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Serviço referido para o primeiro atendimento de saúde (Universalização/ Acessibilidade)

CAPÍTULO V – Avaliação dos Efeitos e Impacto do Programa Saúde da Família

1. Efeitos do Programa Saúde da Família

1.1 Serviço referido para o primeiro atendimento de saúde (Universalização/ Acessibilidade)

Neste item procuramos avaliar como o PSF encontra-se dentro do sistema de saúde municipal, uma vez que se propõe a ser a porta de entrada, ou seja, o primeiro serviço procurado pelo usuário. Para tanto fizemos duas perguntas, estas referem-se ao item 10 e 11 no quesito Avaliação da Acessibilidade (ver questionário anexo). Os dados estão nos gráficos adiante.

GRÁFICO 1 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Acari-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

GRÁFICO 2 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Taipu-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

26%

74%

Local que procura em caso de urgência/emergência -Acari/RN UBSF Hospital 77% 21% 1% 1%

Local que procura quando não é urgência/emergência - Acari/RN UBSF Hospital Vizinhos Outros 3% 95% 1% 1%

Local que procura quando em caso de urgência/emergência - Taipu/RN UBSF Hospital Sindicato Outro município 93% 3% 1% 3%

Local que procura quando no é urgência/ ermegência - Taipu/RN

UBSF

Hospital

Clínica Especializada Sindicato

GRÁFICO 3 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Canguaretama-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

GRÁFICO 4 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Santa Cruz-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

GRÁFICO 5 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Mossoró-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011. 20%

74% 3% 1% 2%

Local que procura em caso de urgência/ emergência - Canguaretama/RN UBSF Hospital Clínica Especializada Outro município Plano de Saúde 74% 14% 4% 3% 2% 3%

Local que procura em caso de não ser urgência/ emergência -

Canguaretama/RN UBSF Hospital Clínica Especializada Farmácia Outro município Plano de Saúde 5% 93% 1% 1%

Local que procura em caso de urgência/emergência - Santa Cruz/RN UBSF Hospital Clínica Especializada Outro 71% 25% 2% 1% 1%

Local que procura quando não é urgência/ emergência - Santa

Cruz/RN UBSF Hospital Clínica Especializada Farmácia Fica em casa 9% 79% 11% 1%

Local que procura quando urgência/ emergência - Mossoró

UBSF Hospital Clínica Especializada Outro município 78% 9% 11% 1% 1%

Local que procura quando não é urgência/emergência - Mossoró UBSF Hospital Clínica Especializada Sindicato Farmácia

GRÁFICO 06 – Local que procura para primeiro atendimento no município de Natal-RN

Fonte: Pesquisa de campo, 2011.

Nos municípios de pequeno porte, observamos que em caso de urgência e/ou emergência o primeiro serviço referido para atendimento é o hospital, já no caso de um problema novo que não seja urgência e/ou emergência a grande maioria procura a UBSF. Tal fato nos remete para a grande procura pelos postos de saúde como primeiro local para atendimento, isto é, como porta de entrada para o sistema municipal de saúde.

Apesar de, em ambos os municípios, podermos considerar o PSF a porta de entrada do sistema, um fato importante para pensarmos isto está na característica dos municípios. A população de Taipu, por exemplo, tem uma rede de serviços mais limitada, principalmente pelo fato da maioria da sua população ser rural e o único serviço mais próximo são as equipes do PSF, além de um hospital de pequeno porte e uma clínica privada. Em contrapartida, em Acari, um município eminentemente urbano, existem outros serviços como Centros de Saúde, Maternidade e Hospital Estadual de médio porte que também se encontram próximos aos usuários e com poucas barreiras para atendimento, além de clínicas particulares, o que facilita o atendimento e o acesso dos usuários a estes serviços.

Esse fenômeno trazido pelo Programa, no caso, ser implantado principalmente em áreas antes desprovidas de outros aparelhos públicos de saúde, vem garantindo um aumento na procura do Programa e sua configuração como porta de entrada para o sistema, o que é um efeito esperado e positivo.

Outro fato a ser destacado quando evidenciamos o PSF como porta de entrada, encontra-se associado à fala dos usuários sobre as dificuldades para conseguir assistência médica. Quando perguntados sobre este assunto, eles revelaram uma

14%

79% 2% 5%

Local que procura quando urgência/ emergência - Natal

UBSF Hospital Clínica Especializada Plano de Saúde 59% 21% 14% 1% 1% 4%

Local que procura quando não é urgência/ emergência - Natal

UBSF Hospital Clínica Especializada Farmácia Outro município Plano de Saúde

situação que leva o Programa a ser mesmo uma porta de entrada imposta pela própria lógica de atendimento da rede. Os hospitais, principalmente dos municípios que possuem cobertura de 100% do PSF, rejeitam o atendimento de usuários que sejam portadores de problemas considerados, pelos profissionais destas instituições, de atendimento ambulatorial. Assim, uma vez que o usuário precise ir ao médico queixando-se de qualquer problema de saúde que não se configure como uma urgência ou emergência os hospitais tendem a reencaminhá-los para procurar a Unidade de Saúde da família do seu bairro. Dessa forma, os usuários se veem forçados a procurar primeiro à UBSF para só então tentar os hospitais.

