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Há não muito tempo atrás um estudante, em resposta à per­ gunta: “ O que é o Pentateuco?” escreveu: “ O período entre a Páscoa e a Semana de Pentecostes” . Outro aluno respondeu a uma pergunta sobre o Talmude, dizendo: “ O Talmude foi um fa­ moso rabino judeu do passado!” Eles talvez sejam dois extremos do gênio criativo desperdiçado; todavia, servem de advertência para que nãç tomemos muita coisa como garantida ao lidar com “ novatos” . E possível qué alguns que estão fazendo agora este estudo estejam longe de saber realmente o que é o Talmude e co­ mo ele surgiu. Então, a sinopse que se segue pode ser útil.

O Talmude é a grande coleção de escritos que abrange retros­ pectivamente e determina largamente as leis religiosas e civis do povo judeu; aqueles preceitos, regras, interpretações e instituições pelos quais (em adição ao Velho Testamento) eles são abertamen­ te guiados. Trata-se de uma tediosa miscelânia de tratados e nó­ tulas sobre assuntos de religião, filosofia, medicina, jurisprudên­ cia, história e os vários aspectos da moralidade prática. Nenhuma decisão poderia ser aceita como válida se contrariasse o significa­ do oficial do Talmude: os judeus modernos “ liberais” , embora o considerem como uma obra venerável da antigüidade, dizem que não tem autoridade final para a fé e a vida.

Ele se divide em duas partes: (1) a Mishna, i.e., a Lei Oral; (2) a Gemara, i.e., comentários sobre a Lei Oral.

A Mishna

A Mishna, ou Lei Oral (freqüentemente chamado de Segun' da Lei) é aquela copiosa agregação de regras e regulamentos que

mediante os métodos de interpretação dos escribas foi cumulati­ vamente deduzida da Lei Escrita de Moisés, principalmente duran­ te o período intertestamentário.

A origem tradicional

A tradição judaica volta no tempo e alega que a Lei Oral foi na verdade entregue juntamente com a L e i Escrita para completá- la e explicá-la. Era nisto que os escribas e fariseus dos dias de Je­ sus acreditavam. Junto com todos os preceitos, regulamentos e cerimoniais do Pentateuco, Deus dera a Moisés explicações rela­ tivas à sua aplicação e suplementação adequada, a fim de serem transmitidas oralmente. Essa é a crença comum até hoje entre os judeus tradicionalmente ortodoxos.

A passagem clássica sobre isto, na própria Mishna, diz: “ M oi­ sés recebeu a lei (oral) no Sinai e entregou-a a Josué, e Josué aos anciãos e os anciãos aos profetas, e os profetas aos homens da Grande Sinagoga” . (Nota: a “ Grande Sinagoga” é um colégio ou assembléia tradicional de 120 homens que se formou depois dos dias de Esdras, à qual os judeus atribuem uma parte importante na formação do Velho Testamento e na entrega da Lei Oral.) A Mishna ou Lei Oral foi transmitida então pelos homens da “ Grande Sina­ goga” aos escribas ou rabinos que se seguiram, os quais por sua vez a passaram fielmente de geração a geração.

Nós não cremos naturalmente em qualquer fantasia desse ti­ po, como se Deus desse a Moisés, juntamente com a Lei escrita, esta lei “ oral” . Nem podemos aceitar a história da “ Grande Sinago­ ga” em sua forma tradicional judaica; embora concordemos pron­ tamente que Esdras e seus companheiros eruditos tivessem muito a ver com a forma do cânon do Velho Testamento e que Neemias provavelmente organizou uma assembléia desse tipo que pode ter sido seguida de novas reuniões anuais. Como diz o Dr. Edersheim: “ Esdras deixou seu trabalho incompleto. Na segunda chegada de Neemias à Palestina, ele encontrou as coisas em completo estado de confusão, devendo ter sentido a necessidade de estabelecer al­ gum tipo de autoridade permanente para supervisão dos assuntos religiosos. Acreditamos que isto tenha sido a Grande Assembléia ou a Grande Sinagoga como é comumente chamada. E impossí­ vel determinar com certeza quem participou desta assembléia ou

de quantos membros ela consistia. É provável que tivesse com­ preendido os principais sacerdotes, os anciãos e os ‘juizes’ — as últimas duas classes incluindo os escribas,yse de fato essa ordem já estivesse organizada separadamente. E igualmente provável que o termo Grande Assembléia se refira mais a uma sucessão de homens do que a um sínodo — a engenhosidade de épocas posteriores preencheu o cenário histórico com dados fictícios, nos espaços deixados em branco.”

