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3 Atividade Turística em Unidades de Conservação

3.3 Relações entre a comunidade e a atividade turística em Unidades de Conservação.

O que é observado nas Unidades de Conservação estudadas, em especial no Parque Estadual de Campos do Jordão - PECJ, é que há um distanciamento físico e social entre a comunidade que vive no seu entorno, no caso a população de Campos do Jordão e sua Unidade de Conservação. Apesar de o PECJ representar 1/3 do território de Campos do Jordão e ser um dos atrativos mais visitados pelos turistas do município, que vive basicamente do turismo, não é evidenciado o sentimento de pertencimento do Parque com essa população, que embora recomende a visita ao parque aos visitantes, poucas ou nenhuma vez o visita por ano ou conhece sua ampla diversidade de fauna e flora existente, de acordo com o gestor do PECJ, Diego Lustre Gonçalves31 e de acordo com entrevistas informais realizadas com os monitores no decorrer da realização das trilhas existentes na Unidade de Conservação pesquisada.

A situação apresentada pode ser explicada por dois motivos principais, um deles consiste no que Kotler (2000) denomina de Lei da Utilidade Marginal, teoria que defende

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que quando mais há um produto menos valor se dá a ele. O autor usa como exemplo para essa situação o preço de um quilo de sal em comparação a um quilo de ouro, onde o ouro tem o preço infinitamente superior ao sal, pois está disponível em uma proporção muito menor do que o sal.

O mesmo raciocínio pode ser utilizado em uma cidade litorânea, onde o visitante geralmente valoriza muito mais a praia daquele determinado município do que quem reside por lá, afinal, para o residente dessa cidade litorânea a praia sempre estará lá, todos os dias, enquanto que para o visitante ir aquela determinada praia pode ser uma oportunidade única. No caso da comunidade que reside em Campos do Jordão, objeto de nossa pesquisa, o PECJ sempre está disponível e seu acesso é fácil, o que contribui para a redução de seu valor para a comunidade, de acordo com a teoria do autor.

Outra razão para esse desinteresse consiste na falta de políticas públicas, seja por parte da Prefeitura de Campos do Jordão, Fundação Florestal (gestor do Parque) ou Governo do Estado de São Paulo, em estimular a comunidade de Campos do Jordão a aproximar do Parque. Nas visitas realizadas tanto no PECJ como no município de Campos do Jordão não foram observadas práticas que provoquem esse estímulo.

O que ocorre nesse sentido são apenas ações pontuais junto às escolas municipais de Campos do Jordão, para a promoção de visitas monitoradas ao Parque com o objetivo de se praticar a educação ambiental, mesmo assim, são visitas consideradas obrigatórias aos alunos, sem uma explicação mais precisa ou clara por parte da direção dessas escolas ou da própria gestão do Parque sobre o porquê ou benefícios que podem ocorrer ao praticar essa atividade, o que pode ser associada pelas crianças como algo que deve ser feito por obrigação. Esse fato leva esses alunos e seus pais a não entender de forma clara o que poderia ser essência da proposta, vinculada muito mais a valorização do Parque e da natureza existente no local frente à comunidade, o que representa assim a perda da oportunidade de integrar o Parque a cultura e história do município.

Por fim, a ideia de que o PECJ é uma área reservada apenas para turistas endinheirados pode gerar exclusão social para os residentes locais mais pobres, que veem o seu acesso ao Parque limitado por razões econômicas e compromete assim o apoio aos Parques e incitar tanto a comunidade como os visitantes, muitas vezes influenciados pela cultura local, a infringir as regras de conservação e dar pouco valor do patrimônio natural existente.

O estímulo à aproximação da comunidade com o PECJ poderá, a médio e longo prazo, contribuir para ampliar o conhecimento e estímulo do visitante de Campos do Jordão a conhecer o Parque como uma de suas principais atividades de visitação no município, o que, por sua vez, amplia a arrecadação por meio de ingressos de visitantes e por consequência, melhora as condições financeiras para preservação do PECJ.

