RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM PALHOÇA

Ao se entrar em contato com a prefeitura de Palhoça houve certa dificuldade para achar o responsável pelo gerenciamento de resíduos sólidos do município. Ao conseguir entrar em contato com a pessoa indicada, a Engenheira Denise Duarte do departamento Águas de Palhoça, esta afirmou que o município não tem coleta seletiva e que existe um contrato que prevê o modelo coleta seletiva porta a porta, com isso os resíduos poderiam ser repassados para as associações de catadores. Contudo a Engenheira Fernanda Vanhoni informou que no bairro da Pinheira já existe coleta seletiva devidamente estruturada, a Procrep.

Verificou-se, também, que ainda não existe nenhum cadastramento de catadores ou de empresas de reciclagem no município. Foi informado que no município há uma associação de catadores em formação a do Frei Damião.

Procurou-se, então, entrar em contato com o presidente da Associação de Catadores Frei Damião, Sr. Adilson, para obter mais informações com relação a atividades desenvolvidas por estes.

Para tanto foi realizada uma entrevista com o Sr. Adilson na qual foi apresentada a situação atual da atuação dos catadores, as dificuldades e proposições.

Segundo as informações repassadas pelo Sr. Adilson atualmente existe em torno de 600 catadores trabalhando informalmente na Palhoça. Na Associação do Frei Damião duzentos catadores estão cadastrados e apenas dezessete trabalham formalmente na associação pela falta de estrutura desta.

Atualmente, os catadores coletam os resíduos em carroças próprias e separam e armazenam tal material em suas próprias casas. Depois de separados vendem os diferentes tipos de materiais para os atravessadores e os rejeitos (resíduo que não tem valor comercial) são jogados em terrenos baldios.

Segundo Sr. Adilson estes resíduos armazenados de forma incorreta colaboram para a proliferação de ratos, moscas e outros, que são responsáveis pela transmissão de uma serie de doenças. A ideia da Associação é tentar estabelecer uma parceria com a Proactiva, para que haja a coleta destes rejeitos.

Dentre as principais dificuldades para a atuação dos catadores, Sr. Adilson, ressaltou a falta de apoio da Prefeitura no sentido de dar estrutura e formalizar os catadores. Segundo ele, hoje a Associação de Catadores Frei Damião não está conseguindo estruturar-se devido à divergência politica, interesse público e financeiro.

Outra dificuldade levantada na entrevista é a efetivação da coleta seletiva porta a porta na Palhoça. O Sr. Adilson alega que a Proactiva não viabiliza a coleta seletiva pelo fato de não haver no município a estrutura adequada para sua realização, ou seja, barracão de triagem e equipamentos. Tal estrutura deveria ser fornecida pela Prefeitura.

As propostas e sugestões repassadas pelo Sr. Adilson é que atualmente a Associação de Moradores da Pedra Branca (AMO) está com a intenção de ajudar a Associação Frei Damião para implantar a coleta seletiva “Frei Damião Pedra Branca”, mas para isso se precisa de apoio financeiro e estruturação pra poder fazer. Porém, ele alega que a administração da Pedra Branca não tem intenção de ajudar.

Outra proposta é que futuramente querem colocar cinco barracões na Palhoça ou uma usina de tratamento de resíduos que ocuparia uns 50 mil m² para poder trabalhar com todos os tipos de resíduos.

Com relação ao bairro Cidade Universitária Pedra Branca, onde a Unisul está inserida, entrou-se em contato com a Associação de Moradores da Pedra Branca (AMO), com o intuito de saber como é o gerenciamento de resíduos no entorno da Universidade.

Em tal contato constatou-se que o bairro possui uma coleta seletiva voluntária, onde cada cidadão separa e deposita espontaneamente os resíduos recicláveis em pontos de entrega voluntária (PEV). O bairro Cidade Universitária Pedra Branca conta com cinco PEVs. Destes, dois ficam próximos a Unisul, um se localiza na frente da AMO (Fotografia 7) e outro na frente do supermercado Hippo (Fotografia 8).

Fotografia 7- Ponto de Entrega Voluntária (PEV) na frente da AMO no bairro Cidade Universitária Pedra Branca, Palhoça/SC, 2014.

Fotografia 8 - Ponto de Entrega Voluntária (PEV) na frente do no bairro Cidade Universitária Pedra Branca, Palhoça/SC, 2014.

Fonte: Autora, 2014.

No bairro a empresa responsável pela coleta e transporte dos resíduos armazenados nos PEVs é a Ecoeficiência. Esta faz as coletas, todas as terças e quintas à tarde, e os resíduos são levados para um centro de triagem em São José.

Como podemos ver, diferentemente, do município, o bairro possui uma coleta seletiva voluntária. O sucesso da coleta seletiva voluntária está diretamente associado aos investimentos em educação ou sensibilização e conscientização ambiental da população.

Diante dos fatos observa-se a importância do município em investir na gestão dos resíduos sólidos. Para isso seria importante à municipalidade realizar um estudo da quantidade de resíduos sólidos urbanos gerados, assim como, resgatarem algum registro efetuado de administrações passadas, a fim de, criar um banco de dados com as series históricas para verificar a evolução na geração de resíduos e a ocorrência de sazonalidade. Também, efetuar a caracterização dos resíduos na Palhoça, que poderia ser viabilizado por meio de parcerias tanto com a Unisul como outros setores dos municípios atuantes na área. Com o conhecimento prévio da quantidade e das características dos resíduos, é possível desenvolver o planejamento de ações futuras, como também definir métodos para a coleta seletiva, tratamento e a disposição final mais próxima com o município.

Outro aspecto que deve ser considerado, é que, como preconiza a Lei 12.305 de 2010, um dos princípios da gestão dos resíduos sólidos é a integração dos catadores nos processos do ciclo de vida dos produtos. Desta forma, o município deve buscar parcerias com organizações não governamentais, instituições de ensino, como pro exemplo a Unisul, para desenvolver programas que visem à inclusão social destes, através de programas educacionais, de treinamentos e da geração de emprego e renda. É Importante, também para isto, a realização do levantamento e cadastramento do número de catadores que atuam no município e que se promova a organização desta atividade.