Quanto à tradição judaica de que Deus transmitiu a M oi­ sés a Lei Oral juntamente com a Escrita e que ela foi então trans­ mitida do mesmo modo, essa tradição nasceu e cresceu, como a própria Mishna, durante o período intertestamentário, na mente fértil dos escribas ansiosos para investir de santidade e autoridade a lei oral.

A Verdadeira Origem da Mishna

Como se desenvolveu, então, realmente a Lei Oral ou Mishnal E como ela veio a fazer parte do Talmude? Ela se originou no que conhecemos como Midrashim. E o qtteisso significa? Trata-se de comentários sobre a Lei e outras Escrituras do Velho Testamento que começaram a ser feitos por volta da época em que o Remanes­ cente voltou à Judéia depois do exílio babilónico. Quando os escri­ tos de Moisés e dos profetas pré-exílio se tornaram ininteligíveis para a massa do povo, que então falava o aramaico, as explicações públicas das Escrituras precisaram ser modificadas, sendo na maioria das vezes feitas pelos “ doutores” ou “ escribas” . O profes­ sor público freqüentemente se limitava a parafrasear as Escrituras no vernáculo aramaico: mas a tendência compreensível era expan­ dir-se para a exegese e aplicação. Com o passar do tempo foi neces­ sária a paráfrase do hebraico para outras línguas além do aramaico, pois os judeus se dispersavam cada vez mais entre os diferentes povos do mundo; isto levou a traduções ou versões na língua da Caldéia, Síria e Grécia (sendo tais versões conhecidas como tar-

guns). Os primeiros comentários sobre as Escrituras vieram tam­

bém a desenvolver-se em comentários mais definidos embora ain­ da orais, ou seja os Midrashim.

Os Halachoth

Esses Midrashim, ou comentários, quase inevitavelmente se dividiram em duas categorias, a saber, os Halachoth e os Hagadoth

(oth é um plural hebraico).

Os Halachoth eram as regras ou preceitos obrigatórios deduzi­ dos ou desenvolvidos a partir da Lei Oral, a fim de cobrir todos aqueles detalhes da conduta humana que a Lei Escrita propria­ mente dita não mencionava. Quando nos lembramos de que os ju­ deus que voltaram haviam adotado a Lei de Moisés como a cons­ tituição escrita do estado e como a regra autorizada da vida pes­ soal, e que inevitavelmente surgiram novos e infindáveis proble­ mas pessoais, podemos apreciar perfeitamente como isso deu lu­ gar ao trabalho contínuo de um grande grupo de homens treina­ dos que fizeram do estudo da Lei a grande vocação de suas vidas. E também fácil perceber como essas regras ou preceitos legais, essas extensões confiáveis da Lei Escrita que cobriam circunstân­ cias específicas, vieram a adquirir gradualmente uma importân­ cia equivalente ou até maior do que a Lei Escrita em si. Eles são conhecidos coletivamente como as Exegese Halachic ou “ Dedu­ ções da L e i” , ou como a “ lei tradicional” distinta da “ Lei Escri­

ta” de Moisés. Na medida em que o tempo passou e os Halachoth

se expandiram, eles cobriram “ todo caso possível e impossível, entrando em cada detalhe da vida particular, familiar e pública; e com lógica férrea, rigor inflexível e análise das mais minuciosas, perseguiram e dominaram o homem, para onde quer que se voltas­ se, colocando sobre ele um jugo verdadeiramente insuportável.”

Os Hagadoth

Além dos Halachoth havia os Hagadoth. Os primeiros eram prescrições legais, doutrinárias, obrigatórias, fixas, estáveis; en­ quanto os últimos consistiam de interpretações livres, homiléti- cas, discursivas, exortativas, prática e acompanhadas por ilustra­ ção, comentário, anedotas, ditados inteligentes ou eruditos, etc. Os Halachoth estavam confinados ao Pentateuco, enquanto os

