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The Intercept Brasil

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CAPÍTULO 1 JORNALISMO CONVERGENTE E MÓVEL: MÍDIAS INDEPENDENTES

1.4 Mídias independentes em foco

1.4.6 The Intercept Brasil

104 Entrevista gravada da editora da Repórter Brasil, Ana Magalhães, concedida para a pesquisa no dia 05 de

fevereiro de 2019. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice G desta dissertação.

105 Os dados das redes sociais Facebook, Instagram, YouTube e Twitter da Repórter Brasil foram captados das

respectivas páginas no dia 04 de julho de 2019.

106 RSS é a sigla em inglês para Rich Site Summary ou Really Simple Syndication, ou seja, um formato de

distribuição de informações em tempo real pela internet. É usado principalmente em sites de notícias e blogs.

107 O Flipboard é um aplicativo agregador de conteúdo de redes sociais para Android, iOS e Windows Phone. 108 A página Transparência traz a relação de apoiadores e financiadores 2011 a 2017. Até o dia 10 de julho de

2019 não havia informações sobre o ano de 2018. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/transparencia/. Acesso em: 17 jun. 2019.

109 É possível ser um apoiador da Repórter Brasil fazendo doações mensais de valores pré-estabelecidos de: R$

10, R$ 20, R$ 50 ou R$ 100. As doações são feitas pelo site do veículo, por meio da ferramenta de pagamento PayPal. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2015/08/doeparareporterbrasil/. Acesso em: 17 jun. 2019.

Figura 8 - Site do The Intercept Brasil110

Fonte: Intercept Brasil

O The Intercept - Figura 8 - foi lançado em 2014 por três norte-americanos: o advogado e jornalista (sem formação profissional em jornalismo) Glenn Greenwald111, a cineasta, documentarista e escritora Laura Poitras, e o pesquisador e jornalista Jeremy Scahill, com o objetivo de produzir um jornalismo independente e investigativo, que fosse destemido e combativo. No Brasil, a versão do site The Intercept Brasil - https://theintercept.com/brasil/ - nasce em agosto de 2016112.

110 Página inicial do site do The Intercept Brasil. Disponível em: https://theintercept.com/brasil/. Acesso em: 25

jun. 2019.

111 Domiciliado no Brasil, Gleen Greenwald é casado com o deputado federal David Miranda, do Psol, que assumiu

a vaga do deputado Jean Wyllys que renunciou seu mandato em janeiro de 2019. É jornalista, advogado constitucionalista e autor de quatro livros que estão entre os mais vendidos do New York Times, na seção de política e direito. Antes de fundar o Intercept, ele escrevia para o jornal britânico The Guardian, entre outros. Sobre seu papel no The Intercept Brasil, Leandro Demori, atual editor executivo do veículo, disse em entrevista: “O Glenn, na verdade, é cofundador do site. Ele não é nem sócio do Intercept. O Intercept pertence à First Look Media. O Glenn, como fundador, é um cara que tem as pautas próprias dele, que navega muito no universo dele. Ele é como um repórter especial. Ele não tem ingerência no site, ele não edita o site de fato”. Disponível em: https://gijn.org/2019/02/20/the-intercept-brasil-investigativo/. Acesso em: 9 jul. 2019.

112 No lançamento da versão brasileira da publicação, Greenwald escreveu em sua página no Facebook:"Com o intuito de ajudar a preencher essa lacuna, anunciamos hoje o lançamento do The Intercept Brasil. Para este projeto piloto, reunimos uma excelente equipe de jornalistas e editores brasileiros que produzirão matérias originais sobre as questões políticas, econômicas, sociais e culturais a serem publicadas na versão em português de nosso site. Também trabalharemos com jornalistas freelance de destaque e outros veículos independentes. Além disso, vamos traduzir nossos artigos de interesse internacional para o inglês, além de publicar outras traduções de matérias do Intercept em português. Neste mês, nosso foco inicial será o julgamento e a votação final do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, assim como matérias sobre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Além da publicação de conteúdo original, vamos implementar os mesmos princípios de proteção de fontes que ocupam um espaço central na missão do Intercept. As mesmas tecnologias adotadas para que nossas fontes forneçam informações confidenciais contando com a máxima proteção contra vigilância e ataques on-line (como o SecureDrop) também serão disponibilizadas para nossas fontes de informação brasileiras".

O The Intercept tornou-se conhecido, especialmente no Brasil, pelas reportagens de Gleen Greenwald, em 2013, sobre esquema global de espionagem eletrônica e telefônica da Agência de Segurança Nacional (National Security Agency - NSA), divulgadas pelo jornal britânico The Guardian, junto com um pool de publicações estrangeiras. As histórias foram baseadas em vazamentos do ex-contratado do governo, Edward Snowden. Os documentos da NSA apontavam a então presidente Dilma Rousseff e o que seriam seus principais assessores como alvo direto de espionagem da Agência norte-americana.

Por conta de suas reportagens sobre a NSA (Agência de Segurança Nacional – EUA), Glenn Greenwald:

recebeu o Prêmio George Polk de Reportagens sobre Segurança Nacional; o Prêmio de Jornalismo Investigativo e de Jornalismo Fiscalizador da Gannett Foundation; o Prêmio Esso de Excelência em Reportagens Investigativas no Brasil (foi o primeiro estrangeiro premiado) e o Prêmio de Pioneirismo da Electronic Frontier Foundation (THE INTERCEPT).

Além disso, as reportagens sobre a NSA para o jornal The Guardian receberam o Prêmio Pulitzer de 2014 na categoria Serviço Público.

