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Temas:

- Dermatite das fraudas

-Vinculação insegura de A. com a mãe - Controlo esfincteriano

- Aprendizagem por imitação

Esta semana foi uma semana cheia de surpresas e novas aprendizagens por parte não só das crianças mas também aprendizagens pessoais. A L. chegou à creche na segunda-feira com uma dermatite irritativa na zona da fralda, que não apresentava na sexta-feira antes, segundo a AAE.30 e a educadora. A dermatite irritativa é o tipo de dermatite da área das fraldas mais frequente, normalmente o pico de prevalência é entre o 7.º e 12.º mês. ( Fiadeiro, Girão & Godinho, 1999).Sendo que a L. têm

11ºmeses. A dermatite irritativa, geralmente acontece devido a «uma perda da integridade do revestimento cutânico, causada pelo aumento local da temperatura, à humidade e à fricção que a oclusão pela fralda proporciona. A maceração e fricção contínuas, inerentes ao uso das fraldas, são (…) considerados como os principais factores predisponentes para o desenvolvimento de uma dermatite irritativa. Secundariamente, as enzimas proteolíticas e lipolíticas fecais actuariam como irritantes locais sobre uma superfície cutânea em que a função de barreira estaria comprometida e, particularmente de uma forma mais marcada, se o ph local for elevado. » (Fiadeiro, Girão & Godinho, pág. 409-410) No caso da L. poderá ter sido uma alimentação diferente da que está habituada ou a um número reduzido de execução de higiene.

Sendo assim, esta semana, tivemos que ter um cuidado especial a mudar a fralda da L. Higiene diária. «A higiene da área da fralda com água morna e algodão, sem recorrer a sabonetes, é suficiente na limpeza diária. Quando são utilizados sabões suaves, estes não deverão ser aplicados mais do que 2 vezes por dia. Apesar dos toalhetes de limpeza serem práticos e libertarem um cheiro agradável, não são recomendados pela maioria dos autores. Após cada muda de fralda, deverá ser aplicada uma pasta protectora ou um emoliente. As pastas são constituídas pela mistura de pós ( ex: óxido de zinco, amido, dióxido de titânio) com gorduras (ex: vaselina e parafina ). Aderem bem à pele, têm boa capacidade de absorção e reduzem a maceração […] Se uma dermatite não melhora após higiene adequada e aplicação de cremes barreira, poder-se-á adicionar um creme com acção anti-candida ( ex: nistatina ou imidazol).» (Rocha & Selores, 2004, pág 213) assim para a execução da higiene da L. deixamos de usar toalhetes, uma vez que contém álcool e perfume e pode aumentar a irritação da pele, em vez disso usamos panos húmidos, e suaves, sem recorrer a sabonetes, e colocamos uma pomada protetora rica em oxido de zinco e vaselina (pomada Mitosyl).

Para além da novidade da dermatite irritativa na zona da fralda da L., foi o primeiro dia do A. na creche. O A. tem 19 meses e teve uma adaptação rápida à sala das colmeia s. A mãe diz que ele em casa se auto agride (bate com a cabeça no chão de forma propositada, vezes seguidas). Nenhuma de nós, adultas, presentes na sala das colmeias, observamos o A. a auto agredir-se durante esta primeira semana dele na creche. A mãe também chamou a atenção para o facto de o A. não gostar de comer sopa. Mas a verdade é que o A. comeu sempre toda a porção de sopa que lhe foi colocada no prato. O A. à chegada da mãe mostrava-se contente mas confuso. Quando chega a creche também parece confuso. Chora um bocadinho após a ausência mas não se mostra indignado com a mãe quando ela ainda está presente.

Penso que, por esses motivos, poderemos estar perante uma situação de vinculação insegura (resistente). «A criança resistente exagera a manifestação dos seus sentimentos -em particular os negativos- para obter a atenção do adulto usando, potencialmente, dois tipos de coerção: a vitimização ou a agressão. No primeiro caso, a mostra-se carente, dependente ou vulnerável. No segundo, é punitiva, difícil e ambivalente. Estes comportamentos visam atrair a atenção do adulto e levá-lo a satisfazer as suas necessidades.» (Fuertes, 2012,pág 32/33) a mãe do A. classificou como “normal” o comportamento de autoagressão na presença dela. «O grupo C3 – integrando os indivíduos denominados de punitivos- (…) Algumas destas crianças chegam mesmo a utilizar a auto-agressão para provocar da reacção do adulto.» (Fuertes, 2012, pág 41), durante o período em que A. permaneceu na creche, não foi visionado nenhum episódio de autoagressão, o que significa que poderá ser uma maneira de ele chamar a atenção da progenitora. «A criança resistente adota uma estratégia que consiste em usar comportamentos de coerção para provocar a permanente disponibilidade do prestador de cuidados.» (Fuertes, 2012, pág 32) como por exemplo ele pode não querer comer a sopa quando está na presença da progenitora como forma de chamar a atenção. Posto isto pretendo continuar a observar e a registar os comportamentos do A. perante a presença da mãe, para dessa forma perceber se é realmente um caso de vinculação insegura e de que tipo.

