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6. SISTEMA PRISIONAL DO BRASIL E A CARACTERIZAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES

6.1 Sistema Prisional do Brasil

O Brasil possui e administra o maior sistema prisional da América Latina. No entanto, se considerarmos o número de presos em relação ao número de habitantes, ocupa o sétimo lugar em comparação aos outros países, com uma taxa aproximada de 162 pessoas presas por 100.000 habitantes154. Na Tabela 1 apresentamos os dados referentes aos países da América Latina.

Tabela 1 - População Prisional na América Latina - Ano de 2003

Países População População Prisional Pessoas Presas por 100.000 hab. Argentina 37.812.817 60.000 159 Brasil 178.985.306 290.000 162 Chile 15.498.930 37.000 239 Colômbia 41.008.227 58.000 141 Costa Rica 3.834.934 8.000 209 El Salvador 6.353.681 11.400 179 Equador 12.411.232* 8.520* 179 Guatemala 13.314.079 8.600 65 Haiti 7.796.499* 4.152* 53* Honduras 6.560.608 480 160 México 103.400.165 5.000 171 Nicarágua 5.023.818 5.000 100 Panamá 2.882.329 10.650 369 Paraguai 5.884.491 5.000 85 Peru 27.949.639 29.000 104 Rep. Dominicana 10.084.245 14.188* 194 Uruguai 3.256.632 * 4.012* 123* Venezuela 23.706.711* 23.147* 98*

Fonte: Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Sistema Penitenciário no Brasil - Diagnóstico e Propostas, 2005. (*) números referentes ao ano de 1999.

154 Dados referentes ao ano de 2003. Ministério da Justiça - Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Sistema Penitenciário no Brasil – Diagnóstico e Propostas. 2005.

Considerando o ano de 2007, o Brasil tem uma população carcerária de 339.580 pessoas presas, distribuídas em 1051 estabelecimentos prisionais, com um déficit de 103.432 vagas155, sendo diagnosticado um crescimento vertiginoso da população encarcerada no período de 1992 a 2004. A tabela 2, apresenta-nos o crescimento anual, de 1992 a 2007, da população prisional do país:

Tabela 2 - População Prisional no Brasil Ano População Prisional

1992 114.377 1993 126.152 1994 129.169 1995 148.760 1996 - 1997 170.602 1998 - 1999 194.074 2003 308.304 2004 350.000* 2005 392.000* 2006 434.000* 2007 476.000*

(*) Estimativa da população prisional, segundo o referido Ministério.

Fonte: Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Sistema Penitenciário no Brasil, Diagnóstico e Propostas, 2005.

Na tabela apresentada observamos, a partir do ano de 2003, uma média mensal de entrada de 9.391 pessoas no sistema prisional e, conforme dados do Depen, uma média mensal de saída de 5.897 pessoas, o que nos aponta um saldo médio mensal de 3.494 pessoas presas por mês no sistema prisional nacional, equação que desafia as administrações públicas para a questão da superlotação carcerária.

Cabe destacar e observar que no período de 1995 a 2003, o número da população prisional duplica e que, no período de 1992 a 2004, a população do país passou de

155 Segundo dados do Ministério da Justiça - Depen, referente a dezembro de 2006, o sistema prisional nacional possui: Total de Estabelecimentos: 1.051; População do Sistema Penitenciário: 339.580; Vagas do Sistema Penitenciário: 236.148; Secretaria de Segurança Pública: 61.656; População Prisional do Estado: 401.236; Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível em: <http://www.mj.gov.br/depen/sistema/consolidado%202007.pdf >. Acesso em: jul.2007.

153.824.424 para 181.986.030 habitantes, indicando um crescimento aproximado de 20%, e, no mesmo espaço de tempo, o número de pessoas presas por 100.000 habitantes oscilou de 74 para aproximadamente 180 pessoas.

