• Nenhum resultado encontrado

Relacionamento entre gestão de riscos na cadeia de suprimentos, flexibilidade e

2. CONCEITOS E PRÁTICAS DE GESTÃO DE RISCOS NA CADEIA DE

2.4 Relacionamento entre os conceitos abordados

2.4.1 Relacionamento entre gestão de riscos na cadeia de suprimentos, flexibilidade e

Conforme verificado anteriormente, a resiliência está diretamente relacionada à perenidade ou sustentabilidade das empresas no longo prazo. Organizações que constroem resiliência nas suas cadeias aumentam suas vantagens competitivas, tornando-se mais sustentáveis e perenes, seja pela manutenção de suas condições ao longo do tempo ou à recuperação após uma ruptura. Tais fatos estão representados na Figura 2.7.

Figura 2.7: Relação entre resiliência e a sustentabilidade das organizações e cadeias.

Dentre as formas de geração de resiliência abordadas na literatura, encontram- se os temas centrais da pesquisa, a gestão de riscos na cadeia de suprimentos e a flexibilidade. Eles apresentam uma relação de causa e efeito entre si.

O estudo de Geus (1999) que comparou as empresas perenes àquelas que foram à falência ou adquiridas por outras, pode ser visto como um integrador entre tais conceitos. As “empresas vivas” possuem algumas características que as levam a se destacar. Entre elas está sua cultura de pensar primeiramente nas pessoas, enfatizando a necessidade de sustentabilidade, incitando-as, inconscientemente, a buscar, no mínimo, uma manutenção das condições iniciais da organização. Esta se aproxima de uma das definições de resiliência:

retornar, no mínimo, ao estado anterior após a ocorrência de uma ruptura.

Foi observado que os temas associados à gestão de riscos na cadeia de suprimentos podem levar à resiliência organizacional e das cadeias. Dentre estes temas estão a preocupação com riscos e incertezas, inclusive com monitoramento regular, a adoção de práticas e contramedidas para a mitigação de pequenos riscos a catástrofes, cultura de gestão de riscos da cadeia, a consideração de riscos na tomada de decisão, a criação de equipes para sua identificação e gestão, a utilização de ferramentas de gestão de riscos e de instrumentos para seu gerenciamento.

Ponomarov e Holcomb (2009) citam que a utilização de práticas que mitiguem os riscos associados às suas atividades de agregação de valor a seus produtos e serviços levam as empresas a ser mais resilientes.

Wilding (2007), Christopher e Peck (2004) afirmam que a criação de uma cultura de gestão de riscos da cadeia de suprimentos leva à resiliência.

Bastos (2007) e Knemeyer et al. (2008) sugerem a utilização de instrumentos de gerenciamento de riscos e distintas formas de mitigação destes para construção de resiliência e Knemeyer et al. (2008) e Datta (2007) abordam a necessidade de monitoramento dos riscos para aumento da resiliência.

Segundo Geus (1999) nas “empresas vivas” a busca pela resiliência é feita por meio da análise constante e criteriosa dos riscos internos e externos às empresas, podendo-se transcender este pensamento para as cadeias.

Considerando a posição destes autores, pode-se concluir que a gestão de riscos e a utilização das práticas relacionadas geram resiliência. Esta relação está explicitada na Figura 2.8.

Deve-se implementar uma cultura de gestão de riscos pautada na conscientização e comprometimento de toda a organização, pois esta deve estar preparada para qualquer tipo de evento. A cultura de gestão de riscos cria nas cadeias o poder de gerar a disponibilidade de opções que podem ser utilizadas para responder a rupturas caso elas ocorram, remetendo ao conceito de flexibilidade. O investimento no aumento da flexibilidade juntamente com o aumento da redundância nas operações também podem ser algumas das ações de mitigação de riscos que as organizações utilizariam, ou seja, a cultura e a prática da gestão de riscos podem levar as empresas a buscar maior flexibilidade (Figura 2.9). O aumento da flexibilidade não afeta a gestão de riscos em si, entretanto, pode possuir uma relação direta na redução dos riscos organizacionais e das cadeias.

Figura 2.9: Relação entre gestão de riscos na cadeia de suprimentos e flexibilidade.

Dentre os traços sugeridos por Geus (1999) como características de uma “empresa viva” está a sensibilidade ao ambiente, cuja definição possui relação direta com os conceitos de flexibilidade.

A flexibilidade permite a reação rápida às condições variáveis do mercado e às estruturas de custo variáveis que provocam uma oscilação da receita. Sendo assim a flexibilidade é um antídoto para a volatilidade de custo (MOFFAT, 2009). Evans apud Bernardes e Hanna (2009) sugere que a flexibilidade proporciona a capacidade de recuperação de uma organização e seu retorno a um estado prévio viável, explicitando a relação de causa e efeito entre flexibilidade e resiliência. O aumento da flexibilidade nas operações da cadeia está diretamente relacionado ao aumento da resiliência das organizações e da cadeia. Dedoussis (2001) analisa que as redes keiretsu do Japão são muito inflexíveis e apresentam formas retrogradas de gestão, colocando em risco sua resiliência no mercado atual.

O aumento de flexibilidade capacita as organizações a se modificarem rapidamente permitindo a reposta rápida e eficiente às constantes mudanças de mercado e consequentemente gera resiliência, aumentando sua capacidade de recuperação e seu retorno a

um estado prévio viável em momentos de maior dificuldade. Esta visão, identificada nos trabalhos de Datta (2007), Ponomarov e Holcomb (2009), associada aos estudos de Rice e Caniato (2003), que levantaram ações para aumento de resiliência, sendo que a maioria delas estava relacionada à flexibilização das suas operações, levam à relação apresentada na Figura 2.10.

Figura 2.10: Relação entre flexibilidade e resiliência.

Conforme apresentado anteriormente, em relação à rede de cadeias de suprimentos, há uma questão estrutural que permite às cadeias serem mais resilientes, no sentido de permitir que caso ocorra uma ruptura em algum elo da cadeia, a rede por si só tenha o poder de se reorganizar de forma que atenda as necessidades decorrentes de tal ruptura, como em uma estrutura neural. O mesmo conceito deve ser válido internamente nas organizações, refletindo na sua capacidade de flexibilização e consequentemente na sua resiliência.

Considerando as relações propostas anteriormente nas Figuras 2.9 e 2.10, obtém-se o mapa da Figura 2.11.

Figura 2.11: Relação entre gestão de riscos na cadeia de suprimentos, flexibilidade e resiliência.

Para Sheffi (2006) a flexibilidade é uma melhor forma de alcance de resiliência do que a redundância, que se refere à manutenção de recursos em reserva para serem usados no caso de uma ruptura, sendo suas formas mais comuns os estoques de segurança,

capacidade excedente e utilização de múltiplos fornecedores mesmo que haja maiores custos e menor utilização de capacidade. A flexibilidade pode ser utilizada para atender às variações da rotina criando um diferencial competitivo, contudo, as duas formas garantem uma maior resiliência (RICE; CANIATO, 2003; SHEFFI; RICE, 2005).

2.4.2 Relacionamento da gestão de riscos na cadeia de suprimentos, flexibilidade e