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TABELA DE EVENTOS Evento :

4.2.4 Transferência de Local de Oficina para Construção de Sistema Piloto de Tratamento de Efluentes Sanitários Residenciais:

Conflitos e Justificativas

Dia 10/02/09 foi agendada a segunda oficina para construção do sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais no assentamento rural Sepé-Tiarajú. No dia 09/02/09 foram avisados todos os participantes da oficina anterior e também convidados novamente demais integrantes do assentamento para participarem. Mirna foi novamente avisada da oficina em seu lote.

Ao chegar ao lote de Mirna no dia 10/02/09 novamente a moradora não se encontrava e os demais participantes também não estavam presentes. Não havia ninguém em sua habitação para conversar com os pesquisadores do grupo Habis. Como ocorrido na oficina anterior, procurou-se pela moradora nos locais em que costuma trabalhar no assentamento por cerca de 1:30 horas e a mesma não foi encontrada. A equipe do grupo Habis se reuniu e decidiu não realizar mais a oficina em sua habitação e buscar por uma nova família que tivesse real interesse em participar e aprender a construir o sistema de tratamento de esgoto.

A continuidade da oficina na casa de Mirna não iria agregar contribuições para a pesquisa e não viabilizaria avaliar o grau de capacidade da moradora sobre a aprendizagem de um novo sistema para tratamento de efluentes sanitários residenciais. A falta de interesse na atividade verificada na oficina anterior tanto por Mirna quanto pelos presentes na oficina resultou na tomada de decisão pelos integrantes do grupo Habis na mudança do local da oficina, para uma família que atendesse aos critérios estabelecidos. Porém era preciso comunicar Mirna dessa decisão.

Continuou-se a procura por Mirna e a mesma foi encontrada às 10:30 e comunicada da não continuidade da oficina em seu lote. Mirna afirmou que não ia ter construção naquele dia porque não tinha água em seu lote. Porém não se preocupou em avisar a equipe do grupo Habis ou mesmo pedir a alguém que o fizesse. Essa atitude da moradora

mostra o desinteresse pela importância que a oficina representa de ser realizada em sua casa e da aprendizagem de um novo ofício.

Quando informada que a oficina não seria mais em sua habitação ela disse: “Tá

bom, não queria nada de graça mesmo”. Informei que os materiais permaneceriam em seu

lote para que pudesse concluir o sistema e ela respondeu: “Vou aterrar tudo. Não quero mais

este sistema. Ainda bem que não vai ter mais nada em casa”. Após dizer essas palavras,

Mirna voltou a trabalhar. Depois de certo tempo ela nos encontrou novamente e iniciou agressões verbais, com uso de palavras de baixo calão. A equipe se calou para não acatar a esses xingamentos e continuou o trabalho.

Decidiu-se realizar a oficina na casa da Jaime, núcleo Chico Mendes. Jaime foi o primeiro a comparecer no lote da Mirna para participar da oficina, auxiliou no processo de definição da localização da fossa, demarcou a área a ser escavada e iniciou o processo. Jaime analisou as plantas e fez questionamentos para conhecer melhor o sistema. Em virtude desse interesse do morador e da necessidade de uma família que contribuísse com a pesquisa de forma participativa, concluiu-se que Jaime seria um parceiro potencial para a pesquisa e deveria ser convidado para realizar em seu lote a construção do sistema piloto para tratamento de efluentes sanitários residenciais. Além disso, Jaime atende aos critérios estabelecidos para o sorteio de definição da família a ser contemplada com sistema piloto.

A equipe foi conversar com Jaime e ele aceitou prontamente que a oficina fosse realizada em seu lote. Afirmou que convidaria a todos do Chico Mendes para auxiliá-lo e que o material que sobrasse da sua oficina fosse destinado para Vilma, que após aprender, ele iria iniciar a construção do sistema no lote dela, pois ela tem interesse neste sistema. Neste momento observa-se a diferença de reação de uma família interessada em aprender uma nova técnica e de uma família desinteressada. Jaime quer aprender a técnica e replicar para os demais integrantes de seu núcleo, gerando uma fonte de trabalho e renda para o mesmo.

A escolha da família para execução do sistema de tratamento de efluentes sanitários residenciais sem intervenção do pesquisador ocasionou na escolha inadequada, uma vez que os critérios para determinação dessa família não foram adequadamente esclarecidos. Isso ocasionou um processo de decisão de nova família em que não se respeitaram as instâncias de decisão do assentamento rural Sepé-Tiarajú, mas sim a iniciativa das pessoas de

queriam conhecer o sistema de tratamento de efluentes e aprender uma nova técnica para poder replicar. A intervenção do pesquisador nesta escolha foi fundamental para a decisão.

Jaime foi escolhido por este critério. Em virtude da participação na oficina do dia 04/02/09, Jaime foi capacitado a realizar a primeira fase da construção do sistema de tratamento. A pesquisadora entregou a Jaime as plantas e explicou com detalhes as etapas da primeira oficina. Jaime afirmou que até sexta-feira (13/02/09) terá finalizado a concretagem do fundo da fossa séptica e caixas de passagem, para que no dia 19/02/09 fosse realizada a segunda fase da oficina de tratamento de efluentes sanitários residenciais.

Com isso, foi possível avaliar a aprendizagem do mesmo quanto à primeira etapa da oficina para construção do sistema piloto de tratamento de efluentes sanitários residenciais, que conseguiu replicar satisfatoriamente o que foi executado.

Após conversa com Jaime, a equipe foi procurar por José, coordenador do núcleo Paulo Freire, para esclarecer os motivos os quais a oficina não seria mais na casa da Mirna. José concordou com os argumentos da equipe Habis e disse: “A escolha da Mirna foi

sorteio. É o jeito que a gente escolhe aqui”. José afirma que vai participar da oficina na casa

do Jaime para aprender e depois construir sua casa e finalizar o sistema da casa de Mirna. Todo esse processo evidenciou que na pesquisa-ação participativa é preciso que o pesquisador avalie qual o grau de intervenção que deve ter no processo de tomada de decisão. É preciso identificar pessoas motivadas em contribuir com a proposta da pesquisa, de modo com que seu auxílio ocasione os resultados desejados. O caso do assentamento demandou uma intervenção mais eficiente do pesquisador, que não ocorreu no primeiro momento e ocasionou conflitos interpessoais e acordos de construção e avaliação do sistema piloto de tratamento de efluentes sanitários residenciais rompidos.

Esclarecidos os motivos da mudança de local da construção do sistema piloto, a seguir será abordada a segunda etapa de obra da oficina para construção de sistema piloto de tratamento de efluentes sanitários residenciais no lote de Jaime.

4.2.5 Caracterização do Processo de Construção de Sistema Piloto de

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