Hagadoth abrangiam as Escrituras como um todo. Eles contêm

“ belíssimas máximas e afirmações morais de homens ilustres; explicações místicas atraentes sobre anjos e demônios, paraíso e inferno; o Messias e o príncipe das trevas; alegorias poéticas; interpretações simbólicas de todas as festas e jejuns; parábolas

encantadoras; poemas nupciais espirituosos; orações fúnebres to­ cantes; lendas espantosas; resumos biográficos e característicos de personagens bíblicos e heróis nacionais; narrativas populares e notas históricas sobre homens, mulheres e acontecimentos anti­ gos; pesquisas filosóficas; ataques satíricos aps pagãos e seus ri­ tos; defesas hábeis do judaísmo, etc. etc.” . E de se admirar que essa coletânea de fatos e tradições sagrados e nacionais se tornas­ se muito mais interessante para o povo em geral do que as áridas proibições e permissões pertinentes aos decretos legais contidos nos Halachoth? Embora tanto os Halachoth como os Hagadoth se desenvolvessem a partir dos primeiros Midrashim, ou comentá­ rios, o termo Midrashim veio na verdade mais tarde a ser usado apenas em relação aos Hagadoth.

Eventual Compilação no Talmude

Os Halachoth foram transmitidos oralmente durante séculos, sendo portanto também chamados Shematha, indicando aquilo que era ouvido ou recebido, i.e., por aqueles na cadeia de tradição. Colocá-los por escrito era considerada uma ofensa religiosa. As únicas coisas escritas por vários séculos foram obra de alguns ra­ binos eruditos que escreveram aqui e ali algumas dessa^leis, ou as indicavam por sinais ou insinuações em seus rolò's~"do Pentateu- co, só para ajudar a memória; sendo esses documentos chamados de Rolos Secretos. Foi entre 200 a.C. e 200 A.D. que a compila­ ção, redação e rubrica dessa massa acumulada de informação ju- rídico-política e religiosa, os halachoth, tomou forma. Aos pou­ cos, as circunstâncias dos tempos indicaram a necessidade de fix i­ dez e ordem, sendo então feitas coleções mais ou menos comple­ tas dos Halachoth. O erudito Hillel (75 a.C. — 14 A.D.) fez uma primeira tentativa, classificando os Halachoth sob seis sedarim ou ordens (que ainda permanecem). Uma coleção muito mais com­ pleta é atribuída ao rabino Akiba (cerca de 135 A.D.). A compi­ lação dos Halachoth e Hagadoth numa só obra, em forma final, como a Mishna autorizada, e como se acha agora no Talmude, foi realizada pelo rabino Jehuda, que morreu por volta do final do segundo século A.D. “ A linguagem da Mishna é a do hebraico falado mais tarde, escrito em toda a sua pureza no conjunto, mas com pequenas inserções gramaticais em aramaico, e entremeada de termos gregos, latinos e aramaicos naturalizados.”

Divisões da Mishna

A Mishna, como consta hoje do Talmude, acha-se dividida em seis Sedarím ou ordens, cujos títulos indicam seu assunto princi­ pal: (1) Sedar Zeraim — a agricultura; (2) Sedar Moed — as festas; (3) Sedar Nashim — as mulheres; (4) Sedar Nezikin — a lei civil e criminal; (5) Sedar Kodashim — as coisas sagradas; (6) Sedar Taha-

roth — as purificações.

Estas seis ordens ou livros são divididos em tratados. Há 11 tratados na primeira, 12 na segunda, 7 na terceira, 10 na quarta, 11 na quinta, 12 na sexta — perfazendo um total de 63 tratados. Esses tratados subdividem-se em perakim (capítulos) — 525 ao todo, que por sua vez ramificam-se em 4.187 mishnas (versículos) — pois a palavra mishna é usada para qualquer versículo da Mishna

inteira.

Os Boraitas e Toseftas

Mas nem esta Mishna oficial conseguiu incorporar todos os Midrashim, ou preceitos e interpretações tradicionais. Muitos ou­ tros existiam, preservados em parte no Sifra, ou Comentário sobre Levítico; os 5/7/7 sobre Números e Deuteronômio; o Mechi/ta so­ bre Exodo; e o segundo 5/7/7 sobre Números.

Além disso, temos os Toseftas, ou “ Adições” , que surgiram logo depois que a Mishna oficial foi completada. Existem Toseftas, ou “ Adições” , para 52 dos 63 tratados da Mishna.

