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Reflexão 6 – Contexto Creche semana 27-29 /10/2014

Objetivos a refletir:

- O imaginário das crianças (o poder dos fantoches)

- A importância do audiovisual

- A lavagem das mãos de M.

- A adaptação à creche do T.

Nesta sexta semana, foi a minha vez de planificar e intervir com auxílio da Mara.Foram proporcionadas diversas atividades lúdico-pedagógicas, nomeadamente uma representação com fantoches/bonecos. Eram fantoches felpudos, um macaco e uma boneca. O mais usado foi o macaco, até porque as crianças interagiram mais com ele, mostraram mais curiosidade na presença dele, tentaram-lhe tocar, enquanto à boneca não. Talvez porque as crianças têm quase sempre carinho pelos animais (Saudeanimal, s.d, s.p.). A verdade é que nenhuma criança ficou indiferente à presença de um macaco falante na sala.

Quase todas as crianças mostraram-se fascinadas com a atividade, por exemplo o R. (15 meses) e o I. (22meses) tentaram mexer no macaco, sorriram durante toda a atividade, enquanto a C. (15 meses) fugia do macaco mas sorria, depois quando o macaco não ia ter com ela, vinha ela ter com ele. Segundo Abasto (2010) as crianças acham fascinante ver um adulto a emprestar o seu corpo e a sua voz para dar vida a uma personagem.

O A. (20 meses) foi a criança que menos gostou do macaco. Em atividades livres, eu fui buscar o macaco para brincar na casinh a, enquanto a M. (21 meses) disse “sim” quando perguntei se o macaco podia entrar, o A. empurrou-o para fora. A criança que mais me surpreendeu foi a L.B. (12 meses) porque ela, normalmente, reage mal à presença de estranhos, no entant o sorriu para o macaco e não chorou. «Os bonecos constituem um poderoso estímulo para o desenvolvimento da linguagem nas crianças pequenas, afinal, elas sempre demonstrarão interesse na audição de histórias contadas pelos amigos bon ecos (…)» (Abasto, 2010, s.p)

Outra reação surpreendente foi a da M. (21 meses) que, durante a atividade livre, num momento em que eu fui buscar o macaco Barnabé para brincar com as crianças, ela pegou num urso de peluche e virou a cara do urso para a frente, e não para ela, começou a manuseá-lo, a abanar de um lado para o outro, e a fazer sons indefinidos, e foi em direção às outras crianças. «Observa-se que nas mãos da criança, o boneco deixa de ser um objeto e torna-se alguém, cria vida, tem um papel e uma identidade, os quais ela pode experimentar através do objeto-boneco» (Abasto, 2010, s.p). A M. acabou por desistir ao fim de pouco tempo, mas, eu senti-me contente e realizada, esta atitude prova que esta criança está prestes a entrar no estádio pré-operatório de Piaget, e a iniciar o jogo simbólico. «O estágio pré-operatório é denominado pelo autor como a fase em que surgem as condutas de representação ou manifestações da função simbólica» ( Freitas ,2010,.p.146).

Também em atividade livres, aconteceu outra situação idêntica mas com o A. (20meses). Durante a manhã, eu agarrei numa peça de encaixe redonda, e coloquei na cabeça do macaco Barnabé, e coloquei outra na minha cabeça, outra na cabeça do A. e ainda outra na cabeça da M. dizendo-lhes que era um chapéu e que todos tínhamos um, eles riram-se e passearam pela sala com a peça ora na cabeça ora na mão. O Que me surpreendeu foi o facto de na parte da tarde, o A. dirigir-se na minha direção com duas peças de encaixe e colocou uma na minha cabeça e outra deu-ma para a mão, depois dialoguei com ele, e coloquei-lhe a peça na cabeça, ele sorriu-me e afastou-se, agarrando a peça na cabeça.

Durante esta semana, também foi proporcionada a visualização de um vídeo animado em que consistia numa dança feita por macacos animados, o nosso objetivo era que as crianças visionassem e depois nos vissem a imitar os macacos e também imitassem, no entanto, e apesar de todos os esforços, as crianças “não nos ligaram nenhuma” ficaram paradas, algumas de pé tentando agarrar o computador, e sempre a pedirem através de gestos, para colocarmos o vídeo de novo. Elas visionaram o vídeo mais de 5 vezes. Algumas visionaram mais vezes do que outras, exemplo C. (15 meses), M. (21meses), R. (15 meses) e o I. (22 meses), as crianças que ligaram menos foram a L.B. (12 meses) e o A. (20meses). «Atualmente, a criança convive frequentemente com a linguagem audiovisual, (…) Entendemos que se trata de uma modalidade de comunicação que vem ganhando força no cotid iano infantil, em que a criança passa a ter contato com novos signos, códigos e valores, que podem influenciar o seu desenvolvimento em diversos aspectos: estético, cognitivo, social e psicológico (…) (Locatelli & Rosa, 2013, p. 160).

