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Nos últimos anos o setor de confecções e vestuário no Brasil vem aumentando a sua representatividade diante do cenário econômico nacional. Vale destacar a análise deste setor em diversos pontos.

Pode-se analisar a partir da visão das empresas em que esse setor, de uma forma geral vem caracterizando-se como lucrativo, com altos índices de produtividade, detentor de iniciativas de tecnologias de produção, presença de pesquisas de novas tendências de moda e vestuário, geradora de empregos.

Vale também a análise pela visão do mercado, onde o consumidor, a cada ano que passa, à medida que adquire conhecimento sobre as novas tendências de moda, torna-se mais exigente quanto a questões de qualidade e custos. Existe também a concorrência de produtos importados, principalmente os chineses, que através de benefícios tributários caracterizam-se como fortes concorrentes das empresas nacionais. Por essas questões torna-se pertinente o estudo desse setor de confecções e vestuário, mais especificamente o seu estudo como uma cadeia produtiva, devido a essa representatividade econômica no cenário nacional e que influencia direta e indiretamente vários outros setores econômicos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit4) (ano 2006), a indústria têxtil e de confecção caracteriza-se como um dos setores que mais emprega no Brasil, com 1,6 milhão de trabalhadores (ano 2006), ou seja, cerca de 17% dos empregos gerados pela indústria de transformação. Em 2006, a posição do Brasil no ranking de produtores de têxteis e de vestuário subiu da sétima posição para a sexta. Em termos de comércio exterior, no entanto, sua participação ainda é pequena, estando na 47ª posição entre os maiores exportadores do mundo. Em

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Abit - Fundada no dia 4 de fevereiro de 1970, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - Abit, representa a integração da cadeia têxtil brasileira, composta por mais de 30 mil empresas. A Abit promove as empresas de todos os segmentos da indústria têxtil, desde o cultivo do algodão, matérias-primas sintéticas, fibras têxteis, fiações, tecelagens, malharias, tinturarias, estamparias até confecções.

A Abit desenvolve programas especiais de capacitação e reciclagem profissional, apoia programas sociais e ambientais entre outras atividades. Para atender às questões específicas de cada segmento da cadeia têxtil.

2006, a balança comercial têxtil e de confecção fechou com déficit de US$ 60,2 milhões; as importações somaram US$ 2,14 bilhões e as exportações US$ 2,08 bilhões (ABIT, 2007).

Segundo o relatório Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) composto por dados estatísticos, análises e projeções sobre o perfil, dimensões, evolução e tendências dos diferentes segmentos que formam a cadeia produtiva têxtil brasileira, pode-se observar a representatividade do setor de confecções e vestuário do Brasil (Tabela 1).

Tabela 1: Crescimento das malharias (Unidades fabris, empregos, produção e faturamento) (ano 2005 a 2006)

Malharias 2005 2006 Crescimento (+) / Queda(-)

Unidades Fabris 2.582 2.421 ( -) 6,2%

Empregos 116.349 118.292 ( + )1,6%

Produção 554.229 609.485 ( + ) 9,9%

Faturamento US$ 4,6 bi US$ 5,5 bi ( + ) 19,5% Fonte: Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções)

No quadro comparativo que apresenta o desempenho da produção de malharias no Brasil entre os anos de 2005 e 2006, vale destacar que mesmo havendo uma diminuição das unidades fabris entre os dois anos, de 2.582 unidades para 2.421 (-6%), por outro lado houve aumento no número de empregos (+1,6%), da produção (+9,9%) e também do faturamento (+19,5%). O que pode se compreender a partir desses dados, é que um dos motivos da ocorrência desse acontecimento seja que talvez as unidades fabris vem se aperfeiçoando e melhorando a sua estrutura tecnológica, seus métodos de produção, aumentando assim o resultado positivo da produtividade do setor e conseqüentemente conseguem aumentar o seu faturamento e o número de empregos gerados.

Tabela 2: Crescimento do setor de confecções (Unidades fabris, empregos, produção, faturamento) (ano 2005 a 2006)

Confecções 2005 2006 Crescimento (+) / Queda(-)

Unidades Fabris 20.853 21.898 ( + ) 5%

Empregos 1.196.311 1.193.918 ( - ) 0,2%

Produção 8.612.633 mil peças 8.761.780 mil peças (+) 1,7%

Faturamento US$ 25 bi US$ 30 bi (+) 20%

Fonte: www.abit.org .br

Com relação ao desempenho na produtividade das confecções (Tabela 2) entre os anos de 2005 e 2006, observa-se que o percentual de faturamento aumentou consideravelmente, de US$ 25 bi para US$ 30 bi (20%) que em relação aos outros itens como unidades fabris, empregos e produção.

