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SOPA DE LETRAS – UM ENCONTRO ENTRE ESCRITORES

3 DAS RELAÇÕES QUE SE COMPARTEM NA ESCRITA

3.3 SOPA DE LETRAS – UM ENCONTRO ENTRE ESCRITORES

A sopa de letras não se configura exatamente como um estilo em si, mas como um encontro entre estilos, essa ação consiste na pintura de um painel coletivo quase exclusivamente dedicado as letras, nela cabem bombs, pixos, grapixos geralmente se dá prioridade a peças que possam ser realizadas em um intervalo médio de tempo, como uma tarde de boa luz por exemplo, para não haver necessidade de que a pintura se estenda por mais de um dia. Para pensar esse encontro, a celebração, pela escrita, pintura, e a caligrafia, devemos raciocinar que a sopa de letras age como uma efervescência entre escritores urbanos, ela é um acontecimento da escrita ocupando uma dimensão coletiva de compartilhamento da superfície da cidade.

A sopa de letras é um encontro entre escritores ocupando um determinado espaço/tempo enquanto um ato de comemoração, aonde escrevem seus nomes e dos grupos que participam (suas crews) em um grande painel coletivo. Normalmente combina-se um dia prévio um local de encontro onde já se têm em mente possíveis “alvos”, geralmente espaços relativamente abandonados sob os quais se torna mais justificável a intervenção aos olhos das autoridades. Um dos motivos do encontro é a tomada da ideia de que individualmente uma intervenção urbana, independentemente de sua natureza, pode ser mais facilmente coibida pela polícia, no entanto em um grupo extenso, cria-se uma impressão de maior legitimidade, para quem observa de fora, assim como uma coesão mais firme da ação, para quem participa de dentro. Assim, a intervenção se torna uma guinada política que imediatamente se manifesta no corpo da cidade em forma de letra e tinta, aí está a potência criativa do ato da escrita na cidade.

Se munem de escadas, varas, rolos, pinceis, sprays e baldes de tinta com o objetivo em comum de fechar um grande muro em uma breve reunião. Retratarei a seguir minha participação, na hora de articular e pintar em três reuniões de “sopa de letras”, nas quais narro parte do processo de construção desses murais.

Na figura abaixo temos o registro do processo de pintura da primeira sopa de letras. Essa experimentação foi pioneira na cidade de natal, de modo que foi a primeira vez em que um grupo extenso de escritores se reuniu para realizar um painel com a temática apenas da caligrafia, não que nunca tenham acontecido outros encontros ou mutirões de pinturas, o que diferencia esse momento é a dedicação a focar no objetivo da sopa de letras, construir um painel exclusivo dedicado aos estilos da caligrafia urbana.

O primeiro episódio foi realizado na avenida Deodoro da Fonseca, em julho de 2017. Há algum tempo, eu e mais alguns outros escritores conspiramos sobre realizar essa experiência conhecida como “sopa de letras” que já era praticada em outros estados, mas pela qual conhecia-se mais através da internet, mas ainda não havia sido feita em Natal. Foi então que se instigou a ideia fazer esse grande painel coletivo, o muro já se sondava há alguns dias como um alvo em potencial, devido a sua localização em uma avenida de grande movimento, e, devido a seu caráter ocioso, no sentido de que do outro lado do muro havia um terreno baldio e abandonado, esse cenário configurava o espaço como um ótimo alvo em potencial para o ataque da sopa de letras ao muro.

Foi então que se marcou uma data para o encontro, e ampliamos o convite via redes de sociais como facebook e whatsapp. Na ocasião em que o mural foi construído, eu mesmo levei de casa uma escada para facilitar a pintura do muro de cima a baixo, para mim, a execução do painel não era apenas um mais um mural, mas se configurava também como um momento enriquecedor da pesquisa, naquele momento o conceito de partilha do sensível se articulava imediatamente do campo da teoria para a prática. “O mural se tornava ao mesmo tempo um comum partilhado e partes exclusivas”. (RANCIÉRE, 2003, p. 15).

