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ESTUDO DAS QUALIDADES PSICOMÉTRICAS DO SAC

4.1. Análise dos Itens

4.1.1. Análise dos itens dos subtestes das Escalas Simultâneo e Sucessivo

4.1.1.1. Subtestes da Escala Simultâneo

Matrizes Não-Verbais

Na tabela 4.1 são apresentados os índices de dificuldade (ID), para o total da amostra (N=240) e para cada ano de escolaridade (N=60), bem como a correlação de cada item com o total, no subteste

Estudo das Qualidades Psicométricas do SAC

De salientar que vários índices de discriminação dos itens têm sido desenvolvidos e usados na construção de testes. Uma diferença entre eles relaciona-se com a sua aplicabilidade a medidas dicotómicas ou contínuas. Mas, “apesar das diferenças de procedimento e suposição, a maioria dos índices proporciona resultados bem semelhantes” (Oosterhof, 1976 cit. por Anastasi & Urbina, 2000, p.160). Neste sentido, utilizámos a correlação item-total fornecida pelo SPSS, que apresenta a vantagem de calcular essa correlação sem tomar esse item no total, de modo a não inflacionar os valores obtidos (coeficiente de correlação corrigido na terminologia da análise feita através do SPSS).

Tabela 4.1 – Análise dos itens do MATRIZES NÃO-VERBAIS do SAC

Item

Índice de dificuldade Correl.

item-teste

Total 2º ano 4º ano 6º ano 9º ano

1 1.00 .98 1.00 1.00 1.00 .07 2 .99 .97 1.00 1.00 1.00 .11 3 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 4 1.00 .98 1.00 1.00 1.00 .07 5 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 6 1.00 .98 1.00 1.00 1.00 .07 7 .94 .90 .93 .95 .98 .21 8 .97 .95 .93 1.00 1.00 .18 9 .91 .73 .95 .97 .98 .23 10 .92 .83 .90 .97 .98 .30 11 .74 .48 .72 .85 .90 .42 12 .87 .75 .82 .95 .97 .26 13 .64 .42 .60 .73 .80 .37 14 .71 .47 .58 .82 .97 .46 15 .60 .38 .53 .63 .87 .40 16 .68 .47 .67 .72 .88 .51 17 .60 .40 .58 .57 .85 .55 18 .55 .28 .45 .58 .88 .65 19 .40 .20 .37 .38 .63 .51 20 .42 .25 .35 .32 .75 .52 21 .38 .15 .25 .47 .67 .59 22 .38 .18 .30 .43 .58 .51 23 .26 .17 .17 .33 .38 .37 24 .24 .05 .23 .25 .43 .52 25 .28 .07 .15 .30 .58 .65 26 .14 .05 .10 .15 .27 .42 27 .23 .08 .18 .20 .47 .60 28 .22 .05 .07 .22 .55 .62 29 .19 .03 .08 .20 .43 .59 30 .17 .02 .05 .13 .47 .58 31 .16 .00 .05 .13 .47 .56 32 .13 .03 .02 .18 .28 .45 33 .07 .02 .02 .08 .17 .37

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Pela análise da Tabela 4.1, verificamos que os seis primeiros itens do subteste MNV apresentam um ID muito próximo ou igual a 1, revelando-se demasiado fáceis para os sujeitos da nossa amostra, o que poderá explicar as baixas correlações que foram encontradas entre estes itens e o total do subteste. Por outro lado, os últimos itens são aqueles que se revelam como mais difíceis, apresentando, por isso, índices de dificuldade próximos de zero.

A análise da Tabela 4.1 permite ainda verificar que, de uma maneira geral, o índice de dificuldade vai progressivamente aumentando, dos itens iniciais para os itens finais, com algumas exceções que, após um estudo mais aprofundado, poderão justificar uma ordenação dos itens na versão portuguesa ligeiramente diferente da versão original.

Relações Verbais-Espaciais

Na tabela 4.2 são apresentados os índices de dificuldade (ID), para o total da amostra (N=240) e para cada ano de escolaridade (N=60), bem como a correlação de cada item com o total, no subteste

Relações Verbais-Espaciais (RVE).

Pela análise da Tabela 4.2, verificamos que os cinco primeiros itens do subteste RVE apresentam um ID igual a 1 em todos os anos de escolaridade, ou seja, foram corretamente respondidos por todos os sujeitos. Por sua vez, os itens 6,7 e 9 apresentam um ID igual ou muito próximo de 1, revelando-se igualmente fáceis para os nossos sujeitos, o que poderá explicar as baixas correlações encontradas entre estes itens e o total do subteste.

Queríamos ainda sublinhar a baixa correlação encontrada entre o item 13 e o total do subteste (Tabela 4.2), na medida em que este mesmo item já havia revelado alguma fragilidade nos estudos prévios com o SAC, onde também se verificou uma baixa correlação e inclusivamente uma correlação negativa com o total do subteste. Pensamos que este facto pode estar relacionado com a dificuldade dos sujeitos em compreenderem o enunciado verbal deste item: “Que imagem mostra uma cruz em cima de um triângulo que está em cima de um círculo?”