Nesse sentido, estimular a imagem favorável do PECJ frente à comunidade que vive no entorno do Parque contribuirá para o aumento de indicações dessas pessoas para que o visitante tenha interesse em conhecer o local. Dentro dessa lógica, o aumento da frequência de visita da comunidade jordanense ao Parque pode, mesmo que indiretamente, aumentar o índice de indicação para os turistas conhecerem o local, gerando assim um circulo virtuoso favorável à conservação e valorização do próprio Parque.

Infelizmente, a ideia de que comunidade e Unidades de Conservação localizadas em seu entorno devem-se manter distantes ainda persiste no Brasil, como por exemplo, a Instrução Normativa ICMBio nº 26, de 4/7/201232, que estabelece diretrizes e regulamenta os procedimentos para a elaboração, implementação e monitoramento de termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes do Conservação da Biodiversidade – ICMBio e comunidades residentes em Unidades de Conservação, (...) onde a sua presença não seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gestão.

Por outro lado, há um questionamento desse distanciamento entre UCs e comunidades locais dentro das próprias instituições públicas, já que o próprio Ministério Público Federal – MPF (2014) rebate o posicionamento do ICMBio ao defender que a Unidade de Conservação deve ter, além de suas características ambientais (meio físico: geomorfologia, hidrografia, pedologia, clima; meio biótico: biomas, vegetação, fauna e interações flora e fauna) muito bem identificadas e definidas, uma preocupação especial com os aspectos socioeconômicos, históricos e culturais (incluindo os arqueológicos), referentes às comunidades residentes no interior da Unidade ou em seu entorno. São essas características, segundo o MPF, que (...) definem os atributos de criação da Unidade de Conservação e estabelecem os parâmetros para a gestão.

Essa visão defendida pelo Ministério Público e a qual compartilho, seguem as convenções defendidas pela Organização Internacional do Trabalho - OIT, as quais vale mencionar:

Os povos ou comunidades tradicionais são coletividades que possuem relação especial com seus territórios, sujeita à proteção, por ser indissociável das suas respectivas identidades (cf. art. 13 da Convenção nº 169 da OIT); A remoção dessas coletividades de seus territórios tradicionais poderá ocorrer em casos de absoluta excepcionalidade e sendo garantido o seu retorno tão logo cesse a causa que o determinou (cf. art. 16 da Convenção nº 169 da OIT)33;

Vale destacar que o SNUC prevê elaboração obrigatória do Plano de Manejo em até 5 (cinco) anos após a criação da Unidade de Conservação e revisões a cada 5 (cinco) anos. Segundo o mesmo SNUC, o processo de elaboração e revisão do PM deve ser

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Disponível em http://www.icmbio.gov.br/portal/quem-somos/legislacao/instrucoes-normativas.html. Acesso em 24 de janeiro de 2017.

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participativo, com envolvimento de todos os atores que relacionam de forma direta ou indireta com a Unidade de Conservação.

Para garantir a sua efetiva implantação, as Unidades de Conservação (UCs) devem dispor de um plano de manejo, documento técnico mediante o qual se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área de manejo dos recursos naturais. (FUNATURA, 1989, p. 13)

Segundo o Ministério Público Federal - MPF (2014) o (...) Plano de Manejo da Unidade de Conservação configura-se como documento imprescindível para a definição do tratamento institucional sobre a questão da presença humana. De acordo com o mesmo MPF, essa maior participação e envolvimento da comunidade local na gestão da Unidade de Conservação podem e devem ocorrer por meio do Conselho Gestor, cuja criação é determinada pelo SNUC. Na visão do Ministério Público Federal (2014) esse Conselho permite a participação da sociedade na gestão da Unidade de Conservação, pois são compostos por representantes de órgãos públicos e da sociedade civil, devendo ser preferencialmente paritários. Esse modelo proposto contribui para a transparência da gestão, já que um dos papéis centrais do Conselho Gestor é identificar os problemas e os conflitos, propor soluções de forma compartilhada, bem como identificar as potencialidades de manejo da Unidade de Conservação, em articulação com os atores sociais envolvidos.