O painel foi construído de modo com o qual o muro foi sendo preenchido de baixo para cima, vários escritores pintavam uma sequência de letras na linha que seus braços alcançavam, enquanto outros iam revezando a escada, de modo que aos poucos a parede ia sendo paulatinamente preenchida por aglomerados de letras. Enquanto ia se compondo, apareciam conhecidos e agregados, muitas conversas, pessoas realizando registros fotográficos, trocando ideias, formava-se não um simples encontro, mas uma verdadeira conferência, fazendo com que quem olhasse de fora do quadro, o “evento” nem sequer seria comparada a uma ação “ilegal” (em termos jurídicos de ausência de autorização), aliás, muitas pessoas passavam elogiando a ação. Logo abaixo temos o registro fotográfico do espaço em “antes e depois”, é por essa razão que, no “antes” defino o espaço como ocioso, no sentido da ocupação visual, e no “depois” podemos conceber o espaço como revitalizado pela pintura.

Figura 48 – Sopa de letras, registro “o antes e o depois”. Av. Deodoro da Fonseca/julho, 2017.

Diferente de um artista tradicional que pinta em seu ateliê esse acontecimento da “sopa de letras” permite um diálogo direto com as pessoas que transitam por aquele trecho. Alguns admiram, enquanto outros questionam, no geral as pessoas têm uma boa recepção dessa atividade. A mobilização de muitas pessoas e muitas cores em um só painel parece endossar a legitimidade da caligrafia urbana, mesmo que essa seja feita sem uma autorização formal.

No registro abaixo temos uma sopa de letras que se realizou em paralelo à primeira no muro ao lado, mas foi toda preenchida com uma estética mais próxima da pixação (xarpis e letreiros), levando em conta que, essa ação se compõe bem mais rápido que a primeira, em questão de tempo e complexidade. Na composição do registro abaixo, a estética das letras é mais facilmente associada ao vandalismo, uma vez que o recurso monocromático das tintas difere da primeira sopa a ser formada. Podemos perceber que geralmente o graffiti é mais elaborado e devagar, enquanto o pixo é cru, fugaz e furtivo, mas essas acepções não colocam essas práticas em patamares de comparação de melhor ou pior, nem reduz a complexidade de cada estética, na verdade elas evidenciam o entendimento de suas dimensões estéticas e políticas, suas facetas e características próprias.

Figura 49 – Sopa de letras Pixo. Av. Deodoro da Fonseca/julho, 2017.

Visto tudo que já foi apresentado até ao momento, é possível conceber essa prática da sopa de letras como uma manifestação autêntica que corrobora para tese da cidade como um livro aberto, o fenômeno que nominamos de caligrafia urbana se confecciona como um tipo de literatura menor que faz, das superfícies citadinas, página escritas.

Ora, em certo momento da obra Políticas da escrita, Rancière levanta a questão da ambiguidade na literatura, uma vez nem todos tinham acesso às letras, em que ocasião essa prática atravessou uma passagem de um saber dos letrados para uma arte.

No século VIII, como se sabe, a literatura não era a arte dos escritores, era o saber dos letrados, aquilo que lhes permitia apreciar as belas-letras. Estas, por seu lado, eram artes bem definidas, a poesia e a eloquência. Uma e outra se dividiam em gêneros determinados segundo variáveis específicas: o assunto que tratavam, os sentimentos que tentavam provocar, os modos de composição e métrica que utilizavam. Gêneros e subgêneros punham em prática saberes precisos correspondentes as três grandes atividades usadas na construção da obra: a inventio, que determinava os assuntos, a dispositio, que organizava as partes do poema ou discurso, a elocutio, que dava aos caracteres e aos episódios o tom e os complementos que convinham à dignidade do gênero ao mesmo tempo que à especificidade do assunto. (RANCIÈRE, 1995, p. 25).