Uma vez que as crianças apreciam vídeos e já fazem parte do seu quotidiano, poderei proporcionar diferentes atividades, usand o o computador, como por exemplo mostrar animais, uma vez que as crianças gostam muito de animais, para cantar uma canção, fazer jogos interativos, onde a criança pode carregar em qualquer tecla e com isso desenvolver a motricidade18 entre outras situações. «(…) não é possível ignorar as possibilidades de se utilizar esta linguagem e aqui destacamos o uso de

18Exemplos de dois sites com jogos para bebés : http://www.jogosgratisparacriancas.com/jogos_bebes_criancas/12_jogar_boris.php ou http://www.acorujaboo.com/jogos-educativos/jogos-educativos-animaizinhos/jogos-educativos.php

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filmes como instrumento educativo (…) pois ele traz “possibilidades infinitas, no sentido de promover a contemplação de valores, a partir dos pontos de vista político, estético e ético” (SILVA, 2007, p. 53), tendo em vista que essa linguagem carrega a perspectiva de uma aprendizagem lúdica, em que a aquisição do conhecimento para a criança pode ocorrer de uma forma prazerosa e significativa, por isso duradoura» Locatelli & Rosa, 2013, p. 160)

A última atividade planeada, consistia em ir ao refeitório ver amassar o bolinho. As crianças eram poucas, pois nesta semana tiveram três crianças doentes ( Mc., K. e E.) , uma delas foi de férias ( L. ) e a L.B e a C. ainda não tinham chegado., ou seja tivemos na sala apenas, quatro crianças, por isso mesmo, a atividade foi muito personalizada e executada de forma individual. Eu fiquei responsável, pela M. (21meses). Não é habito as crianças lavarem as mãos na casa de banho do refeitório, porque normalmente vão em grande grupo, no entanto, como só tinha uma comigo, levei-a até lá para lavar as mãos. «(…) é importante que os adultos deem o exemplo e mostrem a importância do hábito de higiene.» (Golini, 2012, s.p) expliquei- lhe como fazê-lo, ajudei-a a entrelaçar os dedos e mostrei-lhe como fazer, lavando as minhas ao lado dela, as crianças gostam muito de imitar os adultos, então, para que elas adquiram esse hábito, o adulto deve mostrar como fazê-lo. (Goline, 2012). A M. mostrou satisfação ao fazê-lo, dirigiu-se diversas vezes à casa de banho do refeitório.

Nesse dia, recebemos uma criança nova, o T. (16 meses). A criança não chorou ao separara-se da mãe, o que não significa que não tenha ficado triste «(…) a criança pode não chorar e no entanto ficar triste. Enquanto chorar é um comportamento activo de protesto e de demonstração de desagrado, ficar triste é um comportamento passivo e mais resignado.» (Coutinho, 2010,p.37)

Por isso mesmo, a Educadora permaneceu alerta, apesar de já ter estado algumas vezes, mas por períodos curtos, na creche não o introduziu em algumas das rotinas, por exemplo não usou o bacio, nem foi forçado a dormir na hora da sesta tanto tempo como as outras crianças. Segundo Coutinho (2010), «Spodek & Naracho (1998) defendem que os educadores devem responder às necessidades das crianças e realizar actividades que as beneficiem educacionalmente. Devem ter a sensibilidade de optar sempre pelo mais adequado para um certo grupo de crianças numa situação específica e ser educador numa Creche requer uma significativa preocupação pelo bem estar físico da criança devido às características típicas da idade.»(Coutinho, 2010, p.39). Por exemplo o A. quando chegou pela primeira vez, participou, logo, em todas as rotinas exceto as atividades-pedagógicas, porque todas as crianças são diferentes.

Referências bibliográficas:

Abasto M. (2010), Teatro de bonecos: um gênero teatral que inclui educação, acedido a Outubro 31, 2014 em http://www.webartigos.com/artigos/teatro-de-bonecos-um-genero-teatral-que-inclui-educacao/33706/

Coutinho S. (2010), A Adaptação em Creche, Dissertação de mestrado, Universidade do Algarve- Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Algarve, Portugal, acedido a Outubro 31, 2014 em

https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/3162/1/A%20Adapta%C3%A7%C3%A3o%20em%20Creche.pdf

Freitas M., (2010), A evolução do jogo simbólico na criança, 15 (3), Ciências & Cognição, 1806-5821, p. 145-163, acedido a Novembro 1, 2014 em http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/viewFile/343/240

Golini P., (2012), Hora de lavar as mãos, acedido a Outubro 31, 2014 em http://bebe.abril.com.br/materia/hora-de-lavar-as-maos

Locatelli A & Rosa C (2013)A linguagem audiovisual em foco: a experiência do cineclubinho uftoca, Em Extensão, 12(2), p. 158-167

SAUDE ANIMAL (s.d), O Melhor Amigo Para Seu Filho, SaudeAnimal , acedido em Novembro 1, 2014 em http://www.saudeanimal.com.br/melhor_amigo.htm

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