Substância e Influência da Mishna

Para uma compilação tão diferenciada e complexa, a Mishna é então sistematizada com grande habilidade; mas em substância ela trata os homens como crianças. Seus preceitos, suas proibi­ ções e permissões, formalizando os menores detalhes das obser- vâncias rituais, mantinha os homens permanentemente nas sim­ ples letras do alfabeto em assuntos religiosos, espirituais e mo­ rais. Ela impedia o desenvolvimento da verdadeira teologia e en­ chia a mente humana com regras pedagógicas positivas e negati­ vas. Nas palavras do Dr. Edersheim: “ Os halachach indicavam o mais minuciosamente possível toda ordenança legal obrigatória em questões de conduta. Mas deixava o homem interior, a fonte das

ações, intocado tanto com relação à fé como à moral. O que deve­ ria crer e sentir estava sujeito principalmente aos Haggadah. O in­ divíduo tinha liberdade para manter ou propor qualquer ponto de vista, desde que aderisse ao ensino e prática das ordenanças tradi­ cionais... Assim sendo, o rabinismo não tinha um sistema de teolo­ gia: apenas aquelas idéias, conjeturas, ou fantasias concedidas pe­ los Haggadah com relação a Deus, aos anjos, demônios, homem, seu destino futuro e posição presente, e Israel, com sua história passada e glória vindoura. Que terrível massa de declarações con­ flitantes e superstições falsas, deturpação lendária das narrativas e cenas bíblicas, incongruentes e degradantes: o próprio Todo-po- deroso e seus anjos tomando parte nas conversas dos rabinos e as discussões das academias; mais ainda, formando uma espécie de Sinédrio celestial, que ocasionalmente requer a ajuda de um rabi­ no terreno. O miraculoso é absorvido pelo ridículo e até pelo re­ voltante. Curas, suprimentos e ajuda milagrosa, tudo para a gló­ ria dos grandes rabinos, que com um olhar ou palavra podem ma­ tar ou restaurar a vida. A uma ordem deles os olhos de um rival caem e são recolocados. Outrossim, tal era a veneração devida aos rabinos que R. Joshua costumava beijar a pedra em que R. Elieser se assentava e ensinava, dizendo: “ Esta pedra é como o Monte Si­

nai, e aquele que se senta nela é como a Arca” .

Leia tudo isto e depois tenha em mente que a Mishnarepre- senta as tradições correntes entre os escribas e os fariseus quando o Senhor se achava na terra. Sua influência era um peso raoj^to con­ tra a nova mensagem do reino do céu que nosso Sefohor vitr^pro- clamar.

A Gemara

Até aqui só tratamos da primeira parte do Talmude, i.e., a

Mishna; mas existe uma segunda parte, a Gemara, pois a Mishna

é apenas uma área menor do tradicionalismo judeu. Como disse­ mos, a Mishna alcançou a sua completa padronização às mãos do rabino Jehuda perto do final do segundo século A.D. D aí por diante, devido à obscuridade de muitas de suas regras, a própria

Mishna tornou-se objeto de elucidação e comentário. Assim co­

agora ser explicada e completada! Foi o que aconteceu durante o peíodo dos amoraim, os expositores públicos da Lei Oral de cer­ ca de 200 a 500 A.D. Durante esses três séculos surgiram comen­ tários que abrangiam toda a Mishna.

A Formação da Gemara

Esses comentários contendo as “ discussões, ilustrações, ex­ plicações e adições” provocadas pela Mishna em “ sua aplicação ou nas academias dos rabinos,” foram eventualmente reunidos e classificados; sendo essas as coletâneas de comentários que for­ mam a Gemara. O significado do termo gemara é “ aquilo que se aprende”, sendo portanto praticamente um sinônimo de ‘‘tal­

mude”. E bom notar esse fato, pois embora toda a obra conhe­

cida como o Talmude Judaico abranja tanto a Mishna como a

Gemara, geralmente, quando os próprios judeus falam do Tal­ mude eles estão indicando apenas a Gemara, em separado da Mishna.

Duas Gemaras

Existe, no entanto, outro aspecto a ser mencionado. São duas as Gemaras ou Talmudes: a Gemara de Jerusalém e a da Babilônia. Elas receberam esse nome porque um veio das aca­ demias palestinas e o outro da Babilônia. E preciso ter em mente que desde a volta do remanescente para a Judéia, depois do exí­ lio na Babilônia, os judeus na pátria eram minoria. A maior par­ te de sua raça continuou como a “ dispersão” . Na época em que Josefo escreveu (37-98 A.D.) não “ havia nação no mundo onde não houvesse parte do povo judeu” . Mas foi entre o Eufrates e o Tigre, na região antes conhecida como Babilônia, que as comuni­ dades judias maiores, mais ricas e menos helenizadas permanece­ ram (veja nota afixada à lição número 4). Foi dali que saíram os maiores mestres para restaurar e expor a Lei na Judéia — o grande Esdras, antes do período intertestamentário, e o renomado Hillel justamente no final do mesmo. Depois da queda de Jerusalém em 70 A.D., a tensão política mudou o verdadeiro centro do judaís­ mo rabínico para a Babilônia.