Deve se levar em consideração que na situação da caligrafia urbana, podemos empregá-la no sentido de um gênero, enquanto que seus estilos, e o acontecimento da sopa de letras, como subgêneros, que põem em prática saberes específicos difusos dos modelos clássicos da literatura do século VIII. Mais adiante, Rancière esclarece.

Regras técnicas indicavam os meios de produzir efeitos expressivos específicos. Regras de gosto permitiam julgar quais efeitos deviam ou não ser produzidos. As aulas de literatura do século dezoito ensinavam o letrado a apreciar as obras a partir desses saberes e dessas normas. (RANCIÈRE, 1995, p. 25).

É nítido o fato de que, ao tratar de períodos históricos diferentes, encontraremos diferentes formas de abordar os assuntos da literatura, de organizar a disposição das letras e de construção das obras. Sob essa afirmação, é válido dizer que desde que haja literatura, haverá certos saberes e normas, então, ainda que não sejam nitidamente definidas, as composições da caligrafia urbana – graffiti e pixo –, possuem certas regras técnicas (vide seus estilos), e algumas regras de gosto, é isso que configura sua estética como belo para seus praticantes.

Retomando a narrativa do processo de articulação das sopas de letras, vamos ao segundo encontro. A segunda sopa de letras se originou como efeito da repercussão da primeira experimentação, instigados pela efervescência do primeiro encontro, diversos escritores da cidade incentivaram que essa prática deveria se tornar itinerante, e que acontecesse pelo menos uma vez a cada trimestre. O resultado do primeiro painel motivou o interesse de uma gama maior de escritores, o que por si só ampliou mais ainda o convite para uma nova ação pontual da sopa de letras.

Novamente marcado um encontro no centro da cidade, praça cívica de Natal, na ocasião muitos escritores que nem sequer se conheciam compareceram, eu mesmo que fui um dos articuladores do convite, notei várias caras novas desde o último encontro. Combinou-se o horário de concentração as doze horas, e a saída as treze horas, do local do encontro partimos para a avenida Prudente de Morais. Nesse dia o ímpeto pela pintura estava tão grande que a parte majoritária do grupo se deslocou em direção a primeira parede acessível localizada nas adjacências. Encontramos, um ótimo suporte em uma casa abandonada de esquina, o espaço não havia sido previamente pensado, foi escolhido espontaneamente, diferente da primeira sopa, pois, já tínhamos uma certa noção que naquelas redondezas haviam muitos locais em potencial para ação. Escolhemos então, um local onde havia alguns cartazes publicitários (os quais, assim como a caligrafia urbana, são feitos ilegalmente), os arrancamos, no sentido da disputa por espaço, e pintamos por cima.

Na figura abaixo, uma fotografia do processo da sopa de letras em seu início, a escada já sendo utilizada para marcar os lugares mais altos, e a maioria já compondo na linha de baixo. Nota-se dessa vez um número ainda maior de participantes do que o registro da primeira sopa de letras.

Figura 50 – Sopa de Letras “o processo”. Av. Prudente de Morais/novembro, 2017.

Esse segundo encontro, foi todo realizado em um intervalo médio de cinco horas, entre pintura e conversas, não foi muito articulado no sentido do esquema da disposição das letras no espaço, o que contava mais naquele momento era o desejo de ocupar os espaços sem necessariamente uma lógica previa de organização.

Na figura abaixo pode se ver o registro da segunda sopa em conclusão. O espaço foi preenchido de forma intuitiva de acordo com a disponibilidade de escadas e varas extensoras, enquanto havia espaço, o muro ia sendo preenchido por letras de tamanhos maiores e menores intercalados.

