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Repórter Brasil

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CAPÍTULO 1 JORNALISMO CONVERGENTE E MÓVEL: MÍDIAS INDEPENDENTES

1.4 Mídias independentes em foco

1.4.5 Repórter Brasil

98 O financiamento jornalístico foi divulgado pelo próprio Nexo, em newsletter, e também pelo site Meio e

Mensagem. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2019/02/22/nexo-aposta-em- diversificacao-apos-primeiro-aporte.html. Acesso em: 9 jul. 2019.

99 Empresa pioneira do comércio eletrônico mundial. Fundada nos Estados Unidos, em setembro de 1995, é

atualmente o maior site do mundo para a venda e compra de bens.

100 Filho de iranianos que viviam na França, onde nasceu, Omidyar migrou com seus pais para os EUA nos anos

1980. Criou o eBay em 1995 e desde então não parou de enriquecer. É hoje um bilionário filantropo que está por trás da Luminate - organização filantrópica que já financiou mais de 230 organizações em 17 países em quatro áreas: capacitação cívica, dados e direitos digitais, transparência financeira e mídia independente - e também da First Look Media, que financia o The Intercept e o The Intercept Brasil. Lançada em 2013 pelo próprio Omidyar, a First Look Media é uma empresa de mídia multiplataforma dedicada ao apoio de “vozes independentes, do jornalismo investigativo, cinema, arte, cultura, mídia e entretenimento” - descrição dada pelo próprio Intercept - auxiliando na produção e distribuição deste conteúdo.

101 No YouTube são 170 mil inscritos no canal; no Twitter 499 mil seguidores; no Facebook 431 mil curtidas na

página; e no Instagram 134 mil seguidores. Os dados das redes sociais YouTube, Twitter, Facebook e Instagram do Nexo Jornal foram captados das respectivas páginas no dia 24 de junho de 2019.

Figura 7 - Site da Repórter Brasil102

Fonte: Site Repórter Brasil

A Repórter Brasil é uma agência de jornalismo independente que, desde 2001, investiga e denuncia as violações de direitos humanos em todo o país. Seu trabalho inclui a cobertura com afinco do trabalho escravo e os impactos trabalhistas e socioambientais dos maiores setores econômicos do país. De acordo com a coordenadora de jornalismo da Repórter Brasil, Ana Magalhães, esses temas são caros para o veículo, que se vê engajado nessas causas.

[...] a gente tem um lado. A Repórter Brasil foi aberta para olhar para os mais fracos. Então eu estou brigando para os mais fracos. Isso não quer dizer que eu não tenho que olhar para os mais fortes. Não quer dizer que eu não olhe para eles ou não escute os mais fortes. Mas eu tenho um lado. Um objetivo. Isso tá posto. A missão da Repórter Brasil é denunciar as violações dos direitos humanos. Se eu estou denunciando a violação dos direitos humanos, eu estou com um olhar muito claro e direto sobre as partes mais frágeis que estão sofrendo violações dos direitos humanos. E quem sofre violações de direitos humanos não são os grandes empresários. É o trabalhador rural, o trabalhador do campo, são as comunidades indígenas, os quilombolas. Então eu trabalho para essas pessoas (informação verbal)103.

Dividida nos eixos jornalismo, pesquisa, educação, coordenação e financeiro - alguns deles já expostos na capa do site, conforme Figura 7 -, a Repórter Brasil tem sua principal atuação nas áreas de jornalismo e pesquisa. Sua fundação foi feita coletivamente, por jornalistas, cientistas sociais e educadores. Tem como estrutura institucional; um presidente, Leonardo Sakamoto; o Conselho Diretor: Claudia Carmello Cruz, Iberê Francisco Thenório,

102 Página inicial da Repórter Brasil. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/. Acesso em: 25 jun. 2019.

103 Entrevista gravada da editora da Repórter Brasil, Ana Magalhães, concedida para a pesquisa no dia 05 de fevereiro de 2019. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice G desta dissertação.

Paula Monteiro Takada, Maurício Eraclito Monteiro Filho, Rodrigo Pelegrini Ratier; e um Conselho Fiscal: Beatriz Costa Barbosa, Luiz Guilherme Barreiros Bueno da Silva e Spensy Kmitta Pimentel.

