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SOCIEDADE PARA TAL, DEVE-SE ATACAR MUITAS E VARIADAS FRENTES (E HIPÓTESES), COMO, POR EXEMPLO:

Tabela 7.9 Tráfego Aéreo EUA – América Latina (em 1.000 passageiros)

SOCIEDADE PARA TAL, DEVE-SE ATACAR MUITAS E VARIADAS FRENTES (E HIPÓTESES), COMO, POR EXEMPLO:

a. o transporte simultâneo de passageiros e encomendas em ônibus deve ser tratado como uma interface entre os dois tipos diferentes de transportes;

b. falta explorar as reais implicações de um serviço desregulamentado (carga) que se utiliza de um transporte regulamentado (passageiros);

c. há efeitos positivos em se transportar carga com roteiro e horário fixos; d. o bagageiro dos ônibus é uma oferta fixa de transporte de cargas;

e. o transporte de encomendas pode ser barateado ao utilizar o veículo ônibus;

f. os ônibus aumentaram seus bagageiros, permitindo maior receita com cargas, e as tarifas dos passageiros não foram beneficiadas com isso;

g. "desde sempre" encomendas são transportadas em ônibus, mas, pouco ou nada se escreve sobre o fato;

h. pouco se discute se a tendência das operadoras das linhas regulares é a procura pela especialização (no passageiro) ou pela competência (em passageiro e carga);

i. pode haver reais ganhos na logística do transporte da encomenda, como melhoria dos níveis de serviço, diminuição dos custos logísticos, benefícios sociais e outros; e

j. caso as transportadoras operem de modo integrado, os efeitos sobre a demanda podem ser bem mais significativos que os observados na atuação isolada.

Cada uma dessas proposições, por si só, pode fornecer um vasto campo de pesquisa e discussão. Nas páginas seguintes, tais questões serão abordadas à luz do conteúdo anteriormente estudado, porém, do modo mais direto e sucinto possível, como exige uma das metas deste trabalho – a formulação de uma parceria de transportadoras rodoviárias de passageiros (TRP's), como estratégia para dinamizar os seus respectivos serviços de encomendas em ônibus.

8.1 ENCOMENDAS: UMA INTERFACE ENTRE PASSAGEIROS E CARGAS

Normalmente, o transporte de encomendas em ônibus (TEO) é tratado como um serviço de cargas que "aproveita-se" de um veículo de passageiros. Isso não é adequado, pois, como estudar aquelas linhas onde a demanda de passageiros é baixa, e as mesmas subsistem às custas das encomendas? Por outro lado, algumas operadoras (e muitos clientes permanentes) tratam o serviço de encomendas como se fosse um transporte de

cargas, onde alguns passageiros "pegam carona".191 Isso também não é adequado, pois,

há muitas linhas onde a receita com encomendas é muito baixa.

E, assim, acaba se estabelecendo a questão: um ônibus de linha regular, transportando encomendas, é um veículo de passageiros que é utilizado para o simultâneo transporte de cargas, ou, é um veículo de cargas que é utilizado para o simultâneo transporte de passageiros? Embora, na teoria, a resposta pareça simples, na prática, nem sempre o é.

Bem acima de uma simples questão de semântica, na verdade, situa-se uma importante implicação: praticamente ninguém trata a questão como uma grande oportunidade para o desenvolvimento de uma estratégia logística do transporte. Poucas situações permitem identificar de forma tão clara uma interface entre os serviços de passageiro e carga. Normalmente, as interfaces são mais identificáveis na intermodalidade, e pouco aparentes na "intramodalidade".

O transporte rodoviário de cargas (TRC), com suas diversidades - características, exigências, instrumentos e operação192 -, gerou um vasto campo de estudos e técnicas voltadas à logística do serviço, retalhando e integrando as diversas fases e tarefas das etapas do transporte do produto. Do mesmo modo, o TRP, possui um enorme conjunto de instrumentos, técnicas e análises voltados ao transporte do passageiro. Grandes TRP's, que operam com encomendas, têm departamentos afins, que, além de contar com o necessário aparato físico, utilizam-se dos conhecimentos dos dois tipos de transporte, porém, de modo específico, sem integrá-los de modo sistematizado.