Uma literatura citadina escrita a muitas mãos, todos os casos individuais se agitam e se tornam políticos de modo que acabam por adquirir um valor coletivo. Quando Kafka indica as finalidades de uma literatura menor, somos conduzidos a compreendê-la não apenas como casos individuais, mas como um programa político “o que no seio das grandes literaturas ocorre embaixo do edifício, aqui ocorre em plena luz; o que lá provoca um tumulto passageiro, aqui não provoca nada menos do que uma sentença de vida ou morte” (DELEUZE; GUATTARI, 1977 p. 26). Pode-se conceber, portanto, que a caligrafia urbana se configura enquanto uma literatura menor, escrita a céu aberto, quando os seus autores, se lançam em uma escrita que a cada traço desafia o risco de terminar com seu lugar ao sol, ter seu nome conquistado na superfície da cidade, ou talvez, um lugar no banco dos réus, devido à não autorização formal da prática.

Figura 51 – Sopa de letras finalizada. Av. Prudente de Morais/novembro, 2017.

E se ainda resta alguma dúvida da expressão da caligrafia urbana enquanto literatura, recorremos à discussão de Ranciére, que enaltece a ambiguidade da palavra literatura, reforçando uma possibilidade de compreender numa mesma noção essas artes e saberes da língua.

A literatura torna-se precisamente nomeável como a atividade específica daqueles que escrevem no momento em que a “herança” desvanece. Ela não é aquilo que sucede as belas-letras, porém aquilo que as suprime. Há literatura quando os gêneros através dos quais ela se conhece como tal são precisamente os dois gêneros fora do gênero: a poesia lírica, situada à margem da grande poesia – épica e dramática –, e o romance, situado à margem da eloquência. Foi a partir deles que a revolução romântica se pensou, que a literatura pôde se colocar como uma experiência e uma prática autônoma da linguagem. Foi assim que ela se definiu como uma capacidade própria: o estilo, essa “maneira absoluta de ver as coisas” (Flaubert) que se desliga da subordinação da elocutio. A literatura veio assim a se dar como um modo próprio do discurso, até mesmo um modo de vida próprio, a realização de um dever específico para com a língua, onde ética e estilística se confundem. (RANCIÈRE, 1995, p. 25).

Nesse sentido, podemos entender que assim como na literatura do séc. VIII, a qual se refere Rancière, a caligrafia urbana da contemporaneidade, enquanto uma literatura menor citadina, produz um certo discurso sobre si. Um discurso explicitamente visual, baseado em caracteres estilizados, mas também um modo de vida, que possui seus deveres para com sua língua, uma ética e estilística que se confundem, ora vista como vandalismo, ora como uma ocupação criativa do espaço urbano. É sob esta perspectiva que definimos a caligrafia urbana como uma expressão inventiva que transforma a cidade em um livro aberto, enquanto uma experiência, mas também como uma prática autônoma da linguagem, do modo como entendemos a literatura com o auxílio teórico de Rancière.

“Literatura” é um desses nomes flutuantes que resistem à redução nominalista, um desses conceitos transversais que têm a propriedade de desmanchar as relações estáveis entre os nomes, ideias e coisas e, junto com elas, as delimitações organizadas entre as artes, os saberes ou os modos do discurso. “Literatura” pertence a essa delimitação e a essa guerra da escrita onde se fazem e se desfazem as relações entre a ordem do discurso e a ordem dos estados. (RANCIÈRE, 1995, p. 27).

Portanto, é fundamental a compreensão da literatura como um conceito transversal, por esse ângulo, temos a literatura menor como o nosso conceito chave que se articula durante todo o desenvolvimento dissertativo da discussão. Assim damos seguimento a narrativa dessas experimentações, no que confere a caligrafia urbana, a execução da sopa de letras em suas facetas estéticas e políticas na medida que os escritores fabricam sua expressão na cidade.

No terceiro encontro de “sopa de letras”, a atividade foi articulada repentinamente, em fevereiro do ano de 2018, alguns dias antes do feriado do carnaval, dessa vez o combinado era pegar um muro “ocioso” numa das avenidas de maior movimento comercial de Natal, a avenida Bernardo Viera. No dia do ocorrido, ninguém havia levado escadas, estavam todos pintando a primeira linha de altura do muro, pois devido à falta de uma articulação prévia, não tínhamos as ferramentas suficientes para conseguir fechar todo o muro de cima a baixo.