No eixo jornalismo, conta com uma coordenadora, a jornalista Ana Magalhães, uma coordenadora de projetos especiais, na pessoa da jornalista Ana Aranha, três repórteres, Daniel Camargos, Diego Junqueira e Luana Rocha, e uma estagiária, além de colaboradores eventuais na área de documentários. Sua equipe, por sinal, acumula prêmios. A jornalista Ana Aranha tem 11 deles, entre os quais dois GPs Ayrton Senna, uma menção honrosa no Vladimir Herzog e dois HSBC/Jornalistas e CiaA Repórter Brasil. O repórter Daniel Carmargos ganhou cinco prêmios de jornalismo e foi finalista dos prêmios Esso, Petrobrás, CNH e CBIC. E o presidente da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, foi homenageado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, pela atuação no combate ao trabalho escravo.

A Repórter Brasil conta com dezenas de prêmios e homenagens nacionais e internacionais. Em 2018, foi finalista no prêmio Vladimir Herzog na categoria Produção Jornalística em Multimídia, com as reportagens “O Acre contra Chico Mendes”, “100 anos de servidão” e “Os caminhos sinuosos de Suape”, e a ferramenta de consulta Ruralômetro. Em 2017, ganhou 2º lugar no prêmio Direitos Humanos de Jornalismo pela reportagem multimídia “100 anos de servidão”; 2º lugar no prêmio POY Latam 2017, pelo especial “Vida de gado”; Prêmio de melhor filme pelo júri popular na 6ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental pelo documentário “Não respire: contém amianto”; Prêmio MPT de Jornalismo de 2017 na categoria Webjornalismo/Região Sudeste pela reportagem multimídia “Eu fui escravo”; foi finalista no prêmio Gabriel García Márquez na categoria Cobertura com o especial multimídia “Profissão madeireiro”; e recebeu menção honrosa no Prêmio Juíza Patrícia Acioli de Direitos Humanos pela série investigativa “Campo em guerra”. Mas não foram apenas nos anos de 2017 e 2018 que a mídia alçou reconhecimento em sua atuação. Nos anos anteriores, de 2003 a 2016, foram 30 conquistas, entre prêmios, menções honrosas, homenagens e seleções.

A sede do veículo fica em São Paulo, em um sobrado no bairro Sumaré. Em virtude do seu caráter engajado em determinadas pautas, o site não conta com editorias definidas. Vídeos, áudios, imagens e gráficos, por exemplo, vêm incluídos dentro de cada reportagem, todas elas investigativas. Além disso, o site não conta com periodicidade definida. Novas reportagens podem demorar dias, e até semanas, para serem publicadas.

Aqui na Repórter Brasil como o tempo, a sensação do tempo é diferente, você não tem que publicar uma matéria por dia, a gente não tem a obrigação nem de publicar uma matéria por mês ou por semana, não temos que fazer isso, a gente coloca com frequência os nossos repórteres, às vezes uma semana, às vezes duas semanas

investigando o mesmo assunto. E eu acabo de colocar um repórter um mês investigando o mesmo assunto (informação verbal)104.

São cinco as redes sociais105 das quais a Repórter Brasil participa oficialmente, além da tecnologia RSS106 e do Flipboard107. No Facebook são 197 mil curtidas na fanpage e 198 mil no Twitter. No YouTube, onde se concentram todas as produções audiovisuais que também estão no site, são 5,6 mil inscritos. No Instagram são 14,1 mil seguidores.

Sem fazer uso de publicidade, a Repórter Brasil se mantém por meio de financiadores nacionais e internacionais. Em 2017, os recursos vieram da DGB-Bildungswerk Bund, Christliche Initiative Romero, Embaixada dos Países Baixos, Fian International, Finn Watch, Framtiden I Vare Hender, Facebook, Freedom Fund, Fundação Ford, International Trade Union Confederation (Ituc), Justiça do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Mongabay, Sigrid Trust, Somo e World Resources Institute.108 Além disso, pessoas físicas podem fazer doações ao jornalismo investigativo da Repórter Brasil por meio do site.109 A informação é de que os apoiadores recebem, no início de cada ano, um relatório digital mostrando como a Repórter Brasil aplicou o dinheiro, e um balanço feito por uma empresa independente de auditoria.

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