Tabela 3: Produção do vestuário – comparativo (ano 2005 a 2006)

Produção Vestuário (em mil peças)

2005 2006 Crescimento (+) /

Queda(-) Roupa de tecidos de malhas 2.960.208 3.042.841 ( + ) 2,8% Roupa de tecidos planos 1.530.549 1.513.731 ( - ) 1,1% Roupa de outras matérias 62.319 60.676 ( - ) 2,6% Roupa profissional 183.797 188.943 ( + ) 2,8% Roupa de Segurança 232.477 244.439 ( + ) 5,1% Total 4.969.350 5.050.630 ( + ) 1,6% Meias e acessórios 629.478 643.327 ( + ) 2,2% Linha Lar 973.732 1.017.550 ( + )4,5% Artigos Técnicos 2.040.073 2.050.273 ( + ) 0,5% Total/total 8.612.633 8.761.780 ( + ) 1,7% Fonte: www.abit.org.br

Pela Tabela 3 observa-se que de um modo geral a produção total de vestuário considerando seus vários segmentos como roupas de malhas, roupas profissionais, de segurança, meias, obteve um crescimento da produção entre os anos de 2005 e 2006 passando de 8.612.633 unidades / total para 8.761.780 unidades (crescimento de 1,7%). Esse crescimento talvez poderia ser até maior, uma vez que a concorrência dos produtos chineses acaba inibindo os investidores nacionais quanto às perspectivas de crescimento de suas empresas.

Para atestar a representatividade do setor têxtil, de confecções e vestuário, vale ressaltar alguns dados importantes sobre o setor diante de sua representatividade no cenário econômico internacional. Dados segundo o site Brasil Fashion5 (2007):

O Brasil caracteriza-se como:

• O 6º maior produtor têxtil e de confecção mundial; • Auto-suficiência no algodão;

• Produz 7,2 bilhões de peças de vestuário / ano; • 2° maior produtor mundial de índigo;

• 3° maior produtor mundial de malha; • 5° maior produtor mundial de confecção;

• 7° maior produtor mundial de fios e filamentos;

• 8° maior produtor mundial de tecidos.

Através dos dados anteriores observa-se a representatividade e o potencial que o setor textil, de confecções e vestuário tem no mercado internacional para continuar crescendo e atingir altos patamares de lucros. Segundo declaração de Almir Slama (2007), vice presidente da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST) atualmente o Brasil exporta para 38 países e possui uma meta de atingir 30% do mercado mundial até 2010 (site Brasil Fashion).

No Brasil segundo declaração de Furlan (2007) para o site Londrina Tecnopolis6 (2006), o estado de São Paulo é o principal fabricante brasileiro de vestuário com cerca de 15 mil empresas distribuídas por várias regiões e atuando em todos os segmentos. O estado de Minas Gerais caracteriza-se como o segundo maior pólo brasileiro com aproximadamente 5 mil empresas. Os Estados da Região

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Brasil Fashion – site voltado principalmente às questões envolvem o setor da moda em vestuário e confecção, contém artigos e colunas de vários estilistas e profissionais da moda.

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Londrina Tecnópolis – site que divulga a cidade de Londrina abordando os diversos cursos e eventos relacionados aos negócios empresariais desenvolvidos na cidade, o site disponibiliza diversas informações podendo gerar oportunidades de negócios para os variados setores da economia.

Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo) representam mais da metade do que se produz no Brasil em termos de confecção e vestuário.

Entre os anos de 2005 e 2006, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), a partir de um estudo realizado no setor têxtil e de confecções o índice de produção física de confecções e vestuário houve elevação de +1,7% e o número de unidades produtoras de confecções registrou aumento de 5%. Esse crescimento no número de unidades produtoras refere-se principalmente as micros e pequenas empresas as quais de uma maneira geral, possuem uma grande vantagem quando comparada às grandes empresas principalmente com relação as questões voltadas aos incentivos tributários e benefícios como o sistema de Tributação Simples (ABIT, 2007).

De uma maneira geral, é provável que as empresas ao invés de crescerem estruturalmente, aumentarem seu parque industrial, prefiram se subdividir e / ou terceirizar sua produção a outras empresas de porte menor, pois caso as empresas (micro e pequenas empresas) queiram crescer, e mudar o seu porte podem acabar deixando de aproveitar os benefícios que um regime tributário como o que o Simples (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) oferece e assim os seus custos poderiam aumentar consideravelmente podendo até inviabilizar financeiramente a operação de suas atividades. Segundo Fernando Pimentel (2007), diretor-superintendente da Abit “À medida que as indústrias vão crescendo, elas se subdividem para não perder as vantagens e benefícios oferecidos pelo Simples, é o que chamamos de Síndrome de Peter Pan” (ABIT, 2007).