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5 O IDEB NA AVALIAÇÃO EXTERNA E O MERCADO DE TRABALHO

5.12 São apontadas como responsabilidades da escola

- As escolas devem preencher e atualizar anualmente as informações constantes em cada um dos quatro cadastros do sistema Educacenso; - As escolas e, consequentemente, os gestores das suas respectivas redes

de ensino são responsáveis pela exatidão dos dados declarados e pela guarda dos documentos administrativos e pedagógicos que comprovem a matrícula e a frequência do aluno na escola.

- As escolas, o Distrito Federal, os Estados e os municípios devem conferir os dados preliminares do Censo, publicados no Diário Oficial da União, e proceder às devidas correções, dentro dos prazos legais, no sistema Educacenso;

- Os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem auxiliar as escolas que não possuem acesso à internet no preenchimento das informações; - Os Estados e o Distrito Federal devem capacitar os técnicos das

secretarias municipais, das regionais de ensino e das escolas para o preenchimento do sistema Educacenso;

- Os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem acompanhar e supervisionar toda a execução do processo censitário nas escolas de suas redes de ensino, zelando pela qualidade das informações e pelo cumprimento dos prazos e das normas estabelecidos pelo Inep.

- Os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem garantir a atuação dos Conselhos do Fundeb nessas esferas, na supervisão e na fiscalização do Censo Escolar, de acordo com o art. 24, § 9º da Lei nº 11.494/2007. - Zelar para que não haja duplicidade de matrículas incorretas na rede de

ensino, acessando o Módulo de Confirmação de Matrícula no sistema Educacenso, conforme determina a Portaria Inep nº 235, de 4 de agosto de 2011 (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2013b, p. 7-9).

Quando se trata das responsabilidades das escolas há uma cobrança muito grande por parte dos gestores das secretarias e dos órgãos controladores da política do Ideb. A ideia inicial era o controle do fluxo o que permanece como política de elevação dos índices, o grande desafio será resolver a segunda parte que trata da proficiência, uma vez que esta teria impacto na redução do número de analfabetos funcionais do futuro.

Assim, os derivados dos recursos são conferidos por aluno, o que faz o número de matrícula ser associado ao número de alunos que frequentam a escola e estes dados são de inteira responsabilidade da gestão. O Programa Compromisso Todos pela Educação inclui ações visando à melhoria da gestão escolar, da qualidade do ensino e do fluxo escolar (LIBÂNEO et al., 2012). Portanto, faz parte do primeiro eixo do PDE.

Há um esforço de todas as instâncias do governo no sentido de diminuir a reprovação e a evasão, sem prejuízos para a qualidade da educação, visto que isto pode gerar um refluxo nos números do Ideb em todos os níveis. Considerar que a escola pode resolver o problema da reprovação pela não proficiência seria cometer outro erro porque os discentes, ao realizar a Provinha Brasil ou Prova Brasil, ou até mesmo o Enem, não teriam sucesso mesmo nas competências exigidas nas provas.

Ao longo do tempo, o Brasil tem levantado situações sobre a reprovação e evasão na escola pública. E, ainda é um problema para a educação, tendo em vista que o próprio PDE vem tecendo ações no sentido de eliminar o problema. Assim: “De cada 1.000 brasileiros que têm condições de receber instrução elementar, 513 não se inscrevem nas escolas, 110 se matriculam, 79 ficam no primeiro ano, 54 vão um pouco além, somente 30 obtêm a instrução elementar” (OLIVEIRA, 1999).

Os números distam pouco mais de uma década do nosso tempo atual. Hoje o país vive uma situação mais confortável em relação a décadas anteriores, visto que há uma cobrança dos órgãos financiadores internacionais na aplicação de políticas de controle de evasão e reprovação.

O SIEd, conforme esclarece Wolynec (1999), consite num sistema computacional, implementado a partir de 1995, que reúne em uma base de dados única ‘todas as informações relevantes para o sistema educacional’, para que as ações dos governos (federal, estadual, municipal) e dos gestores escolares sejam ‘baseadas em fatos, dados, indicadores’ traduzindo ‘uma mudança de cultura’ na área educacional. [...] A organização do sistema nacional de informação, abarcando o sistema nacional de avaliação, foi discutida em eventos promovidos pelo MEC, que propiciaram a interlocução com agentes estrangeiros (FREITAS, D. N. T., 2007, p. 118).

Entram os pressupostos básicos da formação para atender os novos paradigmas, visto que a política da educação, com a flexibilização dos meios de produção, buscou atender aos interesses do capital com a mundialização dos saberes educacionais.

No período de 1988-2002, esforços e recursos públicos foram canalizados para a montagem do complexo de regulação que conjugou ‘medida- avaliação-informação’, com base no pressuposto de seu potencial para induzir a reforma de gestão da educação básica – identificada, no ingresso dos anos de 1990, como um dos desafios para se alcançarem equidade, qualidade e eficiência na educação brasileira (FREITAS, D. N. T., 2007, p. 118).

A descentralização e a municipalização foram passos que favoreceram este processo, o que faz da avaliação um pretexto para inovações tecnológicas baseadas nos novos paradigmas. O estado-executor passa a dar vez ao estado- avaliador. Nessa condição, os números estatísticos representam a força motriz dos processos das políticas públicas voltadas para a educação.

Estas informações do “Censo Escolar” servem de base para a

formulação de políticas públicas a partir de diagnósticos feitos por meio da

análise de indicadores, “Ideb, Saeb” e para a

[...] distribuição de recursos públicos (alimentação e transporte escolar, distribuição de livros, uniformes, implantação de bibliotecas, instalação de equipamentos de tecnologia da informação (TI), energia elétrica, água potável, Dinheiro Direto na Escola, Fundeb, entre outros). Os dados também são utilizados por outros ministérios, por organismos internacionais, como a Unesco, OCDE e o Unicef, por pesquisadores, estudantes, órgãos de controle, legislativo, judiciário e sociedade em geral (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2013a, p. 2).

A escola, neste contexto, está sem o poder de decisão e com uma relativa autonomia da produção dos seus conhecimentos. Além de dados gerais sobre a

escola (infraestrutura, equipamentos, instalações, etc), são coletados dados

específicos sobre cada aluno, sobre cada professor e sobre cada turma (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, 2013a).

Isto significa que o governo e os órgãos internacionais operam em uma perspectiva de controle da educação por unidades representativas e isto já foi bem articulado na base legal das ações administrativas e distribuição de recursos. Nesse sentido, com o Saeb na base legal houve um envolvimento maior dos setores privados no campo da avaliação estatística.

Todavia, a reversão dessa tendência fez-se particularmente visível, no período posterior a 1994, com a opção governamental pela terceirização de parte das atividades do Saeb e do Enem – o que recomendara desde início o Banco Mundial (BONAMINO, 2002).

E, segundo Freitas, D. N. T. (2007, p. 124), “com a redução da audição e do envolvimento do setor público, dos diretamente interessados e da sociedade organizada”.