Apesar de algumas exceções, de uma maneira geral, podemos afirmar que os itens do subteste RVE tendem a apresentar uma organização por ordem crescente de complexidade como era desejável. No entanto, a existência de um elevado número de itens com ID inferior a .20 ou superior a .80, poderão estar na origem das baixas correlações item-teste que se verificam para alguns desses itens, ou mesmo, correlações nulas como se verificou para os cinco primeiros itens.

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Tabela 4.2 – Análise dos itens do subteste RELAÇÕES VERBAIS-ESPACIAIS do SAC

Item

Índice de dificuldade Correl.

item-teste

Total 2º ano 4º ano 6º ano 9º ano

1 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 2 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 3 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 4 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 5 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 .00 6 1.00 .98 1.00 1.00 1.00 .15 7 .96 .92 .98 .98 .97 .14 8 .91 .78 .93 .93 1.00 .22 9 1.00 .98 1.00 1.00 1.00 .15 10 .68 .47 .58 .77 .90 .29 11 .89 .83 .87 .92 .95 .33 12 .73 .65 .72 .75 .82 .29 13 .72 .68 .68 .72 .80 .19 14 .60 .37 .52 .65 .85 .39 15 .72 .60 .63 .77 .87 .29 16 .72 .57 .58 .83 .90 .37 17 .37 .30 .32 .42 .43 .31 18 .44 .37 .33 .38 .68 .47 19 .31 .23 .20 .32 .50 .48 20 .15 .15 .08 .13 .23 .32 21 .19 .13 .13 .18 .32 .55 22 .16 .08 .07 .17 .32 .48 23 .11 .05 .07 .13 .18 .39 24 .12 .07 .10 .12 .18 .44 25 .08 .03 .03 .08 .15 .39 26 .12 .07 .05 .08 .28 .58 27 .12 .03 .08 .10 .25 .57

Uma explicação para a existência de itens demasiado fáceis no início e demasiado difíceis no final das duas provas analisadas (MNV e RVE) poderá residir no próprio procedimento de aplicação (regras para início e interrupção nestas duas provas):

- Para crianças com idades superiores a 7 anos (que é o caso de todos os sujeitos da nossa amostra), a aplicação destes subtestes inicia-se no item 7. Quando um sujeito erra o item 7, é-lhe então apresentado o item 1 (usando as indicações para crianças dos 5-7 anos) e depois são administrados todos os itens até que ele erre 4 itens consecutivos, caso contrário os primeiros itens são considerados corretamente respondidos, o que aconteceu para a grande maioria dos sujeitos.

- No que diz respeito ao critério de interrupção, sempre que os sujeitos erravam 4 itens de forma consecutiva, os itens seguintes já não eram aplicados e foram considerados como incorretamente respondidos. Ora, o que se verificou foi que apenas alguns sujeitos conseguiram chegar

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aos últimos itens, e desses, apenas uma pequena minoria conseguiu acertar esses mesmos itens, daí os índices de dificuldade obtidos para estes itens apresentarem valores muito próximos de zero, com exceção do subteste MNV, para os alunos do 9º ano, em que apenas o item 33 apresenta um ID inferior a .20 (pressupondo um efeito de “teto” para alunos mais velhos e/ou alunos mais capazes).

Para compreendermos estes resultados é preciso relembrar que o SAC destina-se a crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos, enquanto os sujeitos da nossa amostra apresentam uma amplitude de idades inferior (7-15 anos), sendo de esperar que os itens iniciais sejam demasiado fáceis já que teoricamente se destinam às crianças mais novas, enquanto os itens finais pretendem diferenciar sujeitos com idades mais avançadas ou com níveis de desempenho superior. Para além disso, a nossa amostra é constituída por um grupo de sujeitos relativamente homogéneo (já que na seleção dos sujeitos utilizou-se como critérios a não existência de retenções escolares e de necessidades educativas especiais), o que poderá justificar o elevado número de itens iniciais com ID igual ou próximo de 1, dado que estes permitiriam discriminar sujeitos com maiores dificuldades.

Queríamos ainda salientar que, dada a natureza exploratória desta investigação, manteve-se a organização original dos itens e os mesmos procedimentos de aplicação, procedendo-se apenas à adaptação dos subtestes de conteúdo verbal para a realidade portuguesa (como foi o caso do subteste RVE). Contudo, os dados aqui apresentados parecem desde já apontar para a necessidade de uma análise mais atenta dos itens, no momento de tomar decisões sobre aqueles a manter ou eliminar no âmbito de uma aferição portuguesa do SAC, bem como possíveis alterações a introduzir na ordenação dos itens ou nos procedimentos de aplicação (o que justificará uma aplicação do SAC em amostras de maiores dimensões e que cubra todo o leque de idades a que se destina este instrumento, bem como uma aplicação de todos os itens a esses sujeitos, de modo a definir critérios de início e de interrupção destas provas que se ajustem a uma nova realidade).

Em síntese, apesar das limitações já apontadas, podemos concluir que, de um modo geral, os subtestes da Escala Simultâneo parecem apresentar índices de dificuldade e poder discriminativo adequados à população a que se destina o SAC (sujeitos com idades entre os 5 aos 17 anos).