Foi então que o que antes denominei um discurso explicitamente visual se articulou enquanto um discurso de solidariedade em favor aquele encontro. Como estávamos em uma avenida de intenso movimento urbano e comercial, do outro lado da rua vários trabalhadores de comércios observavam o acontecimento. Rapidamente nos articulamos com trabalhadores das lojas explicando o que estávamos fazendo e pedindo, de modo informal, que nos emprestassem escadas para conseguirmos pintar o muro todo.

Eu mesmo expliquei a seguinte situação “esse é um encontro que chamamos sopa de letras, que reúne vários escritores artistas da cidade, no intuito de ocupar visualmente as paredes da cidade, normalmente buscamos espaços com boa visibilidade e que estejam disponíveis para receber a pintura, já realizamos em outros lugares da cidade, e esse trabalho é realizado partindo da ideia de que uma cidade colorida é uma cidade menos violenta, uma cidade mais interessante de se viver e experimentar”. Foi desse modo, em um linguajar mais coloquial, que apelei pelo apoio das pessoas nas proximidades.

Após averiguar algumas lojas do outro lado da rua, conseguimos emprestadas duas escadas e oito peças de andaime, além do apoio motivacional, fornecimento de água para

beber e todo respaldo positivo da ação, o que no geral foi bastante frutífero. Inclusive, foi nesse terceiro encontro que pela primeira vez, o dono do muro apareceu, nos indagando o porquê de estarmos fazendo aquilo.

Diante disso dois homens subitamente apareceram questionando nossa ação, um deles, o mais jovem bastante irritado, esbravejava dizendo que iria chamar a polícia pois não tínhamos autorização para pintar ali, o outro, com uma aparência mais a madura, aguardava o que tínhamos a dizer. Nesse momento, o discurso que comentei estava afiado na ponta da língua, e assim como dialoguei, com os apoiadores das nossas escadas e andaimes, assumi o papel de articulador da anuência do muro, sob a justificativa de que aquele espaço recorrentemente era pixado sem autorização, e acabava sendo prejuízo para ele ter que estar sempre realizando a manutenção do muro, e com o painel das letras ele poderia ficar mais sossegado pois isso garantiria um eventual respeito e preservação do muro. O dono após me ouvir, pediu que o outro homem mais jovem se acalmasse, pois ele iria permitir a pintura do muro, sob apenas uma condição, deveríamos escrever no muro que a sua loja comercial (M&M Autopeças) apoiava a arte e a cultura.

Tenho para mim que a condição foi bastante razoável, e aceitamos sem problema. Diante desse ocorrido, tenho por assimilar que esse tipo de eventualidade, é que torna diferencial o ato de pintar na rua, o diálogo direto que se mantem com as pessoas que passam, não apenas um fazer por fazer, mas uma troca que acontece no seio da urbanidade. Na figura abaixo trazemos o registro do processo do mural, alguns escritores pintando com andaimes e escadas o progresso do mural.

Mais abaixo, trago o último registro desta seção, o painel da terceira sopa de letras finalizado. Nesse terceiro encontro da sopa de letras, foi incentivada a tentativa de organizar o esquema de disposição das letras no muro, de modo que os primeiros a chegaram esquadrinharam o muro, o dividindo em formas geométricas retangulares. Observando com cuidado podemos perceber que essa intenção funcionou para os primeiros nomes da primeira e segunda linha horizontal de letras, de baixo para cima, mas, não foi possível seguir o mesmo padrão até terceira e última linha mais alta do muro.

Isso me leva a crer, que ainda que na caligrafia urbana, existam possíveis regras ou orientações de estilo, numa composição real no ato em que se compõe na rua, essas certezas são frágeis, as coisas na maioria das vezes não saem como combinado. Em outras palavras, a situação de estar na rua impõe sempre inúmeros imprevistos. Tais afirmações suscitam inquietações sobre a dimensão plástica e de sentido da caligrafia que atentamos anteriormente; é possível pensar a dimensão plástica como orientada pelos estilos, as