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Objetivos a refletir:

 Integração sensorial na atividade da castanha

 Os cuidados que tivemos durante as atividades nesta semana, que não tivemos na semana anterior

 A adquisição da fala do I, A e M

 Os primeiros passos do MC.

As atividades pedagógicas que recorreram durante a semana de 20 a 22 de Outubro foram planeadas pela Mara, com o meu auxílio. Mexer em castanhas cruas e provar castanhas cozidas foi uma das atividades

proporcionadas às crianças. Esta atividade oferece-lhes, a possibilidade de estimularem a perceção sensorial, uma vez que, como Gerling (s.d) referiu o processo de aprendizagem inicia-se pela perceção sensorial de

um estímulo.As crianças foram estimuladas a mexer nas castanhas pois, como o grupo PUC-Rio (s.d) refere, as experiências que envolvam o tato são muito importantes, pois para além de desenvolver a sua sensibilidade

tátil, as habilidades motoras e a compreensão do mundo físico, contribuem para a sua saúde e bem-estar emocional.

Para além do tato, outros sistemas sensoriais foram estimulados durante esta atividade. Foi o caso do olfato, da visão e da audição. «As sensações são fluxo de impulsos electricos que devem ser integrados para que

façam sentido. Quando se olha para uma laranja o cérebro integra as sensações dos olhos para que se tenha a experiencia de cor e forma. Quando se toca a laranja, as sensações dos dedos e das mãos são integradas para

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que se tenha conhecimento de sua rigidez externa e unidade interna. Da mesma forma, o cheiro cítrico da laranja só pode ser percebido através da integração das sensações do nariz. Quando se come a laranja é preciso

enxerga-la, escutar o barulho dela sendo descascada, sentido seu gosto, sentido sua textura e, além disso, é preciso saber a posição exata das mãos, a abertura correta da boca, a força da mordida e a intensidade ideal do

movimento de aproximar a cabeça à mão. Se não fosse pela integração sensorial a experiência não seria percebida como um todo.» (PUC-rio,s.d, p. 28/29). Esta afirmação remete para a importância de termos descascado

a castanha à frente da criança, de ter deixado a criança mexer com e sem casca, de a termos deixado levar à boca, proporcionando uma integração sensorial essencial para que a criança conheça a castanha.

É importante referir, que nós não obrigámos ninguém a provar a castanha, embora tivéssemos proposto às crianças para que esta provassem. Sendo que não obrigar a criança a comer é uma das normas de conduta do

educador perante a alimentação das crianças, nomeada pela Lehnert et al. (2010). Por isso mesmo, o A., por exemplo, não provou a castanha, o que o não significa que numa próxima vez não prove.

Durante esta semana fizemos as atividades de forma diferente do que tínhamos feito na semana passada. Por exemplo, durante a atividade das castanhas eu e a Mara sentamo-nos com elas na mesa, em vez de estarmos

em pé. Isto permitiu que observássemos com mais atenção as crianças, percebêssemos as diferenças de cada uma delas, e as diferentes interações com as castanhas.

Na atividade das sacas, enquanto a Mara auxiliava as crianças na carimbagem das castanhas, eu levava as outras crianças (uma a uma) para observarem como é que a outra estava a carimbar, uma vez que as crianças

nesta faixa etária aprendem muito através da imitação (Matwijszyn, 2003).

Isto acontece também na adquisição da fala, «A imitação também é uma forma muito influente na aprendizagem da fala, já que as crianças aprendem muitas palavras através da imitação da fala de outras pessoas (…)»

(Araújo e Rodrigues, 2007, p. 2) É muito comum ver crianças a repetir as palavras do adulto ou de outras crianças. (Araújo & Rodrigues, 2007). A M., durante esta semana disse “quero pão” em vez de dizer apenas

“pão”.

