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Juliana Iorio ∗

3.2 Regi˜ ao Metropolitana do Rio de Janeiro

A Regi˜ao Metropolitana do Rio de Janeiro, tamb´em conhecida comoGrande

Rio, possui 12.603,939 habitantes e ´e a segunda maior ´area metropolitana do

Brasil (com 5.292,139 km2).

A cidade do Rio de Janeiro ´e a capital do estado e, segundo estimativa popu- lacional do IBGE em 2011, possu´ıa 6 355 949 habitantes. Ainda de acordo com o IBGE, em 2009 possu´ıa o maior PIB do Brasil (R$ 175.739.349.000). O seu IDH, referente ao ano de 2000, foi considerado elevado pelo Programa das

Na¸c˜oes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): 0,842 e, na educa¸c˜ao, o seu ´ındice foi de 0,933 (muito elevado), quando comparado com o resto do Brasil (0,849). Contemplada por um grande n´umero de universidades e institutos, ´e o segundo maior polo de pesquisa e desenvolvimento do pa´ıs, respons´avel por 17% da produ¸c˜ao cient´ıfica nacional.

Entre os territ´orios selecionados pelo projeto THEMIS, tamb´em est´a a mi- crorregi˜ao de Governador Valadares e ´areas adjacentes, em Minas Gerais, que n˜ao entrar´a neste artigo pois, em nossa amostra, n˜ao houve nenhum retornado deste territ´orio que tenha emigrado para Portugal ou Reino Unido para estudar. Deste modo, observando as caracter´ısticas das regi˜oes metropolitanas de Campinas e Rio de Janeiro come¸camos a compreender porque tantos estudantes provenientes desses munic´ıpios decidem emigrar com o intuito de estudar. O PIB de ambas as cidades ´e considerado elevado no Brasil e ambas s˜ao consideradas polos de pesquisa e desenvolvimento, sendo respons´aveis por boa percentagem da produ¸c˜ao cient´ıfica nacional.

No estudo Por uma vida melhor: brasileiros e brasileiras em Londres,

2010, (GEB,2011, p. 9) apesar da amostra revelar que os brasileiros inquiri-

dos eram provenientes de 20 das 27 unidades federativas do Brasil, o estado de S˜ao Paulo destacou-se com a maior parcela da mostragem (32,7%) e o estado do Rio de Janeiro contribuiu com uma parcela consideradaimportantepara

este estudo, de 7,8%. Ainda neste estudo (2011:10), ´e interessante observar que

quase trˆes quartos dos pesquisados (73%) cursaram o ensino superior, sendo

de 53% a parcela dos que conclu´ıram o curso de gradua¸c˜ao.

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Metodologia

A metodologia utilizada pelo THEMIS constituiu-se na realiza¸c˜ao de entrevistas semiestruturadas a migrantes retornados e familiares de migrantes que vivem nos territ´orios que foram selecionados, e tiveram ou tˆem como pa´ıses de mi- gra¸c˜ao os pa´ıses respons´aveis por este projeto (Portugal, Reino Unido, Pa´ıses Baixos e Noruega).

Os inquiridos foram selecionados atrav´es do m´etodo de amostragembola-

-de-nevee um gui˜ao foi utilizado para estruturar as entrevistas.

Ap´os a transcri¸c˜ao de todas as entrevistas foi criado umcodebooke, ap´os

terem sido anonimizadas, as mesmas foram codificadas atrav´es de um Programa chamado NVivo.

Neste artigo, iremos analisar apenas os c´odigos que julgamos serem os mais pertinentes para entendermos o perfil dos estudantes brasileiros que migraram para Portugal e Reino Unido, as motiva¸c˜oes dos estudantes brasileiros para a mobilidade internacional e o seu posterior retorno.

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As motiva¸c˜oes dos estudantes brasileiros

A migra¸c˜ao estudantil pode possuir motiva¸c˜oes de car´acter individual; ser um gesto de escape, uma aventura, um rito de passagem, a parte de um sonho de realiza¸c˜ao pessoal (King, 2002) e pode ter em acr´escimo a tradicional mo- tiva¸c˜ao econ´omica do trabalho. Para al´em disso, a mobilidade internacional de estudantes tem aparecido na agenda pol´ıtica atual de algumas economias emergentes, onde os governos, motivados por raz˜oes econˆomicas e estrat´egicas, tˆem procurado desenvolver pol´ıticas de incentivo neste sentido. Este ´e o caso da China, ´India, Jap˜ao e Cor´eia do Sul, e mais recentemente do Brasil. Por isso, observa-se um aumento cont´ınuo das despesas globais em educa¸c˜ao por

parte dos poderes p´ublicos e tamb´em das empresas e pessoas(Zamberlam et

al.,2009, p. 36).

Em nossa amostra, uma das motiva¸c˜oes mais referidas foi a perce¸c˜ao de que hoje se vive no Brasil uma situa¸c˜ao socioecon´omica e pol´ıtica favor´avel:

. . . com a nossa economia fervilhando e... est´a muito mais f´acil pra

vocˆe viajar pra fora. Mirtes – Lisboa – 2010.

No entanto, tamb´em foi salientado que n˜ao podemos esquecer as diferen¸cas socioecon´omicas encontradas entre as diversas regi˜oes brasileiras de origem, re- velando tratar-se de ummovimento de elite:

a maioria (que emigrava) eram universit´arios assim, e a gente

sabe que hoje a realidade de um universit´ario de uma Universidade P´ublica, ´e de uma fam´ılia de uma classe minimamente boa, que ele teve condi¸c˜oes de ter bom... bons estudos... Helena – ´Evora/

Lagos - 2008

Como King, Findlay e Ahrens (2010, p. 27) j´a haviam referenciado, al-

gumas dicas j´a foram dadas que os estudantes m´oveis representam, em certa medida, uma sele¸c˜ao “privilegiada” da popula¸c˜ao total de estudantes de ter- ceiro grau. Isso faz com que os indiv´ıduos em melhor situa¸c˜ao estejam sempre

prontos acomprara educa¸c˜ao e a forma¸c˜ao (Zamberlam et al., 2009).

A facilidade encontrada nos diversos canais de comunica¸c˜ao (principalmente com a evolu¸c˜ao das novas tecnologias da informa¸c˜ao e da comunica¸c˜ao) tamb´em foi uma das motiva¸c˜oes mais mencionadas:

Tem mais informa¸c˜ao do que h´a 10 anos atr´as. . . Acho que h´a 10

anos atr´as o cara tinha que recorrer `a uma AI, uma empresa. Hoje ele consegue, pela Internet, fazer muita coisa. Daniel – Londres

– 2006

Portanto, esta forma de migra¸c˜ao, pode derivar, entre outras motiva¸c˜oes, das novas tecnologias (King, 2002).

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A mobilidade internacional dos estudantes bra-

sileiros