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Relatos sobre a coleta do material

No documento A atenção e a cena (páginas 166-170)

Meu primeiro contato com a peça Maria Stuart dirigida por Antônio Gilberto, com Julia Lemmertz no papel título, foi no dia dois de outubro de 2009. O espetáculo começa imponente, com uma música intensa que nos chama a atenção para o palco. Neste dia assisti ao espetáculo como um público comum e após o término da apresentação fiquei conversando com outros espectadores enquanto aguardava a liberação dos camarins. Depois de algum tempo procurei o produtor da peça Celso Lemos, e conversei com ele e com o diretor Antônio Gilberto, sobre o estudo que estava fazendo e a possibilidade de utilizar o espetáculo Maria Stuart nele. Expliquei os procedimentos, como a filmagem e a entrevista com a atriz Julia Lemmertz e mantive, depois disso, contato por e-mail.

Na primeira ocasião fui recebido com certa desconfiança pelo produtor. Devido ao fato da atriz Julia Lemmertz ter contrato com uma rede televisiva (Globo) há uma grande complicação no uso de sua imagem, inclusive para pesquisas acadêmicas. De uma forma muito cordial, ainda que buscando uma preservação da atriz e do espetáculo, Celso Lemos e Antonio Gilberto solicitaram mais informações sobre a pesquisa por e-mail e ficaram de analisar o pedido em conjunto com a atriz.

Nossa segunda audiência da peça se deu no dia nove de outubro de 2009. Neste dia conseguimos autorização da produção e do SESC para filmar o espetáculo – atrás da ultima fileira, diga-se de passagem. Conseguimos registrar o todo do espetáculo de forma satisfatória. Tivemos a oportunidade de realizar uma conversa informal com duas pessoas no intervalo da peça. Chamou-nos a atenção que ambas não conheciam o texto de Schiller, mas estavam lá para ver de perto a atriz Julia Lemmertz. Neste dia conhecemos a atriz Julia Lemmertz após o

espetáculo. Ela foi muito atenciosa e prontificou-se a dar a entrevista para nossa pesquisa na semana seguinte.

Nossa terceira audiência se deu no dia dezesseis de outubro de 2009. Neste dia registramos os momentos da peça em que a atriz Julia Lemmertz estava em cena. Ela está em cena por aproximadamente 90 minutos da peça, que dura mais de 3 horas. Focamos em seus gestos e movimentos tentando pegar detalhes de sua atuação. No intervalo da peça conversamos com um outro espectador, de mais ou menos 50 anos, que nos falou que tinha vindo ver como tinha ficado o texto de Schiller na montagem de Antônio Gilberto. Disse que esta era a quarta montagem do texto de Schiller que tinha assistido e que esta estava entre as melhores.

Em uma tarde ensolarada de domingo (18/10/2009), conforme combinado na sexta-feira anterior com o produtor Celso Lemos, fomos até o SESC Consolação para entrevistar a atriz Julia Lemmertz. A atriz foi novamente muito receptiva e concedeu a entrevista de quase uma hora em um tom descontraído. Uma pessoa muito humilde e disposta, Julia entrou em uma profunda reflexão sobre a sua atuação na peça Maria Stuart e forneceu um vasto material.

- Rainhas: Duas Atrizes em Buscar de um Coração

Meu primeiro contato com a encenação Rainhas: duas atrizes em busca de

um coração aconteceu no dia 16/01/10. Chovia, e no ar húmido havia uma grande

expectativa de ver a re-estreia em temporada no Tuca Arena. O hall do teatro estava lotado, para todo lado viam-se personalidades do teatro paulistano. Todos entram, inclusive os que estavam em uma interminável lista de espera e aguardam o início da apresentação. O tempo passa e nada... um certo murmúrio por causa do atraso da apresentação e a peça não começa. Depois de mais de trinta minutos as atrizes

aparecem com mochilas pedindo desculpas ao público pelo atraso. É claro que era tudo combinado. Fazia parte do espetáculo, mas o tempo de espera foi real. Assim começa uma peça onde não se sabe ao certo os limites entre ficção e realidade. Após a sessão, pude colher alguns depoimentos de colegas do teatro sobre o espetáculo. Parece que a peça agrada bastante as ―pessoas de teatro‖ e todas parecem encantadas por algo que não sabem muito bem como descrever, mas que as fazem afirmar que é umas das melhores peças que assistiram nos últimos tempos. Por causa da estréia só consegui estabelecer contato com o produtor que autorizou a filmagem das sessões do espetáculo para nossa pesquisa.

Em nosso segundo encontro no dia vinte e dois de janeiro de 2010, filmamos o espetáculo buscando um plano mais geral, que revelasse um pouco da estrutura de movimentação da peça. Neste dia comecei a estabelecer o primeiro contato com as atrizes.

No dia seguinte (23/01/2010) voltei a filmar o espetáculo, buscando focar mais na atriz Isabel Teixeira e nos detalhes de seus movimentos. A partir de um outro local na plateia, que é disposta em formato de arena, pude ter um outro ponto de vista da encenação. Neste dia o final do espetáculo foi diferente, como é proposta do espetáculo, mas por problemas técnicos não pudemos registrá-lo. Conversei após o espetáculo com Isabel Teixeira que foi muito atenciosa e solicita e prontificou-se a fazer a entrevista para a pesquisa.

Por causa dos problemas técnicos do dia anterior, que impediram a filmagem detalhada do fim do espetáculo, voltei pela quarta vez para assistir a peça no dia vinte e quatro de janeiro, filmando de um outro ponto da sala e buscando por outros ângulos os movimentos da atriz Isabel Teixeira. Por fim nos despedimos e

agradecemos a equipe que foi muito atenciosa conosco, combinando para o próximo mês nossa entrevista.

No dia vinte de fevereiro de 2010, no final de uma tarde de sábado, voltei ao Tuca Arena para realizar a entrevista com Isabel Teixeira. Após um pequeno tempo de espera a atriz chegou. Conversamos por ali mesmo, numa das mesinhas do café que tem no Hall do teatro. A atriz mostrou boa disposição para a entrevista discorrendo longamente sobre sua trajetória e os procedimentos que a levaram a criação do papel de Maria Stuart no espetáculo Rainhas: duas atrizes em busca de

um coração.

O contato com os grupos e com as atrizes assim como as filmagens e entrevistas ocorreu de forma natural, sem ter havido nenhuma mudança no que ocorre diariamente nos teatros, a não ser as mudanças decorrentes do dia a dia dos espetáculos, inerentes à arte teatral.

No documento A atenção e a cena (páginas 166-170)