Pode ter sidopor imitação, uma vez que o A. diz “quero pão”, mas também pode ter sido pelo reforço negativo, uma vez que dizemos à M. só te damos o pão se disseres “quero”, como o A. diz. «O reforço negativo é

um estímulo que prevê consequências não desejadas pelo indivíduo. Este tipo de reforço pretende enfraquecer um comportamento em proveito de outro, retirando um estímulo agradável. O estímulo negativo é devolvido

após a obtenção da resposta pretendida.» (Inácio, 200, p. 6) ou pode ter sido por ver o reforço positivo dado ao A. (19 meses) quando ele diz “quero pão”, batemos palmas. Um reforço positivo é «(..) uma consequência

(feedback) agradável de um determinado comportamento do indivíduo, pelo que o reforço positivo funciona como um mecanismo para manter e fortalecer esse comportamento.» (Inácio, 2007, p. 6).

O facto é que quando a M. (20 meses) disse “quero”, pela primeira vez, eu bati palmas e mostrei-me contente, sempre que ela dizia “quero pão”, e isso levou-a a dizer “quero pão” mesmo fora de contexto, ia ao meu

encontro, dizia “quero pão” com um sorriso, à espera que eu batesse palmas, por norma, fazia-o quando estava a dar atenção a outras crianças. Normalmente, perante esta situação eu bato palmas, e ela sorri e vai fazer

outra atividade. “Nessa fase a criança precisa ser mimada mesmo para construir bem o auto-estima. Ela necessita do olhar de admiração, (…) para se sentir segura e amada» (Crescer, 2014, s.p)

O I., (21 meses) apesar de lhe dizermos várias vezes, por exemplo, “diz água I.”, “ assim á-gu-a”, ele aponta apenas para a garrafa, ficando irritado se não lhe dermos a garrafa. No entanto, já diz bastantes nomes

próprios. «A partir de um ano de idade, a criança começa a utilizar palavras isoladas, que depois vão sendo cada vez mais articuladas e conjugadas, até cerca dos seis anos, (…) Não basta apenas fingir que não entende

o que a criança deseja quando ela aponta para algo, para força-la a comunicar por palavras. Apesar de poder ajudar, (…) é preciso criar situações lúdicas que favoreçam o desenvolvimento do seu pensamento, pois é

necessário pensar para responder. » (Batista,s.d, 45-46) percebi que não é só por fingir que não sei o que ele quer que ele vai começar a dizer as palavras, e que, em momentos em que ele não está ansioso, ou seja em

momentos de brincadeira, ele diz algumas palavras, que é o caso dos nomes próprios.

Para além dos progressos na adquisição da linguagem, também existiram evidências no desenvolvimento motor de algumas crianças. Por exemplo o MC. (13 meses) deu cerca de três passinhos sozinho. A E. (14 meses)

caminhou segurada apenas a uma mão e já está a ganhar mais equilíbrio. E a C. (14 meses), que começou andar à cerca de um mês e meio e que costumava cair com facilidade, não tem caído tantas vezes. «entre 11 e

12 meses, a criança pode se deslocar de pé com ajuda, segurando-se com uma mão. Entre 12 e 14 meses, ela entra no período de marcha. É condição indispensável para a marcha o equilíbrio geral, (… ) Uma criança

começa a andar quando já consegue dominar o seu corpo.» (Pereira & Cols.,2008, P. 69-70)

Nós, adultos presentes na sala das colmeias, preocupam-nos em dar afetos a todas as crianças. Por vezes, as crianças mostram-se mais carentes do que o normal, por exemplo há dias em que a L. não pede colo, e outros

dias em que o único consolo é o colo. Também há crianças mais carentes que outras, o I. por exemplo nunca nega um carinho, pede constantemente colo, enquanto o K. e o R. só pedem em caso de aflição, como por

exemplo após uma queda, e não se aproximam com facilidade de adultos. «Saliente-se que educar implica afectividade (…)» (Nunes,2007, p. 272) «(…) as crianças que recebem toque carinhoso têm o seu

desenvolvimento mais pleno que os outros bebés privados deste contacto afetuoso. O toque, propriamente dito, deve ser suave e agradável significando assim carinho e amor» (Costa, 2006, p.43)

Referências bibliográficas

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M.

&

Rodrugues

M.

,

(2007),

O

que

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nas

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