Por falar em segunda-feira, primeiros dias e em fraldas, a mãe do K. (18 meses) logo no primeiro dia desta semana deixou recado que queria que o seu filho andasse sem frald as, ou seja que se iniciasse o controlo esfincteriano, «[…]preocupações dos pais em relação a seus filhos influenciam o ritmo de desenvolvimento da criança e seu comportamento; […] expectativas reais e adequadas estão associadas com interações positivas entre pais e criança e facilitam o desenvolvimento infantil. No entanto, expetativas irreais podem ter consequências adversas (frustrações, punições […]) » (Barros e Mota,2008, pág 11) ele ainda nunca tinha urinado no bacio na hora da higiene antes de ir pa ra a sesta, seria de esperar que não tivesse preparado para tal, mas tentámos, como a mãe tinha pedido, e andou sempre sem fralda, urinou com as calças vestidas bastantes vezes e rara foi a vez que urinou no bacio «(…) muitas crianças são forçadas a realizar uma aprendizagem quando não apresentam condições biológicas para tal, […] Considera-se um treinamento precoce quando o treinamento esfincteriano é iniciado sem a presença das habilidades necessárias para tal controle […] O inicio precoce do treinamento esfincteriano pode influenciar negativamente na aquisição do controle esfincteriano, principalmente quando um treinamento anterior sem sucesso foi tentado, frustrando os pais e a criança» (Barros & Mota, 2008, pág. 11/12). Chegada a quarta-feira a mãe de K. pediu para voltarmos a colocar fraldas, por achar que afinal ainda era muito cedo. Apesar de o período indicado para a execução do controlo esfincteriano ser entre os 18 meses e os 36 meses. (Barros & Mota, 2008) e o K. já ter 18 meses ainda não estava suficientemente desenvolvido para tal.

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Outra situação que me pareceu interessante foi o facto de que as crianças começam a imitar-me com muito mais frequência, tanto nas coreografias que faço para as musicas como situações do dia-a-dia. «As crianças moldam o seu comportamento em função de três factores: o prémio ou o castigo depois da acção; e o que acontece antes da acção: os “estímulos discriminativos” e os modelos que a criança tem para imitar» (Nunes, 2007, pág.270)

Por exemplo a M.(20 meses) começou a dar beijinhos nas crianças mais novas quando eu estou a brincar com alguma dessas crianças, dá beijinhos quando a chama-mos à atenção “aleijas-te o bebé, M.” para além disso sempre que dá beijinhos a uma criança mais pequena diz “oh, bebé”. Começou a tentar levantar o MC. (12 mês) do chão, porque ainda não anda e a agarrar-lhe na mão para o ajudar a andar. Para além disso sempre que quer a minha atenção o jogo das emoções que eu inventei, que consiste em tapar a cara e perguntar «como é que está a tatiana, hoje?», depois mostrar a minha cara ora de contente, ora de triste, ora a chorar, ora assustada. A M. começou a tapar a cara dela, e sempre que ela o faz eu pergunto como é que ela está hoje, e ela mostrava-me sempre um sorriso, mas nesta semana começou a fazer diferentes expressões como o beicinho por exemplo.

No entanto não é só a M. que me imita, a L. com apenas 11 meses, também já começou a imitar nas coreografias das músicas, por exemplo a bater com as mãos nas pernas ou então quando eu digo “ai o que é que tu fizeste” e meto as mãos na cabeça ela também põe. « Sprinthall A. N. e Sprinthall, C. R. definem a aprendizagem socia l, como tudo aquilo que o individuo aprende através da imitação social, no decorrer das relações inter-pessoais. O individuo pode aprender ou modificar o comportamento, em virtude, da resposta dos outros indivíduos. […] Bandura não exclui completamente o reforço, na medida, que o modelo a imitar é sempre uma pessoa significativa na vida da criança […] as pessoas mais importantes nas aprendizagens de uma criança são inicialmente as figuras parentais, seguido dos educadores e professores, aos quais cabe a ta refa de reforçar, estimular o comportamento da criança […]»(Diogo S., Vieira A. & Vila C., 2008, pág5) o que significa que já sou um modelo para as crianças desta sala, e pretendo estimular cada vez mais aprendizagem das crianças através da imitação.

Referências bibliográficas:

Diogo S., Vieira A. & Vila C. (2008) Aprendizagem. O portal dos psicólogos

Fiadeiro, Girão & Godinho, (1999). Dermatite das Fraldas, Acta Pediátrica. Port.; N.° 5; Vol. 30: 409-12

Fuertes, M. (2012). Vários olhares sobre as diferenças na vinculação e contributos para a intervenção precoce. Da Investigação às Práticas, II (1). 23-50.

Barros D. & Mota A. (2008). Controle esfincteriano - Treinamento esfincteriano: métodos, expectativas dos pais e morbidades associadas Jornal de Pediatria 84(1)

NUNES M., (2007) A importância dos afectos, Theologica, 2.ª Série, 42(2)

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