TABELA DE EVENTOS
TUBO PVC CORRUGADO TUBO PVC CERÂMICO TUBO GARRAFAS PET TUBO DE GARRAFAS PET BAMBU
12- Riscos na instalação
3.8 S ÍNTESE DO C APÍTULO
Como observado no capítulo 3, o interesse das famílias do assentamento rural Sepé-Tiaraju em procurar por auxílio no processo de escolha de um sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais permitiu o acesso à técnicas não convencionais e mais sustentáveis.
O estudo realizado levantou 19 técnicas diferentes para tratamento de efluentes, que foram selecionadas com base nas características do local e necessidades das famílias. Essa pesquisa viabilizou a escolha de técnicas com maior grau de sustentabilidade, ou seja, técnicas que proporcionam tanto o reuso da água efluente como de lodo formados.
As famílias do assentamento desconheciam várias dessas técnicas, sendo que este processo participativo para escolha do sistema de tratamento possibilitou o acesso dessas pessoas a esse conhecimento, de forma que pudessem compreender o funcionamento e os principais benefícios de cada alternativa. Durante as reuniões de tomada de decisão, as famílias tiveram a oportunidade de escolher a técnica mais adequada às suas necessidades financeiras e locais.
Apesar da presença de quase metade das famílias de cada núcleo, poucas opinaram no processo de escolha da alternativa. Porém as pessoas que o fizeram, tomaram suas decisões de maneira consciente, pois compreenderam o que estava sendo apresentado. A hipótese que surgiu foi que as pessoas tinham dificuldades em opinar devido a não compreender o que estava sendo explicado ou dificuldade de expor suas idéias perante a um coletivo. É preciso criar estratégias para incrementar a participação das pessoas, de forma a utilizar de métodos que aumentem a possibilidade de diálogos entre as pessoas e pesquisadores.
O tempo insuficiente para apresentação das alternativas também foi um fator determinante para a baixa participação das pessoas. Ele prejudicou a atividade porque os níveis de compreensão das pessoas variam e muitas não expuseram suas dúvidas porque desde o início da apresentação estavam com dificuldades. Caso houvesse um tempo maior para apresentação, as dúvidas poderiam ter sido sanadas e a participação seria mais ativa.
A viabilidade de processos participativos para tomada de decisão depende da cultura de participação das pessoas, do grau de escolaridade das mesmas, grau de aceitação de novas tecnologias, tempo disponível para as atividades. É preciso incentivar as pessoas a participarem de processos de tomada de decisão para que possam se tornar cidadãos ativos e buscar melhores condições de vida.
No assentamento rural Sepé-Tiaraju, apesar do processo de escolha participativo, o tempo entre a escolha da técnica a ser construída no assentamento e a sua real
execução foi elevado (cerca de 2 anos e meio) o que resultou em novas variáveis que interferiram no processo.
A principal variável que interferiu foi os recursos financeiros disponíveis. Para construção do sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais foi disponibilizado R$1.000,00 do recurso financeiro do financiamento da construção das habitações do local, valor definido pelas famílias do Assentamento Rural Sepé-Tiaraju. Tanto o orçamento das habitações quanto o orçamento do sistema de tratamento foi realizado no ano de 2006 e as alternativas escolhidas pelas famílias (fossa séptica com vala de infiltração e fossa séptica com círculo de bananeiras) eram viáveis de serem implantadas.
Porém a construção das habitações iniciou-se apenas em 2007 e as discrepâncias entre os custos orçados e o custo gastos no decorrer da obra foram sendo observadas. Atrasos no pagamento dos fornecedores devido a acordos não cumpridos pelas famílias determinaram custos mais elevados na aquisição de materiais, pois a compra dos mesmos deixou de ser coletiva. Contudo, com as constantes paralisações de obra e reavaliação dos orçamentos, os recursos financeiros disponíveis para construção do sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais foram reduzidos para cerca de R$800,00. Com esta redução, o sistema fossa séptica com vala de infiltração tornou-se inviável.
Outra variável que interferiu no processo foi a constante mudança das organizações coletivas no assentamento, que resultou em algumas famílias que conseguiram construir suas casas e outras não. Durante o processo de construção das casas as famílias se organizavam de forma que fosse mais conveniente: procuram coletivos que melhor atendiam às suas expectativas, de acordo com a etapa de obra a ser executada. Neste momento verificou-se o enfraquecimento dessas organizações coletivas e a adoção de algumas soluções individualizadas.
Como a liberação de recursos financeiros dependia do andamento da obra geral, ou seja, avaliação do assentamento como um todo, em que uma casa coberta e uma casa na fundação representam duas casas na metade a elevação da alvenaria, os recursos financeiros para estas etapas de obra liberados não eram suficientes para pagar os fornecedores. Conflitos interpessoais no assentamento também atrasaram o processo, como brigas entre famílias das brigadas de construção das habitações, brigas entre integrantes do assentamento, mudança de famílias proprietárias de lote por motivo de expulsões, etc.
Quando se trata de pesquisa-ação participativa, as variáveis do processo são de baixo controle por parte do pesquisador, uma vez que vários fatores externos influenciam direta ou indiretamente na pesquisa. Neste processo novas hipóteses ações surgem.
Com o atraso na liberação dos recursos financeiros para construção do sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais (fossa séptica e círculo de bananeiras) e para verificação do custo real e materiais necessários, foi executado um sistema piloto. O próximo capítulo aborda o processo de construção desse piloto, desde a escolha da família contemplada com o sistema até sua execução, verificando-se a segunda hipótese principal da pesquisa.