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á tu à Ca losà Pesta aà dosà “a tos,à oà Pepetelaà pesta a ,à e à u u do ,à as euà e à 1941 em Benguela, Angola. Em 1958, aos 17, portanto, transfere-se para Portugal a fim de frequentar a Universidade de Lisboa, onde decide por estudar Letras. Na capital da metrópole portuguesa de então encontrará um ambiente propício para a discussão das ideias emancipatórias que ocupavam a cabeça dos jovens estudantes africanos, como sintetiza Benjamin Abdala Júnior:

Historicamente, como é conhecido, Pepetela situa-se numa geração de estudantes que se articulou, em Lisboa, em torno da Casa dos Estudantes do Império e de sua utopia social, configurada politicamente nos movimentos de libertação nacional.

(ABDALA JÚNIOR, 2003, p. 24)

Essa efervescência fertilizaria o futuro escritor e também lhe renderia o exílio na França entre 1961 e 1962, de onde seguiu para Argélia e formou-se em Sociologia. Estreou na literatura com Muana Puó,ào aàdeà ,àpu li adaàe à .àáàpa ti àdeà à passaàaà lutar como guerrilheiro na Frente Leste, ocasião em que escreveu As aventuras de Ngunga e

Mayombe à “ECCO,à .à áà estasà o as seguiram-se, até o final do século XX, A corda (1976/1979), Yaka (1983/1984), O cão e os caluandas (1985), Lueji (1989), Luandando (1990), A geração da utopia (1991/1992), O desejo de Kianda (1995), A parábola do cágado

velho (1990/1997), A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997), A montanha da água lilás (2000).

A obra de Pepetela, como aponta Tania Macêdo, é dona de uma visão aguda sobre a ealidadeàdeàseuàpaís:à aà íti aàdasài stituiç esàeàaàfo teàp ese çaàdaàhist iaàa gola aà aà ficção do autor podem ser focalizadas como linhas de força que percorrem e, não raro, est utu a àseusàte tos. à MACÊDO, 2009, p. 296)

Avaliando o conjunto da obra do autor desde sua estreia até a publicação de A

gloriosa família (1997), escreve Rita Chaves:

[...] Pepetela firma o seu itinerário e organiza as linhas de uma obra onde se pode recolher fios expressivos da própria história de Angola. Talvez mais do que em

qualquer outra produção estejam visivelmente assinalados na sua as representações, os impasses e as contradições da história recente do país.

(CHAVES, 1999, p. 219)

Se em Mayombe oàe edoà des elaàasàdi e s esà iasàda uelasàho asàe à ueàseà est à gesta doà aà utopiaà daà li e taç oà a io al à eà aà flo esta- a ati aà seà fazà espaçoà doà di logo ,àpe so age sàeà a ado às oà o st uídosà aàpa ti àdeàu àp o essoà i oà ueà eú eà identidades e dife e ças,à oi id iasà eà dissid ias,à ho ologiasà eà uptu as à CHáVE“,à 1999, p. 220 e 221) – em A geração da utopia, cuja diegese cobre um tempo que vai de 1961 aàu à aàpa ti àdeà ,àe ide ia -se as marcas do desencanto, marcas relacionadas com o intertexto histórico, com o qual Pepetela sempre dialoga:

Durante essas três décadas, iniciou-se a luta armada pela independência, nasceu o país, ensaiou-se o projeto socialista, transcorreu a guerra de agressão movida pelo regime racista da África do Sul, intensificou-se a guerra civil entre o MPLA e a UNITA, assinaram-se alguns tratados de paz jamais concretizados na íntegra, optou-se pelo neoliberalismo, o multipartidarismo sucedeu o regime de partido único.

(CHAVES, 1999, p. 225)

Esse intertexto histórico vai, ao longo do tempo, tingindo a obra de Pepetela de tons mais amargos, porque o guerrilheiro que lutou pela Independência de seu país (feito do qual se orgulha imenso até hoje, diga-se de passagem), sempre sonhou o à u à futu oà aut ti o,à ueà oàe o t a aà aàp isàdosàato esàpolíti osàdaàá golaàli e ta ,àeàpassouàaà iti a ,ài i ial e te,àoà so ialis oàepid i o,à ueà i eàdeàfalasà aziasàeà oàd à o taàdosà p o le asàdeàseuàpaís à ABDALA JÚNIOR, 2009, p. 177 e 178), e, posteriormente, os rumos adversos que o Estado foi impingindo ao projeto original.