Nesse ponto, exatamente, reside o problema: uma encomenda em ônibus, não é especificamente nem transporte de carga e nem de passageiro. Na verdade, trata-se de uma genuína interface entre ambos, marcada por um peculiar hibridismo. Veja-se, por exemplo, alguns poucos aspectos que serão posteriormente analisados mais detidamente:

- diferentemente da maioria dos serviços no TRC, a encomenda no TRP é transportada com freqüência, horário e roteiro fixos, pré-determinados e pré- divulgados;

- a princípio, um ônibus de linha sempre executa as viagens, ainda que não haja encomenda ou passageiro a transportar, o que confere ao serviço maior confiabilidade e regularidade em relação às transportadoras comuns de cargas;

- como serviço de carga, o TEO é uma atividade eminentemente privada, porém, conta com um despercebido aval do poder público, já que esse autoriza, fiscaliza e ordena o funcionamento da transportadora, de seus veículos, da sua operação, etc.;

- como o veículo do TRP é custeado pelo passageiro, os preços do serviço de encomendas admitem maior margem de negociação que os do TRC;

- a freqüência do serviço de passageiros faz com que o de cargas, no TRP, sofra pouca pressão devido à atividade de consolidação, o que no TRC é enorme;

- no TRP, o serviço com pequenas encomendas tem menor custo do que no TRC, pois exige menor tempo de armazenagem e, portanto, menos controles e manuseio; etc..

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É o que sugerem, por exemplo, os ônibus cujos bagageiros são extremamente espaçosos, enquanto as poltronas têm dimensões extremamente pequenas. Ou, quando os serviços interurbanos, em viagem, fazem paradas (não autorizadas) para coletar/entregar encomendas em seus armazéns ou agências.

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Como se vê, muitos aspectos que aparentam ser simples características do TRP, na realidade, podem ser lidos como vantagens competitivas para o serviço de encomendas. Mas, para isso, certamente, devem receber o adequado tratamento logístico, sob pena de se ter, conforme já referido, uma desatenta transportadora de passageiros carregando encomendas de forma desatenta.

A princípio, qualquer transportadora de passageiros pode ter um bom serviço de encomendas. É possível suprir muitas das deficiências que geralmente ocorrem. Um simples exemplo: para a coleta e entrega - ponto crítico da atividade -, ainda que a mesma não possa/deseje implantar uma frota própria de veículos, além da alternativa de terceirizar tais etapas, pode, a exemplo de outros modais, executá-las nos seus balcões.

Uma ocorrência comum em pequenos municípios, onde as linhas regulares (municipais e intermunicipais) percorrem o interior dos mesmos, é a tripulação do ônibus coletar e entregar pequenas encomendas nas localidades e paradas ao longo da viagem. Considerando que o Brasil possui aproximadamente 5.500 municípios193, a maioria de pequeno porte, imagine-se a dimensão desse tipo de atividade. E, conforme abordado nos capítulos iniciais, dada a expansão do comércio varejista à distância, é fácil de perceber o potencial do serviço de encomendas nessa área. Acrescente-se ao fato que a execução através de uma TRC torna os preços proibitivos ao consumidor do produto.

Ampliando-se a visão, ao considerar a América Latina, onde, a grosso modo, pode-se admitir que os países têm distribuição populacional, matriz de transporte e tecnologia de comunicação similares, verifica-se que pode crescer muito a importância do TEO.

8.2 ENCOMENDAS EM ÔNIBUS: UM SERVIÇO (DES)REGULAMENTADO

NO BRASIL, EM TERMOS DE COMPETÊNCIA, ENQUANTO OS SERVIÇOS