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Uso das TD relacionadas à pesquisa e publicização da produção Ligada à pesquisa, a publicização da produção acadêmica se dá

1 TECNOLOGIAS, TRABALHO E EDUCAÇÃO: A SOCIEDADE EM REDE E A CULTURA DIGITAL SOB AS FACES DE JANO

4 CARACTERIZAÇÃO E USOS DAS TD NO TRABALHO DOCENTE NA PG

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO USO DAS TD NOS PROCESSOS DE TRABALHO

4.1.5 Uso das TD relacionadas à pesquisa e publicização da produção Ligada à pesquisa, a publicização da produção acadêmica se dá

quanto pela publicação da produção em periódicos e livros/coletâneas, que demandam a submissão do trabalho por meio de plataformas digitais. Conforme já exposto no capítulo anterior, se pensarmos na decomposição desse processo de trabalho, chegaremos à pesquisa e a todos os processos e procedimentos que a envolve. Isso inclui ainda, na perspectiva da publicização da pesquisa, a redação dos respectivos trabalhos para posterior divulgação científica, o que por si só já pressupõe o uso de TD na totalidade dos casos, visto que outros processos de escrita eram “insanos”, como atesta um professor participante de nossa investigação. Nesse caso, as TD são decisivas para a “produção de textos (o processo datilográfico era insano), automatização parcial de análise de textos, produção de apresentações, otimização do processo de revisão dos manuscritos” (P015), além de possibilitar a recuperação de versões anteriores do mesmo texto.

No mesmo sentido, o processo de produção textual que tem invariavelmente como finalidade a publicização da produção acadêmica – seja em artigos de periódicos, em livros ou capítulos de livros ou trabalhos em eventos científicos – já se constitui em si mesmo como uma atividade na qual o não uso das TD é impensável. Do mesmo modo, as TD facilitam práticas que acreditamos estarem se consolidando, como a produção conjunta de textos em documentos compartilhados em nuvem – embora não tenham sido feitas referências diretas ao termo “nuvem”, temos evidências dessas práticas entre os depoimentos dos professores, nos quais as TD oportunizam uma “maior facilidade de organização de textos conjuntos para publicação” (P035), além das práticas de compartilhamento de arquivos, seja entre orientador e orientando, seja entre membros de grupos de pesquisa, e que se destinam à posterior divulgação do trabalho científico.

Das manifestações dos professores, embora a maior parte tenha se referido às facilidades de acesso da produção acadêmica por meio das TD (e não ao processo de divulgação), praticando a inversão fundamental desses discursos temos que essa produção só se torna mais acessível em rede na medida em que é publicizada nela. Nesse sentido, temos alguns elementos a considerar, atrelados mais uma vez à lógica produtivista predominante na PG. Um deles diz respeito aos aspectos apreendidos por Turnes (2014, p. 113) a partir de sua investigação empírica e revisão de literatura. Aparecem, sob a égide da lógica produtivista e da pressão cronológica, situações em que as TD tanto podem servir para a otimização de alguns processos quanto para “certas práticas combatidas no meio acadêmico, por facilitar o plágio e o autoplágio”. Evidentemente, as TD

também facilitam a identificação dessas práticas – mas isso depende das condições em que pareceristas, professores e orientadores se encontram – e mesmo dos critérios que adotam para verificar (se verificam) tais práticas utilizando estas ferramentas.

No mesmo sentido, no âmbito da publicização das produções acadêmicas, as TD ganham relevância naqueles casos também explicitados por Turnes (2014), que parecem se tratar de uma estratégia utilizada pelos pesquisadores para fazer frente aos desafios impostos pela lógica do produtivismo: os trabalhos em coautoria em periódicos e a participação em coletâneas. Nesses casos, parece impensável outra forma de organizar a produção que não seja com as TD, mesmo porque os diferentes autores nem sempre estão localizados fisicamente próximos no momento de sua produção.

Outro aspecto diz respeito à proliferação de periódicos e, consequentemente, de artigos publicados. Em nossa revisão de literatura, contabilizamos cerca de 6.000 artigos disponíveis nos últimos cinco anos, somente nos 24 periódicos avaliados com estrato Qualis A1 e A2 na área da Educação. Se considerarmos os dados divulgados pela Capes em 2013 sobre a última avaliação trienal dos PPGEs antes da finalização dessa tese (referente ao período 2010-2012), somente entre artigos publicados em periódicos temos um montante de 14.168 publicações realizadas pelos envolvidos nesses programas. Se acrescentarmos o volume de 35.095 trabalhos completos publicados em anais de eventos técnico-científicos no mesmo período, teremos o total de 49.263 produções publicizadas – isso sem levar em conta as teses, dissertações, livros e capítulos de livros publicados.

Relacionando esse montante ao número de docentes (2.436) nos 121 programas avaliados, temos uma média que se aproxima de 20 publicações em três anos por docente. Nessa conta, apesar do número de publicações não envolver necessariamente docentes, sabemos que dificilmente um mestrando ou doutorando consegue publicar um trabalho sem uma coautoria com seu orientador. Do mesmo modo, sabemos que na materialidade esse número de publicações por docente expresso na média não se apresenta de forma tão igualitária assim, em função de situações distintas e diversas que permeiam o trabalho de cada professor na PG. Mas são elementos que formam o quadro das publicizações, escoadas por meio das TD.

No que nos interessa, temos decorrente desse cenário que o uso das TD entre os professores, referente ao acesso de plataformas para submissão de trabalhos para publicações científicas ou para submissão de

projetos, se expressa nas frequências “sempre” e “frequentemente” para 85,7% deles. Há, de fato, um grupo muito restrito, de quatro professores, que assinalou “nunca” para essa opção: dois professores de universidades federais, que orientam no doutorado e mestrado, uma professora de universidade particular e uma professora de universidade estadual, que também orienta no mestrado e doutorado. Nesses dois últimos casos, respectivamente, as professoras indicaram que “frequentemente” e “sempre” os seus AT (bolsista de IC e/ou técnico contratado pela universidade) realizam essa operação. Já nos dois primeiros casos não é possível estabelecer essa relação, visto que o primeiro professor também assinalou como “nunca” a opção de solicitar ao seu AT a realização dessa atividade; e que a segunda professora informou não possuir apoio técnico na universidade para auxiliar nas questões de informática. Partindo da hipótese de ambos serem professores produtivos, permanecemos com a interrogação sobre quem faz a submissão de trabalhos e projetos de pesquisa em plataformas institucionais para esses dois professores.

4.1.6 Uso das TD na orientação, pesquisa, publicização e processo