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2.8 RESPONSABILIDADE SÓCIO-ORGANIZACIONAL: INDICADORES ÉTICOS

Muitos são os fatores que podem comprometer a imagem das organizações municipais de vigilância sanitária. Por se tratarem também de organizações de função fiscalizatória, práticas pouco ilibadas como a desonestidade, a omissão, a má conduta e a improbidade podem sobrevoar suas fronteiras, ameaçando a estabilidade desejada. O agir corretamente, com consciência pessoal e profissional, envolve uma série de requisitos que permitirão escolhas, atitudes e decisões pessoais eticamente responsáveis no espaço organizacional.

Alguns desses requisitos, com base em Srour (2000, p.23), estão relacionados a um conjunto de valores morais fundamentais, quais sejam: ser honesto em qualquer situação, a fim de confirmar a credibilidade como resultado de uma relação franca; ter coragem para assumir as decisões, mesmo que seja preciso ir contra a posição

da maioria; ser tolerante e flexível, ouvindo antes de avaliar e julgar; ser íntegro, agindo de acordo com princípios próprios, inclusive nos momentos mais críticos; ser humilde, reconhecendo que o sucesso individual decorre do trabalho em equipe, e, pontanto, de decisões e ações consensuais.

Conforme observa Vazquez (1996, p.12), "(...) a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade", ou seja, é a ciência de uma forma específica do comportamento humano - a moral. O seu objeto de estudo constitui-se dos atos conscientes e voluntários dos seres humanos que afetam outros seres humanos, determinados grupos sociais ou a sociedade em seu conjunto.

Para Vazquez (1996, p.14), "A moral se refere, assim, ao comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo homem".

Tomando-se por base a raiz etimológica das palavras moral e ética, é salutar pontuar que moral tem sua origem do latim "mos" ou "mores" e significa "costume" ou "costumes", na direção de um conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito, referindo-se assim ao comportamento adquirido ou modo de ser conquistado pelo ser humano. Ética vem do grego "ethos", que significa por analogia, "modo de ser" ou "caráter", enquanto forma de vida também adquirida ou conquistada pelo ser humano. Para Vazquez (1996, p.14),

Caráter e costume assentam-se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito. É precisamente esse caráter não natural da maneira de ser do homem que lhe confere sua dimensão moral.

A responsabilidade sócio-organizacional, no segmento municipal da vigilância, sanitária evidencia-se pela manutenção do equilíbrio entre dois princípios básicos da moral - individualismo e coletivismo - moldados pelo caráter de cada ser humano envolvido, e movidos pela "ética da responsabilidade e ética da convicção ou do valor absoluto" (WEBER, 1918 apud RAMOS, 1983, p.37). O desequilíbrio desses princípios, determinado pelo interesse próprio em detrimento do interesse coletivo, poderá denunciar verdadeiros problemas éticos nas organizações municipais de vigilância sanitária.

Conforme assinala Ramos (1983, p.42),

A ética da responsabilidade corresponde à ação racional referida a fins. Seu critério fundamental é a racionalidade funcional ou "pragmática". A ética do valor absoluto ou da convicção está implícita em toda ação referida a valores. (...) As duas éticas não são necessariamente antagônicas. No tocante à organização, teórica e concretamente, pode-se admitir congruência entre as

duas éticas, na proporção que as qualificações e a natureza do trabalho se coadunem com os valores dos indivíduos. (...) Seria utópico admitir-se - como salienta Whyte - que houvesse a possibilidade de instalar-se harmonia perfeita entre os valores do indivíduo e os da organização. Nas situações administrativas ou organizacionais, o indivíduo se encontra ordinariamente em tensão. Todavia, os graus e conteúdo dessa tensão podem ser mais ou menos deteriorantes, do ponto de vista humano, conforme as qualificações estruturais da organização. (...) A promessa de que a ciência virá um dia, mediante técnicas de relações humanas e organizativas, assegurar o equilíbrio perfeito entre o homem e a organização é irrealizável e utópica. Não é, por conseguinte, promessa científica.

