto determina o que ela deve fazer: assim a porta solícita eu ela a abra ou feche; (…)» (Coria-Sabini & Lucena, 2004, p.35) assim como uma janela.

Como durante a minha proposta, fiquei sozinha a meio desta, acabei por decidir sair de dentro da casinha porque acho que o mais importante é a segurança das crianças, «As creches (…) vêm (…) assumir este papel: o de proporcionar às crianças condições de segurança (…)» (Veiga, 2005, p. 179) Como, estar dentro da casa não me permitia conseguir visualizar toda a sala, acabei por ficar perto da zona do rádio.

Este foi, um dos desafios, que tive, durante este dia, vigiar o grupo todo, como um só e ao mesmo tempo conseguir dar apoio a todos, de forma individualizada, o que foi mais desgastaste para mim, para por outro lado, mais gratificante, pois consegui gerir o grupo de forma a não existir acidentes, para além disso conheci muito mais as crianças, por exemplo brinquei com o A. (20 meses), com uma bola, comuniquei mais com ele, e descobri que a C. (15meses) quando cai se eu sorrir, em vez de ir logo a correr aflita, ela ri-se também, e levanta-se sozinha.

Este dia, principalmente o tempo em que estive sozinha, fez me refletir: Como é que uma educadora faz quando fica sozinha? Quais as estratégias que, as educadoras, usam para gerir um grupo de 12 crianças sozinhas? O que poderia acontecer ,

de grave, se eu tivesse que ir mudar uma fralda? Em que momentos podia-me ausentar para ir mudar uma fralda?

O que achei que foi mais positivo para mim, deste dia sem a Mara, foi ver alterações na minha relação com as crianças, que não interajo tanto, como por exemplo a L., que no dia seguinte assim que me viu, “fugiu” dos braços do pai, e esboçou um sorriso tão gratificante, ao ponto do pai lhe chamar, num tom de brincadeira “ que traidora”. Aquele sorriso, foi o melhor presente que a L. me podia ter dado. «O poder do sorriso é grande, e saber sorrir é algo muito importante. Antoine de Saint- Exupéry diz: “No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoas para ele.”» ( Muniz, 2012, p. 22)

No dia seguinte, a educadora proporcionou, as crianças, a oportunidade de brincar com blocos de encaixar, que não estão dentro da sala, para as crianças aqueles blocos eram uma novidade. «Manipulando esses brinquedos, a criança aprende a reconhecer suas formas, cores e tamanhos. Por meios deles, desenvolve a coordenação motora e o raciocínio. (…) As crianças ficam fascinadas ao descobrir o que encaixa onde.» (Zatz & Halaban, 2006, p.45)

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Para além, das crianças ficarem fascinas ao descobrir como se encaixavam, ficaram fascinadas, com a novidade das peças novas, pelo facto de a construção ficar maior, por isso, por exemplo o T. (16 meses) verificava sempre se a construção caia ou não, dando um pontapé nela, distribuía aquelas peças por outros cantos da sala, tentava chuta-las, mandava-as ao ar, no fundo, testava-as, na verdade, ele não as conhecia, e observar o que T. estava a fazer, para mim, era fascinante, pois percebo que « Os olhos das crianças gozam da capacidade de ter o “pasmo essencial” do recém-nascido que abre seus olhos pela primeira vez. A cada momento eles se sentem nascidos de novo para a eterna novidade do mundo.» (Alves,2003, p.107), este mesmo autor (Alves), em 2002, disse «Tudo [para a criança] é motivo de espanto. (…) tudo é novidade, surpresa, provocação à curiosidade. (…) não era necessário nenhum artifício de motivação. (…) Tudo provocava a fome dos seus olhos.», (p.83). Os blocos que apesar de ter a mesma funcionalidade que os legos, despertam a curiosidade nas crianças, enquanto que para o adult o, olha só para o facto de terem funcionalidades idênticas, a criança vê logo à primeira vista que são diferentes, que tem textura diferente, tamanhos diferentes, som diferente, logo a criança tem que os testar, porque elas não sabem que tem a mesma funcionalidade, é a primeira vez que vem o mundo (Alves,2002).

Posteriormente eu propôs, às crianças, que me ajudassem a arrumar, e elas estavam tão fascinadas com os nossos blocos, que, senti, que em geral, as crianças não associa vam aqueles blocos as bacias, uma vez que as bacias nunca tiveram lá dentro aqueles blocos. Por exemplo a M. (22 meses) e o I (23 meses) costumam-me ajudar com as bacias, e não ajudaram. E o facto de estarem estes novos blocos na sala, fez-me pensar: Até que ponto, o facto os blocos grandes e novos, contribuíram para

que as crianças não quisessem arrumar? Que impacto é que um brinquedo novo, e que nunca esteve na sala, tem na arrumação da sala? Será que elas também ficaram, desorientadas, como eu, sem saber onde arrumar, os blocos novos? Por outro

lado, existiram crianças, que não fizeram distinção entre os blocos novos e os legos habituais, foi o caso do T. (16 meses), que tanto colocou os blocos novos na bacia como os legos habituais.

Em conclusão, foi uma semana diferente, mais pequena, e com novos desafios, como por exemplo, estagiar sem a Mara, para além disso, tivemos um feriado, logo, foi menos um dia passado com as crianças, o que fez com que sentisse que foi pouco, por outro lado foi cansativo porque estive sozinha mas ao mesmo tempo passou “num instante”.

Bibliografia:

Alves, R. (2002). Por uma educação romântica. Campinas: Papirus.

Alves, R. (2003). Na morada das palavras. Campinas: Papirus.

Bee, H., & Boyd, D. (2011). A Criança em Desenvolvimento, (12.ªEd.). Brasil: artmed.

Coria-Sabini, & Lucena. (2004). Jogos E Brincadeiras Na Educação Infantil. Brasil: Papirus.

Muniz, I. (2012). A neurociência e as emoções do ato de aprender : quem não sabe sorrir, dançar e brincar não deve ensinar. Italuna: Via Litterarum.

Veiga, M. M. (2005). Creches e políticas sociais. Belo Horizonte: FUMEC.

Zatz, S., Zatz, A., & Halaban, S. (2006). Brinca comigo!: tudo sobre brincar e os brinquedos. São Paulo: Marco Zero.

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