Os jornalistas que atuam no The Intercept Brasil têm liberdade editorial e apoio legal para expor a corrupção e a injustiça. Em um estudo sobre sua identidade editorial, Bonfim (2018) afirma que o que mais distancia o jornalismo praticado pela mídia do da grande imprensa brasileira é uma ‘mirada’ política dos acontecimentos, especialmente no sentido da política não partidária”.

A equipe, de acordo com o site, é composta de 21 profissionais. Dois editores fundadores, um editor executivo, uma editora chefe, e outros 17 profissionais entre repórteres, editores, designers, colunistas, consultores, assistentes e estagiários.

Com presença frequente de vídeos nas reportagens, o The Intercept conta com mais de 124 mil inscritos diretamente em seu canal do YouTube. Curiosamente, o perfil do The Intercept no Instagram conta com mais seguidores na conta brasileira - @theinterceptbrasil - com 449 mil pessoas, do que a conta em inglês - @theintercept - com aproximadamente 97,5 mil seguidores.113

Entre suas fontes de financiamento está a colaboração dos leitores. Esse mecanismo de colaboração funciona tanto no site geral do veículo - https://theintercept.com/ - em que o apoiador pode optar por contribuir uma única vez, mensalmente ou anualmente. Neste caso,

113 Os dados das redes sociais Facebook, Instagram e YouTube do The Intercept Brasil foram captados das

pessoas do mundo inteiro podem apoiar e fazer suas doações. Na versão brasileira do site - https://theintercept.com/brasil/ - e a qual se destina os olhares desta pesquisa e análise, o leitor pode financiar o site por meio da plataforma Catarse114, e o tipo de contribuição dependerá da recompensa escolhida, desde ser convidado a participar de um grupo exclusivo do Facebook até ser convidado para eventos da equipe. Outra fonte de financiamento, no entanto, é apontada como a principal para manter o site. Segundo Renato Rovai (2018), o fundador do eBay, Pierre Omidyar, (financiador também do Nexo Jornal) forneceu o financiamento para lançar o The Intercept quando das primeiras reportagens de Greenwald com as revelações iniciais de Snowden para o jornal britânico The Guardian, e continua a apoiá-lo através da First Look Media Works — assim como o Nexo recebe aporte externo, da Luminate, organização filantrópica também mantida por Omidyar.

Em 2014, após publicar no britânico The Guardian as primeiras revelações de Edward Snowden, Greenwald recebeu do fundador do eBay, Pierre Omidyar, uma ajuda financeira de US$ 250 milhões que foi o aporte inicial para fundar a First Look Media260, grupo de comunicação que tinha por objetivo lançar várias publicações que iriam percorrer inúmeras editorias, de política e economia à ciência e tecnologia. A primeira publicação a ser concretizada pela First Look Media foi o The Intercept e a segunda o The Intercept Brasil. (ROVAI, 2018, p. 206)

Essa mesma característica de denunciar vazamentos e revelações coloca o The Intercept Brasil no centro de mais um momento histórico, dessa vez ainda no primeiro semestre do governo de Jair Bolsonaro, eleito em outubro de 2018 (mandato de 2019 a 2022). O The Intercept Brasil publicou, em 9 de junho de 2019, uma série de reportagens, compostas de nove partes, e publicadas gradualmente115, com conversas do ministro da Justiça, Sérgio Moro116, e procuradores que atuam na Operação Lava-Jato117, que culminou na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

114 Catarse é uma plataforma de crowdfunding, ou financiamento coletivo, do Brasil. A página do The Intercept

Brasil no Catarse está disponível em

https://www.catarse.me/intercept?ref=utm_source=Site_sobre&utm_source=Site_sobre.

115As reportagens da série “As mensagens secretas da Lava-Jato”, com a primeira publicação em 9 de junho de

2019, com quatro partes inicialmente, podem ser lidas em https://theintercept.com/series/mensagens-lava-jato/.

116 Sérgio Moro é um ex-magistrado que ganhou notoriedade nacional e internacional por comandar, entre março

de 2014 e novembro de 2018, o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na Operação Lava Jato que, segundo o Ministério Público Federal, é o maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no Brasil, envolvendo grande número de políticos, empreiteiros e empresas, como a Petrobras, a Odebrecht, entre outras. Em 12 de julho de 2017, condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, sendo essa a primeira vez na história do Brasil em que se condenou criminalmente um ex-presidente da República, decisão esta mantida em segunda instância. Após a eleição de Jair Bolsonaro, mesmo antes de assumir o cargo, em 1º de novembro, Moro aceitou o convite do presidente eleito para comandar o Ministério da Justiça, sendo o quinto ministro anunciado por Bolsonaro para compor seu futuro governo.

117Conforme o Ministério Público Federal (MPF), “A operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e

lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobrás, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia”.

Em entrevista para este estudo, a editora do The Intercept, Tatiana Dias, aponta que a escolha do que vai entrar no site é uma parte fundamental da dinâmica produtiva e editorial do veículo, “a gente é muito mais criterioso na escolha das pautas. E a gente também tenta dar de um jeito que só a gente daria, pra gente se diferenciar mesmo. Mais autoral”. Por esta postura opinativa, em meio a assuntos polêmicos, como as denúncias já noticiadas, Tatiana diz que o veículo toma cuidado redobrado com a apuração. “Nossa apuração é supercriteriosa. A gente faz checagem interna das coisas. E a gente quer que a pessoa leia e não tenha como ela refutar” (informação verbal)118.

Dito isso, seguimos para o segundo capítulo dessa dissertação que estuda o fazer do vídeo nos moldes contemporâneos.

118 Entrevista gravada da editora do The Intercept Brasil, Tatiana Dias, concedida para a pesquisa no dia 31 de

CAPÍTULO 2 – PRÁTICAS RECONFIGURADAS: NOVAS ROTINAS E

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