Na tabela a seguir, apresentamos a distribuição da população carcerária por Estados:

Tabela 3 - População Prisional por Estados – Ano 2004 Unidade

Federativa PopulaçãoPrisional Número de Vagas

Acre 1.935 1.123 Alagoas 2.069 1.527 Amapá 1.180 549 Amazonas 2.350 1.841 Bahia 10.279 4.658 Ceará 9.178 5.903 Distrito Federal 6.978 4.391 Espírito Santo 6.336 3.276 Goiás 8.774 1.831 Maranhão 4.113 815 Mato Grosso 7.826 3.832

Mato Grosso do Sul 8.818 2.666

Minas Gerais 24.335 6.183 Pará 6.385 4.099 Paraíba 5.698 3.805 Paraná 14.296 7.295 Pernambuco 13.651 8.760 Piauí 2.145 1.895 Rio de Janeiro 25.011 19.529

Rio Grande do Norte 3.105 2.142

Rio grande do Sul 19.344 15.665

Rondônia 3.758 1.874 Roraima 620 309 Santa Catarina 7.854 1.856 São Paulo 129.098 72.811 Sergipe 2.262 1.103 Tocantis 1.378 1.166

Fonte: Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Sistema Penitenciário no Brasil - Diagnóstico e Propostas, 2005.

A tabela possibilita-nos a comparação estadual da população carcerária, e identificar o déficit de vagas apresentado em cada Estado, sendo constatado um déficit de 56.287 vagas no sistema prisional do Estado de São Paulo.

No Brasil, cada Estado possui a autonomia da gestão do seu respectivo sistema prisional, sendo cada governo estadual responsável pela administração do conjunto dos estabelecimentos prisionais de determinado Estado, refletindo essa independência na diversidade das estruturas organizacionais, bem como, no planejamento e implantação de políticas de execução da pena privativa de liberdade, tendo todos os Estados a obrigatoriedade do cumprimento da Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº. 7210, de 11 de julho de 1984, a qual regulamenta a execução da pena privativa de liberdade no país.

Segundo a legislação nacional, Código Penal, Lei nº. 2.848 de 09 de dezembro de 1940 e a Lei de Execução Penal, as penas privativas de liberdade são executadas em forma progressiva, sendo o cumprimento da pena estruturado em estágios progressivos, onde a pessoa pode ser transferida, segundo as referidas leis, de um regime mais rigoroso, denominado regime fechado, para regimes menos rigorosos, denominados semi-aberto e aberto, considerando ainda, neste modelo progressivo, a individualização na execução da pena privativa de liberdade.

Conforme apresenta a redação do Código Penal, Lei nº. 2.848, de 09/12/40: Título V

Das Penas Capítulo I

Das Espécies de Pena ... Seção I

Das Penas Privativas de Liberdade Reclusão e detenção

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

§ 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso.

E conforme apresenta a redação da Lei de Execução Penal, Lei nº. 7210/84:

Título V

Da Execução das Penas em Espécie Capítulo I

Das Penas Privativas de Liberdade ... SEÇÃO II

Dos Regimes

Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.

...

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo Juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior e seu mérito indicar a progressão.

Parágrafo único. A decisão será motivada e precedida de parecer da Comissão Técnica de Classificação e do exame criminológico, quando necessário.

...

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor. (Redação dada pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

§ 2º Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (Incluído pela Lei nº. 10.792, de 1º.12.2003)

A fiscalização sistematizada dos estabelecimentos e serviços prisionais, bem como o cumprimento da Lei de Execução Penal (LEP) em todo território nacional é de responsabilidade do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, sendo o Depen regulamentado e suas atribuições estabelecidas pelos artigos 71 e 72 da LEP, que o define como órgão executivo da política penitenciária nacional, de apoio administrativo e financeiro ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). O Depen é considerado órgão superior de controle, destinado a acompanhar e zelar pelo cumprimento da LEP e das políticas estabelecidas pelo referido Conselho, sendo ainda órgão gestor do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).

No tocante à estrutura de administração pelo Poder Executivo estadual, é indicado na Lei de Execução Penal que a administração prisional seja realizada por uma secretaria específica, como é o caso dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a Secretaria responsável pela execução da pena e gestão do sistema prisional é a Secretaria da Administração Penitenciária. Nos outros Estados, a organização administrativa e política é realizada pela Secretaria da Segurança Pública e, por vezes, pela Secretaria da Justiça.

6.2 Caracterização das atribuições do psicólogo do sistema prisional segundo a legislação