A participação dos moradores deve ser uma realidade presente na rotina das Unidades de Conservação. Tal medida aproxima a comunidade da Unidade de Conservação e colabora para que as pessoas que vivem no entorno das UCs possam melhor entender que tais áreas não são objetos estranhos aos seus mundos. Entendo que essa aproximação entre comunidade local e UCs seja um caminho para que haja um maior apoio da opinião pública para a própria existência das Unidades de Conservação, o que, indiretamente, contribui para que as políticas públicas, que envolvem leis e alocação de recursos sejam efetivamente mais favoráveis às UCs, algo que garantiria a melhor manutenção, gestão e até mesmo ampliação da área territorial destinada como Unidade de Conservação.

Porém, o que observo é que a comunidade que vive no entorno da UC pouco participa do processo de decisão, embora seja convidada para participar das reuniões que envolvem decisões sobre a gestão e manejo das UCs. Isso ocorre, segundo a ex-gestora do PECJ, Camila Faria de Oliveira, por desinteresse, desmotivação, desconhecimento ou descontentamento com a existência da Unidade de Conservação presente em seu entorno.

Segundo a mesma ex-gestora e dos monitores locais, entrevistados no decorrer das visitas de Campo ao PECJ, a comunidade do entorno não participa da maior parte das reuniões, apesar de serem sempre convidadas e as reuniões serem previamente comunicadas via Diário Oficial da União e ocorrerem no município de Campos do Jordão, na câmara dos Vereadores, local de fácil acesso a todo população. Esse tipo de publicação não

traz resultados efetivos nem tão pouco estimula a participação dessa comunidade no processo, visto que apenas as pessoas diretamente interessadas em leis e decretos (normalmente associadas á gestão pública) costumam ler o Diário Oficial da União.

A análise da estrutura organizacional indica a existência de muita distância entre os centros de poder e decisão e a linha de atuação propriamente dita. Isto tem gerado dificuldades para os administradores das unidades, pois suas prioridades nem sempre são conhecidas ou relevadas pela instituição. O fluxo de informação é caótico e a participação dos técnicos na tomada de decisão não é prática política estabelecida ou mesmo procurada. (BRITO, 2000, p. 140)

A participação maior só ocorre, segundo a ex-gestora e o atual gestor (Diego Lustre Gonçalves), quando os assuntos tratados são considerados por esses membros como de grande relevância, como a discussão sobre as fragilidades e potencialidade acerca da inclusão do Parque Estadual de Campos de Jordão no programa de concessão de Parques para a administração da iniciativa privada ou aprovação da revisão do Plano de Manejo (ocorrida em 2015) ou ainda, quando se trata de propostas de redefinição de zoneamento da área do Parque.

O que os gestores entrevistados não costumam observar é que quando integrantes da comunidade decidem participar das reuniões, o que é raro, encontram no local uma estrutura de discussão praticamente pronta com assuntos ligados diretamente a rotina operacional do Parque, o que desestimula que haja comentários ou sugestões dos participantes no decorrer da reunião e por consequência, desmotiva os participantes a estarem presentes na maior parte desses encontros, tendo em vista a dificuldade em conseguir a efetiva participação nas decisões tomadas no decorrer das reuniões já que são ouvintes e não membros atuantes.

Essa situação só faz aumentar a distância entre a comunidade e a UC a qual reside e convive de forma muito próxima e reflete a própria política pública vigente, que separa o homem da natureza e interfere diretamente no comportamento dessas comunidades frente a essas áreas, considerando-os lugares onde não têm acesso ou interesse, pois acreditam tratar de um lugar que não lhe pertence ou cuja visita ou cujo entendimento mais amplo sobre real riqueza, biodiversidade e importância de preservação pouco lhe interessa.

A legislação e políticas públicas vigentes, aliado a falta de motivação para estimular a aproximação do homem com a natureza e por fim, a cultura local que se conforma com a situação em si, só amplia a ideia de uma natureza, que embora seja considerada pelos mesmos como algo lindo e exuberante de ver, não lhe interessa de interagir e conhecer.