A delimitação de fatores técnicos, humanos e conceituais, bem como, a conformação de indicadores de desempenho quali-quantitativos, relacionados com a ética no espaço organizacional da vigilância sanitária de Florianópolis, requer a verificação das formas de como essa organização se planeja e cria soluções consensuais para evitar tensões entre as éticas da responsabilidade e da convicção. Esses indicadores, por sua vez, devem orientar a adoção de estratégias preventivas na perspectiva proativa e continuada, haja vista que não existe uma receita universal, pronta e completamente eficaz para administrar tais tensões. Segundo Ramos (1983, p.44), "(...) um mínimo de consenso social é necessário para que a tensão entre as duas éticas se mantenha num grau que permita às organizações operarem segundo as expectativas normais de produtividade e eficácia".

Com a consciência de que a ética gera questões extremamente delicadas, haja vista que a decisão sempre varia de pessoa para pessoa, de consciência para consciência, muito especialmente em função dos limites individuais impostos por crenças individuais e pelo caráter jurídico-normativo a ser seguido, alguns indicativos de estratégias podem ser oportunos na perspectiva de orientar possíveis ações preventivas na organização municipal de vigilância sanitária escolhida para o estudo: 1. saber com clareza quais são os limites éticos pessoais, em função das

próprias convições e do arcabouço jurídico-normativo a ser seguido;

2. avaliar em detalhes os valores da organização na qual está inserido, verificando se os valores desta combinam com os pessoais;

3. atuar sempre com base em fatos e dados, não permitindo que avaliações sobre os feitos possam revelar desrespeito aos princípios éticos estabelecidos pela organização;

4. avaliar os riscos de cada decisão tomada, medindo com precisão cirúrgica as conseqüências de atos em relação a todos os envolvidos;

5. saber que, mesmo ao optar pela solução mais ética, poderá haver envolvimento em situações delicadas;

6. ter a consciência de que ser ético significa, muitas vezes, perder posições na organização, status e benefícios.

7. Em paráfrase a um poeta anônimo americano, enfatiza-se que os pensamentos devem ser críticos, porque eles se tornarão palavras; as palavras devem ser críticas, porque elas se tornarão atos; os atos devem ser críticos, porque eles delimitarão os hábitos; os hábitos devem ser críticos, porque eles delimitarão o caráter; o caráter deve ser crítico, porque ele se constitui o destino.

A revisão de literatura realizada apresenta desdobramentos contextuais que permitem a edificação do marco teórico-conceitual, cujos conceitos fundamentais apresentam sua inter-relação demonstrado na figura 3, delimitado pela seguinte conformação:

FIGURA 3 – Diagrama demonstrativo da inter-relação conceitual

Legenda:

P A – Perspectivas de Aprendizagem P P – Perspectivas de Produção

P R – Perspectivas de Resultado P E – Perspectivas de Estrutura

(1) – Conformação Histórica (2) – Dinâmica Organizacional

(3) – Administração da Produção

(Planejamento, Controle e Programação) (4) – Desempenho Organizacional

(5) – Arquitetura Báscia do Sistema (6) – Vigilância Sanitária em Aprendizagem

(7) – Multi-Dimensionalidade do Ser Humano (8) – Responsabilidade Sócio-Educacional

Diálogo e Discussão Hábil =

Inquirição – argumentação - entendimento pelo consenso – solução compartilhada Definição interativa e consensual de diretrizes de curto, médio e longo prazo Inic. e Criat. Papel Org. Resp. S-O. Aprend. H. P.A Aprend. O. Participação do CE Participação do CI Sinergia Interinstitucional Ação profissional O.M.M. P.P.     ! "$#%'&(*) +,&-) "$(.&/ 01$24365037890:!; <=?>@A>B'CD E,AF< G6HIJ KLNMO'P6QR S,P6T,UL P. R. Satisfação do CE Satisfação do CINE Satisfação do CINT Satisfação do CINO Agregação de Valor Diagnóstico sistêmico de situações ameaçadoras Identificação interativa e consensual de alternativas e recursos Formulação interativa e consensual de estratégias, prioridades e planos Execução planejada da ação com flexibilidade no planejamento, execução, verificação e ação corretiva e/ou padronização SIG Rec. Fin. Est. Física P.E. Pessoas Rec. M. T.

VERTENTES GERADORAS DE DETERMINANTES

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