O Talmude de Jerusalém é o primeiro dos dois, embora mui­ to menor, e apresenta as discussões dos amoraim (expositores) pa­

lestinos desde cerca de 200 a 400 A.D. O Talmude Babilónico é mais ou menos quatro vezes maior e cobre mais de 36 dos 63 tratados de Mishna. Ele é cerca de onze vezes mais longo do que a própria Mishna e chega a quase seis mil páginas grandes, tendo sido completado em algum ponto do ano 500 A.D. As duas Ge­

maras começaram a ser conhecidas por esse nome a partir do sé­

culo nove. Os judeus consideram o Talmude Babilónico a autori­ dade superior entre os dois. A concisão do Talmude de Jerusa­ lém, porém, comparada com a prolixidade do babilónico, o pro­ tege de muitas fábulas, ficções e absurdos.

Caráter e Estilo

Nenhuma dessas Gemaras é completa. Ambas de baseiam na mesma Mishna, mas diferem consideravelmente na Gemara. Em

ambas, a Mishna é comentada sobre seríot/m, princípio por prin­ cípio. O Dr. Edersheim diz: “ Seria impossível transmitir uma

idéia adequada do caráter dessas discussões. Se nos lembramos das muitas brilhantes, belas e ocasionalmente quase sublimes pas­ sagens no Talmude, mas especialmente de que suas formas de pen­ samento e expressão tantas vezes nos trazem à mente aquelas do Novo Testamento, apenas preconceito e ódio poderiam levar à injúria indiscriminada. Por outro lado, parece impossível que al­ guém que leia um tratado do Talmude, ou mesmo parte dele, pos-r sa compará-lo com o Novo Testamento, ou encontre em um a ori­ gem do outro.”

O erudito bispo Lightfoot, falando da Gemara babilónica, compensando, porém, o Dr. Edersheim, diz: “ A quase invencí­ vel dificuldade de estilo, a grosseria terrível da linguagem e o sur­ preendente vazio e raciocínio sofístico dos assuntos tratados, tor­ turam, vexam e cansam o leitor (os autores talmúdicos). Eles pro­ liferam em toda parte com trivialidades, como se não quisessem ser lidos; com obscuridades e dificuldades, como se não quisessem ser compreendidos; de modo que o leitor precisa de paciência to­ do o tempo a fim de poder suportar tanto a insignificância de sen­ tido como a rudeza de expressão.”

Com essa queixa anglicana bem merecida, talvez devamos deixar agora o Talmude, para que outros não comecem também a se queixar!

JO SEFO E OS ESSÉNIOS

“ A doutrina dos essênios é esta: Todas as coisas são melhor atribuídas a Deus. Eles ensinam a imortalidade da alma e opinam que devemos esforçar-nos para obter os prêmios da retidão; quan­ do enviam o que dedicaram a Deus no templo, não oferecem sacri­ fícios, por terem purificações mais adequadas; por esta razão são excluídos do pátio comum do templo, mas oferecem eles mesmos os seus sacrifícios; todavia, seu estilo de vida é melhor que o dos outros homens, e dedicam-se inteiramente à agricultura. Também merece nossa admiração o fato de excederem em muito os outros homens que praticam a virtude e esta retidão: e na realidade, a tal ponto, que não apareceram entre eles quaisquer outros homens, nem gregos nem bárbaros, nem por pouco tempo, que conseguis­ sem prolongar por muito tempo sua estada entre os mesmos. Isto é demonstrado por aquela instituição deles, que não permitirá que nada os impeça de ter tudo em comum; desse modo o rico não go­ za mais de sua riqueza do que aquele que nada possui. Existem cer­ ca de quatro mil homens que vivem deste modo, sem casar-se, sem ter servos; julgando que a primeira situação tenta os homens a se­ rem injustos e a última promove as brigas domésticas. Eles também nomeiam certos homens para receber suas rendas e os frutos do solo; estes são os homens bons e os sacerdotes, que devem ter seu cereal e alimento preparados para eles.”

A L G U M A S P E R G U N T A S SOBRE O PER ÍO D O IN T E R T E S T A M E N T Á R IO

1. Você pode citar o nome e a data de seis épocas sucessivas na Judéia durante o período intertestamentário?

2. Quando e como começou o culto rival em Samaria?

3. Por que e como Alexandre o Grande favoreceu os judeus?