E à ,àp i ei oàa oàdoàs uloàXXI,àe,à e ta e te,à aàpa ti àdeà ,àesseàte poà marcado lá pelo final de A geração da utopia, o autor angolano publica Jaime Bunda, agente

secreto - estórias de alguns mistérios, obra do corpus deste trabalho, livro que vem a ser um

dos primeiros deà feiç o àpoli ialàaàsu gi àe àá gola.

Analisar em que medida Jaime Bunda, agente secreto, de Pepetela, é ou não um livro do gênero policial, com quais vertentes do citado gênero se relacionaria, quais relações intertextuais com obras policiais seriam agenciadas na obra e com quais finalidades, é um dos propósitos desse trabalho.

Mas antes de passarmos para tais considerações, um breve parêntese. No prefácio ao caderno Poesia Negra de Expressão Portuguesa, Manuel Ferreira nos conta que, ao se querer entender como se formaram culturalmente aqueles jovens da Casa dos Estudantes do Império, perguntou-se a Antero Abreu (participante ativo da seção de Coimbra da casa) oà ueàe t oàosàestuda tesàaf i a osàlia à oàpe íodoàe t eà -1955. Eis a síntese do que ele respondeu:

Osà ade osà e desàdasà Éditio sà“o iales ,àasà Notio sàEle e tai es àdoàPolitze ,àoà Leà a is e à deà He ià Lef eà aà ole ç oà Queà sais-je ,à oà Cog iot,à oà p i ei oà Ga aud ...àEàta àdaà Edito ialàCal i o àdeàu àB asilàa a adoàdeàsai àdoàEstadoà Novo. Os mais afeitos e afoitos iam metendo o dente no Engels, no Lenine e, acidentada aventuaài tele tual,à oàMa .àCitaàai daà Estesàdiasàtu ultuosos àdoà jo alistaà elgaàVa àPasse ,à áàg a deà o spi aç oà o t aàaàU.‘.“.“. ,à Osàdezàdiasà ueàa ala a àoà u do .àEà essaà a e tu a à ía osàde o a doàli osàdeàfi ç oàeà poesia àa a ça a àe àGo ki, Ilya Ehemburgo, Cholokov, Jorge Amado, Graciliano deà‘a os,àJos àLi sàdoà‘ego,àE i oàVe íssi o,à oài e it elàMa uelàBa dei a,à ueà dei ouà filhosà po à todaà aà ãf i aà deà e p ess oà po tuguesa ,à oà Ca losà D u o dà deà Andrade, e ainda os espanhóis Lorca e António Machado e versos de Eluard, á ago àeàP e t.àEàosà fi io istasàa e i a os,àe t oà uitoàe à oga,à o su ia - se dias inteiros: Upton Sinclair, John dos Passos, Sinclair Lewis, Steinbeck, He i g a ,à E ski eà Cald ell,à Ho a dà Fast à eà oà es ue e à Dashiell Hammett [...]

(FERREIRA, 1982, p.15-16.)

Pepetela só chega em Lisboa em 1958, mas é de supor que suas leituras incorporaram as acima citadas. Teria o jovem Artur Pestana não se esquecido de Dashiell Hammett e consumido dias inteiros lendo O Falcão Maltês, Safra Vermelha, Seara de vidro,

Continental Op? Pelo menos duas de suas personagens, Sara e Aníbal, o Sábio, antes de

Jaime Bunda, admitem ler e apreciar livros policiais. Tal cena tem lugar em A geração da

utopia, depois de Aníbal desertar do exército colonialista para não ir lutar contra os

angolanos. Está se arranjando sua fuga, e Sara e ele combinam como passar um telefone e obter informações. Aníbal diz para Sara tomar cuidado para não ser seguida. Ela tenta acalmá-lo:

―àJ àlià uitosàli osàpoli iais,àest àdes a sado.

―à “i ,à sà ezesà s oà úteis.à Nu aà ti e tempo para ler muitos, tinha outras preocupações.

―àPreconceitos de intelectual, que só lê grande literatura. ―àN o,àta àh àg a deàlite atu aàpoli ial.

(PEPETELA, 1992, p.74)