Nesse sentido, Pádua (1987), ao analisar as práticas e os discursos sobre necessidade de conservação e valorização da natureza no Brasil, fala e uma dualidade esquizofrênica, uma vez que, paralelamente a toda a retórica que explora as riquezas e as belezas naturais do país desde o início da colonização portuguesa, assiste a uma destruição sistemática dessas mesmas riquezas e belezas. No caso da política de UCs e da proteção ambiental de maneira ampla, essa dualidade fica ainda mais transparente.

A situação relatada pouca estimula a comunidade do entorno das UCs estudadas e os visitantes do PECJ a integrar com esses espaços e principalmente, a se integrarem entre si, o que leva esses lugares a serem pouco conhecidos e valorizados tanto pelas pessoas que residem em seu entorno como os próprios turistas a afluem a esses locais. Há nesse caso, a perda da oportunidade de vivenciar a integração homem/natureza/homem. O que atualmente ocorre nas Unidades de Conservação, tomando como exemplo o PECJ, Unidade de Conservação com fluxo turístico consolidado, é de um visitante que visita a UC como um lugar artificial e estático, onde a presença de animais soltos, folhas que sujam os carros ou até mesmo insetos vira fonte de reclamação dos visitantes frente à administração desses espaços, segundo os gestores entrevistados. Tal comportamento pode ser atribuído a uma total falta de senso e valorização dos visitantes sobre a riqueza e importância, dinâmica do ecossistema e riqueza da diversidade de fauna e flora existentes nesses lugares.

Mas essa situação pode ser revertida. Segundo Terborgh e Schaik (2002), para que o visitante de um Parque se torne um aliado frente à conservação do local é necessário em muitos casos apenas (...) um comprometimento mínimo com a função primária que essa área protegida tem de preservar a natureza. A proposta de educação ambiental é um interessante caminho para que a situação atual de fato mude para uma melhor perspectiva em relação à valorização e preservação da natureza.

O posicionamento aqui defendido leva em consideração a possibilidade de obter efetivos benefícios à comunidade do entorno das UCs frente à prática da atividade turística nesses locais, caso fosse motivada sua maior participação na sua gestão, pois ninguém melhor que as pessoas dessa comunidade para conhecer, acompanhar, monitorar e valorizar a preservação de sua própria casa. Poderia haver assim um benefício mútuo entre a atividade turística e essa comunidade, onde o turista colaboraria para a valorização do lugar visitado, enquanto que a comunidade teria interesse em preservar o espaço a ser visitado e contemplado pelos visitantes.

Tirar ou pouco estimular a participação da comunidade do entorno do contexto das Unidades de Conservação representa a quebra de eventual circulo virtuoso que poderia ser formado entre visitante, visitado e local onde esse encontro ocorre. O distanciamento da população que vive no entorno das Unidades de Conservação inibe a obtenção dos

benefícios sociais e econômicos que a prática do turismo pode promover a elas. Além disso, o resultado final é muitas vezes de um sentimento de exclusão e resignação da comunidade frente ao lugar que antes era seu, mas que agora pertence a forasteiros.

O fechamento da natureza em Parques / Unidades de Conservação, acompanhado muitas vezes com a expulsão da população nativa, contradiz a participação social da comunidade nesses espaços e não estabelece uma relação harmoniosa entre a sociedade e o meio ambiente, o que resulta na aceleração da degeneração genética dessas comunidades, que longe do acesso ao seu lugar de origem, correm o risco de desintegrar por falta de opções de residência e ganhos econômicos provenientes desses lugares, como o turismo, por exemplo.

De acordo com Freitas (2008), a presença da comunidade, se reconhecida na constituição e gestão das Unidades de Conservação, pode (...) aprimorar as condições de existência da própria unidade, que poderá auxiliar na disseminação de experiências bem sucedidas de técnicas de manejo sustentável de recursos naturais nos territórios em questão, como a prática do turismo de base comunitária, o turismo pedagógico (vinculado à educação ambiental) e turismo em áreas naturais de uma forma que possa aumentar a chance de preservação da UC em questão, aliado ao envolvimento e ganho socioeconômico da comunidade que habita em seu entorno.

