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3. RESULTADOS: PROFESSORES E A EDUCAÇÃO INFANTIL

3.2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL

3.4.3 Satisfação profissional

Quanto à satisfação profissional, a análise das respostas indicou que, apesar dos obstáculos já apontados, a maioria deles declarou satisfação com o trabalho na educação infantil. Entre outras coisas, este fato pode ser corroborado pelas falas em que manifestam a intenção de atuar neste segmento até se aposentar. Para justificar essa afirmação, eles assinalam que se sentem tão realizados que não se imaginam em outra atividade. Mais do que isso, eles chegam ao ponto de confessar que não saberiam fazer outra coisa.

Minha satisfação profissional? Eu sou muito feliz com o que eu faço. Eu gosto muito do que eu faço, tenho muita satisfação. (...) eu não saberia fazer outra coisa... (Laura, EPU)

... eu falo pros pais na reunião que eu escolhi essa profissão. Para mim é o que me satisfaz. É opção, é o que eu gosto de fazer, não consigo me imaginar fazendo outra coisa. (Regina, EPU)

... às vezes até falo não sei se eu conseguiria trabalhar em outra coisa, sabe? Cada dia que eu venho pra trabalhar com meus alunos, ver cada rostinho daquele... É uma satisfação muito grande. (Marta, EPA)

Sob essa perspectiva, vale registrar que a satisfação profissional é mencionada tanto por professores de escola pública quanto os de escola particular. A partir disso, podemos inferir que a satisfação desses docentes parece ultrapassar qualquer tipo de obstáculo enfrentado no exercício de suas funções. O sentimento de realização dos entrevistados pode ser evidenciado nas falas abaixo.

Ah, minha satisfação hoje é muito grande. Tenho muita satisfação. Isso pra mim é vital... (...) eu adoro, eu amo o que eu faço. (Lúcia, EPA)

Ah, a satisfação tá aqui na minha face, ta no meu sorriso. Eu nunca fui triste pra escola nunca, nunca. (...) eu amo minha profissão. Eu adoro ser professora da educação infantil. Eu adoro, adoro, adoro. Eu não sei como é que eu vou fazer quando eu me aposentar, eu gosto muito. (Carla, EPU)

Hoje eu sou uma pessoa realizada... (...) hoje eu, eu, eu tô no lugar certo. (...) se eu tiver que largar eu não volto pra outra turma. Eu não pegaria um outro grupo de jeito nenhum. (Carina, EPA)

Eu vou te falar uma coisa se tem uma área assim que eu sou muito feliz é essa. Porque eu gosto demais do que eu faço. Sou feliz no lugar que eu faço. Então, assim eu sou completamente realizada... (Amanda, EPA)

Nos depoimentos acima, é possível perceber que os participantes falam com muito afeto sobre o trabalho que exercem. São relatos carregados de emoção que indicam o envolvimento desses profissionais em uma atividade que, segundo eles, demanda muito mais do que conhecimentos específicos.

Por fim, perguntamos aos participantes o que mais os motiva a atuar na educação infantil. Aqui, foram enfatizados alguns aspectos já mencionados anteriormente, tais como: o encantamento pela descoberta, desenvolvimento e aprendizagem das crianças e o sentimento de amor por elas. Os docentes revelaram, ainda, que o carinho recebido das crianças é algo tão especial e revigorante que faz tudo valer à pena.

... eu recebo tanto carinho deles assim e é uma coisa incondicional, sabe? Eles não tão nem ligando se você tá feinha naquele dia ou se você ta assim ta assado. Eles não ligam. Isso me motiva... (...) quando você chega você recebe incondicionalmente aquele carinho. Aí você fala, não tem jeito não e cada dia você justifica pra não sair e vai ficando. (Carina, EPA)

Ah, as crianças me motivam. Assim o dia a dia mesmo, a descoberta de todo dia, sabe? O olhar, o carinho. Olha são tantas coisas que fazem com que a gente fique. Tem dia que a gente sai cansada, esgotada, mas sempre tem aquele olhar quando

você fala alguma coisa. Tudo é muito brilhante pra eles... (...) quem tá aqui tá pela criança assim porque, às vezes, a gente tá chateado e vem pra cá e o carinho o abraço, né? Todo dia eles me revigoram. (Amanda, EPA)

3.4.4 Reflexões

Ao buscar compreender as significações de educação infantil que têm os docentes de escolas públicas e particulares, constatamos que, mesmo sob diferentes condições de trabalho, esses profissionais mostraram compartilhar idéias, conceitos e valores relacionados a diversos aspectos que foram abordados neste estudo. A análise dos dados nos permitiu, essencialmente, conhecer o modo como os professores pensam a educação nesta fase da vida. Emergiram noções importantes que nos levaram a compreender como esses significados vão sendo constituídos pelos docentes ao longo dos anos. As falas indicam que muito do que, atualmente, os entrevistados dizem sobre educação infantil é influenciado pelas experiências que eles têm neste campo de atuação. Isto porque, segundo esses profissionais, suas concepções sobre educação infantil no começo da vida profissional eram equivocadas.

Os participantes parecem ter consciência da importância da função que desempenham. Mais do que isso, eles reconhecem a necessidade de maior profissionalização da categoria, pois estão convencidos de que o início da escolarização constitui numa etapa decisiva na vida da criança. Por isso, os professores reivindicam reconhecimento profissional, o que significa, entre outras coisas, melhores salários e condições de trabalho. Aqui, a formação também ocupa lugar de destaque.

Os depoimentos expressam anseios, angústias, dificuldades, necessidades e, acima de tudo muita satisfação dos professores com a profissão que exercem. O trabalho com crianças parece mobilizar nesses profissionais os sentimentos mais ternos, o que pode ser evidenciado em seus relatos carregados de emoção e, principalmente pelo desejo de proporcionar à criança tudo o que for possível para que ela tenha um desenvolvimento saudável. Este comprometimento com os pequenos é um consenso compartilhado pelos entrevistados, o que, em certa medida, os impulsiona a refletir sobre a própria atuação.

As significações reveladas ao longo deste estudo sintetizam as crenças, opiniões e práticas de parte dos professores que estão fazendo a educação infantil acontecer no dia a dia. Estas concepções são sobre o que eles dizem pensar e fazer. Por isso, é preciso chamar atenção para o fato de que pode-se, às vezes, falar uma coisa e fazer outra. Isto significa que as concepções presentes no discurso não necessariamente se fazem presentes na prática. De

todo modo, podemos evidenciar, ainda, que os professores reconhecem a profissão como uma atividade que demanda saberes e habilidades específicas, o que desmistifica a crença de que para trabalhar com crianças basta gostar delas.