• Nenhum resultado encontrado

Soja integral

No documento Anais... (páginas 175-178)

O PROCESSO DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA E SEUS LIMITES NA SUINOCULTURA

3.2 Soja integral

A soja é produzida em quase todo o Rio Grande do Sul. A colheita do ano 2001 foi de 6,9 milhões de toneladas (A Maior..., 2001). Os pesquisadores Trindade (1982) e Fialho et al (1991) mostraram que a soja integral pode ser utilizada pelos suínos desde que tratada pelo calor. Embora os trabalhos de pesquisa com soja tostada tenham começado, no RS, em 1982, para o arraçoamento de suínos, muito tempo antes disso os suinocultores da região de Santa Rosa já cozinhavam a soja em tachos, utilizando

lenha. A soja era misturada com milho para formar o que eles chamavam de lavagem. O milho era colocado dentro do tacho quando a soja ainda estava quente. Naquele tempo, os agricultores já sabiam que a soja para ser oferecida aos suínos precisava ser tratada pelo calor. A utilização da soja sem fatores antinutricionais ou tostada pode tornar o agricultor mais independente, uma vez que não existem fontes alternativas de proteína, no RS, com a mesma abundância que a proteína da soja. Alem disso, a utilização da soja nesta forma tem a vantagem, pela sua concentração de energia, de facilitar a formulação das dietas, especialmente quando se tem ingredientes com a concentração de energia menor que as exigências dos animais. A concentração de proteína do grão da soja é de 37 % (EMBRAPA, 1991). Atualmente, poucos produtores de suínos estão utilizando a soja tostada. Isto se deve principalmente porque os agricultores não dispõem de um equipamento de fácil calibração. Alguns agricultores utilizam o secador de leito fixo para tostar a soja. Este secador funciona a lenha, que é renovável, e produzida pelos próprios agricultores. Alem disso a tostagem de soja na propriedade economiza combustível fóssil uma vez que não precisa levar a soja para indústria e trazê-la de volta a propriedade ou comunidade. Praticamente são pagos dois transporte para colocar a proteína da soja no mesmo local. Para aumentar o grau de sustentabilidade, neste caso, os produtores de suínos também poderiam ser os produtores de soja. A outra alternativa é de intensificar pesquisas no desenvolvimento de variedades de soja sem fatores anti-nutricionais possíveis de serem utilizadas nas rações. Neste caso se apresentam outras vantagens como eliminação do custo de tostagem e preservação das fontes de energia.

3.3

Secagem e armazenagem de grãos

A secagem de milho na propriedade pode favorecer a sustentabilidade da suinocultura. Muitas vezes o produtor paga dois transportes, semelhante ao caso da soja, para ter o milho no mesmo local. Paga um transporte para levar o milho para o secador e outro para trazer o milho de volta para a propriedade. Neste caso o produtor precisa fazer dois tipos de investimento: construir um secador e um depósito para grãos secos ou construir um silo trincheira para armazenar milho úmido.

3.3.1 Secador de grãos com uso de energia solar

Com o objetivo de oferecer uma tecnologia simples e de baixo custo aos produtores para a secagem de grãos, foi adaptado um secador de leito fixo para utilizar como fonte de aquecimento do ar a energia solar (Martins et al., sd). O equipamento desenvolvido levou em consideração a demanda de baixa potência pelo motor do ventilador. Enquanto um secador convencional de 50 sacos de capacidade estática e fornalha a lenha utiliza um motor de 5 CV, um secador que usa energia solar, de igual capacidade estática, necessita de somente 0,75 CV. A energia solar, alem de ser renovável, é uma fonte limpa de energia, o que não ocorre com a lenha, utilizada em grande quantidade na secagem de grãos no Brasil. A queima da lenha produz fumaça que confere cheiro aos produtos. O secador que utiliza energia solar é um poupador de mão-de-obra na pequena propriedade, pois uma vez carregado o equipamento e ligado o motor do ventilador, o agricultor não precisa acompanhar o processo de

secagem. O mesmo não ocorre com os equipamentos que utilizam lenha. O secador solar foi projetado para ser construído com material e mão-de-obra locais.

Figura 1 —

3.3.2 Silagem de grão de milho úmido

Este tipo silagem começou no RS em 1986 na Região de Santa Rosa. Nessa região foram feitas 2 unidades demonstrativas em propriedades rurais para alimentar suínos. Naquela época esta técnica não teve grande aceitação pelos produtores. Na segunda metade da década de 90 esse tipo de armazenagem passou a ser adotada pelos suinocultores. Atualmente produtores da Região de Erechim e de Santa Rosa estão se beneficiando desta tecnologia.

Nesse sistema, o milho é colhido com umidade entre 30 e 40 %, triturado e armazenado em um silo trincheira.

De acordo com Numer Filho (2001), as principais vantagens da armazenagem do milho na forma "úmida" estão relacionadas com a economia de transporte, as reduções do custo de armazenagem e das perdas por ataque de fungos, ratos e carunchos.

3.4

Suinocultura sobre cama

As recomendações são de construir as pocilgas longe dos córregos para evitar que possíveis vazamentos resultem em contaminação das fontes d’água. Isto não é uma regra geral porque muitas sedes de propriedades foram instaladas antes da introdução da energia elétrica. Naquela época as instalações das propriedades eram feitas

próximas dos cursos d’água porque as bombas para recalcar a água não eram comuns no meio rural colonial. Até hoje, muitas sedes de propriedades estão localizadas em áreas de preservação, próximas dos cursos d’água. A remoção de residências e seus respectivos anexos (normalmente pocilgas, galinheiros e estábulos) não é possível por falta de recurso. Pela idade das construções, a mudança implicaria em ter que fazer tudo novo. As opções são de desenvolver tecnologias que permitam manejar os dejetos nestas condições, sem apresentar riscos para os cursos e fontes de água. A criação de suínos sobre cama, adaptada pelo Centro Nacional de Pesquisa de Suíno e Aves (Oliveira & Diesel, 2000) é uma dessas possibilidade porque muda a forma de tratar os dejetos, passando da líquida para a sólida. Nessa forma de criação os suínos são alojados sobre uma cama de 50 cm de profundidade.

No caso de utilização de sistema sobre cama há uma grande economia de cimento e areia porque grande parte da pocilga não tem piso.

A criação de suínos sobre cama precisa ser aperfeiçoada quanto a utilização de diversos tipos de materiais. Os resultados do trabalho de Corrêa (1998) mostram a possibilidade de utilizar a maravalha, a casca de arroz, a serragem de madeira e o sabugo de milho. Para outros materiais como bagaço de cana picado, capim elefante picado, palha de trigo e palha de aveia a melhor forma de utilização precisa ser examinada. Esses materiais estão presentes em diversas regiões do Rio Grande do Sul.

No documento Anais... (páginas 175-178)