Ao inverter essa lógica e retirar por completo as comunidades habitantes no interior dessas áreas ou ainda, restringir suas atividades no local, priorizando o turismo como atividade econômica predominante em seu lugar, resulta em uma situação ainda mais prejudicial para aqueles que deveriam ser, em tese, os maiores beneficiados dessa prática, pois muitas vezes os ganhos socioeconômicos do turismo não serão para essa comunidade, mas para pessoas e empresas sediados em outros municípios, Estados ou até mesmo países.

Essa comunidade perderá, muitas vezes, a possibilidade de acesso ao local para os turistas, por não ter mais condições econômicas nem logísticas para contemplar aquele lugar que antes pertencia a sua história e cultura. Para o Ministério Público Federal (2014), o movimento que predomina na criação e a implantação da Unidade de Conservação é o da exclusão, na medida em que seus modos de vida são inviabilizados em favor de atividades consideradas mais apropriadas, como o turismo, que a partir desse modelo vigente, potencializa ainda mais a exclusão dessas comunidades de seu habitat de origem, agravando o processo de “desterritorialização” desses espaços, defendida por Vallejo (2002), por exemplo.

Segundo Moretti (2001), o atual modelo adotado para a implantação das Unidades de Conservação é, na verdade, uma nova forma de privatização do patrimônio natural, agora não mais da propriedade da terra, mas ao uso da terra e da paisagem

enquanto atrativo turístico, o que leva a pratica de um turismo que mais afasta e exclui a comunidade residente no entorno da UC do que a aproxima e a beneficia como deveria ser.

O modelo de Unidade de Conservação em vigência no Brasil, muitas vezes imposto pelo governo federal sem uma aproximação ou conhecimento da realidade local não permite que os habitantes locais se integrem com a Unidade em questão, já que os direitos tradicionais dessa sociedade local não são respeitados ou levados em consideração na determinação das regras de manejo e conservação. Nesses casos, a atividade turística só piora a situação e acentua esse distanciamento e exclusão.

De acordo com Diegues (1996), o problema das áreas naturais protegidas sem população residente, um dos grandes neomitos modernos a qual refere em sua obra, é agravado quando sua gestão é operada pelo próprio Estado, que legitima essa pratica sob a justificativa de tratar de algo que beneficia a nação. Ao invés disso, segundo o mesmo autor, apenas uma parte dela é beneficiada: a sua sociedade urbano-industrial. Esse fato acaba sendo visto pelos moradores do local como um verdadeiro furto de seu território que servia até então como fonte de sua subsistência, seu meio de trabalho, morada e vínculos sociais e familiares.

Atividades tradicionais como agricultura de subsistência, pesca e extrativismo passam a ser consideradas, nesses locais, como prejudiciais à natureza enquanto que a implantação de hotéis e facilidades turísticas para usuários de fora da área são largamente aceitas pelo governo em favor de um discurso de que essas melhorias são fundamentais para o desenvolvimento do turismo, que por sua vez certamente irá trazer benefícios sociais e econômicos, mas tendo em vista o modelo adotado, esses benefícios prometidos acabam sendo de fato para quem histórico e culturalmente não pertence àquele lugar.

Nesse caso, o forasteiro (empresas e pessoas vindas de outros locais) adquire prioridade sobre essa comunidade e passam a serem os maiores beneficiados economicamente e passam assim ditar as regras do local em virtude do próprio ganho econômico obtido por meio da mercantilização da natureza existente no local.

Enquanto isso, a comunidade que reside no entorno das UCs não usufrui das possibilidades provenientes da atividade turística ou são marginalizados por meio da impossibilidade de permanecerem no local, tendo em vista a alteração da estrutura econômica e social do local, ou ainda tem, na tentativa de permanecer no seu local de origem, que se sujeitar a ocupar funções de baixa remuneração ofertando produtos artesanais de baixa lucratividade, por exemplo.

Esses moradores, que antes do turismo aproveitavam dos recursos naturais do