No entanto, é notória a preferência (ainda que ultimamente não estejam mais indo direto aos hospitais) dos usuários em procurar a atenção hospitalar sempre mais do que a própria unidade básica, isso por que podem ser atendidos em qualquer horário e sem restrição de fichas para atendimento, como ocorre no Programa Saúde da Família. As barreiras são menores e isso faz o serviço mais atrativo aos usuários, mas o próprio hospital já possui mecanismos para minimizar a procura “desnecessária” a este serviço.

Se por um lado, a adscrição de clientela permite um melhor acompanhamento da população, por outro lado, as condições limitantes do atendimento impostas aos usuários geram dificuldades para conseguir a assistência médica necessária, e o Programa gera o que vamos chamar de efeitos indesejáveis. Em outras palavras, restringe-se o atendimento dos usuários aos seus postos de saúde do bairro, como o primeiro serviço de referência. Porém, ao mesmo tempo, esse serviço de referência como porta de entrada do sistema oferece limitações que comprometem o atendimento ao usuário, quando por exemplo, os médicos não cumprem a carga horária de trabalho necessária para atender a contento toda a demanda por consultas médicas. Nestas situações, o usuário se vê sem acesso ao hospital, que antes era mais facilitado, e com acesso limitado ao Programa Saúde da Família, uma vez que este não cumpre com as condições de trabalho ora propostas pelo Programa, gerando o que ficou conhecido como “demanda reprimida”, que é na verdade, a parcela da população que não consegue atendimento.

Nos municípios de médio porte, observamos realidades um pouco diferentes. Em Canguaretama, 74% procuram os hospitais em caso de urgência/emergência e 74% procuram o PSF quando não é urgência/emergência. O que observamos a partir da entrevista com os participantes deste município, é que ainda existe um número significativo de pessoas que não sabem ao certo aonde ir quando for uma

urgência/emergência, ou o que vem a ser essa situação. Assim, percebemos que por receio de não ser atendido na tentativa inicial os usuários preferem procuram o PSF em primeiro lugar, independente do problema, uma vez que se forem direto no hospital, correm o risco de ter de voltar para a unidade básica. Em Santa Cruz a realidade foi um pouco diferente, 93% dos usuários disseram ir ao hospital em caso de urgência/emergência e 71% procuram a UBSF quando não for esta a situação. O que percebemos, é que a população deste município demonstra conhecer melhor que o hospital é o locus privilegiado para o atendimento de urgências e emergências. Contudo, a procura relativamente menor do PSF para casos que não sejam urgência e/ou emergência podem estar diretamente relacionados às dificuldades encontradas pelos usuários para conseguir assistência médica no Programa. Tendo em vista, que foi este o município que apresentou maior índice de dificuldades enfrentadas para marcar consultas e conseguir assistência médica a partir da fala dos usuários (ver em item adiante).

Nos municípios de grande porte, observamos que em Mossoró 79% da população dirigem-se ao hospital em casos de urgência e/ou emergência, e 78% procuram a UBSF em outras situações que não sejam essas. Considerando ser este um município de grande porte e que não tem uma cobertura total do Programa, os dados são positivos e apontam para uma reorganização da porta de entrada centrada na atenção básica.

Entretanto, quando analisamos o município de Natal, onde a cobertura do PSF ainda é menor, e onde se convive mais com diversos modelos de atenção básica, percebemos que 79% procuram o hospital em caso de urgência e/ou emergência e apenas 59% buscam a Unidade Básica de Saúde da Família quando não é uma destas situações. O que percebemos neste município, é um número crescente de pessoas que, insatisfeitos com a atenção básica, tem recorrido a outro sistema de atenção (efeito

inesperado e negativo), como a atenção especializada oferecida pela AME, Assistência

Médica Especializada, que foi uma das marcas da gestão municipal do período de 2009- 2012, e as UPAS (Unidades de Pronto-Atendimento em Saúde), que são os serviços de pronto-atendimento também alavancados a partir desta gestão.

Nos municípios de pequeno e médio porte o PSF é a porta de entrada prioritária, tendo como fator que contribui para esta realidade a restrição de atendimento ambulatorial realizada pelos hospitais. Já no caso dos municípios de grande porte, o PSF é em parte a porta de entrada, mas outros serviços que possuem menos barreiras de

acessibilidade são também consideradas pelos usuários quando buscam o primeiro atendimento de saúde.

1.2. Acesso/ Acessibilidade dos usuários no Programa Saúde da Família.

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